Fanfics Brasil - Capítulo 10 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 10

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Maite não tinha muita certeza de quanto tempo permaneceu desperta, lutando contra a ansiedade e aguardando a chegada do marido, antes de adormecer. Embora se sentisse um pouco desorientada ao acordar, não demorou nada para se lembrar de que estava em Dunmurrow, o castelo medonho do Cavaleiro Vermelho. Imediatamente alerta, abriu os olhos, o cora­ção batendo descompassado no peito.


Lutando contra o pânico crescente, olhou ao redor, te­mendo encontrar a figura sinistra do marido na cama, ao seu lado. Mas não; estava só. O quarto continuava o mesmo de horas atrás, à exceção das velas que haviam queimado até o fim e do fogo quase extinto da lareira. Será que Herrera viera vê-la como uma sombra negra e silenciosa? Inspirando fundo, ela percebeu que não fora uma visita inumana o que a acordara, e sim o amanhecer. As primeiras luzes da manhã procuravam se infiltrar através das pesadas cortinas de veludo.


Maite sentou-se, a surpresa inesperada deixando-a zonza. Herrera não viera ao seu quarto! O alívio que a conclusão lhe trouxe foi tão intenso que teve von­tade de rir. Qual o significado daquela atitude?


Só havia uma única explicação possível: ele não a desejava.


Não tinha importância, pensou com uma pontada de orgulho feminino ferido. Tampouco o queria. E quem ha­veria de desejá-lo? Afinal o Cavaleiro Vermelho não pas­sava de uma criatura sem rosto e sem forma que se escondia nas trevas e aterrorizava as pessoas com sua reputação terrível e temperamento explosivo.


Seria uma verdadeira bênção ficar livre das suas aten­ções e já que ele não quisera possuí-la na noite de núpcias, provavelmente não iria fazê-lo nunca. Mal conseguia acreditar na sua boa sorte. Não precisaria dormir com o Cavaleiro Vermelho, nem enfrentar suas paixões ani­mais ou ser obrigada a suportar uma provação dolorosa, provavelmente humilhante ao extremo.


Aquela era a primeira coisa boa que lhe acontecera desde que pusera os pés em Dunmurrow. Se ao menos não fosse obrigada a permanecer ali. Parecia-lhe óbvio que Herrera não a desejava, portanto deveria haver uma maneira de convencê-lo a deixá-la ir para casa. Po­rém a lembrança da noite anterior, quando discutiram sobre o assunto, encheu-a de desânimo.


Para um homem que dissera desprezá-la, o Cavaleiro Vermelho era bastante possessivo. Homens! Todos gos­tavam de comandar e ditar regras, como se tivessem o direito divino para decidir o destino das pessoas. Talvez ele fizesse questão de mantê-la em Dunmurrow com o único objetivo de puni-la por tê-lo escolhido para marido. Não, não era possível que o lorde fosse assim tão mesquinho e cruel, apesar da reputação terrível.


Sentada na cama, ela puxou as pernas para junto do corpo e apoiou o queixo nos joelhos. Pena que ele não concordasse com a dissolução do casamento porque, infelizmente, não podia tomar nenhuma atitude a esse respeito sozinha. Também lhe ficara negada a chance de afirmar ter sido forçada a casar-se, mas... Maite quase levou um choque com a idéia que acabara de lhe ocorrer.


Havia uma maneira de anular a união dos dois sim. E uma maneira que não exigia o consentimento de Herrera. Relacionamentos em que os casais compartilham um parentesco de sangue de até quarto grau tor­nam-se inválidos perante a igreja. Verdade que não tinha qualquer parentesco com o barão. Precisava apenas dizer que sim...


Ela sorriu, as esperanças renovadas. Era de conheci­mento geral que os homens às vezes fabricavam falsos ancestrais somente para se verem livres das esposas. Talvez o plano fosse improvável de dar certo, mas a exis­tência de uma pequena chance valia o esforço. Maite pulou da cama, rindo feliz com a possibilidade de recu­perar a liberdade. Seria um prazer derrotar o Cavaleiro Vermelho.


O som deve ter despertado Edith porque a serva per­guntou se podia entrar.


- Venha - ela respondeu alegre, fingindo não per­ceber a expressão de espanto no rosto da velha criada.


- Bom dia, Edith. Agora que já terminamos de arrumar este quarto, talvez devêssemos começar a cuidar do resto do castelo. - Ainda era muito cedo para compartilhar suas esperanças. Melhor concentrar os pensamentos em seu novo, embora temporário, lar. Sem dúvida as tarefas físicas iriam ajudá-la a se manter ocupada até o momento de voltar para Belvry.


- O quê? - Edith continuava sem entender nada.


- Vou mandá-la até a aldeia para buscar algumas mulheres dispostas a nos ajudar no serviço doméstico. Creio que até o fim do dia teremos quem possa cozinhar e cuidar da limpeza de maneira adequada. Também precisaremos de homens para retocar a pintura das paredes e se encarregar de um ou outro conserto ne­cessário. - Maite contava as tarefas a serem feitas nos dedos das mãos, parecendo bastante entusiasmada.


