Fanfic: Romance no escritório (AyA) - Terminada

Assim que os pais se recolheram ao quarto, naquela noite, Anahí considerou suas opções. Enfim, decidiu que a melhor coisa seria investir em sua carreira. Não sabia muito bem como, pois o departamento de publicidade onde trabalhava era pequeno, e ela não acreditava que houvesse espaço para avançar.

Contudo, tinha uma excelente formação, e agora que encontrara ambição e motivação, seria mais fácil. Permanecer em seu atual emprego de repente lhe parecia algo muito limitado. Não conseguia imaginar-se crescendo profissionalmente na Barrington.

Anahí sentiu um leve desapontamento. Não queria deixar seus amigos, e também, não gostava de pensar que mudaria de emprego por causa de um homem. No entanto, não podia continuar convivendo com Alfonso Herrera, vendo todos os dias sua beleza máscula e seu incrível charme.

Na segunda-feira, a primeira coisa que faria seria procurar Estefania e colocar-se na lista das promoções para outro departamento. No entanto, Anahí sabia que enfrentava uma ambivalência. Queria permanecer na Barrington por Alfonso. Mas, agora que ele estava fora de seus sonhos, seria mais lógico deixar a empresa.

Naquele domingo, à tarde, Alfonso chegou em frente ao prédio de Anahí quando ela estava colocando as malas de seus pais dentro da BMW branca.

Sem deixar o carro, Alfonso observou o grupo de longe. Um grande alívio o percorreu ao ver que Marichello e Franco estavam de partida. Que explicação lhes daria para sua presença ali? Para ser franco, não sabia como explicar nem para si mesmo. Sua única certeza era de que não podia continuar a viver daquela maneira.

Alfonso achava que podia lidar com a raiva de Anahí, e de certa forma estava conseguindo, mas a mágoa que ele vira nos olhos dela não o dava paz, e foi isso o que o fez resolver procurá-la. Não dormira bem e perdera o apetite. Embora não tivesse feito nada errado. Não fizera nada para merecer aquilo.

No entanto, Alfonso sabia que teria de acertar aquela situação, porque, dos dois, ele era o mais velho e o mais experiente. E, além disso, Alfonso estava muito vulnerável e confusa. Recuperar-se de uma amnésia devia ser bastante traumatizante.

Enquanto ela acreditara ser sua esposa, ele tomara conta dela. Não era de admirar que Anahí o olhasse com melancolia.

Ao contrário do que Alfonso pensara, a situação entre eles não estava resolvida. Sentia no fundo da alma que estava longe disso.

Alfonso procurava ignorar o óbvio: sua casa estava triste e solitária sem Anahí.

Anahí deu a partida no motor e se foi, para levar os pais ao aeroporto. Alfonso decidiu esperar por seu retorno.

Lembrando que não comia nada fazia muito tempo, dirigiu-se a uma lanchonete próxima para fazer uma refeição leve e sentou-se, disposto a esperar pelo menos duas horas.

Quando voltou ao prédio de Anahí, a noite começava a cair. Mas, como o carro dela era branco, ele o localizou com facilidade.

Estacionou do outro lado da rua e irritou-se ao constatar que estava excitado demais com a perspectiva de revê-la. Porém, não podia negar a sensação estranha na boca do estômago, bem como sua terrível solidão. Era a vida que ele escolhera, mas não tinha a menor alegria.

Caminhando para a entrada do prédio, concluiu que era isso que o fazia desejar tanto a presença de Anahí. Se a perda de alguém que amava era algo novo para ela, então devia estar sofrendo muito. Ajudá-la a aliviar a dor não era só caridade, era uma atitude inteligente também. Porque, quanto mais rápido ela voltasse ao normal, melhor seria para ambos.

Anahí atendeu à campainha, sem demora. Alfonso nem notou sua surpresa. Viu apenas seus sedosos cabelos dourados, a pele delicada como uma pétala de rosa e as curvas suaves, acentuadas pelo robe de cetim. Era longo, quase tocando o chão, mas como era amarrado apenas com um cinto, as pernas bem torneadas ficavam à mostra, desde os pés até as coxas.

Alfonso engoliu em seco. Sem dúvida, ela era a mulher mais sexy que ele já vira.

— O que está fazendo aqui, Alfonso?

— Perdão? — Ele não conseguira ouvir o que Anahí dissera. Suas belas pernas distraíram sua atenção. Naquele instante, tudo o que sabia é que nunca vira uma garota tão linda.

— Perguntei o que está fazendo aqui.

Alfonso pigarreou. Poderia dizer que estava preocupado com ela? Será que Anahí ficaria furiosa? Poderia dizer que havia pendências entre eles e arriscar-se a irritá-la?

