Fanfic: um novo amanhã | Tema: Herroni adaptada do livro de Trish wylie

– Oh, e levar aquele homem para o encontro não foi uma exibição?
Nesse instante, um pensamento lhe ocorreu.
– Foi por isso que você decidiu visitar Jess com mais frequência?
– Se aquele homem vai fazer parte da vida da minha filha, eu tenho o direito de saber que tipo
de homem ele é.
Maite levou uma das mãos à testa novamente.
– Ótimo, então o leve para uma partida de futebol ou algo do tipo. Mas não se intrometa
quando o assunto se tratar de mim e do meu relacionamento com ele.
– Está bem. – Ele meneou a cabeça novamente. – Você adora arruinar sua própria vida, não é
mesmo, Maite? – Ele exibiu um sorriso cruel. – Boa sorte com o bebê. Você vai precisar.
Assim que ele partiu, Maite fitou a porta por um longo momento. Demorou um tempo antes de
ela perceber que estava chorando. Lágrimas silenciosas e cheias de mágoa desciam pelas suas
faces e caíam sobre a superfície da mesa. Ele estava certo. Ela realmente havia se tornado
especialista em arruinar a própria vida.
NO MOMENTO em que Maite abriu a porta, Alfonso ficou chocado. Franzindo as sobrancelhas,
ele alcançou-lhe as mãos.
– O que há de errado?
Maite piscou ao ver a preocupação no verde dos olhos dele e esforçou-se para manter uma
expressão indiferente.
– Nada. Eu estou bem.
– Mentirosa.
Ela permitiu que ele lhe girasse o corpo e a guiasse na direção da sala de estar.
– É sério, Alfonso, eu estou bem.
– Vamos ver, está bem? – Ele inclinou a cabeça e a fitou diretamente nos olhos. Depois, exibiu
um sorriso afetuoso e declarou em um tom macio de voz: – Mentirosa.
– Às vezes, eu realmente, verdadeiramente, não gosto de você, sabia? – Ela bufou enquanto se
sentava no sofá.
– Sim, eu sei. – Alfonso continuou sorrindo. – Não saia daí.
Ela o observou com cautela enquanto ele deixava a sala para retornar alguns minutos depois,
trazendo duas canecas.
Ele entregou uma caneca a ela e depois quis saber:
– Onde está Jess?
– Na casa da minha irmã, Lauren.
– Certo. – Alfonso levou a caneca aos lábios e indagou por sobre a borda: – E então, o que está
acontecendo?
Maite franziu o cenho e apertou os lábios.
– Oh, e agora você é o quê? O tio Alfonso? Por que eu iria querer contar meus problemas para
você?
– Alguém já mencionou o quanto você pode ser irritante algumas vezes?
– Talvez eu tenha motivos para isso. – Maite sorveu um gole do café. – Por que você quersaber?
Alfonso repousou a caneca sobre a pequena mesa à sua frente e ergueu os olhos para encará-la.
– Certo, por que não aproveitamos essa chance e tentamos ser completamente honestos um
com o outro durante o restante da conversa?
Maite sentiu a respiração ficar presa na garganta ao ouvir a sugestão.
– Você acha que consegue fazer isso?
Os olhos verdes dele exibiram um brilho de desafio.
– Acha que você consegue?
Eles se entreolharam enquanto um denso silêncio preencheu o ambiente.
Maite procurou os olhos dele novamente.
– O que você acha que iríamos ganhar com isso?
Alfonso deu de ombros.
– Comunicação.
Maite piscou por duas vezes.
Alfonso sorriu; uma covinha aparecendo em cada uma de suas bochechas.
– Ei, não estou dizendo que isso será mais fácil para mim do que para você, mas vale a apena
tentar. Sou um adulto... Estou disposto ao desafio.
Os olhos dela se estreitaram ao ouvir o comentário, mas o sorriso dele era contagiante.
– Você primeiro.
Alfonso alargou o sorriso.
– Eu sabia que você iria dizer isso.
Maite reclinou-se contra as almofadas do sofá e sorriu de volta para ele.
– Acho que você apenas consegue trabalhar com alguém por muito tempo antes de começar a
conhecê-lo.
– Nós tentamos não nos conhecer, lembra-se?
Ela inclinou a cabeça para um lado.
– Começamos a ser honestos um com o outro agora?
Ele assentiu com a cabeça.
Maite suspirou.
– Sim, conseguimos permanecer um tempo sem nos conhecer... Mas talvez isso tenha alguma
coisa a ver com o fato de não nos gostarmos.
Alfonso considerou as palavras dela.
– Talvez porque, antes da noite do encontro, nós nunca tivéssemos tentado.
Ela fez uma careta.
– Oh, sim, e veja aonde aquilo nos levou.
– Está bem, então esse não é um bom exemplo. – Ele continuou sorrindo. – Mas, talvez,
discutirmos o tempo inteiro fosse mais fácil do que tentarmos realmente conversar um com o
outro.
Maite sentiu o coração perder uma batida. Ela desviou os olhos do sorriso encantador dele e
estudou os conteúdos de sua caneca.
– E por que você acha isso?
Alfonso ficou pensativo. Depois, respondeu:– Não é isso o que a maioria das pessoas faz? Esconder-se atrás de algo ou alguém?
Ela o fitou por debaixo dos longos cílios escuros.
– Você se esconde?
Alfonso deu de ombros novamente.
– Acho que sim.
– É melhor do que criar um laço com alguém?
Alfonso meneou a cabeça.
Maite ergueu uma sobrancelha.
– Isso é um “não”?
Ele apertou os lábios.
– Não, isso não é um “não”. Eu apenas nunca pensei sobre isso dessa maneira. Mas você está
certa.
– Por quê?
O tom suave de voz dela atraiu sua atenção de volta ao rosto feminino. Alfonso a observou
enquanto ela tentava esconder os olhos dos dele ao sorver um gole do café.
– Eu apenas nunca achei que isso fosse para mim – ele confessou.
Maite desviou os olhos novamente, desapontada com a resposta dele. Mas ela já sabia disso,
não sabia? Então não havia surpresa. Ela tentou se esconder atrás de um sorriso enquanto erguia
os olhos para encará-lo.
– O eterno solteiro, hein?
– Algo desse tipo.
Ela assentiu com a cabeça e continuou sorrindo.
Após um momento, Alfonso conseguiu desviar os olhos do rosto dela. Era quase um milagre,
considerando o quanto ela estava bela. Tinha que ser o brilho da gravidez que ele tanto ouvira
falar.
Alfonso pigarreou.
– E quanto a você?
– Você já me disse. Eu me tornei uma mulher irritante.
– Por causa de Jim? – ele indagou, e fitou-a diretamente nos olhos.
Maite assentiu com a cabeça antes de sorver outro gole do café.
– Entre outras coisas, eu acho.
– Ele partiu seu coração?
– Quando você ama alguém o suficiente para se casar com essa pessoa, você quer que dê
certo. Você quer que a pessoa o ame o tanto que você o ama. Mas eu acho que o fracasso partiu
meu coração mais do que qualquer outra coisa.
Alfonso franziu levemente as sobrancelhas.
– Por que você gosta de estar no controle e isso lhe foi tirado?
Dana suspirou.
– O que você fez, Alfonso? Ganhou um título em psicologismo barato em algum ponto da vida?
Os olhos verdes dele permaneceram serenos.
– Viu como você é irritante?
Ela o fulminou com o olhar.
– Estou certo, não estou? – ele indagou, em um tom de voz macio. – É por isso que você é tãoreservada no trabalho. Você gosta de estar no controle. Porque, se estiver no controle, você se
sente segura.
Maite permaneceu calada.
Alfonso repousou a caneca sobre a pequena mesa à sua frente e procurou os olhos dela.
– Mas aqui, dentro dessa casa, você pode ser você. Um pouco caótica, desorganizada, e você
se permite ser feminina e relaxada. Quando alguém entra pela porta da frente, é como se tivesse
entrando diretamente para um pequeno pedaço da sua vida. Você sabe disso, certo?
Maite sentiu o coração se acelerar ao ouvir as palavras dele e assentiu com um gesto de
cabeça.
Alfonso aproximou-se e se sentou ao lado dela no sofá.
– E, uma vez que estamos sendo honestos, devo confessar que eu gosto mais desse seu lado...
O lado que está menos no controle da situação.
Um pequeno sorriso curvou os lábios dela.
– Oposto àquela da noite do encontro, que é completamente sem controle?
Alfonso apanhou a caneca que ela mantinha em uma das mãos, repousou-a sobre a mesa de
centro e aproximou-se ainda mais.
– Não. – A voz dele era pura sedução. – Eu também gosto daquele seu lado.
