Fanfics Brasil - Capítulo 18 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 18

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Maite quase perdeu o equilíbrio, atordoada por sen­sações estranhas em que se misturavam surpresa e um pouco de medo. Ela fitou a escuridão intensamente, ten­tando enxergá-lo através das sombras. Porém seu esforço foi em vão. Nervosa, passou a língua pelos lábios secos antes de dar a única resposta possível.


- Sim, meu lorde.


Com o coração aos pulos, chegou até a porta que Cecil mantinha aberta esperando-a, mas dispensou a compa­nhia do criado com um gesto de mão e preferiu atravessar os corredores sozinha. Precisava de tempo para pensar, para dominar as emoções desencontradas que sufocavam­ lhe o peito.


O medo era até fácil de entender e controlar porque não acreditava que o marido fosse um tipo bestial, inu­mano. Tinha quase certeza absoluta que Alfonso sofrera alguma espécie de desfiguração que o forçava a viver nas trevas para se ocultar de olhares apavorados ou pie­dosos. Embora a idéia de dormir com alguém assim lhe causasse apreensão, o pavor era de longe superado pela excitação estranha que palpitava em seu ventre. Então ele não a estava rejeitando e essa crença era suficiente para fazê-la sentir-se nas alturas. O. que servia para con­fundi-la ainda mais.


Cecil estava em seu quarto, preparando os aposentos para a noite, e Maite mandou-o retirar-se. Depois sen­tou-se na cama, satisfeita que Edith não iria passar a noite ali. As duas haviam desenvolvido uma rotina que lhe permitia saborear a privacidade total depois do jan­tar. Até agora fora um tempo dedicado à leitura ou ao planejamento das atividades do dia seguinte. Não lhe passara pela cabeça, não desde a primeira noite sob o teto de Dunmurrow, que essas horas poderiam ser usadas para o propósito óbvio. Contudo, hoje à noite, cumpriria o destino reservado às mulheres casadas...


De súbito foi tomada por um acesso de pânico, como se o Cavaleiro Vermelho pudesse chegar a qualquer momento.


"Não deixe nenhuma vela acesa", ele dissera. Maite olhou ao redor, procurando algum ponto de iluminação.


Imediatamente reparou que todos os castiçais haviam sido removidos. Por um louco instante perguntou-se se Alfonso tinha conseguido fazê-los desaparecer num passe de mágica. Então lembrou-se de Cecil, que em geral não costumava ir ao seu quarto àquela hora da noite. Claro que o criado levara todos os castiçais consigo.


Maite suspirou aliviada. Porém seu alívio não durou mais do que alguns poucos segundos ao pensar que ao sair dos aposentos do marido deixara Cecil parado junto a porta. Entretanto fora encontrá-lo dentro de seu quarto! Ela estremeceu violentamente, um arrepio de pavor per­correndo-a de alto a baixo. Cecil não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Nenhum ser humano seria capaz de realizar tal feito... a menos que fosse uma ques­tão de bruxaria.


A menos que se tratasse de um demônio. Todas as histórias de Edith voltaram à sua mente com uma pre­cisão de detalhes apavorantes. Angustiada, Maite cer­rou as mãos nas beiradas da cama com tanta força que os nódulos dos dedos ficaram brancos e doloridos. Oh, Deus, por que hoje, dentre todas as noites, precisara en­frentar essa revelação monstruosa? Hoje, dentre todas as noites, quando aguardava a chegada iminente do Ca­valeiro Vermelho em pessoa? Seu marido, o homem que decidira fazer valer seus direitos de esposo...


Gemendo baixinho, ela encostou a cabeça no travesseiro sem saber o que fazer ou onde encontrar conforto para o tumulto interior que ameaçava partir sua alma em pedaços. Não havia ninguém a quem recorrer, ninguém com quem se aconselhar. Podia contar apenas con­sigo mesma.


Um ruído do lado de fora do quarto obrigou-a a sair daquele estado de estupor e pela primeira vez, desde o dia de seu casamento, Maite teve medo do que poderia descobrir caso enxergasse o marido à luz do dia. Talvez a ignorância fosse melhor e as trevas a protegessem de uma verdade a qual não estava preparada para enfrentar. Rapidamente, desvencilhou-se das roupas e meteu-se sob os lençóis, trêmula e assustada.


E naquela escuridão absoluta, em que não se enxer­gava sequer um palmo adiante do nariz, aguardou que seu destino se cumprisse.


