Fanfic: Romance no escritório (AyA) - Terminada

O som de batidas na porta despertou Alfonso, que deu um pulo do sofá e quase derrubou Anahí.

— Alfonso? O que está acontecendo?

— E melhor eu ir ver.

Assim que Alfonso abriu a porta, os pais de Anahí entraram.

— Filha! — Marichello gritou, empurrando Alfonso e indo para a sala de estar. — Como pôde fazer isso?!

"Como pude fazer o quê?" Anahí pensou, mas por estranhas razões não conseguia responder àquela pergunta. Tudo estava confuso, parecendo envolto numa neblina.

Sua mãe ainda era a mesma. Loira, esbelta, dinâmica, refinada. Seu conjunto de grife famosa era impecável. Franco ainda era bonito, forte, com suas costeletas grisalhas. Tudo parecia como sempre. Então, o que estava errado?

— Posso explicar tudo — Alfonso disse, fitando Anahí.

Ambos trocaram um olhar. Ele parecia muito desarrumado, pouco à vontade. Não lembrava em nada o Alfonso calmo e bem colocado para quem trabalhava.

— Anahí sofreu um acidente.

Marichello levou a mão ao peito.

— Oh, Meu Deus!

— Um acidente não justifica casar-se sem comunicar nada aos pais — Franco interveio.

"Casada?" Anahí não entendia mais nada.

— Bem, Anahí não se casou... — Alfonso tentou explicar.

— Ah! É mesmo? — Marichello fuzilou-o com o olhar e depois virou-se para a filha, estudando-lhe a aparência de quem acabava de acordar.

Anahí observou-se. Pijama de cetim vermelho? Nada se encaixava...

Alfonso prosseguiu:

— Todo o pessoal do nosso departamento foi jantar na última quarta-feira no Mahoney`s, para comemorar. Algumas pessoas começaram a brigar, e uma delas empurrou Anahí. Ela caiu e bateu a cabeça. Não desmaiou, mas julguei melhor trazê-la para minha casa, pois não achei bom que dirigisse seu carro sozinha. Só que, na manhã seguinte, quando acordou, pensou que fôssemos casados.

Anahí ouviu toda a explicação de Alfonso em silêncio, mas, quando ele acabou, sentiu uma terrível enxaqueca. Parecia que uma barra de ferro lhe apertava as têmporas.

— Ah! E com certeza, você tirou vantagem da situação — a mãe de Anahí afirmou, furiosa.

Imagens nítidas passaram diante dos olhos de Anahí, como em um filme. Ela e Alfonso fazendo compras e almoçando juntos. Os dois preparando o café da manhã. Às vezes em que ele se recusara a fazer amor.

— Pare! — gritou, querendo apagar tudo aquilo. — Nós não estamos casados.

Alfonso inclinou a cabeça.

— Eu sei, Anahí.

— No entanto, estou vivendo aqui há três dias, e você me fez pensar que éramos marido e mulher.

— Vou acabar com você, se fez algum mal a minha filha!

Alfonso ignorou a ameaça de Franco.

— Não, Anahí. — Foi na direção dela. — Não foi assim. Tentei dizer a você que não éramos casados, mas...

— Quando tentou me dizer?

— Assim que percebi que você se imaginava minha mulher e quando suas amigas lhe fizeram uma visita.

— Minhas amigas estiveram aqui?

— Sim. Pensei que, se você as visse, sua memória voltaria. Mas não voltou.

Anahí gemeu e passou a mão pelos cabelos.

— Meu Deus!

Fizera papel de idiota durante três dias, e tudo de que recordava eram vagas imagens sem conexão.

— Não é tão ruim assim, Anahí — Alfonso tentou consolá-la, e tocou-lhe o rosto com a ponta dos dedos.

Anahí afastou-se, rápida.

— Todos compreenderam que você teve amnésia. Era evidente, pela maneira como se comportava, como lhes mostrou a mansão, que acreditava mesmo ser minha mulher.

— Eu mostrei a mansão para elas como se fosse minha?!

Alfonso confirmou com a cabeça.

— Jesus amado! Diga, Alfonso, quantas pessoas souberam disso?

— Não muitas. Deixe-me ver... Suas amigas, algumas pessoas que encontramos, meu médico...

— Seu médico? — Franco o encarou. — Não lhe ocorreu que devia ter chamado o médico de Anahí? Ou mesmo que devia ter nos chamado?

— Eu não sabia onde vocês estavam, e muito menos como encontrá-los.

 - Não venha me dizer que minha filha não fala sobre seus pais!

Anahí desejava que todo seu mal fosse a pavorosa dor de cabeça, e não aquele imenso embaraço. Sentia uma grande humilhação.

De repente, lembrou-se dos CDs que Anahí lhe mandara e as afirmações positivas que fizera. Com certeza, fora aquilo que a levara a crer que era casada com Alfonso.

— Pare, papai.

Para Alfonso, ela parecia estar aceitando uma derrota. Por instinto, se aproximou dela para confortá-la, mas lembrou-se que Anahí já voltara ao normal e não gostaria de seu carinho.

— Eu sei o que aconteceu. — Anahí fitou Alfonso. — Sei que foi culpa minha. Sinto muito pelas inconveniências que lhe causei...

— Não, Anahí, não é isso...

— Estou morrendo de vergonha. E humilhada. Porém, acho que devia ter me convencido da verdade, e não me trazido para cá. É tudo tão mortificante que não sei se vou conseguir superar...

— Anahí, eu tentei lhe dizer, mas você estava tão segura... Não quis magoá-la.

Alfonso falava com doçura. Anahí contemplou seus pés descalços.

— Se pretendia que eu me sentisse melhor, fracassou. — Ela se levantou para deixar a sala, mas ainda completou: — Meu pedido de demissão estará em sua mesa logo cedo.