Fanfics Brasil - Capítulo 21 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 21

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Quando Maite acordou, horas depois, Alfonso há havia se retirado e ela ficou se perguntando o que fora sonho ou realidade. Lembrava-se ter ido visitar a viúva Nebbs com a vaga esperança de quebrar o encantamento que a ligava ao marido, mas não se lembrava de pedir ajuda à curandeira. Contudo, a velha realmente lhe dera uma mistura de ervas e acabara tomando a infusão, porque logo depois caíra doente. A poção fora capaz de fazê-la eliminar tudo o que havia em seu corpo, exceto os sentimentos por Herrera.


Portanto tais sentimentos iriam permanecer em seu coração pois não eram produto de magia ou encantamento. Enfim Maite compreendeu que este fascínio tinha causas naturais. As emoções que sentia não podiam ser negadas ou ignoradas. Também não eram uma doença para a qual se busca a cura.


Quer gostasse da idéia ou não, a verdade é que se importava com Alfonso e o melhor era ir se acostumando logo com o fato pois tinha certeza que esses sentimentos ..o iriam crescer ao invés de diminuir. Se ao menos conseguisse ignorar as sombras que o cercavam...


A tarde, Maite já se sentia bem o suficiente para demonstrar impaciência, embora Edith não a deixasse sair da cama.


- Tenho ordens estritas para impedir que você se canse, minha lady.


Apesar do tédio, Maite permaneceu na cama o dia inteiro mas à hora do jantar, tentou levantar-se para ir ao encontro do marido.


- Não, minha lady - Edith falou decidida, empur­rando-a de volta para os travesseiros. - Cecil me disse para impedi-la de colocar os pés fora deste quarto hoje porque seu marido quer que você se cuide bem. – Seria essa mulher, que agora demonstrava aprovação por uma atitude do Cavaleiro Vermelho, a mesma que o temia tanto na chegada a Dunrnurrow? - Vamos, minha lady, beba isso. Glenna lhe preparou uma sopa especial, bem leve por causa de seu estômago.


Irritada, Maite começou a tomar a sopa. Claro que Alfonso não iria querer a sua companhia. Com certeza ainda devia estar zangado. Será que ele descobrira, através de Glenna ou da própria viúva Nebbs, o verdadeiro objetivo da poção?


Oh, Deus, só esperava que agora, depois de tê-lo aceito com todo o coração, que ele não lhe desse as costas.


- Quero meu marido. Quero vê-lo agora. – Maite entregou o prato vazio à criada, sabendo que choramin­gava como uma criança. Mas não tinha importância. Pre­cisava do conforto que apenas o Cavaleiro Vermelho era capaz de lhe dar.


- E você o verá, minha lady. Vou pedir a Cecil que lhe transmita o recado. Posso me retirar agora, ou você vai querer algo mais?


Maite balançou a cabeça e dispensou a serva, não sem antes recomendá-la para ir atrás de Cecil logo. Na verdade, se Edith fosse mais corajosa, a mandaria dar o recado ao Cavaleiro Vermelho pessoalmente.


- Edith! Por favor... apague todas as velas. E feche as cortinas da minha cama antes de sair.


Sozinha outra vez, ela sorriu ao pensar no engano da criada. Não precisava das sombras para repousar e sim para aguardar o marido.


Não foi necessário esperar muito. Uma leve corrente de ar, O ruído das cortinas sendo abertas e logo uma presença grande e sólida dominava a escuridão. Ao es­tender a mão para tocá-lo, Maite se surpreendeu ao perceber que Alfonso usava uma espécie de robe, quando na verdade preferia sabê-lo nu.


- Você mandou me chamar, esposa? -A voz profunda soava séria como sempre.


- Sim. - Será que fora apenas imaginação sua, ou ele a confortara ao amanhecer, abraçando-a ternamente? aquelas mudanças repentinas de humor a deixavam confusa, sem saber o que pensar. Porém sentia-se incapaz de experimentar qualquer sentimento de raiva em relação do marido. Não depois de se dar conta do quanto aquele homem era importante na sua vida.


