Fanfic: um novo amanhã | Tema: Herroni adaptada do livro de Trish wylie

ALFONSO ESTAVA tramando alguma coisa. Maite simplesmente sabia. Era o alegre assobiar dele.
Isso o entregava e deixava-a louca!
Ela apenas poderia culpar os hormônios da gravidez para tanta coisa. O choro, as queixas
femininas, o que era tão estranho vindo dela: isso tinha que ser os hormônios. Contudo, o fato de
estar apaixonada por alguém que não estava apaixonado por ela provavelmente não ajudava
muito.

Mas, quanto à frustração sexual...
Além de a sensação não estar desaparecendo, Maite estava certa de que não poderia culpar
somente os hormônios. Então, qual outra explicação poderia existir?
A única explicação razoável era o simples fato de ela querer Alfonso. E, recentemente, estava
obcecada por ele.
Isso a fazia odiá-lo. Mas ao menos esse era um terreno familiar.
Após o quarto dia de assobios, ela desabafou:
– Certo, você quer me dizer que “diabos” está acontecendo?
Alfonso parou de assobiar e dirigiu o olhar para ela. Ele dobrou um documento e o colocou
dentro de um pesado envelope.
– Bem, eu terminei o pedido, e agora o coloquei em um envelope. – Alfonso alcançou outro
pedaço pequeno de papel e, agitando-o no ar, sorriu para ela. – Juntamente com seu amigo,
“senhor Cheque”.
Maite o observou com os olhos estreitados enquanto ele guardava o “senhor Cheque”, para
então correr a língua ao longo do envelope a fim de selá-lo. Ela se lembrou de respirar. Isso
estava ficando realmente ridículo. Agora o homem não poderia nem mesmo lamber um maldito
envelope sem que ela notasse!
– Eu não estava falando sobre o pedido.
Alfonso piscou por duas vezes.
– Ah, não?

A julgar pelo brilho dos olhos dele, Maite sabia que ele estava fingindo não entender. Ela
inspirou profundamente e tentou permanecer calma.
– Não, eu não estava. Eu estava me referindo ao assobio.
– O assobio. – Ele assentiu lentamente com a cabeça e reclinou-se no espaldar da cadeira,
girando-a de um lado para o outro enquanto a estudava. – É claro.
– Você tem feito isso há dias.
– É mesmo?
Novamente ela respirou calma e profundamente.
– Sim. E eu quero saber o que está acontecendo.
– Aparentemente, eu estava assobiando.
– Você está tramando alguma coisa. – Maite atirou uma amostra de tecido na direção dele. – E eu sei disso.
– Bem, se você sabe, então pode me dizer o que é... Não pode? – Alfonso indagou com um
sorriso irônico.
Maite cerrou os dentes enquanto seus olhos pretos estudavam-lhe o rosto atentamente. Ele a
estava deixando louca.
Respire fundo, respire fundo, e conte até vinte. Maite forçou um sorriso.
– Se eu soubesse, eu não precisaria lhe perguntar.
Alfonso baixou o olhar, levou um tempo para controlar o sorriso e, depois, ergueu os olhos para
encará-la por debaixo da pesada franja.
– Você ainda desconfia de mim, mesmo depois de tanto tempo, não é?
– Porque eu sei que você está tramando alguma coisa, Alfonso!
Maite voltou a se reclinar no espaldar da cadeira assim que as furiosas palavras saíram de sua
boca. Franzindo as sobrancelhas, ela fulminou o sorriso que ele ostentava nos lábios. Ela odiava o
fato de ele estar no controle de tudo... Enquanto tudo estava saindo cada vez mais e mais do seu
controle.
– Talvez seja uma surpresa.
As suaves palavras dele surpreenderam-na, fazendo-a cair em um silêncio momentâneo.
Depois, de alguma forma, ela conseguiu perguntar:
– Uma surpresa para mim?
– De uma maneira indireta.
– Eu odeio surpresas.
Alfonso sorriu e depois voltou a endereçar o envelope.
– Só porque você não tem controle delas.
A zombaria dele estava tão próxima à verdade que ela sentiu vontade de esganá-lo. O que ele
era agora? Um vidente?
– Eu o odeio.
– Não, você não me odeia.
Maite soltou uma risada sarcástica enquanto embaralhava as amostras de tecidos à sua frente.
– Oh, neste momento eu o odeio.
Alfonso ergueu-se da cadeira e, após cruzar a sala, sentou-se na beirada da mesa dela. Em
seguida, ele baixou o olhar para encará-la enquanto apontava uma amostra de tecido escuro.
– Aquele é o melhor. E, não, você não me odeia. No fundo, você sabe que gostamos de
agitação, e é por isso que nunca nos sentimos entediados.
Maite afastou a amostra de tecido que ele havia escolhido; apesar de a mesma ter sido a sua
primeira opção.
– Então, essa surpresa é para mexer comigo? O que há de errado? Você teme que não haja
muita coisa acontecendo em minha vida atualmente para me manter ocupada?
Alfonso observou quando ela selecionou uma amostra de tecido dourado e, meneando a cabeça,
ele alcançou o tecido escuro novamente.
– Você iria preferir se eu fosse algum tipo de gerente de banco cujas ações podem ser
previstas com uma semana de antecedência?
Houve uma época na vida dela em que ela teria preferido exatamente isso. Mas agora...

