Fanfics Brasil - Capítulo I Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo I

565 visualizações Denunciar


Maite sentia-se como um verdadeiro presen­te de Natal! Ou talvez uma iguaria deliciosa, aguardando o mo­mento de ser devorada pelos cavaleiros famintos que se moviam lá embaixo como um punhado de cães raivosos e famintos. Todos, sem exceção, tinham se empanturrado de vinho, cerveja e comida. Agora pareciam ansiosos para receber um prêmio especial. Até se poderia pensar que as festas de fim de ano já haviam chegado, tal a maneira como se banqueteava aqui, na corte do rei Edward.


A cena lhe causava tamanha aversão que Maite não conseguiu controlar a expressão nauseada do rosto. Porém ao perceber a aproximação de sua aia, virou-se imediatamente de costas. Não queria ser vista assim, vulnerável e impotente, quando sempre soubera enfrentar qualquer situação. Mas Edith, tendo carregado-a no colo desde que nascera e a acompanhado ao longo da vida, podia reconhecer o estado de ânimo que a dominava a distância.


- Que foi, minha lady? - a mulher indagou baixinho.


- Que foi? Maite sorriu amarga, a voz normal­mente melodiosa vibrando de raiva e desprezo. – Sinto-me o prêmio de um torneio, toda embrulhada e enfeitada - num gesto irritado, passou a mão pelo ves­tido bordado e pela capa debruada de arminho -, espe­rando ser entregue ao vencedor.


- Minha lady... - Edith sussurrou, o tom aflito im­plorando cautela.


Impaciente, Maite cortou-a no meio da frase.


- Nestes últimos meses, desde a morte de meu pai, nossas terras só têm feito prosperar sob a minha direção. Entretanto, em vez de receber uma recompensa pelos meus esforços, parece que eu serei a recompensa dada a algum patife imundo, louco por dinheiro. E tudo isso ape­nas porque nosso bom rei decidiu assim.


- Minha senhora! - a aia protestou .chocada.


- Não é justo - Maite reclamou pela enésima vez.


Não importava o quão bem administrava as propriedades que lhe haviam sido deixadas pelo pai, ou quantos pre­tendentes conseguira recusar, ou quantas colheitas fartas extraíra das plantações, ou como a vida em seu castelo transcorria calma e serena, na santa paz de Deus. Pois todos esses resultados espetaculares tinham sido em vão. Em menos de um ano o rei lhe enviara uma intimação, ordenando-lhe casar-se.


- Pare de se lamuriar. Podia ser pior. Pelo menos você poderá escolher o próprio marido. E dentre todos os cavaleiros mais nobres do reino, diga-se de passagem.


- Ha! Grande coisa! Essa honra me foi concedida ape­nas porque tenho dinheiro suficiente para pagar pelo pri­vilégio. Ou por acaso você acha que o rei me permitiu escolher porque me estima profundamente?


- Chega - Edith tornou a avisar. - Pare com essa conversa tola e perigosa e fique quieta. Pelo menos uma vez na vida, comporte-se e faça a opção com sabedoria, usando a cabeça em vez do mau humor.


Maite sorriu de leve, sem se ofender com as palavras da serva. Além de Edith ter sido mais do que uma ver­dadeira mãe ao longo do tempo, era impossível conter a língua da velha senhora, mesmo se tentasse.


-Não se preocupe. Vou escolher com sabedoria. Aliás, tenho um bom plano.


 


Horrorizada com o que acabara de ouvir, Edith deu um passo para trás.


- Oh, Deus tenha piedade de nós! - Os anos de experiência lhe haviam ensinado que os planos da sua ama sempre acabavam em grandes confusões. À beira do pânico, juntou as mãos numa súplica angustiada. ­Minha lady, por favor, deixe suas ideias mirabolantes de lado. Esqueça os planos arriscados. São perigosos.


- Estou apenas aceitando o seu conselho - ela res­pondeu docemente, um brilho malicioso no olhar. – Vou decidir com sabedoria. O rei me deu liberdade para escolher um marido dentre todos os cavaleiros do reino, não é? Ele disse que eu posso optar por qualquer um de seus cavaleiros. E isso inclui todo o reino, certo? ­Isadora fez uma pausa, ignorando a expressão confusa da serva.


- Minha lady...


- Portanto já tomei uma decisão.