 


 


Maite aguardou, agarrando-se às cobertas como se pudesse manter afastado o Cavaleiro Vermelho e sua magia. Sempre se considerara uma mu­lher sensata, atenta à lógica dos fatos. Jamais procurara cartomantes ou implorara poções mágicas às aldeãs tidas como sábias na arte de lidar com as ervas e com o desconhecido. Também nunca acreditara que os rumo­res envolvendo o Cavaleiro Vermelho pudessem ser ver­dadeiros. Contudo não havia como negar que Cecil es­tivera em dois lugares ao mesmo tempo. Por mais que se esforçasse, não conseguia pensar numa explicação razoável e as outras eram apavorantes demais para serem levadas em consideração. Não suportaria ima­ginar que as histórias horríveis de Edith fossem ba­seadas em fatos reais.


O som da própria respiração, rápida e ofegante, era tão alto que não o ouviu chegar nem afastar as cortinas ao redor da cama. Ao sentir um corpo deitar-se ao seu lado, uma pele nua roçando a sua, foi tomada de intenso pavor.


- Você está com medo, esposa? - A voz seca e con­trolada do marido lhe trouxe um certo alívio. Afinal era apenas Alfonso, não um demônio soltando fogo pelas ventas, com cascos em lugar dos pés e garras nas mãos. Sempre gostara do som daquela voz e da maneira como os lábios masculinos se fechavam sobre os seus num beijo demo­rado...Nunca experimentara um medo real, nunca levara realmente em consideração os boatos que o cercavam. Se ao menos... Queria contar sobre Cecil, perguntar sobre os aparecimentos misteriosos do criado, mas sua língua parecia grudada no céu da boca. No fundo, temia as res­postas que o barão pudesse lhe dar...


- Maite, Maite, minha esposa... - Alfonso murmu­rou com tanta ternura que tocou-lhe a alma. - Me diga agora, você tem medo de mim?


- Não - ela respondeu, certa de que aquela era a pura verdade.


- Foi o que pensei ou de outra forma eu não teria vindo ao seu encontro.


Nervosa, ela passou a língua pelos lábios, querendo enxergá-lo apesar da escuridão profunda. Porém nada conseguia ver.


- Por que... por que você veio ao meu encontro?


- Descobri que sou muito ciumento, esposa, ao saber que você parecia ansiosa pela companhia de meu vassalo. - Havia um pouco de raiva, desespero e desejo contidos na explicação.


Sem que conseguisse entender bem por que, Maite sentiu-se relaxar. Horas antes ficara furiosa com a mera sugestão de que passara tempo demais ao lado de Alan, pois eram inaceitáveis quaisquer insinuações de que seria capaz de enganar o marido e se portar como uma criatura vulgar, sem um pingo de dignidade. Porém agora, em vez de raiva, experimentava uma emoção muito diferente, uma sensação estranha e ardente. O Cavaleiro Vermelho com ciúmes? Mal podia acreditar. Contudo, mesmo du­vidando, achou melhor tranqüilizá-lo para evitar futuros aborrecimentos.


- Meu lorde, sou uma mulher honrada. Eu jamais...


- Ótimo. - Alfonso roçou o rosto delicado com as pontas dos dedos e aproximou-se, deixando-a trêmula de expec­tativas. - Fico feliz ao ouvi-la dizer isso, mas acho que está na hora de torná-la minha mulher de verdade. Está na hora de deixarmos claro que você pertence a mim, e a ninguém mais. Não foi culpa minha que você me escolheu - a voz masculina soava baixa e séria -, entretanto é um fato que não pode ser mudado. Guarde bem o que vou lhe dizer: costumo sempre manter o que é meu.


Não foi difícil entender a ameaça implícita. Alfonso ma­taria qualquer homem que tentasse tomar o seu lugar, e talvez a ela também. Ele tinha poder para tal. Mesmo agora, se quisesse matá-la, não havia nada que pudesse fazer para impedi-lo.


Ainda assim estava longe de sentir-se apavorada por­que nunca desejara outro, a não ser o marido. Seu desejo era tão grande que sentia-se amolecida por dentro. - O que havia naquele homem que a afetava tanto? Seria a voz profunda, a força física, o mistério que o cercava? As lendas que corriam o reino de norte a sul? As próprias sombras o que a atraíam tanto?


De repente o mundo pareceu cessar de existir. Res­tavam apenas ela e Alfonso, juntos, no meio da total es­curidão. Exceto o calor do corpo masculino ao lado do seu, pulsando de promessas, tudo o mais perdera o significado.


