Fanfic: (Mini) Acordar (Anahí y Ponho) | Tema: rbd, anahí, poncho

Capítulo 2- Sonhos (Anahí)

— Acorde, acorde. — A mulher escutou uma voz ao longe, falas em inglês, muito distante, tão distante que não poderia alcançar.

— Parada cardíaca. Precisamos reanima-la. Rápido, desfibrilador. Massagem cardíaca. No três. — Um barulho de eletricidade soou. — De novo.

— Doutor ela está partindo.

— Não no meu turno. No três. — E tudo desapareceu dentro de um túnel escuro e úmido.

No fundo do mar é quieto, e frio, como se o mundo fosse se apagando aos poucos, em pequenas ondas, como se eu também me apagasse em um borrão escuro e vacilante. Escutava meus pensamentos, como se estivesse dentro de uma caixa escura, mas também eles eram vacilantes e se apagavam. Silêncio, silêncio, si...

Meu nome é Anahí Puente Portilla e tenho que dizer que ensaiei minha primeira nota quando chorei ao nascer no hospital (sim, e não dentro de um estádio rs), e com olhos grandes e arregalados de todos a me encararem. Comecei a trabalhar antes de me dar conta de que existia como um indivíduo, estreando em um programa infantil, e então novelas, muitas novelas, propagandas, e tudo o que os holofotes oferecem a um preço talvez caro demais para desavisados. Alguns dizem que para permanecer na televisão se vende a alma ao próprio diabo, eu digo que vendi meu coração aos que de verdade pararam para me olhar nem que fosse por um segundo.

Às vezes, e especialmente agora que meus ombros parecem pesados, penso sobre as decisões que tomei com minhas melhores intenções e com o tempo se perverteram até engolir-me e me deixar cega. Ouço uma voz ao longe.

— Ela está em coma. — Uma onda poderosa pareceu me arrastar cada vez mais para longe da margem, uma onda tão escura quanto a noite dos meus dias mais pesados, carregando meu inofensivo corpo como um pedaço de papel na bruma do oceano. Agora não passava de um pontinho perdido que talvez jamais fosse encontrado.  Como seria agora ver o brilho dos meus olhos desaparecem? Tudo o que eu poderia ter sido e que agora jamais me tornaria. Quem sabe meus olhos se abrissem e quando me olhasse no espelho estariam lá rugas que jamais existiram, pois quando fui dormir era uma mulher de 30 anos. A desolação de estar trancada em um mundo que era meu, somente meu, com meus sinais na parede e tudo que eu reconhecia me tragou para sonhos pesados.

Sonhar com dias que não viveu, com dias que jamais viria, com dias em potencial. Anahí, escrava de seus próprios sonhos, como um pedaço solto de qualquer coisa, como dona e senhora de uma realidade paralela que não obstante se tornava seu pior inimigo. Se fosse tragada para dentro daquele buraco negro, talvez jamais pudesse encontrar a porta de saída. Quebrada! A palavra ecoou por entre um labirinto de imagens brilhantes, algumas negras, outras tão coloridas quando qualquer coisa do mundo real, algumas cinzentas e sem vida alguma. Seus olhos se prenderam a elas, emoldurados por algum tipo de feitiço. Coisas sem importância? Como então poderia explicar o que alguns momentos de sua vida como celebridade estavam fazendo ali? Algo estava quebrado no pobre mundo iludido, se quisesse faze-la acreditar em mentiras tão terrivelmente tolas. Caminhou para longe, para imagens coloridas e se viu como uma criança pequena brincando na rua de casa, o primeiro beijo de afeto, a primeira salva de palmas em uma peça infantil, a roupinha cheia de frufrus. Sorriu e quando percebeu um espelho estava a sua frente, olhou para os pés com maravilhosas sapatilhas douradas com laços de cetins subindo-lhe pelas pernas, o tutu logo acima, branquinho, e um pequeno sorriso infantil nos lábios. Agora se via pega pela figura de uma criança que inicialmente chamam Any. Um céu se abriu com figuras que reconhecia pertencerem a Edgar Degas, lindos quadros de bailarinas soltas em atos inacabados, presas em momentos intermináveis. Uma plateia se abriu a seus pés, estava presa a um cenário dessas bailarinas preciosas e quase irreais, dançava sem poder controlar o próprio corpo, em meio a rodopios viu a mãe e a irmã sentadas na primeira fila. A musica parou e seu corpo junto a ela, a salva de palmas, lembrava-se daquele dia com carinho impar, quando pode tomar sorvete antes da janta sem problema algum.

Uma onda sonora atravessou o sonho fazendo vibrar o cenário, as pessoas gritaram, e as pequenas e delicadas bailarinas de Degas, presas em seus atos, começaram a se despedaçar como porcelana e sumiram como que por milagre. As paredes iniciaram a ruir, com pequenas rachaduras que se agravaram até comprometer toda a estrutura, blocos de gesso caíram a sua frente, com o susto se encolheu a um canto agarrando as próprias pernas com força. O cenário passou a se contorcer como uma pintura borrada a perder nitidez e então desaparecer deixando apenas nada. Quando se viu de novo já não era criança, era a Anahí, e era este nome que a voz distante tentava alcança-la. Sentiu um arrepio tão forte, que caiu, o cérebro pareceu de vidro e pelo visto partia-se, a dor quase a cegou.

— Anahí, estou aqui. — Vibrou uma voz masculina dentro de todas as células do seu corpo. O sangue percorrendo mais rápido pelas veias e desembocando em seu coração e pulmões.

— Não está.  — Pensou ela com tristeza. Tentou algum esforço para se lembrar de quem era tão fundamental quando a partícula de Deus em sua vida, quem, a mantinha como uma unidade integra. Quem?

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O próximo capítulo tem Ponchito, mi amooor. kkkkkkkkk Besoooos de luz;