O sorriso vitorioso iluminando o rosto angelical não era um bom sinal, Edith pensou temendo pela sorte da ama. Desde o berço, Maite Perroni demonstrara possuir uma personalidade marcante e o fato de ter crescido na companhia de três irmãos, sem a mãe por perto para lhe incutir maneiras delicadas, só fizera acentuar o ca­ráter destemido. Agora, depois da morte dos dois rapazes mais velhos por causa de uma febre, do terceiro ter sido morto durante a última Cruzada e do pai haver falecido recentemente, Maite se tornara a única sobrevivente da família de Perroni. Ela provara ser mais resistente, forte e inteligente do que qualquer um deles, além de mais teimosa e cabeça-dura também.


 


No fundo do coração, a velha criada acreditava que o casamento com um homem decente iria fazer bem à sua protegida. Ser guiada por uma mão firme, mas gentil, conceber filhos e criá-los, poderia contribuir para trazer à tona a natureza suave da jovem. Talvez o decreto do rei Edward fosse mesmo para o bem. Afinal Maite já completara dezessete anos e até o momento não demons­trara qualquer interesse em procurar um marido. O único problema era que se esquecera de levar em consideração a natureza determinada daquela a quem amava como a uma filha.


- E se ele não aprovar a minha opção, presumo que ficarei livre para voltar para casa - Maite concluiu com um ar triunfante.


Edith tentava raciocinar rapidamente, procurando en­tender que plano seria esse. Por algum motivo obscuro, sua senhora acreditava que o rei lhe negaria permissão para casar-se com o cavaleiro escolhido.


- Minha lady, você não teria coragem de selecionar um homem já casado?!


- Não! Eu sequer tinha pensado nessa possibilidade juro! - Maite ficou em silêncio alguns segundos, como se considerando tal alternativa. Então descartou a ideia. - Não, não creio que Edward aceitasse um caso assim. Mas ele será contra a minha escolha. Terá que ser!


A velha criada inspirou fundo preparando-se para ou­vir o pior. Precisava saber o resto da história, embora tivesse certeza de que não iria gostar nada do que estava para escutar.


- E quem será o eleito? - indagou ansiosa.


Experimentando a primeira sensação positiva do dia, Isadora passeou o olhar desdenhoso vagarosamente pelos cavaleiros lá embaixo antes de fitara aia.


- Vou escolher o barão Herrera. - Cheia de expectativa, aguardou a reação de Edith, que com certeza iria cumprimentá-la pela demonstração de engenho e in­teligência. Entretanto, em vez de palavras de admiração, a criada só teve tempo de: arregalar os olhos antes de cair desmaiada no chão.


Maite ergueu a cabeça e jogou os ombros para trás ao entrar no salão agora vazio, à exceção de Edward, da rainha, alguns poucos servos e conselheiros. O rei tinha concedido a graça de uma audiência em particular, porém não sabia se devia considerar a atitude uma bên­ção ou uma maldição. Se Edward pretendesse contrariar a sua decisão, com certeza seria mais difícil fazê-lo na frente de muitas pessoas. Já perante um grupo pequeno... Não, não queria pensar em derrota. Um guerreiro nunca se deixa abater.


O rei ainda era um homem bonito. Alto, pernas longas, cabelos louros e olhos azuis. Contudo Maite se ajoelhou diante dele sem a menor emoção. Jamais se sentira atraí­da por qualquer homem.


- Boa noite, Maite Perroni. Espero que você tenha apreciado sua estada na corte.


- Sim, claro, meu lorde - ela respondeu forçando um sorriso.


- Também espero que tenha usado seu tempo de ma­neira sensata para escolher um marido dentre meus ca­valeiros reunidos aqui. - a rei sorriu, como se a situação o divertisse.


- Meu lorde não limitou a seleção dentre os que se encontravam presentes na corte - Maite falou procu­rando manter-se calma. - Posso me casar com qualquer um de seus cavaleiros, não posso?


Embora surpreso, Edward concordou com um breve aceno de cabeça.


Apesar de firmemente decidida a levar o plano até o fim, parecia cada vez mais difícil pronunciar o nome do eleito. Foi com muito esforço que as palavras ganharam vida.


- Então escolho para marido o barão Herrera, de Dunmurrow.


O anúncio teve o efeito esperado. As pessoas ao redor não fizeram a menor questão de disfarçar o choque que sua escolha causara e logo os comentários, sempre asso­ciados ao barão, enchiam o ar.


