Fanfic: Fala Sério,Mãe!(Terminada)
14 ANOS
Viva o futebol!
Desde pequena eu vejo minha mãe travar brigas homéricas com meu pai por causa da televisão. Faz sentido. Ele acha que tem o direito de guiar a nossa vida pelas partidas de futebol e a programação esportiva do fim de semana; ela acha que o certo seria aproveitar os dias de folga para fazer programas que a família toda esteja unida, confraternizando, como piquenique, teatro, exposições.
Tricolor convicto, meu pai sempre ignorou essas iniciativas de programinhas família. Para ele, o fim de semana perfeito consiste em ficar esparramado no sofá a tarde inteira vendo jogos importantíssimos como Bangu X Cabofriense, América X Friburguense, e por aí vai. Meu pai vê qualquer jogo. A qualquer hora. E isso irrita, não tiro a razão da minha mãe. O pior é que quando acaba o futebol e ele emenda no que estiver passando na tevê: esgrima, corrida de cachorros, tênis de mesa, campeonato de xadrez, de sinuca. E, acredite, continua a vibrar com toda intensidade na frente da tela.
Mas minha mãe entrou no jogo. Pensou: “Então ele gosta de futebol!? Eu também posso aprender a gostar dessa porcaria.” Tirou de letra o desafio. Da noite para o dia, passou a estudar o assunto, a ir aos estádios, a assistir aos jogos, a ler o caderno de esportes, a ver mesas redondas tarde da noite... em pouco tempo sabia de cor os nomes dos titulares e reservas do Fluminense (um feito e tanto se tratando de uma mulher).
O amor pelo futebol passou de mãe para filha e, hoje em dia, vemos jogos aos urros. A diferença é que eu sou botafoguense. Escolhi o Botafogo, para desespero dos meus pais, quando pequena porque gostava da combinação do preto com o branco e achava aquela estrela uma graça, amo estrelas. Atualmente, além de não fazer feio nas peladas do colégio, torço pelo Botafogo com as vísceras. Resultado: domingo passado, meu pai pedia silencio na sala, ordem na casa, clamava por um calmante para botar no que bebíamos, queria, a todo custo, calar a nossa boca. Pudera. O coitado não conseguia escutar os comentários da tevê. Só os nossos.
- O time tá jogando aberto. Assim não dá! – reclamou minha mãe.
- Pior é a gente, que está jogando lá atrás. Sai daí, menino, chuta essa bola para frente! Para frente! – opinei, esbajando conhecimento futebolístico.
- Eeeca! Por que é que todo jogador de futebol vive cuspindo? E Por que mostram a cusparada sempre em close? – descontraiu Miranda, minha irmã caçula, seis anos mais nova do que eu.
- Cala a boca, mulherada! Tem gente paga para comentar a partida. Vamos ouvir o que eles estão dizendo – implorou meu pai, nervoso, olhos fixos na tela.
- Não acredito! Que impedido, que nada! Não tem mãe, não, ô, juiz filh...
- Olha a boca suja! Sem palavrão, filha, já combinamos isso – repreendeu-me minha mãe. – Ucker, querido, o que nós já conversamos sobre descanso de copo? Olha a mesa, está ficando toda manchada, tsc.
- Arrã, depois eu limpo.
- Depois? Depois quando, Ucker? Até você decidir limpar, a mesa vai ficar manchada mesmo, e que se dane?
- É, é isso – rebateu papai, sem piscar e sem tirar os olhos atentos da tevê.
- Não, não. A questão não é limpar, Ucker... precisamos mudar nossos hábitos, temos tantos descansos de copo, todos lindos... olha aí, está pingando tudo, caindo no tapete.
- Pô, Dul, agora não dá para prestar atenção nisso meu amor, passa essa bola, passa essa bola...
- Mas é só levantar e pegar no armário, o que é que custa?
- Já vou pegar! – estorou ele.
- Ih, pai, não precisa ser grosso... - reclamei.
- Assim não dá, a bola não está chegando no ataque! – ele deu uma de técnico.
- Depois vamos pegar uma comédia para ver? – sugeriu Miranda.
- Gente, assim não dá, vou ter de comprar uma televisão só para mim, está cada vez mais insuportável ver o jogo com vocês – resmungou meu pai, enxugando o suor tenso da testa e dando uma golada na sua cerveja, que continuava pousada na mesa, sem descanso de copo.
- Não é possível. Passa essa bola, passa essa bola, passa ess... na cara do goleiro e o idiota me perde essa chance! – chiei.
- Acho esse cara bonito. – comentou minha irmã.
- Quem, o 9 ou o 10?
- O 10. Qual o nome dele?
- Falta! Foi falta! Ah, não! O cara não vai dar falta? Que é que é isso? Juiz de m...
- Ucker, atenção com o vocabulário perto das crianças!
- Tá bem, Dul! Juiz porqueira! Juiz irresponsável, juiz vendido! Vendidooo! Filho de uma égua!
- Assim está melhor – elogiou minha mãe, genuinamente feliz com os bons modos do marido. – Viu como dá para ver futebol sem palavrão? É só se policiar.
- Pai, qual o nome do camisa 10?
- O nome dele é... PÊNALTI!
- U-uh, foi pênalti, Ucker! Vamos dar as mãos e torcer, amor, torcer muito. Mas não vamos deixar o nervosismo entrar, antes respira, respira, lembra o yôga...
- Que yôga, Dul? Que yôga? Fala que nem macho, i-ó-g-a! Ou você por acaso diz futebol? Se não é futebol, não é yôga, é ioga... não me venha com frescurinha, estou irritado!
- Ah, pai, dá um tempo! Gente, que juiz brega! Que topete é esse? – observei.
- Deve ser brilhantina – esclareceu mamãe.