Agora ela gostava da imprevisibilidade, e até mesmo considerava isso vagamente excitante.
Mas apenas se pudesse descobrir antes o que ele estava planejando. Isso significava que ela era,
de certo modo, esperta o bastante para não ficar atrás dele. Ainda no controle, ela supôs. Segura.
– Eu iria preferir se você parasse de assobiar e me consultasse antes sobre qualquer surpresa.
Os lábios dele estremeceram. Alfonso baixou o olhar para a amostra de tecido escuro e a
estudou atentamente, antes de erguer o verde dos olhos para encará-la.
– Vou levar tudo isso em consideração.

– Ah, sim, porque o que eu penso importa muito para você.
Ele ignorou o sarcasmo no tom de voz dela e, inclinando-se para frente, depositou a amostra
de tecido sobre um dos ombros femininos.
– Sim, importa.

Maite observou, hipnotizada, enquanto ele corria os dedos ao longo do tecido, antes de afagar-lhe uma mecha do cabelo.

Ela sentiu a respiração ficar presa na garganta. Seu precioso controle
havia desaparecido novamente.

Alfonso baixou o tom de voz para um sussurro sedutor:
– Mas eu ainda não vou lhe contar do que se trata.
Maite viu, chocada, o largo sorriso que ele exibiu

Em seguida, Alfonso desceu da mesa e
apanhou o envelope. Depois, ele alcançou o casaco que estava no cabideiro atrás da porta e a
espiou por sobre um dos ombros.

– Aquela cor... E nós dois sabemos disso. Talvez um dia você pare de discutir comigo. – Ele
piscou um dos olhos para ela. – Afinal, ambos sabemos o quanto podemos ser bem-sucedidos
quando não estamos discutindo.
A porta do escritório foi fechada, e o assobio soou através da área da recepção. Maite fitou a
porta por uma eternidade; as palavras dele ecoando em sua mente. Ambos sabemos o quanto
podemos ser bem-sucedidos quando não estamos discutindo. O que ele quisera dizer com isso? Ela
se perguntou, confusa

Ele não poderia ter se referido… Seus olhos se alargaram.
Depois, Maite sacudiu a cabeça em negativa. Alfonso estava tramando alguma coisa.
Alfonso estava nervoso.
Não. Ele apagou esse pensamento. Nervoso não era o bastante. Ele ergueu levemente o queixo
depois de estacionar o carro e fitou através da janela para os outros carros que já estavam no
local.
Ele era um homem e poderia fazer isso. Ele poderia encarar um local cheio de pessoas que
provavelmente o odiavam e queriam vê-lo morto.
Ao ouvir um barulho atrás do carro, ele sorriu.
A surpresa estava ficando impaciente.
– Por que Alfonso está aqui?
Maite piscou ao ouvir o tom de voz do irmão.
– Porque ele foi convidado.
– Isso é uma reunião de família.
Ela sacudiu a cabeça em negativa.

