Fanfic: Romance no escritório (AyA) - Terminada

— Você não vem?

Anahí Portilla deixou de lado a propaganda que estava revisando e olhou para seu chefe, o alto, moreno e charmoso Alfonso Herrera, diretor do departamento de publicidade da Barrington Ltda., de pé à porta de sua sala.

Com as duas mãos apoiadas no batente, Alfonso ocupava todo o espaço. O paletó de seu terno escuro estava aberto, revelando uma gravata lisa e uma camisa branca que envolvia o tórax largo. Seus cabelos escuros estavam um pouco alvoroçados após um dia inteiro de trabalho, e Anahí concluiu que ele apenas os penteara com os dedos. Uma mecha caía-lhe de modo juvenil sobre a testa, realçando os sérios olhos esverdeados, cheios de calor.

Anahí mal conseguiu conter uma exclamação de admiração.

— Sim, já estou indo — ela disse, falando bem devagar para não gaguejar.

Diante daquele homem tão sexy, qualquer mulher normal se encantaria.

Anahí trabalhava para Alfonso fazia mais de quatro anos, e, naquele período, apaixonara-se loucamente. Para ela, Alfonso não era apenas atraente. Não! Para Anahí Portilla, Alfonso Herrera era perfeito. Só de fitá-lo, ficava com os joelhos trêmulos.

Entretanto, nem uma única vez naqueles quatro anos, Anahí constatara que Alfonso sentisse o mesmo efeito ao estar com ela. Se fosse para encarar a verdade, teria de admitir que não causava a menor emoção em seu chefe. E era por isso que escondia seus sentimentos com cuidado.

Alfonso costumava tomar o desjejum, almoçar e jantar com quase todos os funcionários da Barrington. Muitos o consideravam um amigo e confidente. Porém, até aquele momento, Anahí só tivera conversas superficiais com ele.

— Num minuto, Alfonso, estou indo. Eu queria dar uma última olhada no...

— Hum, hum... — Ele se aproximou.

Antes que Anahí percebesse o que ia fazer, Alfonso puxou a cadeira dela para trás. Depois, segurou-lhe os braços e obrigou-a a levantar-se.

— Falei que ninguém podia trabalhar até mais tarde, hoje. Iremos ao Mahoney`s. As bebidas são por minha conta, lembra?

— Sim, lembro, claro!

— Pegue seu casaco, Anahí. — Alfonso se voltou para a saída. — Você tem carro, não tem?

Anahí sentiu-se muito tentada a dizer que não, nem que fosse para testar a teoria de todos, que achavam que talvez Alfonso nutrisse uma paixão secreta por ela. Se dissesse que não tinha condução própria, sem dúvida ele lhe ofereceria uma carona. Então, teria de levá-la em casa. E então...

Anahí meneou a cabeça, achando-se tola. O fato é que tinha um automóvel. Além disto, se o deixasse no estacionamento, não teria como vir trabalhar no dia seguinte.

Alfonso sabia também que ela dirigia uma pequena BMW branca, um presente de seus pais. Se ele o visse, saberia que Anahí mentira e, assim, tudo ficaria arruinado, pois o honesto e sincero Alfonso Herrera jamais se casaria com uma mentirosa. Pouco importava que suas intenções fossem boas.

— Tenho, sim, Alfonso. Dessa forma, se eu quiser sair mais cedo...

— Ninguém fará isso. — Alfonso esboçou um grande sorriso. — É uma comemoração! É incrível que tenhamos conseguido programar toda a revista em tempo. Nós merecemos uma noite para relaxar. E será hoje!

— Certo. Contudo, amanhã ainda é quinta-feira. Algumas pessoas trabalham melhor depois de oito horas de sono, você sabe. — Apanhou o agasalho e foi ao encontro dele.

Alfonso fez um gesto para que Anahí o precedesse e depois desligou os interruptores.

— Sendo assim, durma à vontade. Não espero encontrar ninguém aqui antes das dez da manhã.

— Mas o Sr. Barrington...

— ...deu-me total controle sobre este departamento, Anahí. Se ele quiser saber alguma coisa, virá até mim, e eu explicarei. Chefes são para isso. — Alfonso enfatizou suas palavras com um leve tapinha em sua face, e foi nesse momento que Anahí compreendeu que sua fantasia de casar-se com ele não fazia o menor sentido.

De súbito, deu-se conta de que aquele gesto personificava como ele se sentia em relação a ela. Alfonso tratava-a como se Anahí fosse uma jovenzinha, uma adolescente. Como uma prima mais moça. Suas amigas, tal qual ela própria, não viam isso porque não queriam.

No entanto, a verdade não era tão romântica. Após quatro anos de esforços lado a lado, Alfonso Herrera ainda a julgava muito jovem. Até para ser sua amiga. Não havia modo de ele a ver como uma igual, muito menos como uma mulher. Como amante, portanto, nem em sonho.

Tratando-a como uma garota, Alfonso encontrara a forma mais que adequada de dizer que jamais haveria alguma coisa entre eles.

Resumindo, Anahí estava sendo rejeitada