Entretanto saber que seus sentimentos por Alfonso não podiam ser mudados em nada diminuía o impacto das emoções recém-descobertas. Era doloroso demais desejar alguém com tamanho desespero. Não podia se culpar por ter tentado se proteger da força incontrolável das emo­ções. Mas sempre fora uma mulher corajosa e estava disposta a enfrentar a situação. Embora não pudesse al­terar o desejo, conhecia uma maneira de amenizá-lo.


- Será que foi imaginação minha, marido, ou hoje de manhã você me prometeu filhos?


Seguindo um impulso ousado, Maite deslizou a mão para dentro do robe de Alfonso. - Lembro-me perfeita­mente de você haver prometido plantar sua semente den­tro de mim... bem fundo dentro de mim.


Mesmo notando que o membro masculino já estava ereto, ela continuou acariciando-o devagar, de uma ma­neira sensual e provocante.. Herrera permaneceu imóvel durante alguns segundos, pego de surpresa pela atitude da esposa. Então tomou-a nos braços e manteve a palavra empenhada.


Para seu alívio, ele não falou uma palavra sobre o mal que a acometera, porém fez questão de amá-la com uma delicadeza especial. Ao acordar, na manhã seguinte, Isadora não foi capaz de reprimir o desaponto ao se descobrir sozinha. Contudo melhor assim do que ser convidada a se retirar do quarto.


Desse modo ficou estabelecida uma rotina. Durante dia ela dirigia o castelo, ao anoitecer jantava nos aposentos principais e na calada da noite, fazia amor com o marido. Maite dizia-se que era mais do que suficiente que sua estranha experiência com a viúva Nebbs afastara quaisquer pensamentos ligados à feitiçaria. Porém con­tinuava se perguntando por que motivo Alfonso se mantinha nas sombras e porque nunca ficava ao seu lado até ao amanhecer. E como dizem, o fruto proibido é sempre o mais desejado...


Por algum tempo manteve-se satisfeita. Os prepara­tivos para o Natal a ocupavam bastante, evitando que pensasse nos mistérios que cercavam o marido. Ou pelo menos adiando o momento de tomar uma atitude concreta.


Depois de decidir o cardápio do dia com Glenna, ela voltou para o salão e sentou-se à mesa com a intenção de escrever uma carta para seu administrador em Belvry. Porém logo sua concentração foi interrompida pela che­gada de Edith, com Willie a tiracolo. A criada derretia-se em sorrisos enquanto o soldado não dava a impressão de estar muito satisfeito.


- Calma, mulher - ele resmungou ajeitando a espada na bainha. - Eu lhe disse que ainda não estava pronto para descer. Que idéia é essa de sair correndo sem a companhia de seu guarda pessoal?


- Tenho trabalho para fazer, William Gallway, e não posso me dar ao luxo de passar a manhã inteira na cama, como certos soldados que conheço.


- Por acaso você está me chamando de preguiçoso, mulher? - O sorriso brincalhão tirava a aspereza das palavras.


- Se a carapuça lhe serve, pode vesti-la.


Maite fitava a serva fascinada. Quando chegaram a Dunmurrow, a criada agia como quem estivesse partici­pando de um eterno funeral, mas agora, de uns dias para cá, voltara a agir de maneira natural e relaxada. Aliás, Edith realmente mudara. Remoçara, seria a pala­vra mais adequada. Será que o relacionamento com o guarda-costas havia ido além de um flerte?


Quando a criada não aparecera em seu quarto de manhãzinha, para ajudá-la a vestir-se, sequer se preo­cupara, porque estava com os pensamentos ocupados com outras coisas. Contudo agora, tentava imaginar o que atrasara Edith...


