Fanfic: Romance no escritório (AyA) - Terminada

Dirigindo-se para a cozinha, Alfonso viu a mala de Anahí. Por alguns instantes, debateu-se entre deixá-la lá embaixo e entregá-la de manhã, mas pensou que, ao ver suas roupas, ela poderia voltar à vida real. Se Christian estivesse certo ao afirmar que algo familiar poderia trazê-la de volta, talvez desfazer a bagagem a curasse.

De fato, o que Alfonso tinha de fazer era dar um jeito de Anahí remexer o que era seu naquele instante. Se recuperasse a memória naquela noite, não haveria necessidade de levá-la para a empresa na manhã seguinte.

Esperançoso, quase zonzo de tensão, Alfonso segurou a alça e subiu a escada. Ao chegar ao quarto, a porta estava fechada, então bateu de leve.

Anahí abriu-a, com uma expressão amuada.

— O que deu em você, Alfonso? Precisa bater na porta de seu próprio quarto?

— Não queria perturbá-la, no caso de estar dormindo. — Colocou a mala sobre a cama.

— O que está acontecendo? Primeiro, você fez aquela horrível brincadeira, e agora age como se tivesse medo de entrar em sua suíte. — Anahí se aproximou dele e enlaçou-lhe o pescoço. — Se não tivesse certeza do quanto você me ama, iria pensar que estávamos tendo uma crise conjugal, ainda em plena lua-de-mel.

Anahí se pôs na ponta dos pés, e seus lábios começaram a roçar os dele. Por fim, beijou-os.

Alfonso resolveu aceitar o beijo, porque não queria arriscar nada.

Mas, de repente, a pressão da boca de Anahí aumentou, seus braços apertaram-no com mais força, seu corpo colou-se ao dele e ela o beijou de uma forma que o fez estremecer.

Alfonso procurou controlar-se, em vão. Anahí sabia beijar. Nunca teria imaginado tal coisa. Jamais teria pensado em nada sexual com referência a Anahí, a bem da verdade. Afinal, um homem decente não tinha idéias libidinosas sobre suas funcionárias.

Contudo, era impossível resistir. Dominado pelo desejo, Alfonso segurou Anahí pela nuca e aprofundou a carícia. Porém, antes que deslizasse as mãos pelos seus sedosos cabelos e que saboreasse por completo sua doçura, seu cérebro deu sinais de reação.

O que ele estava fazendo?!

Alfonso se afastou no mesmo instante em que Anahí deu um passo atrás. Mas, enquanto a expressão dele era uma combinação de remorso pelo lapso moral e surpresa diante da química que se operara entre os dois, a de Anahí era radiante e sorridente.

— Vou guardar minhas coisas.

— Faça isso — Alfonso disse, mas não se moveu.

A surpresa deixara-o sem ação. Anahí era uma mulher doce, serena, sensata. Não podia beijar daquela forma, mas agora ele sabia que ela era capaz, sim. Também descobrira que jamais voltaria a olhar para ela da mesma maneira. Até duvidava que conseguiria permanecer na mesma sala com Anahí sem se lembrar daquele maravilhoso, apaixonado e surpreendente beijo.

Anahí caminhou para o leito, onde Alfonso colocara sua bagagem. Ele respirou fundo. Não havia nenhuma decisão a tomar naquele momento. Era um profissional. Precisava ser capaz de ficar perto de Anahí enquanto trabalhassem juntos. E ficaria!

— Oh! — Anahí exclamou, aborrecida. — O que você fez? Tinha escondido todas as minhas roupas íntimas em meu apartamento velho? Meu Deus, se eu não tivesse descoberto sua brincadeira, não poderia nem me trocar. Que vergonha, Alfonso!

— Desculpe-me...

Anahí continuou mexendo na mala e, de repente, gritou, olhando para ele.

— Ei, espere um minuto!

— Sim? — Alfonso a encarou, cheio de expectativa.

— Acabei de recordar. — Olhou ao redor, como se visse o quarto pela primeira vez.

Alfonso parou de respirar.

— Não tomei banho, de manhã. Devo ter esquecido. Que coisa estranha... — Começou a desabotoar a blusa. — Ah! É mesmo... Depois que você me mandou de volta para cá, dormi até meio-dia. Quando me levantei, preparei alguma coisa para comer e depois comecei a limpar a cozinha. As coisas estavam bastante empoeiradas por aqui. Precisamos programar melhor os dias de limpeza.

Anahí desabotoava o último botão. A renda do sutiã estava visível.

— Sim, acho que tem razão. — Alfonso se dirigiu à porta. — Talvez precisemos controlar melhor a faxina.

Anahí assentiu, de costas para ele e, movendo-se um pouco, colocou-se de novo no meio do caminho.

— Não me importo muito com a poeira, mas detesto teias de aranha.

Alfonso não sabia o que fazer para sair dali. Que terrível embrulhada! Se tal coisa tivesse acontecido com um de seus amigos, ele teria rido muito.

Se não conseguisse sair logo daquela situação ridícula, seu relacionamento profissional com Anahí estaria arruinado para sempre. Até aquele momento, nada muito sério tinha acontecido... a não ser aquele beijo maravilhoso. Mas ele o esqueceria, pois, afinal de contas, antes, de mais nada, era um profissional.

Porém, precisava sair daquela suíte.

Tentou mais uma vez, mas Anahí ficou de novo a sua frente.

— Está bem, Alfonso. Então, de agora em diante, você cozinha e eu faço a limpeza. Eu lavo a roupa, e você dobra e guarda tudo.

Por alguns segundos, Alfonso ficou imóvel de espanto, confuso com o fato de a memória dela ser tão clara para detalhes de uma vida que nunca existira. Ele não sabia nada sobre os pais de Anahí, muito menos o que eles ensinavam em suas fitas comerciais, mas devia ser algo que deixava seus ouvintes com uma memória cheia de fantasias.

— Você passa o aspirador de pó no carpete, e eu espano o pó. — Anahí se pôs a abrir o zíper da calça comprida.

— Anahí, meu bem, você pode me deixar passar?

— Que estranho! Se estou encarregada de retirar a poeira, tenho sido bastante negligente.

Ao dizer isso, Anahí puxou a calça para baixo. Como ainda não tinha tirado a blusa, tudo o que Alfonso viu foram suas pernas.

Ele tinha a impressão de que ela estava fazendo uma coreografia. Devagar, com método, Anahí revelava centímetro por centímetro de coxas e pernas perfeitas, até que a peça caiu, envolvendo-lhe os pés. Depois, ela desvencilhou-se.

Alfonso meneou a cabeça.

— É isso, Anahí. Tenho de ir... — Parou ao vê-la voltar-se e olhá-lo com uma expressão confusa e magoada, como se o que ele tinha dito fosse ofensivo. — Para a cozinha — improvisou, com um sorriso, para animá-la. Então, segurando-lhe os ombros, afastou-a de perto da porta, deixando o caminho livre. — Acho que tem alguma coisa queimando.