- Brilhantina? O que é que é isso? – quis saber Miranda.
- É a prima pobre do gel. Será que dá para a gente focar no jogo agora? – pediu papai.
- Como assim “prima pobre do gel”? – perguntou minha irmã.
- Não sei, filha, não sei! Nem sei por que falei isso, depois agente conversa sobre esse assunto interessantíssimo. Agora vamos ouvir o que eles estão dizendo! Vamos ficar quietinhos e fazer a brincadeira do silêncio? Vamos lá, Vaca amarela...
- Não diga bobagem, Ucker, elas não são mais crianças para brincar de Vaca Amarela...
- Ih, o papai está chato hoje – reclamei.
- Hoje? – completou minha irmã, implicante.
- Cacetada! Devia ter ido com o Juju e os amigos dele para o Maracá, viu? Lá eu ia ter sossego!
- Que Juju, Ucker? Quem é Juju?Christopher Alexander Luis Von Uckermann, espero que você não chame nosso filho de Juju longe de mim. Não incentive esse apelido medonho. O nome dele é Christopher Junior. Christopher Junior! – estressou-se mamãe.
- Vamos ficar calados para torcer! Momento importante do jogo...
- Vai errar, vai errar! – gritava eu.
- Senta e pára de pular, Jenni, assim você tira a concentração da gente...
- Deixa ela, Ucker, não implique com a menina só porque ela é botafoguense. E o nome dela é Jennifer Maria!
- Vamos ver a cobrança, mulherada! Olha a cobrança! Sai da frente da televisão, Miranda! Você acha que é de vidro, minha filha?
- É gol! Gooooooll! – anunciou o locutor.
- Aí! Olha aí! Não vi a porcaria do gol. Não acredito.
- Uuuuuh! Uuuuuuuuh! Sai Flu! Perde Flu! Que se dane o Flu! O Flu não é nadaaaa! Uuuuuh!
- Cala essa boca, Jennifer Maria! Vamos torcer sem agredir os adversários! – pediu minha mãe.
- Meu Deus do céu! Meu Deus do céu, como pode ser tão difícil para vocês ficar em silencio? Falam pelos cotovelos até vendo futebol! – exasperou-se meu pai, num verdadeiro ataque de perereca. – Eu só queria um pouco de sossego... olha aí, olha aí! Expulsaram o zagueiro e eu nem vi por quê! Você viu, Dul?
- Não, estava pensando no que vocês achariam de um petisco. Pipoca ou amendoim?
- Ssshhhh! Depois a gente pensa em comer, agora não, né? Vamos prestar atenção no jogo - implorou ele.
- Eu topo pipoca – respondeu Miranda.
- Doce ou salgada?
- Doce – pediu minha irmã.
- Salgada – contrariei.
- Doce! Doce! Doce! – venceu Miranda, pela insistência e pelo aumento de voz.
- Deus, daí-me paciência, por favor! – pediu meu pai ajuda divina, controlando-se para não atirar o aparelho de tevê em cima da gente.
- É goooool! Goooooool! Do botafogo! Final de jogo dramáááático aqui no Maracanã anunciou o locutor.
- Pai, por que na hora de comemorar o gol, que é quando os jogadores são exaustivamente filmados e fotografados, os caras tiram a camisa? Não seria mais apropriado mostrar amor à camisa? Mostrar respeito aos caras que pagam o salário deles? O patrocinador não reclama? Os dirigentes do time não reclamam? Como deixam isso acontecer?
- É... acho que isso pode dar uma matéria, Jenni. Depois a gente conversa.
- Puxa, até que enfim você deu atenção para mim. Eu também acho que...
- Chuta! Chuta essa bol... não de trivela, seu imbecil! – reclamou meu pai, usando toda a capacidade de sua goela, ignorando novamente minha presença.
Droga. Depois de uma partida tensa, o Fluminense levou a melhor, dois a um. E mesmo assim meu pai terminou o jogo de cara amarrada. Mas era só o começo do campeonato. Muitas águas rolariam ainda. Prevendo isso, ele providenciou o que anunciara. Comprou uma tevê nova para o quarto e se tranca lá sozinho com umas cervejas geladas e um pacote de amendoim em dia de futebol.
Comentemmmmmmmmm Plixxxxxxxxxxxxxxx
Bjs Miranda ^^
Autor(a): mrbdlove175
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 9
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ametrine Postado em 23/11/2009 - 19:45:31
LINDA,MARAVILHOSA WEB,QUASE CHOREI TAMBEM NO FINAL,TAVA OUVINDO UMA MUSICA TRISTE...!!!!!!!!!!!!!!!!!! PARABENS!!!!!!!!!!!!!!1
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ametrine Postado em 22/11/2009 - 08:09:00
eeee mae chata,posta ++++++++++++++++++++++++++++++
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ametrine Postado em 21/11/2009 - 13:53:09
adorei!!!!!!!!!!
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ametrine Postado em 21/11/2009 - 08:12:07
POSTA +++++++++++++++++++++++++++
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ametrine Postado em 20/11/2009 - 14:54:29
posta +++++++++++ que menina atirada!!!!!!!
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ametrine Postado em 20/11/2009 - 06:59:42
ai! que isso! eu tenho 12 anos,e minha mãe nunca precisou fazer isso comigo,eu to amando,posta +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
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ametrine Postado em 19/11/2009 - 18:08:13
se fosse eu,botava essa menina no carro,mandava pra casa com o pai,assistia 300 filmes no shopping e ela ficava sem shopping por 1 ano,que menina abusada!
POSTA ++++++++++++++++++++++ -
rufleskari Postado em 19/11/2009 - 13:49:48
Adorei!!!
Posta mais!!!!! -
mione Postado em 19/11/2009 - 02:17:56
adorei