Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni
Maite sentia-se como um verdadeiro presente de Natal! Ou talvez uma iguaria deliciosa, aguardando o momento de ser devorada pelos cavaleiros famintos que se moviam lá embaixo como um punhado de cães raivosos e famintos. Todos, sem exceção, tinham se empanturrado de vinho, cerveja e comida. Agora pareciam ansiosos para receber um prêmio especial. Até se poderia pensar que as festas de fim de ano já haviam chegado, tal a maneira como se banqueteava aqui, na corte do rei Edward.
A cena lhe causava tamanha aversão que Maite não conseguiu controlar a expressão nauseada do rosto. Porém ao perceber a aproximação de sua aia, virou-se imediatamente de costas. Não queria ser vista assim, vulnerável e impotente, quando sempre soubera enfrentar qualquer situação. Mas Edith, tendo carregado-a no colo desde que nascera e a acompanhado ao longo da vida, podia reconhecer o estado de ânimo que a dominava a distância.
- Que foi, minha lady? - a mulher indagou baixinho.
- Que foi? Maite sorriu amarga, a voz normalmente melodiosa vibrando de raiva e desprezo. – Sinto-me o prêmio de um torneio, toda embrulhada e enfeitada - num gesto irritado, passou a mão pelo vestido bordado e pela capa debruada de arminho -, esperando ser entregue ao vencedor.
- Minha lady... - Edith sussurrou, o tom aflito implorando cautela.
Impaciente, Maite cortou-a no meio da frase.
- Nestes últimos meses, desde a morte de meu pai, nossas terras só têm feito prosperar sob a minha direção. Entretanto, em vez de receber uma recompensa pelos meus esforços, parece que eu serei a recompensa dada a algum patife imundo, louco por dinheiro. E tudo isso apenas porque nosso bom rei decidiu assim.
- Minha senhora! - a aia protestou .chocada.
- Não é justo - Maite reclamou pela enésima vez.
Não importava o quão bem administrava as propriedades que lhe haviam sido deixadas pelo pai, ou quantos pretendentes conseguira recusar, ou quantas colheitas fartas extraíra das plantações, ou como a vida em seu castelo transcorria calma e serena, na santa paz de Deus. Pois todos esses resultados espetaculares tinham sido em vão. Em menos de um ano o rei lhe enviara uma intimação, ordenando-lhe casar-se.
- Pare de se lamuriar. Podia ser pior. Pelo menos você poderá escolher o próprio marido. E dentre todos os cavaleiros mais nobres do reino, diga-se de passagem.
- Ha! Grande coisa! Essa honra me foi concedida apenas porque tenho dinheiro suficiente para pagar pelo privilégio. Ou por acaso você acha que o rei me permitiu escolher porque me estima profundamente?
- Chega - Edith tornou a avisar. - Pare com essa conversa tola e perigosa e fique quieta. Pelo menos uma vez na vida, comporte-se e faça a opção com sabedoria, usando a cabeça em vez do mau humor.
Maite sorriu de leve, sem se ofender com as palavras da serva. Além de Edith ter sido mais do que uma verdadeira mãe ao longo do tempo, era impossível conter a língua da velha senhora, mesmo se tentasse.
-Não se preocupe. Vou escolher com sabedoria. Aliás, tenho um bom plano.
Horrorizada com o que acabara de ouvir, Edith deu um passo para trás.
- Oh, Deus tenha piedade de nós! - Os anos de experiência lhe haviam ensinado que os planos da sua ama sempre acabavam em grandes confusões. À beira do pânico, juntou as mãos numa súplica angustiada. Minha lady, por favor, deixe suas ideias mirabolantes de lado. Esqueça os planos arriscados. São perigosos.
- Estou apenas aceitando o seu conselho - ela respondeu docemente, um brilho malicioso no olhar. – Vou decidir com sabedoria. O rei me deu liberdade para escolher um marido dentre todos os cavaleiros do reino, não é? Ele disse que eu posso optar por qualquer um de seus cavaleiros. E isso inclui todo o reino, certo? Isadora fez uma pausa, ignorando a expressão confusa da serva.
- Minha lady...
- Portanto já tomei uma decisão.