Os planos de anular o casamento se dissolveram no ar como fumaça. Não tinha importância. Eram uma grande tolice mesmo. Descobria-se agora ansiando por coisas que jamais pensara desejar. Coisas que lhe pa­reciam extremamente sedutoras... e estavam dentro de seu alcance.


Bastava estender as mãos.


E foi o que ela fez.


Inspirando fundo, Maite roçou o rosto no braço do marido, numa carícia leve e suave. Queria dizer alguma coisa, embora não soubesse bem o quê. Mas a vontade de falar desapareceu ao sentir os dedos dele tocarem-na nos olhos, no nariz, nos lábios, numa exploração gentil e delicada. Uma sensação inebriante começou a se espa­lhar em suas veias, arrastando-a num turbilhão delicioso.


Num movimento súbito, Alfonso atirou os lençóis que os cobriam para o chão, levando-a a imaginar se a dor sobre a qual Edith lhe falara era iminente. No mesmo instante ficou tensa, aguardando o pior. Porém em vez de assustá-la, Herrera simplesmente tomou alguns fios pretos entre os dedos e alisou-os devagar.


- Cabelos lindos, perfumados... - ele sussurrou antes de deixar a mecha cair sobre os seios nus da mulher, fazendo-a estremecer.


Então Alfonso a beijou com uma ternura tão grande que Maite só conseguia desejar mais e mais. Hesitante, to­cou-o no rosto com as pontas dos dedos. A pele macia mostrava ligeira aspereza na região dos maxilares. O marido devia ter feito a barba recentemente, pensou en­treabrindo os lábios. Logo depois perdia a capacidade de raciocinar com clareza. Ao sentir a língua ávida explorar o interior da sua boca, Maite gemeu alto, maravilhada com as sensações que a percorriam de alto a baixo. Percebendo a intensidade da resposta feminina, Alfonso aumentou a pressão do beijo, suas línguas se contor­cendo uma de encontro a outra num frenesi desespe­rado. Isadora tinha a impressão de estar à beira de um desmaio.


Sem que conseguisse evitar o impulso, deslizou as mãos sobre os ombros largos, apreciando a firmeza dos mús­culos bem torneados. Ele era quente e agradável ao toque. Excitada, continuou a acariciá-lo nas costas e nos ombros, apreciando cada centímetro daquele corpo atlético e viril.


De repente, como se fosse a coisa mais natural do mundo, Alfonso pousou a mão sobre um de seus seios. Sur­presa com o gesto, Maite deixou escapar um ruído de intenso prazer.


- Você é linda - ele murmurou carinhoso. - Peque­na, mas de formas perfeitas. - Enquanto falava, Herrera esfregava os mamilos rosados com habilidade, quase fazendo-a perder a cabeça.


Ele a beijou na boca outra vez. Foi um beijo ardente, profundo e breve. Ao senti-lo se afastar, Maite experi­mentou um vazio terrível, um vazio que durou apenas alguns segundos, até os lábios masculinos se fecharem ao redor de seu mamilo intumescido.


Imediatamente ela arqueou as costas, entregando-se à carícia num abandono total. Reagindo de maneira ins­tintiva, puxou-o pelos cabelos, ansiosa para estreitar o contato. Alfonso correspondeu, sugando ainda com mais for­ça e segurando-a pelas nádegas com firmeza.


Depois, bem devagar, deslizou os lábios sobre o estô­mago aveludado e ao redor do umbigo da esposa, aspi­rando o perfume daquele corpo sedutor.


- Abra suas pernas para mim - pediu num tom rouco e sensual.


Sem vacilar um segundo, Maite fez o que lhe foi pedido, embora um início de pânico começasse a domi­ná-la. Será que o marido era mesmo feiticeiro? Será que estava presa de um encantamento e por isso o obedecia sem oferecer qualquer resistência? Mal se reconhecia na­quela mulher impetuosa e desenvolta.


- Alfonso - ela sussurrou, a voz carregada de paixão. - Por acaso você... me enfeitiçou?


Por um instante ele ficou tenso e pareceu fitá-la fixa­mente dentro da escuridão, como se pudesse desvendar-­lhe a alma.


- Não lancei nenhum feitiço sobre você, esposa, a não ser aquele que é tão antigo e eterno como o tempo... a atração entre um homem e uma mulher. Não tenho ne­cessidade de encantamentos ou bruxarias para mim ou para você... Porque nós faremos nossa própria mágica esta noite.