– Não, esse é o aniversário de Jess, e ela o convidou. E, de qualquer forma... – Ela esperou até
que os olhos de Jack encontrassem os seus. – Você não poderá continuar odiando-o para sempre.
Por Deus, Alfonso é seu amigo, e tecnicamente agora ele é um membro da família... De uma
maneira indireta.

Jack pareceu considerar as palavras dela cuidadosamente antes de responder:
– Vocês dois estão tendo um relacionamento de algum tipo agora?
– Sim. Mas não da maneira como você pensa.
– E você gostaria que fosse da maneira que eu penso?
Maite evitou o olhar dele e desviou a atenção para o sortimento de alimentos que estava
colocando sobre a mesa.
– Isso não é da sua conta. Mas vou lhe dizer uma coisa, Jack. – Ela voltou a encará-lo. – Você
pode pensar que Alfonso seja um homem ruim que engravidou sua irmã inocente em uma noite
de aventura, mas a verdade é que é preciso duas pessoas para dançar o tango.
– Está me dizendo que você queria engravidar?
– Não. – Maite suspirou. – Não estou lhe dizendo isso. Mas isso não aconteceu contra a minha
vontade. O que aconteceu entre nós foi algo mútuo. Eu sou tão culpada quanto Alfonso. Então não
há razão para você colocar a culpa inteiramente nele.
Jack abriu a boca, pensou por um momento e, depois, fechou-a novamente. E, após respirar
profundamente, declarou:
– Você não costumava defendê-lo. Eu pensei que você o considerasse repugnante.
– Obviamente não, Jack, ou eu não estaria grávida agora. – Maite suspirou. – E eu o conheço
melhor agora. Ele tem suas qualidades. – Ela ergueu os olhos e sorriu ao ver o olhar de suspeita
de Jack. Em seguida, tocou-lhe um dos braços. – Se Alfonso fosse um bastardo, ele não teria ficado
ao meu lado o tempo todo. Ele nem mesmo precisaria ver a criança se não quisesse, quanto mais
estar me apoiando o tempo inteiro. No fundo, Alfonso é um homem decente.
Jack a abraçou com carinho.
– Eu sei disso. Na verdade, eu sabia antes de você.
– Você apenas escolheu se esquecer disso recentemente. – Ela ergueu os olhos para encará-lo.
– Alfonso sente sua falta.
Jack sorriu.
– Ele lhe disso isso?
– Oh, não. – Ela sorriu de volta para ele. – Mas, se ele pudesse despender mais tempo com
você novamente, ele não estaria aqui me importunando todos os dias.
– Agora você está pretendendo se livrar dele?
Maite fez uma careta.
– Um dia, talvez.
Jack continuou abraçando-a com força. Ele poderia ser o membro mais jovem da família,
mas sempre tentara cuidar das irmãs.
– Você realmente se importa com ele.
Maite sabia que isso era uma afirmação, e não uma pergunta.
Ela assentiu com a cabeça contra o peito do irmão.
Jack também assentiu com a cabeça. Ele já havia percebido isso.
Inspirando profundamente, ele declarou:

