Fanfics Brasil - Capítulo 13 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 13

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Apesar da hostilidade inicial, Alfonso acabara deixando-a ocupar a posição de castelã, algo que lhe pertencia por direito, e até concordara com as reformas que pretendia implantar. Edith tinha razão. Sua vida sempre girara em torno da administração de um castelo e era entre­gando-se às responsabilidades e cuidando de todos os detalhes que se sentia próxima à realização pessoal.


Dunmurrow talvez não fosse tão grande quanto Belvry, porém as mudanças ali necessárias representavam um desafio. Felizmente, no momento, Belvry estava entregue aos cuidados de um empregado de confiança, alguém ca­paz de dar conta da administração durante uns poucos meses. Quem sabe quando chegasse a primavera ela po­deria fazer uma visita...


- Uma única coisa posso dizer sobre aquele homem. Pelo menos ele sabe como agradá-la. Embora que com os seus poderes diabólicos não deva ser uma tarefa tão difícil assim. - Edith colocou um vestido limpo sobre a cama antes de continuar. - Fico feliz que você esteja se adaptando tão bem, minha lady, mas...


- Mas o quê?


- Às vezes acho que você não está feliz de verdade, minha lady, que esse seu bom humor é apenas o resultado de alguma feitiçaria.


- Que bobagem é essa agora?


A velha criada retorcia as mãos nervosa, sem saber como se explicar.


- O barão não lançou feitiços em você, não é? Tenho medo que o próprio demônio a tenha... hipnotizado!


Se não fosse pela expressão desolada de Edith, ela teria caído na risada.


- Pare de se preocupar à toa. Herrera não me enfeitiçou.


Farta de ouvir comentários tolos, Maite fechou os olhos e procurou relaxar. Qual o problema se o Cavaleiro Vermelho se diluísse em sombras? Ou se colocasse penas na cabeça e dançasse à luz do luar? Desde que ela fizesse o quisesse, o resto não tinha importância... Na verdade poderia ter acabado presa a um homem muito menos de seu agrado do que Alfonso Herrera.


Barão Hexham, o tal vizinho viúvo, imediatamente veio à sua mente. Ainda se lembrava como o cavaleiro pom­poso e arrogante tratara a primeira esposa. A pobre coi­tada passara anos trancada numa torre, afastada do mundo, enquanto o marido se deitava com uma amante após a outra.


Ou então poderia estar às voltas com o barão Humph­ries, cujo olhar frio parecia mais malevolente do que a escuridão de Dunmurrow. Isso sem contar Rothchilde, com seus lábios gordos e molhados... Maite estremeceu, cheia de repugnância.


- Pelo menos o Cavaleiro Vermelho não espera que você lhe dê banho - Edith falou, obrigando-a a inter­romper o curso dos pensamentos.


Maite nada respondeu. Que a serva pensasse o que quisesse. Simplesmente recusava-se a discutir a intimi­dade, ou a falta dela, reinante em seu casamento com quem quer que fosse.


Edith jamais saberia o quanto seu comentário fora acurado. Alfonso não lhe pedia para executar qualquer ta­refa em geral associada ao papel de esposa, desde a mais banal até a mais íntima. E embora devesse se sentir grata pela distância que os separava, por algum motivo que não conseguia entender, sentia-se decepcionada.


Olhando para o próprio corpo nu na banheira, não havia como negar o óbvio. Suas formas estavam longe de ser opulentas. Sempre fora magra, esguia, os seios pequenos. Talvez Herrera preferisse o contrário... Nunca em sua vida tentara parecer desejável aos olhos de um homem, entretanto tivera muitos admiradores. Seus irmãos quase precisavam colocá-los para fora de Belvry a pontapés. E durante a recente visita a Edward, vira-se cercada de cavaleiros ansiosos para cortejá-la. Aliás, todos deram a impressão de cobiçar suas terras com o mesmo ardor com que cobiçavam seu corpo.


O que fazer para despertar a atenção de um homem? Vira muitas damas vestidas em rendas e sedas, lançando olhares lânguidos na direção daqueles a quem preten­diam conquistar, os seios fartos empinados para o alto, expostos em decotes profundos. Porém essas táticas de nada adiantariam na escuridão dos aposentos do Cava­leiro Vermelho. Alfonso seria incapaz de enxergá-la. Ele nunca chegava perto o suficiente... exceto uma vez...