- Ah, não podemos nos esquecer de providenciar ta­peçarias e um guarda-louça para o salão. Depois que eu der uma boa olhada no castelo todo, saberei do que mais iremos precisar.


- Ele vai deixá-la providenciar melhorias em Dun­murrow?


- Bem... - Maite hesitou, recusando-se a admitir que ainda não chegara a discutir o assunto com o marido.


- Tenho certeza que Herrera aprovará as mudan­ças. Claro que Dunmurrow não é tão bonito quanto Bel­vry, porém não se pode negar a beleza severa de suas linhas. Podemos tentar e ver o que conseguimos obter no final. Na minha opinião, devemos iniciar pela cozinha. Vou dar uma olhada nas despensas e porões, além de descobrir quem prepara aquela coisa horrorosa que Cecil nos serve.


Edith, que até o momento estivera sorrindo diante do entusiasmo da jovem, tampou a boca com a mão e gemeu alto.


- Minha lady, não! Você não pode ir aos porões!


- E por que não?


- Porque deve ser lá que ele pratica magia negra.


- Quem? Herrera?


- Sim - a criada respondeu muito séria. - Não tenho dúvidas de que aquele homem tem parte com o diabo e se esconde nos porões para invocar os espíritos malignos. O lugar deve ser tão quente e abafado quanto o inferno, cheio de fumaça escura, as mesas lotadas de frascos, vi­dros e tubos onde substâncias mortais são misturadas.


Maite riu alto, tentando imaginar o Cavaleiro Ver­melho debruçado sobre uma mesa repleta de frascos, sua altura gigantesca dominando o ambiente inteiro.


- Oh, fique quieta, Edith. Quanta bobagem.


Depois da noite passada, Herrera lhe parecia muito menos ameaçador. Que ele resmungasse o quanto quisesse, pois no fim da história as coisas acabariam saindo à sua maneira.


- Minha lady se levantou cedo hoje- Cecil comentou enquanto ajudava o lorde a colocar a veste. - Ela parece estar de bom humor.


Herrera ficou em silêncio. Ninguém precisava sa­ber que a felicidade de sua esposa devia-se ao fato de não ter havido noite de núpcias. Claro que Maite se deliciara quando não fora obrigada a cumprir os deveres matrimoniais. De fato não ficaria surpreso se ela tivesse aberto o melhor vinho da adega para celebrar.


- Ela pediu uma audiência com você - o servo concluiu.


- Em outras palavras, minha esposa exige me ver.


- Sim, meu lorde.


Herrera deu de ombros e acabou de se vestir.


- Diga a ela para se juntar a mim na hora do almoço.


Cecil pareceu hesitar.


- Você acha a idéia sensata, meu lorde?


Não, a idéia não era nem um pouco sensata, o Cavaleiro Vermelho decidiu. Mas hoje, pela primeira vez nos últi­mos meses, não acordava pensando naquilo que o con­sumia. Hoje, acordara pensando em cabelos castanhos, quase pretos, e olhos cinzentos... .


Ainda podia ouvir o tom ligeiramente rouco da voz feminina, sentir o perfume suave que emanava das for­mas delicadas e excitava os seus sentidos. Herrera sentiu uma pressão na região das virilhas ao se lembrar daqueles seios firmes pressionados de encontro ao seu peito quando a beijara na capela. Há muito tempo não desejara alguém com tanta intensidade.


- Quero comer na companhia de minha esposa. Al­guma objeção? - ele indagou calmamente.


Alguns segundos se passaram antes que Ceci! se aven­turasse a responder.


- Você confia nela?


- Não, não confio, porém a considero intrigante. ­


A resposta não era de todo verdadeira. Embora o plano de Maite para iludir Edward tivesse sido tolo e ingênuo, ele a admirava pela coragem de tentar escapar às regras impostas pelo destino. Também a admirava pela elegân­cia e fibra demonstrada em face à derrota. Seria natural esperar que Maite procurasse fugir das conseqüências ao perceber que nada saíra como planejado. O fato dela ter permanecido firme, tanto complicava quanto trazia um novo significado à sua vida. Os sentimentos que aque­la mulher despertava em seu coração eram tão contra­ditórios que não se atrevia a examiná-los.


- Pode ser perigoso, meu lorde - Cecil insistiu.


Pelos céus! Claro que era perigoso, Herrera pra­guejou em silêncio.


- Talvez fosse melhor se você pedisse a anulação deste casamento.


O Cavaleiro Vermelho virou-se na direção do servo, sem saber se queria ou não ouvir certos conselhos. Por outro lado, não podia correr riscos desnecessários. De­via considerar todas as opções em relação à sua nova esposa cuidadosamente antes de tomar qualquer deci­são definitiva.


- E baseado em que eu pediria a anulação deste ca­samento? - ele indagou com aspereza.


