Fanfic: Corações em dívida - adaptada - TERMINADA

Queria responder-lhe. A sério. Mas não podia. E não podia suportar um interrogatório depois da cena com Bianca e Derrick Era demais. Acabava de descobrir que estava apaixonada por ele, que estava apaixonada como nunca tinha estado em toda a sua vida.
- Diz-me.
- Christopher, eu... - sem poder evitar, os seus olhos encheram-se de lágrimas.
- O que se passa? Por que chora, Dulce?
- Lamento muito. Não queria chorar. É que foi uma noite tão horrível...
Christopher abraçou-a, apertando-a contra o seu coração.
- Não chores, querida. Não vale a pena. Eles não valem a pena.
Havia tal ternura na sua voz que Dulce teria ficado ali, com ele, a chorar como uma criança.
- É maravilhoso, é o céu... - Christopher sorriu.
- Vamos terminar de jantar, Dulce. E depois, para a cama.
- Sim, por favor - murmurou ela.
Foi maravilhoso voltar ao El Paraíso. Embora viajar com Christopher fosse ótimo, exceto para Marbella, o que Dulce gostava mesmo era de estar com ele no apartamento.
Era quase como estar em sua casa.
Oxalá pudessem viver no palacete que estava a restaurar, uma mansão que não tinha nada a ver com os edifícios de apartamentos da praia.
Adorava aquela mansão enorme, tão antiga. Tinha-a adorado desde o primeiro momento, com as suas paredes de pedra e as suas janelas francesas.
Não só porque era linda, mas porque Christopher também a adorava. Podia vê-lo nos seus olhos cada vez que passavam por ali para ver como estavam as obras..
Era a sua casa, o lugar onde se sentia realmente bem. Não tinha nada a ver com o El Paraíso, era um lugar fora do tempo, que tinha aguentado em pé durante séculos.
Sim, adorava-a, mas não podia sentir-se como em casa.
Precisamente por isso, porque era a casa de Christopher.
E isso significava que não era para ela.
No El Paraíso sentia-se a salvo. A salvo de gente como Bianca, como Derrick James. Não tinha voltado a vê-los, felizmente. Mas quando voltasse à sua vida normal, quando tivesse que pagar a sua dívida...
Mas não queria pensar nisso.

Christopher não tinha voltado a mencionar o incidente de Marbella e parecia aceitar que ela não queria falar da sua vida sem fazer perguntas.
E, no entanto, a sua relação tinha mudado.
Ou melhor, ela tinha mudado.
E sabia porquê. Porque estava apaixonada por Christopher.
Tentava escondê-lo desesperadamente. Sabia que ficaria aterrorizado se soubesse que uma mulher, que era uma mera acompanhante temporária, estava apaixonada por ele.
Christopher não tinha pedido isso e não o quereria.
E Dulce queria que ele fosse feliz, porque assim continuariam juntos mais tempo.
Mas era tão difícil esconder os seus sentimentos...
O seu amor por ele florescia de dia para dia, tornava-se maior, mais terno. Era um sentimento agridoce porque o tempo que passava com ele era um tesouro, mas sabia que no dia em que lhe dissesse adeus deixaria parte do seu coração com ele. Teria que pagar um preço muito mais alto do que tinha pensado.
"Mas não posso fazer nada. Amo-o. Não posso mudar o que sinto. E quando me disser adeus, terei que o aceitar. Não poderei fazer outra coisa".
"Mas até esse dia chegar, ficarei com ele. Aceitando tudo. Não lamentando nada".
- Caramba, finalmente! - Christopher sorriu, olhando para o relógio.
- Sim, chego um pouco tarde, mas...
Christopher estava na academia, a fazer exercício, tinha o seu tronco coberto de suor.
- Chegou tarde? Não me diga.
- Já sabe que antes de tomar o pequeno almoço não sou gente.
- Correr te acordaria. Por que não o fazes?
- Prefiro sentar-me no terraço e tomar um café... e não correr como uma louca entre as palmeiras.;
Christopher soltou uma gargalhada enquanto punha a toalha ao pescoço. Dulce respirou o seu aroma, perguntando-se como um homem que tinha feito duas horas de exercício podia estar tão atraente.
Deu-lhe um beijo na testa antes de entrar no duche.
- Vais fazer exercício?
- Um pouco. E depois descerei para nadar durante algum tempo.
- Genial. Mantém esse corpo para mim.

