O som alto do despertador era agradável, diferente de tantos
outros ele tocava a musica que passava na ultima rádio sintonizada, tocava uma
melodia suave, gostosa de se ouvir, o que realmente incomodava era o vento cortante
que entreva pelo pequeno buraco no vidro da janela. Abrir os olhos era uma
tortura. Dois pés pequenos e descalços se lançaram ao chão, e deram poucos
passos apressados, pra chegar a outra cama.

- Hey, acorda! – Cutucou uma menina, é pode se dizer menina
de longos cachos meio amassados, de um preto que lembrava a chumbo.

- Não, ainda não. – Escondeu o rosto no travesseiro.

- Está na hora, levanta Poncho. – Ela olhou pra outra cama,
onde um menino mais novo que ela ressonava, com uma chupeta azul-mar na boca, e
uma fralda daquelas de pano nas mãos, ele os olhava rindo, e esfregando o olho
esquerdo.

Alfonso: Não, me deixa dormir Maite. Por Deus.

Maite: É hoje, vamos levante, levante. – Ela o sacudia, e o
pequeno na outra cama ria da cena. – Venha Christopher me ajude.

O pequeno levantou-se num pulo, ainda com a chupeta, e
revelando um macacão bege, amarelado na verdade, ele tinha cabelos claros, e
olhos castanhos, suas bochechas eram rosadas e era gordinho, beirava seus
quatro anos no maximo. E vinha com uma bravura engraçada no olhar.

Christopher: Levanta Poncho? – Ele pulou em cima do irmão
que se assustou mais riu da carinha que ele fazia.

Alfonso: Vocês não vão me deixar dormir não é?

Maite: Correto. – Disse vitoriosa.

Alfonso: Pois então, já estou de pé.

Ele começou a fazer cócegas em Christopher, que pedia ajuda
a Maite. Os três riam alegres. O dia reservava emoções aqueles três. O que eles
aram? Irmãos. Alfonso, Maite e Christopher. Eram órfãos, os pais haviam morrido
em uma epidemia de febre-amarela há dois anos, deixando-os sós. Alfonso o mais
velho com seus onze anos sentia-se protetor dos irmãos. Maite com seus oito
anos, linda, o desenho vivo de sua mãe. E o pequeno Christopher, ele sempre
sumia preocupando Alfonso. O dia seria emocionante pois uma família se
interessara em adotar aquele trio. Hoje viriam busca-los, enfim sairiam daquele
orfanato esquecido por Deus.  

Alfonso: Se aquete Maite. – Pediu Alfonso enquanto penteava
os cabelos da pequena.

Maite: Termine logo com isso então.

Alfonso: Se ficar quieta. – Ele a olhou e deu por terminado
o penteado.

Maite: Estou ansiosa, e curiosa, como será nossa nova casa?
– Disse se sentando na cama de Christopher.

Christopher: Tomara que tenha muitos brinquedos. – Disse e
tirou a chupeta da boca, colocando de volta em seguida.

Alfonso: O importante é que sejamos felizes, isso sim. –
Disse fechando sua mala.

Ouviram batidas na porta e uma voz familiar os avisando que
os esperavam lá na grande sala. Maite agarrou sua boneca, qual nomeara Jullie e
deu pulinhos de alegria, Christopher continuou com sua chupeta, e Alfonso
segurou as três malas pesadas nas mãos, mas mesmo assim fez questão de dar a
mão aos irmãos. E saíram do quarto sem olhar pra traz, a vida agora era nova.

O casal lá embaixo estava aflito, será que daria certo? A
doença da esposa a impossibilitara de ter filhos, e quando ela viu Alfonso,
corajoso, bonito e simpático. Maite linda, meiga e educada, e o pequeno Christopher
fofo, com um jeito de bravo, se apaixonou. Soube que ali estavam seus filhos.
Era Carl James Mguire e Ann Marie Foxer Mguire, um casal americano, ele era
dono de uma rede aviões, e ela uma costureira caseira.

Viram os pequenos aparecer e com um olhar de medo e alegria,
ela se abaixou em frente a Christopher e acariciou seu rosto.

Ann: Olá,
Christopher!

Christopher: Alfonso? – Ele olhou Alfonso e puxou sua
camisa, como quem exige atenção, Alfonso o olhou e assentiu. – Ela que é minha
nova mamãe?

Ann não se agüentou e sentiu duas lagrima molharem seu
rosto, ela abraçou aquele pequeno pedaço de gente, que sorriu. E Ann sentiu o
coração se libertar de uma dor que a tanto lhe torturava, ela era mãe.

Maite: Como se chama mesmo? – Perguntou já no carro, indo
pra sua casa, ela ria ao pensar nisso.

Alfonso: Vou fazer amigos de novo.

Carl: E eu o levarei pra ver beisebol comigo, você gosta?

Alfonso: Sim, eu quero.