- Talvez você ainda não tenha pensado no caso, meu lorde, mas existe uma proibição contra uniões con­sangüíneas. Até mesmo parentescos distantes podem ser invocados. Portanto não seria difícil arranjar tes­temunhas dispostas a jurar que você e lady Perroni são parentes.


- Verdade - Herrera murmurou, sentando-se na beirada da cama. - Por que não pensei nisso antes?


Quando na noite anterior Maite viera com aquela história ridícula de que ele fora obrigado a casar-se, por que não se lembrara da proibição sobre uniões em que houvessem laços de sangue?


Se fosse sincero consigo mesmo, admitiria que na pre­sença da esposa acabara esquecendo-se de tudo o mais. Ficara fascinado pela voz envolvente, pelo perfume fe­minino e suave... e até pelos absurdos ditos com total convicção. Isadora parecia conseguir tirar qualquer ho­mem do sério com um simples estalar de dedos.


Melhor livrar-se dela. Embora reconhecesse o fato, alguma coisa o impedia de tomar as providências necessárias. Talvez a lembrança da vida pulsando em seu quar­to escuro sob a forma delicada de uma mulher. Era difícil abrir mão de um raio de luz.


- Edward não permitirá que uma jovem mantenha o poder sobre um feudo tão próspero quanto Belvry. Mes­mo que a Igreja concorde em nos conceder a anulação do casamento, o rei simplesmente a forçará a escolher outro marido.


- Sim - Cecil concordou, continuando a arrumar o quarto. - Você deve estar certo, meu lorde. Contudo, casada com outro, lady Peerroni deixará de ser uma ameaça.


O barão resmungou qualquer coisa ininteligível. Ao imaginar Maite abandonando Dunmurrow, a sensação de perda era tão intensa quanto inesperada. A quem ela escolheria da segunda vez? As circunstâncias o tinham forçado a romper contato com quase todos os cavaleiros da corte, a maioria realmente desprezível. Aquela mulher suave, casada com outro homem, os cabelos castanhos espa­lhados sobre o travesseiro, as pernas abertas enquanto alguém a violentava... Era uma visão que não conseguia ignorar.


- Eu não quero que ela sofra nas mãos de qualquer um. - Na verdade não queria a esposa nas mãos de homem algum. E quem poderia condená-lo por isso? -­ Edward não iria ficar nada satisfeito com esse pequeno truque tampouco. Aliás, o rei acredita na importância do casamento como instituição séria. É melhor deixarmos as coisas como estão, pelo menos por agora.


- Você está certo como sempre, meu lorde. Mas será que ela deve ficar em Dunmurrow? Se lady Perroni é dona de um feudo tão próspero, não seria mais sensato mandá-la de volta para lá?


- Não! -Herrera surpreendeu-se com a própria reação, uma mistura de possessividade em relação à es­posa e irritação pela interferência de Cecil. Embora sou­besse muito bem que o servo falava com a voz da razão, mesmo assim preferia não lhe dar ouvidos. - Ela é mi­nha. E como qualquer outra esposa, ficará ao lado do marido. Não ultrapasse os seus limites, meu amigo.


- Sim, meu lorde. - Cecil suspirou alto, deixando claro que não concordava com o Cavaleiro Vermelho, apesar das palavras ao contrário. - Quer dizer então que você vai contar tudo à lady Perroni?


- Não, não vou contar nada! E você também não dirá coisa alguma. Ficará de boca fechada, mesmo se ela ten­tar fazê-lo falar. Maite é inteligente, não costuma co­meter erros, ainda que trace planos às vezes ridículos.


- Mas, meu lorde, como vamos conseguir contornar a situação? O que você pretende fazer?


Apesar da preocupação evidente do servo, Herrera não demonstrava qualquer sinal de afobação.


- Vamos continuar exatamente como estávamos antes de lady Perroni chegar. Agora pode ir, Cecil. Vou pensar nos seus conselhos, porém tomarei minhas próprias de­cisões no que diz respeito a essa esposa inesperada.


Tão logo se viu a sós, Herrera encostou um braço na parede e praguejou baixo para aliviar a tensão. Per­cebendo o humor do dono, os cães se aproximaram em busca de um pouco de atenção.


- Qual é a sua opinião, Castor? E a sua, Pollux? O que vocês acham da nova senhora do castelo? -Os ani­mais balançaram os rabos felizes ao ouvir seus nomes.


- Sim, é uma mulher tentadora demais... Sei muito bem o que eu gostaria de fazer com lady Perroni. Quando da usa aquele tom de voz superior, tenho vontade de jogar os pratos e as travessas para o lado e possuí-la ali mesmo, em cima da mesa. Mas isso está fora de cogitação... não é?


O sensato seria devolvê-la para a corte de Edward, que a essas alturas dos acontecimentos deveria estar mor­rendo de rir com o desfecho da história.


Como se concordando com as palavras do dono, os cães agitaram os rabos freneticamente.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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