O sorriso vitorioso iluminando o rosto angelical não era um bom sinal, Edith pensou temendo pela sorte da ama. Desde o berço, Maite Perroni demonstrara possuir uma personalidade marcante e o fato de ter crescido na companhia de três irmãos, sem a mãe por perto para lhe incutir maneiras delicadas, só fizera acentuar o caráter destemido. Agora, depois da morte dos dois rapazes mais velhos por causa de uma febre, do terceiro ter sido morto durante a última Cruzada e do pai haver falecido recentemente, Maite se tornara a única sobrevivente da família de Perroni. Ela provara ser mais resistente, forte e inteligente do que qualquer um deles, além de mais teimosa e cabeça-dura também.
No fundo do coração, a velha criada acreditava que o casamento com um homem decente iria fazer bem à sua protegida. Ser guiada por uma mão firme, mas gentil, conceber filhos e criá-los, poderia contribuir para trazer à tona a natureza suave da jovem. Talvez o decreto do rei Edward fosse mesmo para o bem. Afinal Maite já completara dezessete anos e até o momento não demonstrara qualquer interesse em procurar um marido. O único problema era que se esquecera de levar em consideração a natureza determinada daquela a quem amava como a uma filha.
- E se ele não aprovar a minha opção, presumo que ficarei livre para voltar para casa - Maite concluiu com um ar triunfante.
Edith tentava raciocinar rapidamente, procurando entender que plano seria esse. Por algum motivo obscuro, sua senhora acreditava que o rei lhe negaria permissão para casar-se com o cavaleiro escolhido.
- Minha lady, você não teria coragem de selecionar um homem já casado?!
- Não! Eu sequer tinha pensado nessa possibilidade juro! - Maite ficou em silêncio alguns segundos, como se considerando tal alternativa. Então descartou a ideia. - Não, não creio que Edward aceitasse um caso assim. Mas ele será contra a minha escolha. Terá que ser!
A velha criada inspirou fundo preparando-se para ouvir o pior. Precisava saber o resto da história, embora tivesse certeza de que não iria gostar nada do que estava para escutar.
- E quem será o eleito? - indagou ansiosa.
Experimentando a primeira sensação positiva do dia, Isadora passeou o olhar desdenhoso vagarosamente pelos cavaleiros lá embaixo antes de fitara aia.
- Vou escolher o barão Herrera. - Cheia de expectativa, aguardou a reação de Edith, que com certeza iria cumprimentá-la pela demonstração de engenho e inteligência. Entretanto, em vez de palavras de admiração, a criada só teve tempo de: arregalar os olhos antes de cair desmaiada no chão.
Maite ergueu a cabeça e jogou os ombros para trás ao entrar no salão agora vazio, à exceção de Edward, da rainha, alguns poucos servos e conselheiros. O rei tinha concedido a graça de uma audiência em particular, porém não sabia se devia considerar a atitude uma bênção ou uma maldição. Se Edward pretendesse contrariar a sua decisão, com certeza seria mais difícil fazê-lo na frente de muitas pessoas. Já perante um grupo pequeno... Não, não queria pensar em derrota. Um guerreiro nunca se deixa abater.
O rei ainda era um homem bonito. Alto, pernas longas, cabelos louros e olhos azuis. Contudo Maite se ajoelhou diante dele sem a menor emoção. Jamais se sentira atraída por qualquer homem.
- Boa noite, Maite Perroni. Espero que você tenha apreciado sua estada na corte.
- Sim, claro, meu lorde - ela respondeu forçando um sorriso.
- Também espero que tenha usado seu tempo de maneira sensata para escolher um marido dentre meus cavaleiros reunidos aqui. - a rei sorriu, como se a situação o divertisse.
- Meu lorde não limitou a seleção dentre os que se encontravam presentes na corte - Maite falou procurando manter-se calma. - Posso me casar com qualquer um de seus cavaleiros, não posso?
Embora surpreso, Edward concordou com um breve aceno de cabeça.
Apesar de firmemente decidida a levar o plano até o fim, parecia cada vez mais difícil pronunciar o nome do eleito. Foi com muito esforço que as palavras ganharam vida.
- Então escolho para marido o barão Herrera, de Dunmurrow.
O anúncio teve o efeito esperado. As pessoas ao redor não fizeram a menor questão de disfarçar o choque que sua escolha causara e logo os comentários, sempre associados ao barão, enchiam o ar.
O Cavaleiro Vermelho... o próprio diabo encarnado... feiticeiro... praticante da magia negra... – sussurravam vozes anônimas.
