Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni
Cansada de se ver às voltas com tantas perguntas sem respostas, resolveu dedicar-se às tarefas do dia. Pegando o copo de cerveja que o soldado esquecera sobre a mesa, começou a caminhar na direção da cozinha. De súbito, olhando para o resto do líquido escuro e opaco, lembrou-se da poção que a viúva Nebbs lhe dera. Se ao menos existisse uma erva capaz de fazer as pessoas falarem livremente, sem qualquer tipo de censura... Quem sabe assim não encontraria as explicações para as dúvidas que a atormentavam.
A idéia que lhe ocorreu teve a força de um raio. Infelizmente não havia ervas capazes de obrigar alguém a falar a verdade, entretanto existiam muitos outros tipos de ervas, cada qual com poderes especiais e particulares.
Segurando um pacotinho com uma mistura de ervas para fazer dormir, Maite bateu na porta dos aposentos principais e aguardou que o marido a mandasse entrar.
Ainda não era tarde demais para voltar atrás, pensou com um aperto no coração. Bastava guardar o embrulho pequenino num dos bolsos do vestido e pronto, assunto esquecido. Entretanto nunca fora o tipo de desistir depois de tomar uma decisão e agora não seria diferente. Mordendo os lábios nervosamente, entrou.
- Sou eu, Maite, meu lorde.
- Você chegou cedo hoje, esposa. Sua fome é tão grande de assim? - Na verdade, apesar das palavras aparentemente inofensivas, o que Herrera queria sugerir era que ela sentia fome de sexo. Apesar de estar sempre pronta e disposta a receber as atenções do marido, precisava aguardar o momento certo ou seus planos iriam por água abaixo. Queria Alfonso em sua cama sim, só que mais tarde... Não aqui, neste momento.
- Sim, estou faminta! - Maite retrucou achando melhor se fazer de desentendida. Herrera nada respondeu, entretanto o desaponto dele era palpável e emanava em ondas através da escuridão.
Sentada no lugar de costume, ela reparou que a mesa estava vazia. Em geral, ao chegar, já encontrava o jantar servido. Porém hoje fizera questão de aparecer antes de Cecil para facilitar a execução do plano. Determinada a preencher os minutos intermináveis de espera, falou sobre o que fizera o dia inteiro, embora os pensamentos vagassem numa direção bastante diferente.
Finalmente Cecil apareceu trazendo as travessas e depositou-as sobre a mesa, aliás uma tarefa quase impossível por causa das trevas. Oh, Deu,s, e se o servo notasse o que estava para fazer? Não, tarde demais para mudar de idéia. Iria até o fim. Quando Cecil depositou o cálice de Alfonso, ela estendeu a mão, como se fosse ajeitá-lo melhor, e despejou o conteúdo do pacotinho dentro do vinho.
Hoje o Cavaleiro Vermelho dormiria ao seu lado a noite inteira.
O criado foi dispensado e a refeição prosseguiu como de costume. Maite contou a respeito dos preparativos para o natal enquanto lambiscava a comida, o coração batendo descompassado no peito. Será que dera uma dose muito grande de sonífero? Ou será que não fora o suficiente? Alfonso era um homem grande e calcular a tempo necessário para que a droga surtisse efeito era crucial.
Ao ouvi-lo bocejar, Maite levantou-se depressa.
- Venha me ver - falou docemente. - Vou esperá-lo no meu quarto. - Então saiu depressa, tentando conter o nervosismo.
Mesmo já tendo feito amor alternadamente na cama de ambos, Maite sabia, que o marido preferia ir ao seu encontro porque assim podia deixá-la quando quisesse, antes do amanhecer. E sempre na completa escuridão.
Nas trevas ele a abraçava, desvendava cada pedacinho de seu corpo com as mãos e a boca, o membro pulsante penetrando-a fundo, transformando-os numa só carne até que, louca de prazer, ela gritava em êxtase. Entretanto...
Apesar de todas as intimidades que haviam partilhado, sabia que se encontrasse o marido em plena luz do dia não poderia reconhecê-lo...
A situação era intolerável. Não podia aceitar nem compreender aquelas sombras eternas, nem agora, nem nunca. Ela agarrava-se à idéia de que Alfonso era desfigurado de alguma maneira que seu toque não conseguia detectar, porque a alternativa era muito mais aterradora.
Ainda que Edith tivesse parado com os comentários absurdos, tinha consciência dos rumores que envolviam seu marido. Embora estivesse certa que o homem que a levava para cama não era nenhum feiticeiro do mal, uma dúvida constante costumava atormentá-la, principalmente durante as longas horas do dia, quando se encontrava a sós. E era essa dúvida que precisava ser eliminada.
Bem no fundo do coração alimentara a esperança que Alfonso acabaria confiando nela e se revelando inteiro, como fazia com Alan e com os Cecil. Na verdade sentia-se ferida por essa falta de fé, pela barreira existente entre os dois. Talvez, com o tempo, ele abaixaria a guarda. Porém nunca fora uma mulher muito paciente. Estava cansada de esperar.
Hoje a noite veria o rosto e o corpo de seu marido.