Maite sentiu os lábios firmes tocarem-na na parte interna das coxas antes de procurarem... o ponto escon­dido da sua feminilidade. Maravilhada, ela suspirou fun­do, até que os suspiros foram se transformando em ge­midos de prazer. Gemidos descontrolados e ofegantes.


Simplesmente não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Pela primeira vez sentia-se grata pela com­pleta escuridão. Assim poupava-se o embaraço de ver a si mesma com os joelhos flexionados e as pernas abertas... enquanto o Cavaleiro Vermelho a beijava daquela, ma­neira íntima e ousada com sofreguidão. O impressionante é que não sentia a menor vergonha, apenas desejava mais. Mais...


Só foi perceber que falara alto quando o marido res­pondeu.


- Mais? Sim, Maite, você terá muito mais – ele sussurrou, movendo-se sobre ela cuidadosamente. - Des­de o momento em que nos casamos, mal tenho conseguido pensar em outra coisa a não ser em possuí-la, esposa.


Herrera falava com dificuldade, a respiração ace­lerada, o corpo sob rigoroso controle.


- Por acaso você tem idéia de como as nossas refeições juntos eram um verdadeiro tormento para mim? Sim, eu precisava comer, mas minha fome não podia ser saciada com alimentos. Meu apetite era outro... - Alfonso alojou a cabeça do pê/nis na entrada úmida e escorregadia, aguardando o momento de penetrá-la. - Sabia que toda noite, quando nos sentávamos à mesa, eu só queria jogar tudo para o lado e carregá-la direto para a cama, ou possuí-la no chão mesmo, diante do fogo?


Ao ouvir aquelas palavras, vibrantes de paixão, sen­tiu-se excitada além do suportável. Tudo no mundo dei­xara de importar, a não ser a ponta rígida do membro masculino roçando a parte mais sensível de seu ser, como se implorando para ser recebida.


- Quero me enterrar dentro do seu corpo...


Porém Maite já quase não podia ouvi-lo. Louca de desejo, cravou as unhas nas costas largas e ergueu os quadris, procurando alívio para o ardor que queimava suas entranhas como ferro em brasa.


Perdida num emaranhado de sensações poderosas e desconhecidas, mal percebeu quando o marido começou a penetrá-la.


- Posso sentir o seu prazer - Alfonso murmurou num tom tenso e sensual, arrepiando-a da cabeça aos pés. ­- Posso sentir sua barreira também, e saber que, de fato, ninguém nunca a tocou, minha esposa. Saiba agora que você é minha, apenas minha - ele completou com uma pontada de triunfo. ­


Então Herrera se enterrou dentro da esposa numa investida única e profunda, deixando a quentura macia absorver o impacto da masculinidade intumescida. Maite cerrou os dentes, tentando conter um grito de dor enquanto, numa reação instintiva, procurava se afas­tar do marido para aliviar a ardência e o desconforto entre as pernas. Porém Alfonso a segurou pelos quadris com firmeza, impedindo-a de mover-se. Lentamente, re­petiu as investidas num ritmo crescente, rápido e impe­tuoso, até que, gemendo alto de prazer, derramou a se­mente da vida até a última gota.


Por um momento Maite conseguiu apenas prestar atenção à dor, mas depois outros detalhes ganharam im­portância. O peso de Alfonso, surpreendentemente recon­fortante sobre o seu próprio corpo; a camada fina de suor que cobria os braços e as costas musculosas; mechas dos cabelos dele roçando a sua têmpora, a respiração baixa, ofegante, e estranhamente vulnerável do Cavaleiro Ver­melho. Estar deitada e abraçada ao marido lhe desper­tavam sentimentos que iam além da dor e do prazer... Sentimentos que não conseguia definir e que a emocio­navam de uma maneira misteriosa e intensa.


Tomando o rosto de Alfonso entre as mãos, ela o acariciou na testa, nos olhos, no pescoço. Então começou a beijá-lo com delicadeza no queixo e ao redor da boca até que os lábios de ambos se encontraram, suavemente a princípio, depois cheios de sofreguidão. Surpresa, Maite sentiu uma pressão insistente dentro de si e percebeu que o pênis estava de novo ereto.


Desta vez não houve necessidade de palavras. Prote­gidas pela escuridão, mãos e bocas se procuravam com avidez, explorando músculos firmes e curvas macias, as­pirando suor e aromas secretos. Maite ergueu as pernas e cruzou-as ao redor da cintura de Herrera, para que nada ficasse entre os dois a não ser essa coisa in­tangível e indescritível, capaz de ir além do prazer obtido por seus corpos. Essa coisa que os envolvia como um manto vivo e protetor, capaz de fazê-los experimentar o gosto da eternidade.