Embora Maite já tivesse escutado todos esses rumores antes, as palavras a desassossegavam mais agora porque, de certa forma, lhe diziam respeito.
Determinada a não se deixar abater, ergueu a cabeça e fitou cada um dos presentes com altivez. Todos a olhavam horrorizados. Todos, exceto o rei e sua esposa, é claro. Edward conseguiu disfarçar a raiva rapidamente e Maite conteve um sorriso triunfal. Se o rei estava zangado, era porque se sabia derrotado. E é claro que não poderia voltar atrás na palavra empenhada, ficando portanto obrigado a liberá-la do compromisso de arrumar um marido.
Quando estava a ponto de dizer algo, Edward foi interrompido pela esposa, que lhe sussurrou alguma coisa no ouvido. Talvez a rainha estivesse tentando apaziguá-lo, Maite pensou esperançosa. Afinal Eleanor sempre fora considerada uma influência benéfica sobre a personalidade rígida do marido.Embora prestasse atenção à esposa, o rei mantinha os olhos azuis fixos em Maite. Aquele olhar penetrante dava a impressão de enxergá-la por dentro, medindo suas forças e fraquezas, avaliando-a, desvendando-lhe os segredos da alma. Por fim Edward começou a rir. Maite respirou aliviada, certa de que o rei achava tudo muito engraçado. Claro que sairia daquela audiência vitoriosa.
Logo poderia ir para casa como uma mulher livre!
- Pois então que seja! - Edward falou em alto e bom som. - Herrera é o escolhido.
Maite quase não podia acreditar no que acabara de ouvir. Estava certa de que sua escolha seria contestada ou que, pelo menos, fosse forçada a selecionar outro pretendente. Mas nunca, nunca lhe passara pela cabeça que o rei a deixaria casar-se com o Cavaleiro Vermelho, um recluso capaz de fechar as portas de seu castelo a todos os que viviam do lado de fora das muralhas sombrias que cercavam a propriedade. Por um instante ela sentiu o chão fugir sob os pés, porém manteve-se firme.
Edward apenas sorriu diante de seu assombro. Obviamente a tentativa de trapaceá-lo acabara desagradando-o e ele não hesitaria em puni-la pelo comportamento ultrajante. Oh, Deus, Edith tinha razão. Conseguira se meter numa enrascada ainda maior do que antes... a não ser que... a não ser que...
- Muito naturalmente eu esperava que sua escolha recaísse sobre um dos barões que lhe foram apresentados durante sua estada aqui. Porém, como você mesma fez questão de ressaltar, dei-lhe permissão para selecionar um marido dentre todos os meus cavaleiros. Sua escolha foi incomum, inesperada, e Herrera é alguém que eu não iria sugerir. Entretanto não vejo motivo para negar esse desejo de seu coração. - As palavras do rei exalavam um sarcasmo sutil, fazendo-a estremecer. - De qualquer maneira acho que você fará bem a Herrera. Um anjo de luz para o nosso Cavaleiro Vermelho. Talvez você consiga domá-lo, hein? - A pergunta fora feita à audiência, que não hesitou em rir nervosamente.
Eleanor sorriu serena e Maite logo percebeu que não teria ajuda feminina naquela questão delicada.
- Muito bem, então - o rei concluiu satisfeito. que sua jornada seja tranquila. Pode partir amanhã mesmo e chegará a Dunmurrow antes do Natal.
Maite não sabia o que dizer. Partir tão cedo assim? Com muita dificuldade conseguiu se recompor o suficiente para murmurar agradecimentos vazios. Então fez uma mesura e saiu do salão, ainda sem conseguir acreditar que estava para se casar com um homem de quem conhecia apenas a fama e os rumores assustadores que o cercavam.
Maite Perroni estava arrumando a bagagem quando Edith apareceu.
Autor(a): taynaraleal
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- E então, minha lady? - a aia perguntou trêmula, a respiração suspensa. Ela não se deu ao trabalho de virar-se e continuou ajeitando os vestidos dentro do baú. Partimos amanhã de manhã... para Dunmurrow. A Serva começou a se lamentar baixinho, como se entoando um canto fúnebre. Por fim Isadora volt ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 79
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37
Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34
Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII
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taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27
VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII
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nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09
Continua a fanfic e muito boa
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dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31
Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...
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dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58
CONTINUA...
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26
Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18
Posta mais. Necessito de mais.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51
'- Me beije - ele pediu' JESUS