Com a cabeça recostada no peito largo de Alfonso, Maite o ouvia respirar enquanto procurava aquietar as batida do próprio coração, temendo acordá-lo. Ele havia feito amor mais lentamente, como se as ervas já estivesse afetando-o. Contudo a paixão fora a mesma, intensa sem medidas. Oh, Deus, será que estava fazendo a coisa certa? Agora que o momento havia chegado sentia-se mais apavorada do que aliviada diante da perspectiva de ver o Cavaleiro Vermelho.
- Alfonso?
Nenhuma resposta.
Mesmo não gostando muito dá idéia de se apressar, precisava agir o quanto antes porque não sabia por quanto tempo as ervas o manteriam dormindo. Chegara a hora de desvendar o segredo do Cavaleiro Vermelho, um homem cuja reputação atravessara todo o reino, o homem de quem se dizia ter parte com o diabo....
Maite sentou-se e abriu as cortinas da cama, pronta para dizer que precisava atender a um chamado da natureza, caso Alfonso acordasse de repente. Procurando não fazer o menor ruído, vestiu um robe e pegou o vestido que deixara sobre a cadeira, em cujo bolso escondera um castiçal e uma vela grossa. Com as mãos trêmulas, foi até a lareira e acendeu a vela. Depois obrigou-se a caminhar até a cama.
Erguendo o braço, iluminou a figura de um homem alto, um cavaleiro de enorme estatura. Então puxou as cobertas para olhar, pela primeira vez, o corpo de seu marido adormecido.
As pernas longas e musculosas, cobertas por uma camada de pêlos claros, a faziam pensar na solidez da rocha. A virilidade, grande mesmo sem estar ereta, descansava sobre os cabelos louros em torno das virilhas. Uma das mãos, de dedos esguios, repousava sobre o estômago firme. Como não percebesse qualquer desfiguração até ali, Maite continuou a examiná-lo.
O peito era forte, a pele dourada, os ombros incrivelmente largos, os braços musculosos. Não havia nada de errado com o corpo de seu marido, Maite pensou estarrecida. Ele parecia um deus atlético, esculpido à perfeição.
Tremendo de maneira incontrolável, ela ergueu o castiçal para iluminar o rosto, certa de que ali encontraria o motivo que o obrigava a permanecer envolto pelas trevas...
Vagarosamente as feições foram se tornando nítidas. Chocada, Maite sufocou um grito de surpresa.
Alfonso Herrera era lindo.
Cabelos castanhos-escuros desciam até o pescoço. Sobrancelhas bem delineadas, cílios longos e espessos, nariz reto. Queixo forte e lábios generosos, sem serem excessivamente carnudos. Um rosto perfeito. O rosto de um anjo.
Apenas uma pequena cicatriz que corria de uma das sobrancelhas até a têmpora.
Fascinada pela visão, Maite deu um passo para a frente e aproximou ainda mais o castiçal da figura adormecida, procurando algo que explicasse o porquê daquele homem se esconder nas sombras. Hesitante, tocou a cicatriz. Fora um ferimento recente, concluiu. Porém já vira coisas bem piores em outros cavaleiros. Não era nada que diminuísse a beleza de Alfonso, muito pelo contrário. A marca o tornava mais viril, másculo, real... como se o anjo tivesse vencido um combate mortal com o demônio.
O demônio. Não, não queria pensar nisso, decidiu, murmurando uma prece. De repente Alfonso mudou de posição na cama e Maite se deu conta da enormidade do que havia feito. Na sua pressa de fechar as cortinas da cama quase acabou deixando o castiçal cair. Rapidamente apagou a vela e escondeu-a outra vez no bolso do vestido Depois voltou para o seu lado da cama, perdida numa confusão total.
Mordendo os lábios de puro nervosismo, experimento o gosto do medo ao decidir que devia tornar a deitar-se.
Era incrível pensar como havia mudado. Antes de casar se nunca tivera receio de nada, nem da escuridão, nem da ausência da sua mãe, nem das histórias de fantasma e seres diabólicos que faziam Edith estremecer de pavor nem mesmo da falta de significado da sua vida que procurara remediar com trabalho em vez de amor.
Engolindo um soluço, Maite tirou o robe e deitou-se, as pernas recusando-se a mantê-la de pé por mais um segundo sequer. As lágrimas, que jamais chegara a derramar antes, começaram a correr livres pelo rosto delicado, trazendo um alívio inesperado. Dominada pela emoção, passou um braço ao redor do peito largo do marido, apertando-o com força de encontro a si. Finalmente a verdade a atingira como um raio, obrigando-a a enfrentar o que tentara ignorar. Não importava quem ou o que o Cavaleiro Vermelho era. Ele viera preencher o vazio da sua vida, um vazio tão grande que nem suspeitara existir. Ele a fizera desabrochar.
O fato é que o amava acima de tudo e com toda a sua alma.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 79
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37
Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34
Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII
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taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27
VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII
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nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09
Continua a fanfic e muito boa
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dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31
Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...
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dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58
CONTINUA...
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26
Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18
Posta mais. Necessito de mais.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51
'- Me beije - ele pediu' JESUS