Se Maite soubesse distinguir a verdade, teria cha­mado isso de amor.


Ao acordar, sua primeira reação foi de que tivera um sonho confuso e perturbador. Ela estremeceu, sentindo um frio repentino apesar dos lençóis que a cobriam. Então inspirou o perfume do quarto, impregnado de odores sen­suais, e se deu conta do ardor entre as pernas. Hesitante, tocou os lábios inchados com a mão trêmula.


- Alfonso? - chamou dentro da escuridão.


Mas não havia nada nem ninguém no meio das som­bras. Apenas uma quietude extrema.


Cautelosa, levantou-se, vestiu um robe e aproximou-se da lareira onde o fogo estava quase extinto. Depois de reavivar as cinzas, sentou-se no sofá, o pensamento voan­do longe, o coração batendo descompassado no peito, o sangue latejando dentro das veias.


Com os olhos fixos no crepitar das chamas, Isadora se deu conta de que já não havia como voltar atrás. A sorte estava lançada. Jamais teria coragem de requerer a anulação do casamento porque não tinha a menor von­tade de separar-se do marido. No começo Alfonso a atraíra de uma maneira misteriosa, porém agora, as coisas ha­viam tomado um rumo inesperado e ele ganhara uma dimensão muito maior.


O modo como haviam feito amor superara seus mais loucos sonhos. Surpreendia-se consigo mesma por ter sido capaz de expor-se com tanta sensualidade e ousadia. Ape­sar de um certo embaraço por sua própria falta de pudor, sabia que não vacilaria um segundo antes de repetir o ritual erótico outra vez... e outra vez... até que enfim se sentisse saciada. Também não podia jogar a culpa sobre os ombros do marido, acusando-o de tê-la enfeitiçado. A verdade é que o desejava com uma paixão que beirava ao desatino. Queria que ele ainda estivesse ali, na sua cama, ao alcance das suas mãos. Então o beijaria nos lábios e tocaria cada centímetro do corpo forte e viril de guerreiro até...


O corpo de Alfonso! Maite inspirou fundo ao pensar que seu marido era fisicamente perfeito. Não percebera qualquer desfiguração que pudesse justificar aquela preferência pelas sombras. Ao acariciá-lo no rosto com as pontas dos dedos também não descobrira sinais de ferimentos, queimaduras ou mesmo de pequenas im­perfeições, a não ser uma cicatriz na altura de um dos olhos. Entretanto era uma marca tão minúscula que não levaria nem o mais vaidoso dos homens a se es­conder do mundo. .


Ela estremeceu, sem saber se a conclusão lhe trazia alívio ou desaponto. Se seu marido era perfeito, qual a razão de viver trancado numa escuridão eterna? Não gostava sequer de cogitar as teorias apavorantes de Edith. Devia haver alguma coisa que lhe passara des­percebida, alguma coisa que não conseguira notar no auge da paixão.


E o que pensar de Cecil, o servo, que parecia atravessar paredes como fumaça, movendo-se como um espectro a mando do senhor? Perdida no prazer sensual, acabara se esquecendo de que o criado estivera em dois lugares ao mesmo tempo. Por mais que se esforçasse, não con­seguia encontrar uma explicação lógica para as suas dú­vidas. Oh, Deus, e se o marido fosse um feiticeiro de fato? Talvez os sentimentos estranhos que a abalavam não passassem do resultado de algum tipo de bruxaria. Talvez não fosse dona de si mesma nem responsável por suas ações.


A lembrança da visita de Alfonso ao seu quarto continuou assombrando-a durante todo o dia, certos detalhes pi­cantes fazendo-a enrubescer nos momentos mais inespe­rados. Ainda bem que não vira Alan ou acharia difícil encará-lo porque a mudança que lhe ocorrera devia estar estampada na sua face. Também não ficara surpresa quando Cecil a informara de que o cavaleiro partira de manhã cedo; Alfonso encontrara uma maneira de deixar claro seu ciúme e tomara uma atitude concreta para cor­tar o mal pela raiz. Entretanto não achava certo que o marido punisse o vassalo sem motivo e pretendia dizer­ lhe isso assim que se encontrassem.


O aparecimento do servo acabou por lhe desviar a aten­ção para problemas mais imediatos.


- Por acaso você retirou as velas do meu quarto ontem à noite?


O homem não hesitou um segundo antes de responder.


