Fanfic: Corações em dívida - adaptada - TERMINADA

- Agora é diferente.
- Você fez com que seja diferente. É você que tem dívidas, não eu.
- Dever dinheiro não me transforma numa prostituta! - replicou ela, segurando a toalha com uma mão. - Não tens nenhum direito de me tratar assim. Eu pedi que pagasse? Pedi, Christopher? Não! E não pense que vou deixar que me trate assim...
- Muito bem, vai embora então. Vá procurar outro amante rico. Ou poderia ir para Portugal com a tua amiga Bianca, assim trabalhariam juntas.

Dulce fechou os olhos. Amava-o e não deixaria que aquelas dívidas, que não tinham nada a ver com ele, destruíssem aquele amor. Não deixaria que o seu comportamento destruísse o amor que sentia por ele.
- Não vou deixar que estrague isto, Christopher. Estas semanas contigo foram as mais maravilhosas da minha vida... embora desde o começo soubesse que isto teria um fim, que te interessarias por outra. Mas se achas que estou contigo pelo dinheiro, engana-se. Não me importo de ser tua amante, mas não serei a tua prostituta.
- Muito bem, querida. Muito convincente. Tens tudo planejado, não é? Me fez acreditar que não era como a tua amiga, que estava comigo porque gostava mesmo de mim, mas não é assim. Tinha a história toda preparada para quando chegasse Derrick com a conta. O que pensavas fazer? Contar-me uma história trágica? Dizer-me que o teu namorado te trouxe para Espanha e depois te abandonou? Foi isso que a tua amiguinha deu a entender!
- Isso não é verdade!
- Você não gosta de boa vida? Pois isto é boa vida! - exclamou Christopher, batendo no colchão com a mão. - Mas chegou a hora de mostrar alguma gratidão, não acha? Portanto anda agradece-me.
Dulce virou-se, com o coração a sair-lhe pela boca. O que podia fazer? Para onde iria?
Era indiferente, a única coisa importante era sair dali.
- Que raios está fazendo?
- Vou embora.
- Não vai a nenhum lugar! - gritou Christopher, levantando-se de um salto.
- Não me toque! Vou embora, Christopher, tenho que ir.
-E o dinheiro que me deves?
- Pagarei tudo de pouco em pouco. De mês a mês. Ia pedir-te um emprego no cassino, mas agora...
Christopher levantou uma sobrancelha.
- Já chega de tolices. Já fizeste o teu ataque, agora vamos para a cama.
- Já disse que vou embora...
- E para onde vais à meia-noite, sem dinheiro? Espera que outro milionário te aborde no meio da rua?
Dulce não estava a ouvir, não podia fazê-lo. Sentia-se doente, tanto que tinha vontade de vomitar...
Pondo uma mão na boca, saiu, a correr para o banheiro.

Demorou muito, muito tempo para se sentir um pouco melhor. Mas, mesmo assim, sentia como se estivesse prestes a morrer. O que tinha jantado? Lagosta... com um molho forte.
Quando se olhou ao espelho pareceu-lhe estar a ver o rosto da morte. A alma refletia nos espelhos? Perguntou-se.
Quando saiu do banheiro, Christopher estava à espera dela, de braços cruzados.
- O que aconteceu? Está doente?
- Penso que foi a lagosta... não me sinto bem.
- Não se preocupe, tenha calma. O médico deve estar chegando - suspirou Christopher, vestindo umas calças de ganga.
- Chamou?
- Claro, estava ouvindo vomitar... Anda, bebe um pouco de água.
- Não é nada. Provavelmente foi o jantar que me fez mal, mais nada.
- É possível.
Dulce olhou para ele, angustiada, pensando que aquela seria a última vez que se veriam. E estava doente... que ironia.
O pior de tudo era que entendia a sua fúria. Havia milhares de mulheres como Bianca, mulheres que viviam dos homens, que entregavam o seu corpo em troca de dinheiro.
"E eu?" Perguntou-se. "O que sou eu?" Tinha gostado do dinheiro de Christopher, do estilo de vida, da roupa cara, dos jantares em restaurantes luxuosos. Tinha aceito tudo dizendo para si que era para o fazer feliz, que era um milionário e que isso era o que esperava dela. Como tinha se enganado. Que traição para os seus valores, para as coisas nas quais ela tinha acreditado.
Em nome do amor, tinha-se comportado como Bianca.
"Acabou" Pensou. Não voltaria a ver Christopher.
O médico chegou em seguida. Dulce contou-lhe o que tinha jantado, o que tinha bebido, mas não lhe contou o desgosto tremendo que tinha provocado as náuseas.
- Sim, muito bem. Mas diga-me uma coisa, menina, quando teve a sua última menstruação?
Christopher estava no terraço, prestes a explodir. Não queria sentir compaixão por ela porque não a merecia. Não merecia nada. Que grande atriz... Até a doença poderia ser uma mentira.
Ao fim e ao cabo, Dulce Maria estava acostumada a mentir para conseguir o que queria.

O ar fresco acariciou a seu cabelo, como Dulce fazia às vezes, de noite...
Christopher teve que cerrar os dentes. Não queria sentir nada. Absolutamente nada. Só queria estar furioso, queria desprezá-la.
Queria odiá-la.
Mas era-lhe impossível.
O médico saiu do quarto pouco depois.
- Senhor Uckermann?
- Sim, diga.
- Dei-lhe um sedativo, portanto dormirá toda a noite.
- O que se passa com ela?
- Não sei, poderá ser uma intoxicação alimentar. Poderiam ser muitas coisas. Mas amanhã voltarei para ver.
- Obrigado. Boa noite.
Quando o médico se despediu, Christopher voltou a sair para o terraço. Mas depois, por impulso, decidiu ir navegar. Precisava de um pouco de ar fresco.
Enquanto navegava, não podia deixar de pensar no que tinha acontecido, e como Dulce o tinha enganado. Como a uma criança.
Dulce Maria era uma mulher perigosa.
Perigosa.
Porquê? Por que era um perigo para ele? Perguntou-se.
Poderia ter sido um perigo antes, mas já não o era. Tinha descoberto o seu jogo e ficaria com ele até ele querer para lhe dar a única coisa que desejava: sexo.
"Mentiroso."
Foi como se ouvisse uma voz. E surpreendeu-o tanto que a mão lhe escapou do leme.
O que estava a acontecendo? Por que tinha deixado que aquela mulher lhe fizesse perder a cabeça?
Estava a amanhecer sobre o Mediterrâneo e os navios de pesca voltavam ao porto. O céu estava cor-de-rosa.
Christopher tinha frio.
Enquanto voltava ao porto pensou em Dulce adormecida, na sua cama. Esperava sentir desejo, mas não foi assim. Em vez disso, lembrou-se do seu rosto de manhã, quando ainda estava a dormir...
Qualquer coisa despertou dentro dele, mas não era desejo.
Era... pena. Porquê?, perguntou-se. Não entendia aquele sentimento. Dulce o tinha enganado, tinha-lhe mentido, era como as outras mulheres que andavam pelo cassino, à caça do mais rico que pudesse pagar as suas dívidas e comprar-lhe jóias.
Quando se dirigia para o seu apartamento soube imediatamente que alguma coisa tinha mudado.

E quando entrou no quarto confirmaram-se os seus temores: Dulce tinha ido embora.

Comentem muitoooooooo plix *-*

bjix da Naty