O Cavaleiro Vermelho... o próprio diabo encarnado... feiticeiro... praticante da magia negra... – sussurravam vozes anônimas.


Embora Maite já tivesse escutado todos esses rumo­res antes, as palavras a desassossegavam mais agora porque, de certa forma, lhe diziam respeito.


Determinada a não se deixar abater, ergueu a cabeça e fitou cada um dos presentes com altivez. Todos a olha­vam horrorizados. Todos, exceto o rei e sua esposa, é claro. Edward conseguiu disfarçar a raiva rapidamente e Maite conteve um sorriso triunfal. Se o rei estava zangado, era porque se sabia derrotado. E é claro que não poderia voltar atrás na palavra empenhada, ficando portanto obrigado a liberá-la do compromisso de arrumar um marido.


Quando estava a ponto de dizer algo, Edward foi in­terrompido pela esposa, que lhe sussurrou alguma coisa no ouvido. Talvez a rainha estivesse tentando apaziguá­-lo, Maite pensou esperançosa. Afinal Eleanor sempre fora considerada uma influência benéfica sobre a perso­nalidade rígida do marido.Embora prestasse atenção à esposa, o rei mantinha os olhos azuis fixos em Maite. Aquele olhar penetrante dava a impressão de enxergá-la por dentro, medindo suas forças e fraquezas, avaliando-a, desvendando-lhe os se­gredos da alma. Por fim Edward começou a rir. Maite respirou aliviada, certa de que o rei achava tudo muito engraçado. Claro que sairia daquela audiência vitoriosa.


Logo poderia ir para casa como uma mulher livre!


- Pois então que seja! - Edward falou em alto e bom som. - Herrera é o escolhido.


Maite quase não podia acreditar no que acabara de ouvir. Estava certa de que sua escolha seria contestada ou que, pelo menos, fosse forçada a selecionar outro pre­tendente. Mas nunca, nunca lhe passara pela cabeça que o rei a deixaria casar-se com o Cavaleiro Vermelho, um recluso capaz de fechar as portas de seu castelo a todos os que viviam do lado de fora das muralhas sombrias que cercavam a propriedade. Por um instante ela sentiu o chão fugir sob os pés, porém manteve-se firme.


Edward apenas sorriu diante de seu assombro. Obvia­mente a tentativa de trapaceá-lo acabara desagradando-o e ele não hesitaria em puni-la pelo comportamento ul­trajante. Oh, Deus, Edith tinha razão. Conseguira se me­ter numa enrascada ainda maior do que antes... a não ser que... a não ser que...


- Muito naturalmente eu esperava que sua escolha recaísse sobre um dos barões que lhe foram apresentados durante sua estada aqui. Porém, como você mesma fez questão de ressaltar, dei-lhe permissão para selecionar um marido dentre todos os meus cavaleiros. Sua esco­lha foi incomum, inesperada, e Herrera é alguém que eu não iria sugerir. Entretanto não vejo motivo para negar esse desejo de seu coração. - As palavras do rei exalavam um sarcasmo sutil, fazendo-a estre­mecer. - De qualquer maneira acho que você fará bem a Herrera. Um anjo de luz para o nosso Cavaleiro Vermelho. Talvez você consiga domá-lo, hein? - A per­gunta fora feita à audiência, que não hesitou em rir ner­vosamente.


Eleanor sorriu serena e Maite logo percebeu que não teria ajuda feminina naquela questão delicada. ­


- Muito bem, então - o rei concluiu satisfeito. ­que sua jornada seja tranquila. Pode partir amanhã mes­mo e chegará a Dunmurrow antes do Natal.


Maite não sabia o que dizer. Partir tão cedo assim? Com muita dificuldade conseguiu se recompor o suficiente para murmurar agradecimentos vazios. Então fez uma mesura e saiu do salão, ainda sem conseguir acreditar que estava para se casar com um homem de quem co­nhecia apenas a fama e os rumores assustadores que o cercavam.


Maite Perroni estava arrumando a bagagem quando Edith apareceu.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): taynaraleal

Este autor(a) escreve mais 12 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

- E então, minha lady? - a aia perguntou trêmula, a respiração suspensa. Ela não se deu ao trabalho de virar-se e continuou ajeitando os vestidos dentro do baú. Partimos amanhã de manhã... para Dunmurrow. A Serva começou a se lamentar baixinho, como se en­toando um canto fúnebre. Por fim Isadora volt ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais