Fanfics Brasil - Capítulo 15 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 15

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De repente Maite sorriu, sentindo uma onda de afei­ção e gratidão por aquele homem que mal conhecia. O vassalo de Herrera fora o primeiro a encorajá-la e a incentivá-la desde que Pusera os pés em Dunmurrow.


Outra vez Alan precisou se esforçar para não ficar de queixo caído. Se a esposa de Alfonso era linda séria, quando sorria tinha-se a impressão de que o próprio Sol se erguia para iluminar tanta beleza. Ele quase precisou se beliscar para sair do estado de admiração profunda. Certamente aquela mulher não era nenhuma feiticeira.


- Onde é sua casa, minha lady? - Alan perguntou, procurando uma pista que pudesse explicar a conexão entre ela e o lorde de Dunmurrow. - Você morava perto daqui antes do casamento?


- Não. Venho de longe. De um lugar chamado Belvry. Por acaso você já ouviu falar?


Belvry? Quem ainda não tinha ouvido falar de Bel­vry? Uma das propriedades mais prósperas de todo o oeste.


- Sim, já ouvi falar de Belvry, embora jamais tenha estado lá. Dizem que é muito grande e bonito.


- Oh, não é apenas grande - Maite falou orgulhosa. - É também espaçoso e bastante confortável. Claro que se trata de uma construção bem mais nova do que Dun­rnurrow. Foi meu pai quem construiu o castelo, antes de eu nascer.


- Então você é uma Perroni? - Apesar do esforço, o vassalo não conseguiu esconder o tom de surpresa na voz. Caía por terra sua segunda teoria, a de que tratava-se de uma donzela sem dote. Pelo contrário, era uma mulher muito rica. Como é que viera parar aqui... junto com Alfonso?


- Você estava sob a guarda de Edward? - Melhor deixar os subterfúgios e partir para as perguntas diretas.


- Não exatamente. - Pela maneira como Maite res­pondeu, ficou claro a ausência de afeto entre ela e o rei. - Embora Edward tenha... tomado um certo interesse por mim depois da morte de meu pai.


O quê? Será que o rei cobiçara as terras dos Perroni? Embora a educação lhe segredasse que estava na hora de parar com as perguntas pessoais e indiscretas, Alan não conseguiu colocar um ponto final na investigação. Estava morrendo de curiosidade.


- E você conheceu Alfonso...? - O resto da frase foi deixado deliberadamente no ar, à espera de comple­mentação.


Porém ela ignorou a deixa.


- Nunca me encontrei com Alfonso antes do casamento. O olhar frio e altivo de Isadora o fez desejar nada ter perguntado. Ele pigarreou e mudou de assunto.


- Acho que toda essa conversa me deixou com fome, minha lady. Devo admitir que estou ansioso para testar as mudanças que você implantou na cozinha. Deus sabe que jamais elogiei as qualidades culinárias de Dunmur­row antes porque eram inexistentes.


Quando Maite riu de sua careta, Alan suspirou cheio de alívio. Fora perdoado.


De repente o vassalo se deu conta por que motivo Alfonso andava tão irritadiço, como uma fera enjaulada. Lady Herrera era capaz de fazer qualquer um perder a cabeça. A beleza perfeita, a voz suave, as maneiras ele­gantes, o perfume delicioso... Tudo aquilo poderia enlou­quecer o mais controlado dos homens. Ele mesmo, por exemplo, seria o primeiro a ceder a tantos encantamentos. Mas o que dizer do terrível Cavaleiro Vermelho?


Maite ordenou que o almoço fosse imediatamente ser­vido no salão sem ao menos esperar que Cecil aparecesse para conduzi-la à presença do marido. A verdade é que queria escapar da atmosfera sufocante dos aposentos principais. Comer num local iluminado, na companhia de uma pessoa extrovertida, era uma pausa à escuridão e ao peso de Dunmurrow.


Ainda assim, sentia-se culpada.


Apesar de seus esforços para não comparar Alan ao marido, ela sabia que os dois homens eram tão diferentes entre si quanto a água do vinho ou o dia da noite. Para começar, havia o pequeno detalhe de que podia enxergar o vassalo. Vê-lo mover-se, observá-lo, avaliar as expres­sões dos olhos e do rosto. Algo que sempre dera como garantido em sua vida e que depois da chegada a Dunmurrow transformara-se numa raridade.


Para completar, Alan parecia de fácil convivência. Ele não a fitava com o desejo nojento dos cavaleiros da corte, nem com a desaprovação do emissário do rei. Também não a tratava com a hostilidade velada tão freqüente no comportamento de Herrera. O vas­salo a tratava com a consideração de um amigo e seus elogios eram recebidos com prazer, pois nos últimos tempos vivia cheia de dúvidas a respeito de si mesma. Para alguém que sempre mantivera distância dos ou­tros, Maite bebia aquela atenção com a sofreguidão de uma pessoa sedenta.


- Minha lady - Alan empurrou o prato para o lado e sorriu -, eu suspeitava que a comida do castelo tivesse melhorado, porém nunca me passou pela cabeça que a melhora fosse tão espetacular. A refeição estava deliciosa. Acho que vou ter que manter os homens aquartelados longe daqui para evitar que se tornem gordos e pregui­çosos, incapazes de cumprir as suas obrigações.


Maite riu baixinho, apesar de Edith não demonstrar o mesmo entusiasmo.


- Por que os homens estão aquartelados distante da­qui? - a criada indagou num tom desconfiado, carregado de suspeitas.


- As terras do barão são de grande extensão, en­globando várias aldeias e muitas casas - Alan explicou sem hesitar. - De qualquer forma, não precisa se preo­cupar, Edith. Jamais nos distanciamos além de um de­terminado limite. Há sempre soldados no castelo, em­bora não tenhamos motivos para esperar um ataque inimigo.


A idéia de que alguém seria louco o suficiente para atacar o Cavaleiro Vermelho em seu próprio covil quase fez Maite cair na risada. Desde que chegara a Dunmurrow experimentara muitas sensações estranhas, mas nunca se sentira desprotegida. Era impossível imaginar a existência de um homem corajoso o suficiente para ignorar os rumores terríveis que cercavam Alfonso Herrera ou então forte o suficiente para enfrentá-lo numa batalha.


- Se você está preocupada, posso mandar um homem para protegê-la. Ele será uma espécie de guarda pessoal - sugeriu o vassalo.


- Aceito o oferecimento, obrigada.- E pela primeira vez em muitos dias, a serva pareceu realmente sensibi­lizada.


Alguns segundos de silêncio se passaram e foi Alan quem tornou a falar.


- Bem, minha lady, agora que já me satisfiz com essa comida deliciosa, acho que preciso de um pouco de exer­cício. Creio que uma cavalgada seria ótimo. Você já co­nhece os arredores de Dunmurrow? Gostaria de me acom­panhar?


Maitte ficou imóvel, a perspectiva de andar a cavalo enchendo-a de satisfação. Cavalgar era um prazer tão simples, algo que sempre fizera até sair de Belvry, e algo de que sentia muita falta.


- Sim - respondeu, resistindo à vontade de correr para o estábulo no mesmo instante.


Protegida por uma pesada capa de pele, finalmente partiu a galope, atrás de Alan, pensando que aquele dia estava transcorrendo de uma maneira bastante diferente do que imaginara ao se levantar.


Dali em diante não iria se negar este prazer outra vez. Quer tivesse que arrastar Alan para um passeio ou implorar a Alfonso para designar um de seus homens como acompanhante, iria cavalgar diariamente. Sentia-se como alguém voltando à vida depois de ter passado uma eter­nidade enterrada.


Sentia-se culpada também.


Enquanto se afastavam do castelo, Maite lançou um olhar rápido para trás, imaginando quais das janelas estreitas pertenciam aos aposentos principais. Por um momento experimentou a sensação inquietante de que o Cavaleiro Vermelho espreitava. Estremecendo, baixou o olhar e impeliu o cavalo para frente.


As terras que lhe pareceram tão sombrias no dia de sua chegada, agora davam a impressão de possuir uma beleza crua, intensa. Porém, o que mais a encantou foi a floresta plantada nos arredores. Familiarizado com a região, Alan apressou-se a lhe mostrar uma lagoa bem no meio das árvores.


- É linda - Maite murmurou admirada.


- Sim...


Os dois permaneceram em silêncio durante vários se­gundos, ouvindo o barulho da água, o canto dos pássaros, os sons da vida animal ao redor.


Ela não tinha dúvidas de que a lagoa seria um lugar delicioso para se banhar no verão. Não, que bobagem. Quando o verão chegasse, muitas mudanças haveriam ocorrido. Com certeza estaria de volta a Belvry e seu ca­samento já teria sido anulado. Dunmurrow não passaria de uma lembrança sombria. Afinal era isso mesmo o que ela queria, não era?


- Obrigada por me mostrar este lugar. É o recanto mais belo que pude ver até agora dentro das propriedades do barão.


- Tem razão, é lindo. Mas acho que está na hora de regressarmos ao castelo. Está ficando muito frio.


- Até que não está tão frio assim para essa época do ano - Maite protestou, odiando a idéia de voltar a se encerrar dentro de quatro paredes.


Percebendo-a hesitar, Alan sugeriu:


- Bem, que tal se passássemos pela aldeia antes de irmos para o castelo?


- Os aldeões o conhecem?


- Sim. Costumo ir com freqüência à aldeia, para tratar de negócios do barão.


Porque o barão não se mostrou em público, ela pensou, tentando montar as peças do quebra-cabeça. Daria tudo para entender o motivo da reclusão de Herrera.


- Você trabalha para o meu marido há muito tempo?


- Sim, minha lady.


Então qual é a aparência de Alfonso Herrera? Em­bora não tivesse coragem de fazer a pergunta em voz alta, Maite sentia-se vivendo um verdadeiro tormento. Por que será que ele se esconde na escuridão? Havia tanta coisa que Alan poderia lhe contar... Entretanto sabia que não estava certo indagar, do mesmo modo que não estava certo o vassalo responder. Lutando para mudar o rumo dos pensamentos, obrigou-se a falar da aldeia. Contudo, apesar de todo o seu esforço, o mistério que envolvia seu marido não lhe saía da cabeça. Um mistério sobre o qual Alan poderia lançar alguma luz.


Os moradores de Dunney, apesar de aparentarem tranqüilidade, não conseguiam disfarçar inteiramente a desconfiança que sentiam em relação à lady de Dunmurrow e ao vassalo do barão. Mais uma vez, Maite encontrou aliados nas crianças e distribuiu moedas aos pequeninos. Ao perceber que Alan a fitava, desejou do fundo do co­ração que fosse Alfonso quem estivesse ao seu lado, que o Cavaleiro Vermelho aparecesse em público e se dispu­sesse a ir até á aldeia para acompanhar a esposa.


Tentando ignorar a idéia absurda, ela se despediu das crianças e mandou-as brincar enquanto conversava com alguns adultos sobre os ungüentos que prometera mandar a um camponês idoso que sofria de reumatismo. Sem que percebesse, o sol começou a se pôr no horizonte e Alan a chamava para irem embora. Estava na hora de regressar a Dunmurrow.


No trajeto de volta, Maite resolveu falar sobre aquilo que a incomodava. Depois de passar quase que o dia inteiro na companhia do vassalo, chegara a conclusão de que se tratava de um homem sincero, honesto e de bom coração. Mesmo sabendo que .poderia ser injusto e até insensato arriscar uma boa amizade com indagações a respeito de Alfonso, precisava, desesperadamente, que al­guém lhe desse certas informações. Por isso estava dis­posta a correr o risco.


- Os aldeões dizem que o barão nunca colocou os pés em Dunney - ela falou devagar, observando o homem que cavalgava ao seu lado.


- Eu não sei. - Apesar das palavras soarem com naturalidade, havia algo no tom de voz masculino que não chegava a convencê-ta. Alan demonstrava afeto por seu lorde, porém não parecia disposto a discutir o com­portamento do barão. - Ultimamente não tenho passado muito tempo em Dunmurrow. Manter as terras sob con­trole e cuidar para que os homens estejam em perfeitas condições, caso sejamos convocados para uma batalha, me ocupa as vinte e quatro horas do dia.


- Quer dizer então que Alfonso não treina seus próprios homens?


- Não - Alan respondeu cauteloso. - Ele costumava fazê-lo, mas desde que recebeu o castelo como recompensa pelos serviços prestados ao rei, acabou tendo outros as­suntos para ocupá-lo.


Que tipo de assuntos? Alquimia? Bruxaria? Sua von­tade era indagar sobre a terrível reputação do Cavaleiro


Vermelho, porém achou melhor ficar de boca fechada. Embora dissesse a si mesma que não acreditava em ta­manha bobagem, não podia deixar de imaginar por que motivo Alfonso se mantinha trancado dentro dos aposentos principais, sem nunca se aventurar no meio das pessoas, sem nunca ver a luz do Sol...


Por que ele se esconderia nas sombras? Maite quase fez a pergunta, mas se calou a tempo. Com uma clareza que chegava a ser dolorosa, concluiu que talvez Herrera não buscasse a escuridão quando estivesse na presença do vassalo. Ele podia muito bem receber Alan em plena luz do dia, sem procurar esconder o corpo e o rosto num breu. Afinal parecia confiar naquele homem mais do que confiava na noiva.


Envergonhada demais para deixar Alan saber que ja­mais vira o próprio marido, Maite procurava uma ma­neira de consertar a pergunta que fizera momentos antes. Ali estava alguém capaz de lhe contar tudo, porém como poderia indagar qualquer coisa sem revelar sua situação bizarra? Afinal era esposa sem ser mulher. Continuava tão virgem e inexperiente como quando saíra de Belvry. Melhor ter muito cuidado, decidiu, ou acabaria pondo os pés pelas mãos.


- Sei que você conhece meu marido há anos e com certeza o tem em alta estima. Eu... eu gostaria de lhe perguntar... Por que Alfonso passa tanto tempo trancado dentro dos seus aposentos?


- Minha lady... - Incapaz de fitá-la de frente, Alan fixou o olhar na linha do horizonte, onde o Sol se punha devagar espalhando as sombras sobre as muralhas de Dunmurrow. - Minha lady, não sou eu quem devo lhe dar as respostas para as suas perguntas. Vamos, precisamos estar de volta ao castelo antes da hora do jantar, ou Alfonso me arrancará a cabeça por ter tomado tanto tempo de sua adorável esposa.


Desapontada, Maite inspirou fundo procurando não se deixar abater com as evasivas do vassalo. Como se o Cavaleiro Vermelho se importasse onde e com quem ela passasse as horas do dia ou da noite! Provavelmente Alfonso estaria satisfeito por tê-la fora do caminho. E com certeza ficaria feliz da vida se pudesse se ver livre dela para sempre.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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