- Calma lá, Edithzinha - Willie ordenou num tom sério, - Acho que já está na hora de você aprender quem é seu senhor.


- Verdade?


- Sim. Agora sente-se e escute o que vou lhe dizer. Já fazem muitos anos desde que um de nós foi casado e talvez tenhamos que refrescar a memória para nos lembrarmos como é que um homem e uma mulher se relacionam.


- Pois me parece que você se lembra bastante de algumas partes.


- Bem, ah, sim - ele admitiu. - Contudo tem certas coisas que você parece ter se esquecido, como por exemplo, que uma mulher deve sempre obedecer ao seu homem. Sei que você tem vivido sozinha e acabou se acostumando a agir de acordo com a própria cabeça, porém espero que a partir de agora passe a me obedecer, porque é esse o jeito natural das coisas.


Curiosa, Maite tentou enxergar o rosto da criada, que conversava a distância com o soldado.


- Então você quer que eu o obedeça em tudo? ­


Edith indagou muito calma.


- Sim. - Apesar da afirmativa, Willie não parecia tão positivo quanto antes.


- Está bem.


Maite quase caiu da cadeira ao ouvir a resposta da criada. Afinal esperara uma cena.


Willie, que estava andando de um lado para o outro.


- Ótimo, assim é que se fala. Fico feliz que você seja capaz de agir com bom senso.


- Se o assunto está resolvido, tenho alguns trabalho de costura a fazer para a minha lady. - A serva levantou-se e caminhou na direção de Maite.


- Vou consertar as roupas agora - Edith falou em alto e bom som para logo depois diminuir o tom da voz, uma expressão conspiratória no rosto simpático. - Dei­xe-os sempre pensar que estão no comando e faça o que você bem entender.


Com uma piscadela, Edith saiu e Willie a acompanhou como um cachorrinho treinado... e feliz.


Por um momento Maite experimentou uma pontada de inveja da relação entre o soldado e a serva. Os dois não eram obrigados a se encontrar somente durante a noite, como amantes secretos, e podiam estar juntos a qualquer hora do dia, deixando aparente a afeição que os unia. Queria tanto que seu casamento com Herrera pudesse ser assim... Irritada com o rumo dos pen­samentos, imediatamente censurou-os.


Na verdade podia-se considerar uma mulher de sorte. Depois de ter se casado com um homem de quem ouvira falar horrores, acabara encontrando alguém que a dei­xava administrar a vida dentro do castelo, além de ser um parceiro maravilhoso na cama. Por que se sentir in­feliz quando recebera esses presentes inesperados?


Talvez fosse melhor ignorar a escuridão que a cercava e a curiosidade que lhe pesava sobre os ombros como um fardo. Embora procurasse manter a atenção fixa na carta que pretendia escrever, as palavras insistiam em lhe faltar. Só conseguia pensar no marido, sozinho, nos aposentos enormes e sombrios.


O que será que ele fazia o dia inteiro? Será que sentia falta de caçar e treinar seus homens? Claro que Alfonso devia ter se dedicado a esse tipo de coisa até algum tempo atrás ou não teria participado de tantas batalhas ao lado do rei. O que o levara a uma vida tão solitária? Talvez um interesse real pela magia negra? Eram muitas as perguntas sem respostas. Sempre fora capaz de solucio­nar os problemas do dia-a-dia, ainda que envolvessem quantos sérios ligados à administração do castelo, abor­dando-os de maneira lógica. Entretanto o comportamento bizarro do Cavaleiro Vermelho parecia desafiar a razão.


Cada vez que tentava descobrir algum detalhe envol­vendo-o, sentia-se bloqueada. Cecil nunca dizia nada, Alan mantinha a boca fechada e Alfonso subia pelas paredes sempre que procurava tocar no assunto de seu exílio vo­luntário. E se havia algo que a chateava mais do que as sombras eram exatamente as explosões do marido. Não tinha a menor vontade de atrair aquela ira para si mesma.


Foi a passagem de Cecil pelo corredor que a trouxe de volta à realidade, fazendo-a perceber que o papel de carta continuava em branco. Suspirando, forçou-se a es­crever rapidamente e ao terminar reparou que o outro Cecil passava correndo na direção do celeiro. Se os dois irmãos haviam se ausentado, quem então estaria a pos­tos, guardando a toca do Cavaleiro Vermelho? Ninguém. De repente Maite experimentou um impulso incontro­lável de dar uma olhada.


Sem parar para pensar ou considerar o peso dos atos, subiu as escadas que conduziam aos aposentos de Alfonso, uma sensação de estar desafiando o proibido dominando-a a cada passo. Exceto os Cecils, não havia uma única pessoa no castelo que pudesse entrar nos domínios par­ticulares do lorde de Dunmurrow. Os gêmeos se encarregavam da limpeza e de atender qualquer ordem, reve­zando-se na tarefa quase as vinte e quatro horas do dia.


Na sua opinião, não havia muita necessidade de tanta segurança. Afinal quem ousaria se aproximar do antro do Cavaleiro Vermelho? Mesmo os que obtinham permis­são pareciam relutantes em aceitar o convite.


E entrar sem permissão era exatamente o. que ela pre­tendia fazer.


Apesar do bom senso a aconselhar do contrário, não conseguia conter a curiosidade. Ali estava uma oportu­nidade de descobrir mais sobre o marido, observando os aposentos à luz do dia. Será que ele estava lá? Será que acenderia velas quando sozinho, para aliviar o peso das sombras? Talvez conseguisse enxergá-lo, se a penumbra não fosse muito espessa. Agora, se o quarto estivesse vazio, poderia procurar sinais capazes de revelar detalhes sobre a personalidade do Cavaleiro Vermelho.


Ao chegar junto aos aposentos, seu coração batia tanto no peito que dava a impressão de querer saltar pela boca. Sem hesitar um segundo, abriu a porta e entrou. Porém, para seu desaponto, nenhuma revelação lhe foi feita.


Como de costume, as sombras dominavam cada canto e apenas o fogo da lareira quebrava a escuridão. total. O crepitar das chamas. era o único ruído audível. De repente alguma coisa esbarrou em seus pés. Os cães! Como pudera esquecê-los?


- Maite? - Ela quase desmaiou ao ouvir a voz do marido, saída da escuridão como uma ameaça. - O que foi, minha esposa?


Embora tentasse julgar o humor de Alfonso baseando-se no tom da voz, nada conseguiu. Seu nervosismo era ta­manho que a impedia de raciocinar com clareza. Será que ele estava muito irritado pela invasão inesperada?


- Será que posso incomodá-lo durante alguns segun­dos? - Maite perguntou embaraçada, o corpo inteiro tremendo. - Escrevi uma carta para meu administrador, em Belvry... e gostaria de ler para a sua aprovação.


- Onde está Cecil?


- Eu o vi saindo antes de vir para cá. - Ela achou melhor não explicar por que entrara daquela maneira precipitada, sem ao menos bater na porta. - Mas se você estiver muito ocupado...


- Não. Sente-se, por favor. - O tom seco de Herrera deixava claro que ele sabia muito bem que a tal carta não passava de uma desculpa. - Leia para mim.


Sentada junto ao fogo, Maite fez o que lhe foi pedido, satisfeita por ter sido capaz de manter a voz calma e controlada. Agora precisava apenas aguardar o parecer do marido.


Embora se importasse com Alfonso mais do que um dia julgara possível se importar com quem quer que fosse, o poder que dele emanava ainda a intimidava e como uma criança pega em flagrante, tinha consciência de que tentara colher o fruto proibido entrando ali sem ser con­vidada. Será que seria repreendida?


- A carta está muito bem escrita. - O comentário lhe trouxe um alívio indescritível. - Acho que deve man­dá-la sem demora. Você sentiu minha falta, esposa?


A pergunta pegou-a de surpresa por causa da mudança repentina de assunto.


- Sim. - E era a pura verdade. Sentia falta da pre­sença do marido e procurava se consolar daquela ausência dedicando-se a atividades variadas.


- Então venha cá.


Surpresa e feliz, Maite caminhou na direção da voz, ignorando os cachorros e a escuridão. Logo braços fortes a enlaçavam.


- Você é uma mulher ardente que não parece capaz de se manter longe do marido.


- É uma triste verdade. - Ela suspirou e recostou a cabeça no peito largo, sentindo os lábios quentes roça­rem seus cabelos de leve.


- Talvez seja triste para você, mas é um prazer para mim.


Ela o abraçou com o desespero de quem se agarra à própria vida.


- Não. É uma alegria para mim.


- Maite...


A palavra ficou parada no ar, como um gemido, uma súplica, uma prece. Então os lábios de ambos se encontraram com avidez, numa fome que não podia ser saciada.


Os mistérios que envolviam o Cavaleiro Vermelho foram momentaneamente esquecidos, a magia que os atraía um para o outro envolvendo-os numa teia de sedução e encantamento. Isadora esqueceu-se dos afazeres e passou a manhã inteira na cama do marido.


À medida que o dia de Natal se aproximava, Edith tornava-se mais e mais ansiosa para ajudar. De fato a mudança que ocorrera na criada desde a chegada a Dun­murrow era impressionante. Inúmeras vezes a surpreen­dera cantarolando feliz enquanto trabalhava e hoje não era exceção.


- Creio que vamos ter uma quantidade suficiente de bolos, minha lady, mas acho que deveríamos assar mais pães para os aldeões levarem para casa.


- Então na sua opinião pães extras atrairão o povo ao castelo?


- Sim, minha lady. Será bom para as pessoas ter um dia de fartura e celebração.


A opinião de Edith sobre a celebração de Natal era tão diferente de algumas semanas atrás que Maite não resistiu à vontade de provocá-la.


- Mesmo se o Cavaleiro Vermelho decidir se juntar a eles?


- Bem, você deve compreender que eu ainda não posso aprová-lo, porém Willie está sempre dizendo que se trata de um homem bom. Assim resolvi reservar meu julga­mento final.


Por um instante Maite sentiu-se irritada porque a serva parecia acreditar mais na palavra de Willie do que na sua própria. Depois concluiu que talvez a culpa fosse mesmo sua porque não defendera o marido com a vee­mência necessária. Claro que refutara os rumores que o cercavam, mas será que dissera a Edith que seu marido era gentil, delicado e... ardente?


- Claro que ele é um homem bom.


- Provavelmente deve ser mesmo, já que Willie o tem em tão alta conta. Mas devo admitir que ainda tenho minhas dúvidas. - A conversa foi interrompida pela che­gada do próprio Willie saído da cozinha com um copo de cerveja nas mãos.


- Edithzinha, Glenna está precisando de você na co­zinha - ele anunciou, mastigando alguma guloseima.


- E posso saber o que o senhor estava fazendo lá? - a serva indagou com um dedo em riste. - Com certeza se empanturrando de bolos e doces que estão sendo pre­parados para a ceia de Natal.


O soldado sorriu sem um pingo de remorso, os farelos ao redor dos lábios denunciando o que andara lambis­cando. Edith marchou para fora do salão, resmungando alto sobre velhos que se comportam como crianças.


A sós com o soldado, de repente Maite o fitou como se o visse pela primeira vez. Ali estava alguém que de fato conhecia o seu marido.


De acordo com a conversa da criada, Willie admirava e respeitava o Cavaleiro Vermelho, portanto devia co­nhecê-lo bem. Provavelmente o homem estava a serviço do barão há tempos e quem sabe não poderia responder algumas das perguntas que a assombravam?


