Fanfics Brasil - Capítulo 9 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 9

1338 visualizações Denunciar


 


-Então por que não foi oferecida uma refeição aos convidados do nosso casamento? Por que o castelo está nesse triste estado de abandono? Por que não há servos suficientes para mantê-lo limpo? Por que não há mais fogo nas lareiras para nos aquecer e nem velas para afastar essa escuridão maldita? - A voz de Maite vibrava de frustração. Como Herrera tinha coragem de negar que precisava de dinheiro? Como é que podia rejeitar aquilo que qualquer outro homem agarraria com ambas as mãos? E se ele não a queria, por que não lhe dava permissão para ir embora de Dunmurrow? Era impossível entendê-lo. Suas perguntas não podiam continuar sem respostas.


Entretanto sem respostas foi exatamente como suas perguntas continuaram. O barão trancou-se em si mesmo até o silêncio pesado se estendeu sobre o quarto como um manto sufocante e ameaçador. Se não fosse pelos contornos da figura maciça protegida pelas sombras, diria até que ele a deixara só. Contudo, quando o Cavaleiro Vermelho voltou a falar, sua voz não mostrava qualquer sinal de raiva, apenas da mais total frieza e indiferença, aliás como vinha lhe tornando familiar.


- Se você tem medo de escuridão, minha lady, não deveria me escolhido.


Maite já engolira humilhação suficiente. Como uma criança mimada, culpava Herrera pela situação em que se encontrava agora porque ele não desafiara a ordem do rei. Aquele de quem se diziam as piores coisas devia tê-la recusado, devia ter lutado para manter a própria liberdade. Pela primeira vez na vida, sentia-se derrotada, incapaz de dominar as circunstâncias.


 


- Se me der licença, meu lorde. - Não se tratava de uma pergunta, mas de uma declaração. Ela ficou de pé, as mãos cerradas e caídas ao longo do corpo. - O jantar já me foi... suficiente. - Sem esperar resposta, Maite caminhou na direção em que julgava estar a porta pois a escuridão impenetrável não a deixava ver nada.


- Cecil! - Ao simples chamado do barão, o servo apa­receu como num passe de mágica, trazendo um castiçal.


- Vou jantar no salão esta noite - Maite avisou-o, grata pelo castiçal. A expressão, em geral impassível do pobre-coitado, foi transformada numa máscara de pavor. Bem, talvez Cecil temesse a ira de Herrera, porém ela não iria se deixar assustar pelo Cavaleiro Vermelho. Se aquele grosseirão tentasse obrigá-la a ficar mais um segundo sequer dentro de seus aposentos sinistros iria se arrepender amargamente, pois sentia-se preparada para resistir e lutar com todas as forças.


Esforçando-se para manter o controle, Maite começou a descer as escadas sabendo que deveria parecer tran­qüila quando enfrentasse a pequena multidão que a essa hora já devia estar jantando no salão. Como a nova cas­telã de Dunmurrow, precisava agir de acordo com a po­sição, não importando o quanto o fato a desgostava. Er­guendo a cabeça, assumiu um ar confiante, determinada a jantar na companhia daqueles que moravam e traba­lhavam no castelo. Nem que lhe custasse a última gota de sangue, desempenharia o papel de noiva feliz. A mu­lher desesperada ficaria trancada a sete chaves.


Emergindo das sombras, ela sentia-se em seu elemento natural. Senhora do castelo sempre fora uma atribuição que soubera exercer com facilidade, desde menina. Porém ao entrar no salão, o chão pareceu fugir sob seus pés. Por um instante permaneceu imóvel, sem conseguir acre­ditar nos próprios olhos. Então inspirou fundo, como se engolisse um soluço diante da visão fantasmagórica.


Não havia sinal de damas ou cavaleiros ao redor das mesas vazias. Não havia servos indo e vinda da cozinha, nem aldeões procurando um lugar onde estender os catres para passar a noite. O salão de Dunmurrow estava de­serto, a escuridão silenciosa lhe parecendo mais amea­çadora do qualquer coisa que jamais enfrentara em toda sua vida. Ela estremeceu, os últimos fios de esperança transformando-se em pó.


Edith a esperava. Sonolenta, encolhida: diante do fogo, uma bandeja vazia sobre a única mesinha disponível.


- Oh, minha lady - a velha senhora exclamou le­vantando-se. - Será que eu cochilei? E muito tarde?