Maite assistiu, hipnotizada, enquanto ele estendia uma das mãos para afastar-lhe uma mecha
de cabelo que lhe caía sobre o rosto. Ela sentiu as pálpebras ficarem pesadas.
– O que estamos fazendo, Alfonso?
Ele inspirou profundamente.
– Não tenho a menor ideia.
A vontade de se inclinar para o lado dele era imensa. Ela podia sentir o calor do corpo
másculo. Por apenas um minuto ela poderia se inclinar contra ele. Somente desta vez.
Alfonso sentiu o peso do corpo feminino se intensificar contra o seu lado.
Sem pensar ou lutar contra a sensação, ele enlaçou-lhe os ombros com um dos braços e
puxou-a para mais perto. Com a mão que estava livre, ele ergueu-lhe o queixo levemente para
poder se perder no preto dos olhos dela novamente.
Maite ergueu os olhos e o encarou, piscando lentamente.
Alfonso sentiu o peito se apertar. Oh, céus, ele estava encrencado.
Os lábios femininos se curvaram em um lento sorriso.
– Está tudo bem, Alfonso. – A voz dela era suave, quase um sussurro. – Eu sei que esse é um
momento de fraqueza. Vai passar logo. Você não precisa me beijar.
Em resposta, Alfonso exibiu um sorriso preguiçoso, perguntando-se se ela havia percebido o
medo em seu olhar.
– Ainda estamos sendo honestos um com o outro?
Maite afastou-lhe a pesada franja que lhe caía sobre a testa.
– Sim.
Alfonso cobriu o queixo delicado com uma das mãos e moveu o polegar para tocar o canto dos
lábios rosados.
– A questão, Maite, é que eu quero beijá-la.
Inclinando-se para frente, ele pressionou os lábios contra os dela. Aguardou um segundo paraque Maite lutasse ou protestasse, mas, em vez disso, ela abriu os lábios a fim de permitir que ele
aprofundasse o beijo. Ele sorriu e, então, beijou-a lentamente, suavemente. Tão diferente da
noite em que eles fizeram amor, quando tudo havia sido quente, intenso e desesperado. A cada
vez que ele a beijava, era como se estivesse beijando uma mulher diferente. Isso era fascinante.
E muito sexy.
Então, Alfonso ergueu a cabeça e baixou os olhos para encará-la, ao mesmo tempo em que lhe
acariciava o canto dos lábios com o polegar. Maite abriu os olhos e o encarou. Ele engoliu em
seco.
– Você precisa me pedir para parar agora.
Ela assentiu lentamente com a cabeça.
– Sim, eu preciso. Porque não faz sentido. Isso não vai nos levar a lugar algum.
Ele roçou-lhe o polegar contra o lábio inferior.
– Você está certa. – O brilho dos olhos verdes se intensificou.
– Vivemos em mundos diferentes – ela falou, ofegante.
Alfonso assentiu com a cabeça.
– Sim.
– A única coisa que temos em comum é o bebê.
– Sim.
– E o trabalho.
Ele inclinou a cabeça e roçou levemente os lábios contra os dela.
– Aham.
– Eu sei que você não está interessado em um compromisso sério.
– Correto. – Alfonso mordiscou-lhe levemente o lábio inferior. – E você não está interessada em
ter um caso comigo porque odeia perder o controle. Porque sua vida já é complicada o
suficiente, com Jim e tudo o mais.
Maite depositou um beijo suave nos lábios dele.
– Talvez. Mas com você eu realmente estaria fora de controle.
Alfonso sentiu o corpo se apertar ao ouvir as palavras dela. Ele estava muito, muito encrencado.
A armadilha estava se fechando e ele não podia se mover. Alfonso tomou-lhe os lábios novamente
em um beijo intenso. A outra Maite apareceu, aquela da noite do encontro. Ela o puxou pela
camisa para mais perto e abriu os lábios, permitindo que ele explorasse todo o interior úmido de
sua boca com a língua.
Nesse instante, a porta dos fundos foi fechada com tanta força que a casa quase estremeceu.
– Mamãe... Onde você está? Alfonso está aqui?
Ambos deram um pulo e se afastaram como dois adolescentes que acabaram de ser
descobertos pelos pais. Depois, Alfonso exibiu um largo sorriso para ela antes de sussurrar:
– Sabe, um dia desses não haverá alguém para nos interromper.
Maite suspirou e rezou interiormente para que pudesse encontrar algum bom-senso antes que
isso acontecesse.