Fanfic: Romance no escritório (AyA) - Terminada

Menos de oito horas mais tarde, beijos suaves despertaram Alfonso. Demorou alguns segundos para que descobrisse do que se tratava aquela sensação morna e úmida em sua nuca, mas, assim que compreendeu o que estava acontecendo, ele arregalou os olhos e virou-se, quase derrubando Anahí do sofá.

— Anahí! O que está fazendo?! — gritou, lutando para sentar-se.

Ela achou graça.

— Estou acordando você, seu bobo! — Tentou abraçá-lo.

Cada vez mais espantado, Alfonso afastou-se dela.

— Acho que você está confusa. Dormi a noite toda neste sofá.

O rosto dela mostrou-se contraído e preocupado.

— Eu sei e não consigo lembrar por quê. Nós brigamos?

Alfonso a fitou, de queixo caído. Anahí parecia tão inocente e ao mesmo tempo tão segura do que dizia que aumentou ainda mais sua confusão.

— Nós não brigamos, Anahí, mas de certa forma nos envolvemos em uma briga no Mahoney`s. Você caiu, bateu a cabeça, e eu a trouxe para minha casa.

— Claro que tinha de me trazer para cá! Aonde mais poderia me levar? Depois de seis meses de casamento, duvido que meus pais me quisessem de volta. — Anahí levantou-se e foi para a cozinha.

Alfonso ficou parado por um instante, querendo ter absoluta certeza de que ouvira o que ouvira. Depois, correu atrás dela, alcançando-a do outro lado do balcão.

— Escute, espere um minuto! O que foi que você disse?

— Que meus pais não aceitam filhas casadas de volta. — Anahí soprou-lhe um beijo com a ponta dos dedos, como se tivessem a maior intimidade.

Alfonso sentou-se em uma banqueta.

Anahí abriu a porta da geladeira.

— Ovos?

— Não, Anahí, eu não quero ovos! — Alfonso sentiu-se preso em algum lugar entre um sonho bom e um pesadelo. — Quero é saber do que você está falando.

— Lembra o que papai e mamãe falaram sobre o casamento, em seus CDs?

Alfonso não lembrava, porque nem sequer sabia quem eram os pais dela, mas achou que devia deixá-la explicar a sua maneira, para que pudesse chegar à parte que o interessava.

— Sim.

— Não me diga que já esqueceu a brincadeira que fizemos durante nossa lua-de-mel, Alfonso! Recorda como eu disse que nossa união tinha de funcionar de qualquer jeito, porque meus pais não aceitariam devolução?

Alfonso sentiu garras geladas apertarem-lhe o peito. Lua-de-mel? Casamento? O que dera em Anahí? Que conversa era aquela?

De pé, ao lado do refrigerador, com as mãos nos quadris e ainda com as roupas da véspera, Anahí parecia tão desapontada e, ao mesmo tempo, tão segura do que dizia, que por um breve instante Alfonso temeu que alguma coisa tivesse acontecido com a memória dele. Mas logo lembrou-se que ela é que se acidentara.

— Anahí, nós não somos casados.

— Ótima piada, Alfonso. — Ela passou por ele como um tufão.

— Anahí! — Alfonso seguiu atrás dela. Segurou-a pelo braço e respirou fundo para se acalmar, pois queria ser gentil. — Você bateu a cabeça ontem à noite. Deve ter afetado alguma coisa, e agora pensa que nos casamos. Mas não é verdade.

— Não estou com disposição para suas tolices ou brincadeiras! — Ofendida, encaminhou-se para a escada. — Tenho de me arrumar para ir trabalhar.

Trabalho! Deus do céu! Alfonso estaria em péssima situação se Anahí fosse para o escritório pensando que eram casados.

— Espere, Anahí!

Ela parou no meio da escadaria e olhou-o de cima, como uma rainha.

— Por quê? Está pronto para se desculpar?

Alfonso quase disse "não" e começou uma nova série de explicações, mas percebeu que havia algo mais importante ali. Se não a convencesse de que não eram marido e mulher, também não poderia deixá-la ir ao escritório.

— Sim, peço desculpas. Sinto muito. — Deu um casto beijo na testa dela e desejou ser convincente. — Todavia, você não tem de ir trabalhar hoje.

Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— Não?

— Não, Anahí. Não lembra que caiu no bar e que concluímos que seria melhor tirar um dia de folga para descansar?

— Não, não me lembro de nada disso...

"Não diga!"

— Foi o que decidimos. Agora, deixe-me passar. Quero usar o banheiro.

Vendo Anahí observá-lo com firmeza, com uma expressão de descrença no rosto, Alfonso esboçou um sorriso conciliador.

— Ou, se quiser ser uma boa esposa, poderia preparar meu café.

O semblante dela se iluminou de alegria.

— E do que você gostaria, querido?

Alfonso sentiu-se tentado a dizer "o de sempre" para ver o que ela faria, mas o momento não era para experiência. Precisaria de sorte. Esperava de todo o coração que Anahí voltasse para o quarto depois que ele saísse e, ao acordar, estivesse curada daquele delírio. Pois, se não fosse assim, ele teria sérios problemas.

— Que tal alguns ovos e algumas torradas?

— Num instante! — E ela desceu os degraus correndo.

Alfonso tomou sua ducha e vestiu-se tão rápido quanto pôde.

Tinha de cuidar de duas coisas naquele dia. Depois de resolvê-las, poderia pedir ajuda.