Maite corou ao pensar no beijo que haviam trocado. Lembrava-se dos mínimos detalhes da carícia inesperada e saboreava o episódio como se degustasse um vinho raro. O calor que se espalhava por suas entranhas agora não tinha nada a ver com a temperatura da água. Mas como qualquer outra lembrança, estava começando a desbotar. Às vezes se perguntava se não fora somente um sonho, Será que aquele beijo realmente acontecera dias atrás? Sem que conseguisse conter o impulso, Maite levou os dedos aos lábios, como se tentasse recapturar a sensação deliciosa. Então, irritada com a própria tolice, mergulhou a cabeça na água e pôs-se a lavar os cabelos.


Ao terminar o banho, Edith lhe entregou um dos belos vestidos que trouxera de Belvry. Fosse por uma simples questão de satisfação pessoal ou mera curiosidade, estava decidida a causar a melhor das impressões no jantar daquela noite.


O vestido de veludo grená tinha um corpete justo que evidenciava a linha dos seios com ousadia. Um pingente de ouro descansava sobre o colo branco, chamando ainda mais atenção para o decote. Para completar, uma tiara, também de ouro, nos cabelos. Na escuridão dos aposentos do Cavaleiro Vermelho, Maite o fitou provocante en­quanto jantavam, procurando agir de maneira sensual e encantadora. Entretanto Alfonso parecia indiferente, com­pletamente alheio às suas tentativas de sedução.


Para complicar ainda mais, ele sequer dava mostras de que a fitava. Por que se dar ao trabalho de parecer bonita e desejável? Edith com certeza iria reprová-la por procurar despertar a atenção de um homem que se es­condia nas sombras como um leproso... ou algo pior... Se tivesse um pingo de bom senso, ela devia cair de joelhos e agradecer a Deus por Herrera deixá-la em paz! Maite empurrou o prato para o lado, esforçando-se para acreditar que sua inquietação e frustração eram devidas à mudança da lua e nada tinham a ver com certos desejos inconfessáveis.


Ainda assim, quando Alfonso falou, o tom baixo e profundo da voz deixou-a inteiramente arrepiada.


- Você vai cantar para mim esta noite?


- Se você quiser. Devo chamar o garoto para tocar flauta?


- Não é preciso. Sua voz é tão bela que dispensa acompanhamento.


Feliz com o cumprimento, Maite cantou uma canção atrás da outra. A sua favorita era uma balada de amor, triste e doce. E foi com essa música que ela deu a noite por encerrada.


- Você não vai cantar mais nenhuma? - Alfonso per­guntou sem disfarçar o desaponto.


- Por hoje é só. Ou amanhã estarei mais rouca do que uma gralha.


- Está bem. De qualquer maneira já é muito tarde pode se retirar.


De repente ela se deu conta de que estavam inteira­mente a sós, envoltos pela escuridão. Nada do músico ou mesmo de Cecil. Isadora levantou-se, porém em vez de caminhar para a porta, deu um passo na direção do marido. Um dos cães rosnou baixo.


- Que foi?


- Quero apenas lhe dar boa noite, meu lorde. - Ner­vosa, ela passou a língua pelos lábios secos, o sangue latejando nas veias. E claro que suas palavras podiam ser interpretadas de muitas maneiras, e na verdade isso não a preocupava nem um pouco. Ousada por natureza, sentia-se mais afoita e atrevida do que nunca, levada por sensações estranhas, que não sabia como explicar.


- Boa noite, esposa.


Por um momento Maite ficou imóvel, confusa, inca­paz de acreditar que havia acabado de ser mandada em­bora. Não estava acostumada a ser tratada assim. Então virou-se e saiu, odiando-se por tentar ganhar um beijo de alguém como o Cavaleiro Vermelho.


Enquanto seguia Cecil até seu quarto, não parava de se recriminar por ter tido coragem de agir de modo tão tolo. Estaria mesmo interessada em partilhar uma certa intimidade com Herrera, quando poucas noites atrás experimentara o terror mais profundo diante da possibilidade de ser abraçada? Não. Sim. Ah, Deus, já não sabia de mais nada. Até então sempre se considerara uma pessoa decidida, capaz de enxergar a realidade com clareza. Agora as sombras do castelo pareciam ter alterado sua capacidade de raciocinar!


O fato é que gostara do beijo. Alfonso não era nenhum demônio. Suas mãos não possuíam garras. seus caninos não eram pontiagudos, nem seus olhos irradiavam faíscas avermelhadas. Também apreciava a voz profunda, con­trolada e estranhamente reconfortante.


Maite suspirou fundo, insegura a respeito de tudo. Tinha certeza apenas de uma coisa. Depois de uns poucos dias de casada, o Cavaleiro. Vermelho tornara-se muito mais atraente do que assustador.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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