– Bem, apenas para que saiba, eu ainda vou ter que bater nele.
Maite ergueu os olhos para encarar o rosto familiar.
– Por quê?
– É uma coisa de homem. – Jack deu de ombros. – Sou antiquado.
Maite continuou encarando-o.
Jack sorriu.
– Mas, uma vez que ele é um amigo, e eu me importo com vocês dois, prometo que darei
apenas um soco.
– Isso provavelmente é tudo o que ele irá permitir que você faça.
Jess adorou sua surpresa. Ela gritou de alegria enquanto Alfonso lhe entregava o presente.
– É para mim? Realmente, realmente para mim?
As faces dele se iluminaram.
– Sim, realmente, realmente para você. Feliz aniversário.
Jess passou os braços ao redor do pescoço do Labrador.
– Eu a amo!
– É ele.
A garota se ergueu e jogou os braços ao redor da cintura de Alfonso.
– E eu amo você. Você é o melhor.
Alfonso sentiu um nó de emoção se formar em sua garganta enquanto se abaixava para abraçar
a filha de Maite. Ele desejara mostrar a todos que era um bom homem ao ter pensado em um
presente que pudesse agradar uma criança, mas não havia imaginado o quanto as palavras
simples e honestas de Jess poderiam significar. Ela era uma criança incrível... Tão parecida com
a mãe que o fazia sorrir. Nesse instante, o cão pulou e lambeu as orelhas deles, o que fez com
que Jess desse uma risadinha.
– Qual é o nome dele?
– BJ. E não olhe para mim... O nome já estava ali.
– Eu gostei.
– Eu também.
Alfonso assistiu enquanto ela percorria o caminho de volta, acompanhada do grande cão com
pelos escuros. Respirando profundamente, ele a seguiu até o local onde os adultos estavam
reunidos, notando que eles se viraram para encará-lo e começaram a sussurrar.
Tara saiu do grupo e tomou-lhe um dos braços.
– Ei, você.
Alfonso a cumprimentou com um sorriso.
– Você deu um belo presente a Jess – ela comentou.
– Eu gostei.
– Jess também. – Tara parou ao lado de Lauren e Rachel. – Alfonso, você já conheceu as irmãs
de Maite antes, não é?
As duas mulheres sorriram educadamente para ele. Lauren, com um brilho divertido nos
olhos, foi a primeira a quebrar o gelo.
– Acho que nos encontramos uma vez ou outra. Mas isso foi antes de você se tornar pai, eu
acredito.
– É verdade. – Alfonso sorriu. – Estou feliz em vê-la, Lauren. Michael está aqui?

Lauren percorreu o olhar ao redor do jardim em busca de um vislumbre do marido.
– Hum, no momento ele está tentando tirar Rachel, nossa filha de dois anos de idade, do
canteiro. – E, voltando a encará-lo, ela comentou: – Você fez um ótimo trabalho aqui, Alfonso. O
jardim está lindo.
Rachel concordou com um gesto de cabeça.
– Todos têm comentado sobre isso. Eu não sei como você conseguiu convencer Maite a deixá-
lo fazer todas essas reformas. Ela jamais teria permitido que nós a ajudássemos.
– Ou oferecêssemos nossos maridos para ajudá-la.
Alfonso sorriu. Isso certamente soava como a Maite que ele conhecia.
– Ela pode ser um pouco independente.
– Ela pode ser teimosa, isso sim…
Alfonso deu risada.
– Sim, isso também.
– Nós ficamos sabendo que você tem despendido muito tempo aqui – comentou Lauren.
Alfonso ergueu uma sobrancelha enquanto baixava o olhar para encarar Tara.
Tara deu de ombros.
– As notícias correm rápido nessa família.
– E, então, vocês pretendem se casar? – Lauren quis saber.
Alfonso sentiu um calor aquecer-lhe as faces. Isso estava sendo muito pior do que ele havia
imaginado. Seus olhos procuraram por Maite enquanto ele respondia:
– Nós ainda não discutimos sobre isso.
– Isso quer dizer que vocês não vão discutir isso?
Ele a localizou próximo aos fundos da casa, onde Jess estava mostrando a surpresa a ela.
Alfonso notou que Maite não parecia exatamente satisfeita.
– Sim, nós pretendemos conversar sobre o assunto.
– Porque você acha que é seu dever ou porque é isso o que você quer?
Com um suspiro, ele voltou a encará-la.
– Você já considerou a ideia de trabalhar para a polícia?
Lauren ergueu uma sobrancelha de uma maneira muito familiar pra ele.
– Michael me perguntou a mesma coisa.
– Você deveria. Certamente, seria uma boa policial. – Alfonso voltou a observar Maite e notou
que Jim havia se aproximado dela. Ele franziu o cenho.
– Querido, se você acha que eu tenho muitas perguntas, então é melhor evitar Tess pelo
restante da tarde. Ela tem um milhão de questões para você, e eu juro que ela carrega um
holofote com ela, especificamente para essas sessões de perguntas. Quando crianças, todas nós
ficávamos imóveis quando a víamos se aproximar e estávamos compartilhando um segredo.
– Ela consegue tirar “leite de pedra” – continuou Rachel. – E ela está muito ansiosa para falar
com você.
Alfonso sentiu o peito se apertar enquanto Jim dizia algo e Maite o guiava em direção à casa.
Tara tocou-lhe um dos braços.
– Você está bem?
Ele sorriu para ela.
– Sim, estou ótimo. Vou evitar Tess, a assustadora irmã mais velha.