- O mesmo digo eu - sorriu Dulce, admirando o corpo masculino que parecia de um atleta.
- Para ti... tudo. Nos vemos na hora do almoço, querida.
Christopher sentia-se contente. As endorfinas que libertava a fazer exercício faziam com que se sentisse bem consigo mesmo. Sentia-se em forma, como uma máquina bem oleada.
Gostaria de ficar para ver Dulce fazer exercício... quando fazia abdominais era muito engraçada, mas tinha muito trabalho. O projeto de Pat O`Hanran estava
a seguir o seu curso.
No escritório, Mercedes, a sua secretária, deu-lhe uma chávena de café antes de o informar sobre os telefonemas que tinha recebido.
- Obrigado, vou dar uma vista de olhos a uns papéis. Dá-me dez minutos e depois podes começar a informar-me sobre todas as questões pendentes.
- Muito bem, senhor Uckermann.
A vida era ótima. Fantástica. O El Paraíso ia de vento em popa, a restauração do seu palacete estava a cumprir os prazos das obras. Depressa teria que começar a pensar na decoração. Dulce fazia algumas sugestões e isso agradava-lhe.
Dulce.
Outra razão para que a vida lhe parecesse maravilhosa.
Continuava sem saber por que era tão especial. Evidentemente, era uma mulher muito bonita, uma boa companheira, uma amante incrível na cama... E desde que tinham
voltado ao El Paraíso era ainda mais complacente, mais apaixonada, mais... tudo.
A ideia de se separar dela parecia-lhe absurda, não tinha intenção de se afastar de uma mulher que o fazia tão feliz.
Dulce era perfeita. Era tudo o que podia desejar. Então, por que havia qualquer coisa a dar voltas na sua cabeça...?
Porque intuía algo escuro. Alguma coisa escondida. Mas o quê?
Christopher deixou escapar um suspiro. Era demais cínico, demasiado pessimista.
Por que não aceitava a sorte de a ter encontrado?

Mas, quem era Dulce María? Continuava sem saber nada sobre ela. Embora também não tivesse por que saber nada. Nem tinha direito a sentir-se ciumento de namorados anteriores. Sabia, isso sim, que tinha chegado a Espanha com um homem e por isso não queria ir a Granada ou a Marbella com ele.
Marbella. Ao recordar o incidente com Derrick, Christopher cerrou os dentes. Enfureceu-se ao recordar o que aquele porco tinha chamado a Dulce. Sem razão nenhuma.
Ou sim?
A dúvida era como uma tortura no seu cérebro.
"O que sabe dela?", perguntou-lhe uma vozinha. "Certamente, não era virgem quando se meteu na tua cama."
"E por que haveria de o ser? Dulce não é uma criança", disse-lhe outra voz, aposta.
As dúvidas lutavam contra a sensatez.
Mas os dias nos quais as mulheres só mantinham relações sexuais depois de se casarem tinham acabado. Ele também não vivia a vida de um monge, por que razão ia Dulce ser diferente? Além disso, ela tinha ido para Espanha com um namorado ou um amante, mas isso não a transformava numa mulher promíscua e muito menos o que Derick a tinha chamado.
Mas Bianca tinha dito uma coisa...
"com esta cara, pode relacionar-se com qualquer homem, por mais rico que seja. Além disso, tem classe. Como antes andava na grande vida..."
Christopher recordou a noite em que ela foi procurá-lo ao cassino. Então tinha um vestido caro, de marca... Como é que uma rapariga que trabalhava como empregada podia comprar um vestido tão caro?
Não podia, certamente. A menos que, em outro momento, tivesse vivido sem dificuldades econômicas.
"Como antes andava na grande vida..."
com quem? com o seu namorado, certamente. com o homem misterioso. O homem de quem não queria falar.
Fosse quem fosse esse homem, devia ter dinheiro. O suficiente para comprar um vestido daqueles. Dinheiro suficiente para lhe dar "a grande vida."
E depois?, disse para si.

Comentem plixxx *-*

bjix da Naty