Deixando de lado os planos iniciais de tomar um banho, Maite resolveu que o melhor seria tentar dormir.


- Ainda é cedo, mas você está cansada. Pode ir para seu quarto agora.


A criada parecia abatida, as bochechas normalmente rosadas e redondas haviam perdido por completo a cor.


- Talvez eu... eu devesse dormir aqui, no lugar des­tinado ao guarda-roupa - ela sugeriu apontando para o cubículo separado do quarto por uma cortina.


- Se você está com medo de ir para seu próprio quarto, então pode estender um catre no chão e dormir aqui mesmo.


- Sim, minha lady, por tudo o que há de mais sagrado, estou com medo sim. Tenho medo do que possa me acon­tecer neste lugar sinistro e também do que possa lhe acontecer. - Ela fez uma pausa, como se não soubesse como continuar. Quando voltou a falar, sua voz não pas­sou de um murmúrio tímido. - Você sabe o que deve o que deve esperar nesta noite... na noite de núpcias?


 


Maite inspirou fundo. Deus, como pudera se esquecer daquilo que a aguardava? Estivera tão ocupada fazendo planos e discutindo com Herrera que acabara se esquecendo de que seria obrigada a aceitá-lo na cama. O olhar penetrante que lançou à serva fez um rubor intenso voltar às bochechas pálidas. Edith corou até a raiz dos cabelos castanhos, já mesclados de branco.


- Seria obrigação de sua mãe lhe dizer tudo, mas, Deus lhe dê o descanso eterno, como ela não está aqui... Você quer saber?


Maite acenou com a cabeça, os olhos fixos na criada.


- Quando um homem se casa, adquiri direitos sobre o corpo da esposa, para usá-la como quiser. – Edith estremeceu ao pensar no Cavaleiro Vermelho, forte e feroz, usando o corpo de quem quer que fosse. A idéia lhe causava verdadeiro pavor. Foi com enorme dificuldade que se obrigou a continuar - Você viu o suficiente de seus irmãos para saber que a anatomia masculina é di­ferente da feminina. O homem, se encaixa entre as pernas da mulher para ter prazer. E... doloroso, minha lady, mas você é jovem, resistente, e irá agüentar. Pense que assim poderá ter a semente de um bebê dentro de você. - A serva baixou a cabeça, os olhos marejados de lágri­mas. - Era essa a minha esperança, porém Deus não me deu essa bênção. Entretanto me encarregaram de criá-la, minha lady. Pude vê-la crescer, bela e inteligente. Oh, céus, nunca pensei em vê-Ia casada com alguém como esse Cavaleiro Vermelho! - Edith começou a se lamentar sobre o destino daquela a quem amava como a uma filha.


Cheia de piedade pelo sofrimento da velha senhora, Maite abraçou-a com força, procurando consolá-la en­quanto lembrava-se das vezes em que vira os irmãos trocando de roupa. Herrera era muito mais alto e corpulento do que seus irmãos, portanto aquela parte da anatomia devia ser ainda maior. Só de pensar no barão forçando o membro para dentro de seu corpo sentia-se à beira do pânico. Sim, era jovem e forte, porém...


Quando os soluços de Edith finalmente cessaram, Isa­dora sorriu esforçando-se para tranqüilizá-la.


- Não fique nervosa. Não estou nem um pouco preo­cupada - mentiu.


As palavras firmes transmitiram um pouco de tran­qüilidade à serva.


- Pelo menos não dura mais do que alguns poucos minutos, minha lady. Ou pelo menos não deveria durar. Aquele... aquele demônio pode ter poderes estranhos. Oh, minha lady, temo por sua segurança! Quem sabe o que n fera será capaz de lhe fazer? Você conseguiu dar uma boa olhada no barão? Talvez ele seja igualzinho ao diabo, com chifres e corpo de bode...


- Ele é apenas um homem - Maite falou num tom que não admitia discussão, temerosa de que a serva co­meçasse outra vez com a mesma ladainha sobre a estra­nha reputação de Herrera. Bem no íntimo, não acre­ditava muito que a expressão "apenas um homem" pudesse ser aplicada ao Cavaleiro Vermelho. Contudo não era tola de mencionar suas dúvidas.


- Mas, minha lady, e todas essas histórias que se contam sobre a sede de sangue que ele parece ter, sobre o domínio da magia negra? E se o demônio lançar algum encantamento e obrigá-la a fazer todas as suas vontades?