Alfonso conseguiu entrar no interior da casa à procura de Maite após vinte minutos exaustivos
de questionamento. Sua mente não parava de imaginar o que Maite e o “ex” dela poderiam ter
feito naquele meio-tempo. Ciúme não era uma boa coisa.
Quando Alfonso a encontrou, ela estava sozinha.
– Ei.
Recostada no balcão da pia, Maite o fulminou com o olhar.
– Eu estava me perguntando quanto tempo demoraria para você tomar coragem de vir falar
comigo.
Ele encolheu os ombros e recostou-se contra a ombreira da porta, preenchendo a pequena
entrada.
– Sua família não queria que eu me afastasse... O que eu posso dizer? Sou o assunto favorito no
momento.
– Oh, eu sei.
Ele assistiu enquanto ela rasgava uma alface com mais violência do que a necessária.
– O que esse pobre vegetal lhe fez?
– Certamente ele não trouxe um cão para a minha filha sem discutir comigo primeiro!
– Você está irritada por causa do cão?
– Não tanto quanto Jim. – Ela virou-se para encará-lo e fulminou-o com o preto do olhar. –
Você não deveria ter feito isso, Alfonso. Não hoje. Você superou o pai de Jess no dia do
aniversário dela.
Alfonso uniu as sobrancelhas para ela.
– Eu não estava tentando transformar isso em uma competição. Pensei que Jess fosse gostar.
– É mesmo? E você não pensou que o seu presente pudesse ser melhor que o de Jim?
Alfonso estivera tentando mostrar a Maite que era melhor que Jim, mas, para Jess, ele
realmente quisera mostrar a todos que poderia ser um homem atencioso. Um homem
maravilhoso, na verdade.
Embora irritar Jim certamente fosse um bônus.
– O que ele deu a ela?
As faces de Maite enrubesceram.
– Essa não é a questão.
– Não, vamos lá... O que ele deu a ela para que eu possa tê-lo superado a milhas de distância?
Maite sentiu o peito se apertar.
– Ele deu dinheiro a ela.
Alfonso arregalou os olhos.
– Jim deu dinheiro a Jess? – ele repetiu, incrédulo. – Ele deu dinheiro dentro de um cartão para
a própria filha? Droga. Eu poderia ter comprado um saco de balas e teria feito mais esforço!
– Mas você não o fez. Você comprou um cão para ela. Um amigo para a vida toda. Como ele
pode parecer um bom pai competindo com esse tipo de consideração? – Os olhos dela cintilaram.
Alfonso entrou na cozinha, sentindo a raiva aumentar. Como ela poderia continuar defendendo o
ex-marido? Ela era completamente cega quando o assunto era Jim?
– Ele poderia tentar ser mais atencioso... Talvez conversar com a filha e descobrir do que ela
gosta! Foi isso o que eu fiz. Ela queria um cão para o resto da vida, ao menos foi isso o que ela
me falou.– Bem, Jim não é como você.
– Pode ter certeza de que não. – Ele parou bem na frente dela e a fulminou com o olhar. – E,
quanto mais cedo você perceber isso, melhor.
Maite abriu a boca para protestar, apenas para ser silenciada quando ele tomou-lhe o rosto
entre as mãos e pressionou os lábios contra os dela. Uma vez que estava furiosa com ele, ela
tentou lutar, mas a tentativa foi em vão. Afinal, ela estivera desesperada para ser beijada por ele
novamente.
Após um momento, ela se rendeu ao prazer do beijo dele e agarrou-lhe a camisa com suas
mãos delicadas. Finalmente.
O beijo mudou de punição para algo mais suave no minuto em que ela se moveu e moldou seu
corpo contra o dele.
Com um suspiro, Alfonso moveu as mãos para agarrar-lhe a cintura. Finalmente. Ele havia
usado todo o seu controle para manter as mãos longe dela nesses últimos tempos. Afonso decidiu
que, se Maite não pudesse enxergar que ele era mais homem do que Jim, então ele simplesmente
teria que mostrar isso a ela. A cada oportunidade, se fosse preciso.
Então ele afastou os lábios dos dela a fim de encará-la.
Maite ergueu as pesadas pálpebras e piscou por duas vezes.
– O fato de você me beijar não torna certo o que você fez.
Alfonso a liberou e recuou um passo.
– O que exatamente você quer que eu faça? – ele indagou por entre os dentes. – Peça desculpa
a Jim?
– Talvez você devesse. Você tirou algo dele hoje. – E você ainda se importa com isso? – Ele
franziu o cenho enquanto fazia a pergunta.
Maite estudou-lhe o rosto, e depois assentiu com a cabeça enquanto baixava o olhar.
– Não posso evitar, Alfonso. Jim é o pai dela. É ele quem deveria colocar um sorriso no rosto
dela da forma como você fez. Não posso deixar alguém tirar isso dela, ou dele. E, hoje, você
tirou isso deles.
O SOCO o atingiu de um lado da boca.
– Eu lhe devia essa!
Com o dorso da mão pressionando o sangue que escapava do canto dos lábios, Alfonso espiou
Jack de soslaio.
– Eu não vou conseguir escapar da família Perroni hoje, não é?
Jack avançou um passo e assistiu enquanto Alfonso endireitava os ombros, preparando-se para a
luta.
– Ei, vá com calma, campeão – pediu Jack. – Eu lhe devia essa por ter mentido para mim.
Isso era verdade, e Alfonso estivera esperando por isso. Na verdade, ele esperara que isso
acontecesse o mais cedo possível, pelo bem da amizade deles.
Tendo deixado Maite em uma nuvem de fúria, ele resolvera fazer uma caminhada através do
amplo jardim. Ele não estava pensando em partir e muito menos abandoná-la. Oh, não, ele
apenas precisava de um minuto ou dois para se recompor e superar o fato de ela ainda estar
apaixonada por Jim.Alfonso apenas não tinha esperado ser golpeado após ter conseguido cinco segundos de paz.
– Então é isso? – Ele lançou um olhar de suspeita para Jack.
– Sim. A menos que você tenha feito outra coisa que eu não saiba e precise lhe bater
novamente... – ele indagou, erguendo uma sobrancelha.
– Não. A não ser que você também esteja furioso por causa do cão.
– O cão?
– Esqueça. – Alfonso sentou-se em um longo banco em madeira em frente a um lago. – Eu
entendo que estivesse com raiva por eu ter mentido para você. Acho que mereci o soco.
– Sim, você mereceu. Deveria ter me contado. Eu não deveria ter descoberto da forma que
descobri. Sabe, eu tinha a impressão de que você e Maite fossem apenas colegas.
– Nós éramos. – Alfonso meneou a cabeça enquanto remexia em um dos bolsos da calça à
procura de um lenço para pressionar contra os lábios. – Nós somos. E você está certo. Eu deveria
ter lhe contado. Deveria. Tudo se tornou tão complicado. E ainda está. Eu simplesmente não
tenho mais tanto controle da minha vida. Sinto muito.
Jack estudou-lhe o perfil, antes de assentir com a cabeça e resmungar:
– Está bem – ele declarou, e sentou-se no banco ao lado de Alfonso. Em seguida, Jack falou
novamente. – Vocês dois tiveram outra briga?
– Algo do tipo.
– Sobre o cão, eu suponho?
Alfonso assentiu com a cabeça.
– Aparentemente, eu fiz com que Jim parecesse um péssimo pai ao dar a Jess exatamente o
que ela queria em vez de entregar dinheiro em um envelope. Acho que eu não poderia vencer.
Jack suspirou.
– Jim não precisa de nenhuma ajuda para parecer um péssimo pai. Ele pode fazer isso por
conta própria.
– Maite não parece pensar dessa maneira.
– Maite faz o seu melhor para tentar fazer com que ele pareça um bom pai para Jess. Só isso. –
Ele exibiu um sorriso travesso. – Sabia que Jim é alérgico a cães?
Os lábios de Alfonso estremeceram e ele fez uma careta ao sentir uma pontada de dor.
– Jess pode ter mencionado.
Jack largou o sorriso.
– Esse é o meu garoto.
Ambos ficaram em silêncio por um longo momento. Depois, Jack quis saber:
– Então, está deprimido porque Maite brigou com você por causa do cão?
– Não estou deprimido.
– Não?
– Não. – Ele uniu levemente as sobrancelhas. – Estou me recompondo.
– Você faz com que o fato de lidar com Maite pareça uma campanha militar.
– Provavelmente porque é dessa forma durante a maior parte do tempo.
Jacko estudou por um momento e depois decidiu perguntar:
– E você descobriu por que isso é tão importante para você?
Alfonso respirou fundo.
– Sim.