Respirou fundo.

— Anahí, tenho algumas coisas relacionadas ao trabalho no nosso departamento que queria discutir com você. Achei que não podia esperar até amanhã.

Pensativa, Anahí deu-lhe passagem, permitindo que ele entrasse. Alfonso sentiu a temperatura subir e passou o dedo pelo colarinho.

Agora que estava na sua sala de estar, vendo seu corpo sensual envolto apenas em um roupão, disse a si mesmo que devia estar louco, para ir à casa de uma mulher pela qual se sentia tão atraído.

Apelando para seu lado racional, Alfonso sentou-se no lugar que ela lhe ofereceu.

Alfonso acomodou-se diante dele, cruzou as longas pernas e o encarou.

— Então, que assunto tão urgente temos a discutir?

— Vim para lhe oferecer um outro cargo.

— O quê?!

— Eu tinha uma proposta para lhe fazer, naquela noite em que você caiu e bateu a cabeça, Anahí. Mas depois, com tudo o que aconteceu, não pude falar.

— Tinha uma proposta para mim?

— Sim. Você é inteligente, organizada e capaz. Achei que gostaria de se tornar minha assessora. Poderíamos intensificar seu treinamento e dar-lhe todas as qualificações para que pudesse ter uma parte do departamento sob sua direção.

— Eu teria meu próprio departamento?

— Não, não é bem assim. Entretanto, seria responsável por uma parte do meu. Responderia a mim, e eu, ao presidente.

— Você deve estar brincando...

Alfonso achou que havia um brilho de prazer nos olhos dela.

— Não, Anahí. Tudo isso não iria acontecer da noite para o dia — acrescentou, cauteloso, e levantou-se, começando a andar de um lado para o outro. Raciocinava melhor assim.

Anahí deixara-o nervoso, mas ao mesmo tempo alegre por estar desanuviando a atmosfera entre eles. De fato, adoraria beijá-la, de tão contente.

Alfonso recordou a maneira fácil e íntima como Anahí o beijara durante o tempo em que pensara ser sua esposa. Não tinham sido beijos sensuais, mas sim uma demonstração de afeto. Alfonso gostara deles, e sentia sua falta. Porém, agora qualquer beijo era perigoso. Por isto é que precisava andar de um lado para o outro. Para se concentrar.

— Mas, no fim, espero separar a publicidade das relações públicas. O que faríamos agora seria prepará-la para assumir mais tarde as relações públicas.

Anahí levou as duas mãos ao peito.

— Não está falando a sério!

— Claro que estou.

Alfonso sorriu. Aquela era a Anahí eficiente que conhecera naqueles quatro anos. Era uma mulher completa, e seu entusiasmo mesclava-se a muita sensibilidade.

Todas as tentações que tivera durante a convivência com Anahí retornaram com todo o vigor. Naquele instante, Alfonso achou que faria qualquer coisa para beijá-la outra vez. Mas seria um erro muito perigoso.

Alfonso não queria um relacionamento com ela. Não pretendia casar-se com ela, nem com ninguém. Não acreditava mais na permanência do casamento, e uma moça como Anahí precisava daquele tipo de compromisso.

— Fico contente por ver que você concorda, Anahí.

— Evidente que concordo! Essa oportunidade parece perfeita!

Era estranho que aquela idéia lhe tivesse parecido adequada até a noite do acidente. De repente, tornar Anahí sua assessora não lhe parecia tão conveniente assim.

No fundo, desejava que ela não aceitasse, porque, se ela aceitava trabalhar junto dele com tamanha facilidade era porque não sobrara nada de seus antigos sentimentos. Seu lado racional dizia que era bom, mas não lhe agradava.

— Fico feliz em ver que ficou feliz.

— Estou, sim, pode acreditar!

A decepção tomou conta de Alfonso. Parecia até que tinha saudade do tempo em que ela era apaixonada por ele.

Que ridículo! Aquela paixão não trouxera nada, a não ser problemas. Haja visto o que sua própria atração tinha feito. Tornara-o maluco. Fazia-o crer que uma de suas melhores e mais elaboradas escolhas não era mais válida.

— Então, quando começo no meu novo cargo?

— Vou comunicar ao departamento amanhã à tarde. Sua primeira tarefa será encontrar uma substituta para você, e quando isso estiver acertado, será toda minha.

A escolha de palavras de Alfonso não podia ter sido pior. Anahí ficou vermelha até a raiz dos cabelos.

Ninguém ali queria ser mais nada um para o outro. Seriam apenas colegas. Anahí não desejava nada mais além disso.

Alfonso podia ver aquela decisão no belo semblante impassível. Logo, permaneceria discreto.

Anahí não precisava se preocupar com ele.