Com o coração aos pulos de ansiedade, sentou-se junto de Willie embora mantivesse os olhos voltados para a porta da cozinha, caso Edith aparecesse. Queria que essa conversa fosse em particular.


- Willie - ela começou cautelosa -, você está a ser­viço do Cavaleiro Vermelho há muitos anos, não é?


- Isso mesmo, minha lady - o soldado respondeu antes de tomar um longo gole de cerveja.


Ela aguardou, certa de que outros comentários seriam feitos. Porém Willie permaneceu calado, o olhar fixo no fogo que crepitava na lareira. Pelo visto, ele só era falante quando estava de bom humor ou quando o assunto o interessava.


- Há quanto tempo? - Maite insistiu, não querer se dar por vencida.


- Oh, há anos, minha lady.


E como é a aparência dele?, ela ansiava perguntar porém o pudor a impedia. Como teria coragem de admitir para o soldado que jamais pusera os olhos sobre a figura do marido?


- Aqueles que, como eu, se juntam ao Cavaleiro Vermelho em geral permanecem no posto porque o barão um homem justo e um grande guerreiro.


Mas como é a aparência dele? Nunca se sentira tão perto e tão longe de descobrir a verdade sobre Alfonso.


- Imagino que só a alta estatura. de meu marido já impunha medo aos seus inimigos.


- Sim. Ele é um homem grande.


E...? Por um instante ela pensou em pegar uma faca e ameaçar o soldado para obrigá-la a lhe dar as informações que procurava. Qual seria a cor dos cabelos de! Herrera? Dos olhos? Como seria o rosto? Desfigurado, talvez? .


- Meu marido... assusta os inimigos?


- Bem, claro que sim. Especialmente depois que o barão recebeu o título de Cavaleiro Vermelho, dado pelo próprio rei Edward. Foi assim que todas aquelas histórias absurdas começaram a ser contadas. - Willie deu de ombros, demonstrando todo o seu desgosto com os rumo­res estranhos que cercavam o senhor de Dunmurrow.


Então Willie também não acreditava naquelas boba­gens envolvendo feitiçaria, Maite concluiu. Entretanto o soldado admitia que a mera presença de Alfonso atemo­rizava os inimigos. Inspirando fundo, Maite tentou as­similar a revelação. Só havia uma conclusão lógica. Herrera devia ter nascido com alguma deformidade, ou então ficara terrivelmente desfigurado por ferimentos so­fridos durante uma batalha. Entretanto essa possível de­formidade não pudera ser detectada quando o tocara com as pontas dos dedos.


- Willie - Herrera indagou muito séria -, por que de já não treina pessoalmente os próprios homens?


O soldado ficou em silêncio vários segundos, os olhos fixos no copo de cerveja.


- Não sei dizer com certeza. Nós todos, que estamos sob as ordens do Cavaleiro Vermelho, achávamos que depois de ter recebido Dunmurrow como prêmio pelos serviços prestados ao rei, ele merecia um descanso. Pre­sumo que seja isto o que o Cavaleiro Vermelho esteja fazendo. Descansando.


Um descanso? Herrera mal podia acreditar no que aca­bara de ouvir. Aquela era o tipo de resposta que em nada explicava os mistérios incontáveis que cercavam Alfonso Herrera.


- Mas ele nunca sai do quarto!


- É mesmo? - O tom desinteressado do soldado dei­xava claro como o comportamento do Cavaleiro Vermelho não lhe causava a menor estranheza. - Nada sei sobre os hábitos do barão, minha lady. Agora, se me der licença, vou à procura de Edith. Afinal fui encarregado de pro­tegê-la, não é?


Maite permaneceu onde estava, certa de que por mais que tentasse Willie não revelaria coisa alguma. Alfonso soubera escolher bem os homens que o cercavam e ne­nhum deles quebraria o voto de fidelidade.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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