Jack sorriu novamente.
– Às vezes, leva um tempo para descobrirmos esse sentimento. Eu me lembro disso.
Alfonso deu risada.
– Ao menos Tara não estava apaixonada por outro homem. Para você foi mais fácil.
Jack alargou o olhar.
– Você acha que Maite ainda está apaixonada por Jim?
– Sim. – Ele virou o rosto para encarar o amigo e acrescentou com sarcasmo: – Não vai me
dizer que ela não está.
Jack encolheu os ombros.
– Ela não está.
– Então, por que ela está tão furiosa por causa de um cão?
Jack estudou o olhar confuso que Alfonso exibia. Levaria um tempo para conseguir convencê-lo
de que ele estava errado. Alfonso deveria achar que estava totalmente certo.
– Provavelmente porque é fácil para você continuar apontando as falhas de Jim para Jess, e
Maite tenta protegê-la de todas as formas de tudo isso. Ela não quer que a filha perceba o
completo idiota que ele pode ser. – Jack sorriu enquanto prosseguia: – Sabe, você é muito
observador. Você vê o que as pessoas precisam e tenta o seu melhor para encontrar uma
maneira de dar a elas. Isso é parte da razão de você ser um ótimo sócio. Acho que é apenas uma
questão de tempo antes de isso se manifestar em sua vida pessoal.
Alfonso ignorou o elogio.
– Se Jim é tão idiota, então por que Maite se casou com ele?
Jack inspirou profundamente.
– Isso é uma longa e complicada história de família. Eu sempre pensei que era pelo fato de ela
querer muito um casamento... Para constituir a família perfeita que nós não tivemos. Jim acabou
sendo o primeiro a pedi-la em casamento. Mas talvez os motivos dela fossem outros. Você já
tentou perguntar a ela?
Alfonso franziu as sobrancelhas.
– Não.
– Ou contar a ela agora sobre como você se sente?
Ele desviou o olhar para o outro lado.
– Estou pensando em uma forma de fazer isso. Eu tenho um plano.
Jack estudou-lhe o perfil novamente.
– Oh, bem, se você tem um plano...
Alfonso se concentrou no lago à sua frente enquanto pensava. Ele sorriu conforme percebeu
que estivera fazendo a única coisa da qual sempre acusara Maite. Ficar no controle de tudo.
Planejar tudo meticulosamente e tentar se manter à frente do jogo. A vida não funcionava dessa
maneira, ele pensou.
Algumas vezes, uma pessoa apenas tem que ser sincera e dizer o que realmente quer.
Aproveitar a oportunidade.
– Ser solteiro era muito mais simples do que isso, sabia?
– Eu sei. – Jack exibiu um largo sorriso enquanto Alfonso se virava para encará-lo.
– Mas, eu lhe digo, ser marido e pai tem sido bem mais recompensador.