Capítulo 016
Os dias passavam-se gradativamente. Já fazia uma semana que meu pai encontrava-se nessa situação. Meus fãs, meus amigos, e até o Manuel, todos me davam apoio, mas a verdade é que eu estava inconsolável. Maite quisera até mesmo cancelar sua lua de mel para ficar comigo e eu obviamente não permiti. Eu, Angel e Lucy estamos nos revezando no hospital, mas mais por exigência delas. Não quero que Angel perca as aulas da faculdade. Acordei, tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans escura que já denunciava minha perda de peso. Coloquei um tênis branco, uma regata simples rosa e um cardigã. Amarrei os cabelos em um rabo de cavalo alto e nem sequer me dei ao trabalho de me maquiar. Na verdade faziam dias que essa vontade não fazia parte da minha rotina. Passei na floricultura e comprei algumas flores, então me encaminhei para o hospital.
Assim que cheguei ao quarto do meu pai, senti o perfume conhecido já na porta. Poncho estava ali. Ele olhou-me surpreso e Lucy foi logo se despedindo, era minha vez de ficar com o papai. Retirei as flores velhas do vaso que havia sobre a mesinha de mogno e coloquei as novas delicadamente enquanto conversava com meu pai, toquei-lhe as mãos, dei-lhe um beijo no rosto e Poncho parecia acompanhar todo o meu ritual diário com os olhos.
Anahí: Faz tempo que você está aqui? – sorri sentando-me sobre a poltrona.
Poncho: Alguns minutos – nos calamos.
Anahí: Acho que ele está com frio – me levante indo subir sobre um banquinho para alcançar o armário – Aqui deve ter algum cobertor – subi procurando e ele veio na minha direção tentando ajudar.
Poncho: Deixa que eu pego antes que você caia dai – assim que ele se aproximou, minha blusa subiu e sem querer, revelou minha cicatriz na barriga. Tentei esconder, mas ele já havia visto e tinha uma feição estranha.
Anahí: Tudo bem, não precisa fazer essa cara – tentei descontrair enquanto descia do banco com o cobertor – Isso acontece quando ficamos grávidas.
Poncho: Desculpa é que, foi estranho só e – o interrompi.
Anahí: Eu entendo você, de verdade – preferimos mudar de assunto enquanto eu cobria meu pai e ele praticamente me obrigou a tomar um café e comer algo – Obrigada pelo apoio que está nos dando, de verdade.
Poncho: Olha Anahí, por mais cruel que isso possa soar, faço isso pelo Tio Henrique, ele não merecia estar nessa situação – mordi o lábio inferior maneando a cabeça – Ainda estou atordoado com tudo isso.
Anahí: Com tudo o que?
Poncho: Essa reaproximação. Não sou hipócrita, rever você foi algo completamente confuso – nos calamos.
Anahí: Nunca quis que chegássemos a esse ponto – fitei as mãos sobre a mesa que seguravam a xícara.
Poncho: Que ponto?
Anahí: De se quer podermos trocar duas palavras com gentileza – silenciamos – Quando descobri que estava grávida, tanta coisa aconteceu – ele interrompeu-me.
Poncho: Não sinta-se obrigada a me contar – coloquei o indicador sobre seus lábios.
Anahí: Eu quero fazer isso – sussurrei – Eu havia acabado de me mudar pra capital. Estava em uma nova escola, tinha passado no teste para o papel principal da nova novela do Pedro Damián. Oscar havia acabado de me contar que você se mudaria pra Harvard e que havia sido aprovado com louvor no curso de direito. E eu fiquei tão feliz – ele fitava-me atento – Duas semanas depois, eu estava me sentindo muito enjoada, sequer estava conseguindo frequentar as aulas, que dirá as gravações da novela. Foi aí que Hilo me sugeriu irmos a farmácia comprar um teste de gravidez – ele interrompeu.
Poncho: E ele deu positivo e você preferiu não me contar nada – neguei com a cabeça.
Anahí: Assim que o teste deu positivo, elaborei inúmeras possibilidades na minha cabeça, inclusive de tirar o bebê, não vou mentir pra você – suspirei – Mais Hilo me convenceu de que eu deveria assumir isso tudo e ligar para você afinal, você seria pai e tinha o direito de saber disso – ele pareceu confuso – Só que a essa altura, eu sequer tinha mais o número do seu celular e não fazia ideia se o número continuava a ser o mesmo. Numa tarde qualquer, fazia muito frio, peguei telefone e liguei na sua casa. Sua mãe atendeu – olhou-me com atenção – Ela não foi nem um pouco receptiva quando disse quem era e que precisava falar com você. Ela foi super agressiva, fez acusações terríveis. Disse que eu havia arruinado a sua vida e que agora que você estava enfim seguindo em frente e construindo um futuro eu não tinha o direito de voltar a te procurar e arruinar tudo outra vez. Pensei que talvez ela tivesse razão.
Poncho: Eu não acredito – fechou os punhos – Foi então que você decidiu falar que estava grávida do Christopher?
Anahí: Os pais do Chris estavam o pressionando para arrumar logo uma noiva por conta da herança da avó e eu precisava de um pai para a minha filha – silenciamos.
Poncho: Você e ele não? – eu ri.
Anahí: Nunca. Nossa relação sempre foi de amizade e confiança, Chris é um irmão pra mim e eu nunca seria capaz de nada do tipo. Ele me ajudou muito, sofri muito por esconder isso de você, mas ao mesmo tempo me pergunto, que diferença teria feito? Ela não sobreviveu.
Poncho: O que aconteceu com o bebê? – perguntou rapidamente.
Anahí: Ela não sobreviveu. Teve insuficiência respiratória, era muito pequenininha – fechei os olhos – Mas era linda, tinha os cabelos iguais aos seus – dei um meio sorriso melancólico.
Poncho – Você nunca me contaria?
Anahí: Talvez um dia – silenciamos.
Poncho: Minha mãe não tinha o direito de ter te dito todas aquelas coisas ela – eu o interrompi.
Anahí: Esquece Poncho, é passado. Passado não se mexe, se esquece, segue-se em frente – dei um sorriso amarelo.
Poncho: Você e o senador estão juntos mesmo? – pude sentir uma ponta de ciúme.
Anahí: Ele é um cara muito especial, posso dizer que estamos nos conhecendo sim. Mas você também anda bem acompanhado – brinquei e ele não achou muita graça.
Poncho: Estamos em uma fase complicada – coçou a cabeça.
Anahí: O que houve? – perguntei cheia de curiosidade.
Poncho: Bem, ela quer se casar.
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Amores escrevi até aqui. Se der domingo escrevo novos posts. Senão segunda estou de volta. Beijosssssss las amo