- Sim, minha lady. Estava cumprindo ordens de meu lorde.


- Mas... - Maite passou a língua rapidamente pelos lábios ressecados, uma sensação angustiante no peito.


- Pode ir agora - murmurou, esforçando-se para manter as emoções sob controle. Cecil fez um breve aceno com a cabeça e afastou-se depressa.


Atormentada, não conseguia evitar as suspeitas que cercavam seu marido. Porém, bastava se lembrar do que acontecera na noite anterior para todas as preocupações perderem a importância e se dissolverem ao sabor do vento. A verdade é que seu corpo latejava de desejo, an­siava pelas carícias de Alfonso, apesar do medo... apesar de tudo.


Impaciente, colocou uma capa pesada e saiu do castelo.


Precisava respirar um pouco de ar puro. Quem sabe assim não conseguiria colocar os pensamentos em ordem? Mas apesar de seu empenho, continuou confusa. Seus olhos, como se tivessem vontade própria, procuravam sempre a torre onde o Cavaleiro Vermelho permanecia envolto pela escuridão absoluta. Fosse por feitiçaria ou por um outro motivo qualquer, desejava o marido desesperadamente.


Contudo, Herrera não requisitou sua presença na hora do almoço e ela comeu no salão principal, na companhia de Edith. Só esperava que a velha criada não percebesse seu estado de confusão interior e nem como seu corpo de mulher ganhara novos contornos. Porém o que a Incomodava de fato era que seu marido ainda não a procurara depois do que haviam partilhado juntos.


Então lembrou-se do que ele dissera, sobre como as refeições a dois acabavam transformando-se num terrível suplício. É, talvez fosse melhor não se verem durante algum tempo. O problema é que não podia evitar o desejo insistente que dava a impressão de vi-la-á pelo avesso. Ainda bem que Edith estava ocupada demais para notar o rubor de seu rosto e a sua crescente inquietude.


- E quem lhe deu permissão para jantar na minha companhia? - a criada perguntou a um homem baixo e atarracado, sentado do outro lado da mesa.


Apesar do tom pouco amigável, o soldado sorriu, as feições simpáticas demonstrando um enorme bom humor. Seria ótimo se Edith pudesse assimilar aquele estado de espírito, Maite pensou suspirando. Quem sabe assim não poria um fim nas histórias irritantes envolvendo fei­tiços e bruxos.


- Alan Clinton me deu permissão, senhora. Também me mandou ficar ao seu lado dia e noite. É o que estou fazendo. Obedecendo ordens de meu superior.


Então tratava-se do famoso Willie, o guarda-costas que o vassalo designara para acompanhar Edith as vinte quatro horas do dia. O problema é que os dois pareciam tão diferentes quanto a água do vinho. Como poderiam se entender?


- Oh, é mesmo? - a serva indagou irônica. – É melhor ter cuidado com as palavras e com a maneira como se dirige a mim, meu senhor, ou será posto desta porta para fora, esteja certo. Não sou de brincadeira.


- Não me venha com essa história, quando você sabe perfeitamente o quanto sentiria minha falta, em especial durante as longas noites frias de inverno...


Maite ficou atenta, certa de que Edith passaria um sermão furioso no atrevido. Porém a resposta da criada não passou de um resmungo pouco entusiasmado.


- Como se você pudesse me proteger. Quase sequer tem carne sobre esses velhos ossos.


Willie recostou-se na cadeira, sorrindo de uma orelha à outra e parecendo muito à vontade com o desenrolar do diálogo.


- É, mas tenho carne suficiente onde interessa, não é, Edithzinha?


- Não vou ficar aqui parada, ouvindo essa conversa indecente. Especialmente na presença da minha lady.


Maite retribuiu o sorriso do soldado. Os cabelos bran­cos do homem deixavam claro que ele já havia passado da idade de se preocupar com o efeito que suas palavras pudessem ter sobre terceiros.


- Minha lady tem o jeito de uma mulher bem amada - respondeu Willie. - O que não é de se estranhar, considerando o tamanho do marido. Não creio que ela ficará ofendida com a troca de algumas palavras entre você e eu. - Enquanto Maite tentava não corar ao ouvir o comentário, a criada levantou-se decidida. - Es­pere, ainda não terminei minha refeição - Willie pro­testou.


- Você tanto pode ir como ficar, porque não me im­porto a mínima.


Terminando de engolir um bocado generoso de comida e agarrando um pedaço de pão com as mãos, o soldado saiu quase correndo atrás de Edith, como um cachorrinho seguindo o dono.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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