- Pare já com isso! Escutar tamanhos absurdos acaba tornando cansativo. - Edith era um doce de pessoa, embora ingênua e às vezes até ignorante. Maite sentia-se um pouco culpada por não conseguir retribuir a afeição que a velha senhora lhe dedicava com igual in­tensidade. - Vá descansar - sugeriu baixinho, procu­rando acalmar a serva que retorcia as mãos aflita.


- Bem, minha lady, vou ficar por perto. - Edith não conseguia disfarçar a profunda apreensão, os olhos es­tavam tão arregalados que pareciam querer saltar das órbitas. - Se você gritar, venho correndo acudi-la.


Maite sorriu amarga, sabendo que mesmo a força conjunta de duas mulheres jamais seria suficiente para conter um guerreiro, especialmente alguém da estatura do Cavaleiro Vermelho.


- E o que você fará, minha aia?


Edith pensou durante uns poucos segundos, então er­gueu o queixo determinada.


- Posso bater na cabeça dele com alguma coisa!


- E depois o quê?


- Depois fugiremos para bem longe, minha lady! ­- ela respondeu ansiosa. - Fugiremos deste castelo sinis­tro e ficaremos livres do demônio para sempre!


- Seremos duas mulheres sozinhas, perdidas numa região que não conhecemos, no auge do inverno. Para onde iremos? Você não vê que não há escapatória?


- Podemos procurar refúgio no convento mais próximo!


Maite abraçou a serva com carinho, não querendo destruir quaisquer sonhos que ainda pudessem confor­tá-la. Por outro lado a idéia de assassinar o marido com certeza não seria aceita de bom grado pelo rei.


- Leve seu catre para o aposento ao lado e procure descansar, dormir. Tenho certeza de que tudo parecerá menos sombrio amanhã de manhã.


Tão logo Edith saiu, Maite acendeu a lareira. Apesar de suas palavras corajosas, precisava afastar a escuridão de qualquer modo e todas as velas que Cecil lhe dera foram usadas, especialmente perto da cama. Por fim, ti­rou a roupa e deitou-se. Recostada nos travesseiros, aguardou a chegada de Herrera.


O tempo pareceu se arrastar com uma lentidão espirante e Maite desejou não ter se apressado tanto em sair dos aposentos do Cavaleiro Vermelho. Pelo menos se o jantar tivesse sido prolongado por mais algumas horas, o inevitável também seria adiado tanto quanto possível.


Esforçando-se para manter a calma, ela procurava se convencer de que os temores de Edith não passavam de fantasias absurdas, sem qualquer fundamento. Seu ma­ rido não era demônio algum, mas apenas um homem, um ser humano comum, de carne e osso. Entretanto o pensamento de nada servia para tranqüilizá-la porque estava à mercê de um desconhecido, alguém de quem sequer vira o rosto.


Além de tudo, ele não a queria como esposa. O fato a deixava à beira do pânico. Ela sabia que Herrera estava furioso por ter sido escolhido e obrigado a aceitar uma imposição do rei. E se o Cavaleiro Vermelho deci­disse demonstrar toda a sua irritação durante a noite de núpcias submetendo-a ao pior tratamento possível? Agora que o momento do acerto de contas estava próximo, Maite desejava não ter discutido tanto durante o jan­tar... ou abandonado os aposentos do barão de forma tão brusca e mal-educada. Suas atitudes impensadas com certeza serviram apenas para aumentar a ira do senhor do castelo.


Enquanto a noite se estendia, Maite pedia a Deus que Herrera viesse logo para dar um fim àquela expectativa angustiante. Já não agüentava mais aguardar. Contudo ele demorava, fazendo-a imaginar as coisas mais terríveis capazes de acontecer entre um casal quan­do fechado entre quatro paredes. Preferia não ter per­mitido que Edith dormisse no cubículo ao lado porque a presença da serva era um lembrete constante da sua decisão.


Seja lá o que acontecesse, não deveria gritar e muito menos pedir socorro.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): taynaraleal

Este autor(a) escreve mais 12 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

  Maite não tinha muita certeza de quanto tempo permaneceu desperta, lutando contra a ansiedade e aguardando a chegada do marido, antes de adormecer. Embora se sentisse um pouco desorientada ao acordar, não demorou nada para se lembrar de que estava em Dunmurrow, o castelo medonho do Cavaleiro Vermelho. Imediatamente alerta, abriu os olhos, o cora­&cc ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais