Fanfic: (Mini) Acordar (Anahí y Ponho) | Tema: rbd, anahí, poncho

Capítulo 4- Escolhas

           Escolhas. Resumia a isso todo aquele momento perdido, tão intenso e brilhante, quanto obscuro e leve, se soprasse voaria para algum lugar distante onde não pudesse alcançar. Dentro de si ele estava, tanto quanto chegara devagar e se apossara do seu ser como uma doença tola e quase contagiosa. Dentro de seus sonhos agora ele também estava, viu o rompante de fragmentos perdidos dentro dele e o coração apertado, mas não parava de olhar seu próprio reflexo no espelho, deixou naquele momento perdido, a pequena ruguinha que formava no semblante dele suas expressões rudes e severas. Como ele parecia mais bonito quando estava bravo. Aquele brilho escuro e perigoso passando por seus olhos. Porque não reparou naquele instante que ele era metade de seu corpo, que era metade seu próprio ser.

 — Está chateado. — Any segurava um pincel de maquiagem com cerdas macias. A figura masculina ganhava formas a sua frente como um fantasma distante. Poncho. Ele caminhou até ela a passos lentos. Incomodava o fato de ele ficar emburrado em um canto quando estava bravo, e não falar.

— Segue fazendo as mesmas coisas erradas. — Ele a tomou nos braços, afundando contra seu corpo, e transpassando-o, como se ela fosse um fantasma e seguiu seu caminho. Any virou de costas assustada e viu a si mesma alguns anos atrás. Aquele dia que lhe diria como as coisas seriam para frente. — Me desaponta. — Poncho, era um ator, tão competente quanto ela, tão dedicado, perfeccionista, forte e corajoso, que jamais imaginária que alguém como ele tivesse um coração quebrável, não por alguém como ela, pequena, baixa em muitos sentidos, medrosa, e profundamente ambiciosa. Atuaram juntos em uma novela que deu origem a tantos mundos e portas abertas, o sucesso que atingiram juntos foi tão grande e ilusório quanto só um sonho o seria. Não era um trabalho qualquer, pois além da atuação, cantavam e faziam shows para grandes públicos centrados em figuras, personagens que interpretavam quase 24 horas do dia. Talvez houvesse neste momento começado há tirar um pouco os pés do chão. Lembrava-se daquele dia perfeitamente.

— Coisas erradas Poncho? — Riu. — Adoro as coisas erradas.— Mordeu o lábio inferior.

— Como pode você pode manter o personagem quando falamos sério? Não gosto de rodopios, por isso vou falar. Não sou um personagem, sou de carne e osso e você deveria ser também.

— Está me chamando de falsa?

— Estou dizendo Anahí, que não quero que me use como a um personagem na frente das câmeras, não quero que faça joguinhos, como fez no último programa de tv, estou cansado disto. Quero dizer que se quiser me beijar, me beije, se quiser me bater, me bata, não faça porque isto fica melhor para os outros, para a mídia e os fãs, faça porque fica melhor pra você. — Any levantou-se e se atirou em seus braços, sentiu a respiração quente dele roçando sua pele, o cheiro de almíscar, tão peculiar a ele, os músculos que se contraiam no braço, e assistiu a duas veias dilatas na testa, e a pupila dilata contornada por um fundo verde irreal. Pressionou seus lábios aos dele.

— Poncho, quero beija-lo o tempo inteiro.

— Tire a maquiagem Any, nada disto aqui é real. — Isto fez com que seu corpo se afastasse do dele.

A última frase caiu pesada, já que não existia na conversa original, tão pouco beijo, lembrou, pois se lembrava de tê-lo deixado sozinho sem dizer coisa alguma. Estou sonhando. Pensou, nada disto é real, não as rugas na testa dele, tão pouco seu gosto.

— Você não é real Poncho? — Sentiu-se tão triste, que todo o cenário começou a se escurecer. — Mas eu senti tanto a sua falta. — E lembrou que não o via a mais de um ano, que talvez ele até parece-se mais velho agora, as entradinhas que ele tinha tendência a ter no cabelo, talvez houvessem se alargado. Lágrimas brotaram de seus olhos, e sentiu os pés húmidos, mas não se deu conta, de que tudo começava a se alagar, uma água verde como só os olhos dele o seriam. Perguntou-se porque se distanciaram, porque, quando o queria tão bem. — Vou me casar hoje com Velasco. Estará não é, na primeira fila pra me felicitar, não estará? Vou abraça-lo e nem a distancia dos nossos pensamentos nos separarão.

— Any, prepare-se, deve sair daqui. — As feições dele se escureceram.

— Poncho, lembra-se de que se nada desse certo, se eu não encontra-se ninguém, nem você encontra-se nos casaríamos? Lembra que disse? — Riu, com lágrimas que ainda lhe escorriam. — Não notou que a água batia agora em seus joelhos, e que agora estava vestida com o vestido de noiva, que esvoaçava sobre a água.

— Anahí, precisa sair daqui agora! — Gritou ele. Ela o encarou, e então olhou para baixo.

— Poncho, o que está acontecendo? — Perguntou assustada, quando sentiu a mão dele agarrando a sua e a puxando pelos corredores completamente alagados. O nível de água subia a uma velocidade alarmante.

— Sabe nadar? — Perguntou ele. E a água subiu até estar muito acima de suas cabeças. Any bateu os braços dentro da água, e subiu a superfície. Aquilo era o mar? Questionou-se ao ver, uma imensidão de água para todos os lados a cerca-la, e o céu azul logo acima de sua cabeça. O dia foi se transformando em noite, a luz inicial laranjada deu lugar à escuridão pungente e as estrelas começaram a surgir, como pontos brilhantes em uma cortina escura.

— Estou morta? — Ela o questionou.

— Mantenha o foco. Quero que pense em uma memória feliz. Feche os olhos. — Ela o atendeu e quando abriu os olhos voltou a ver a pequena Anahí brincando com a irmã Marichelo, o pai assistia futebol, era natal, e embaixo da árvore havia tantos presentes que mal pode conta-los. A mãe vinha da cozinha com um imenso peru dourado recheado, sua especialidade. Colocou na mesa.