Fanfics Brasil - Capítulo 24 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 24

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De repente um braço forte puxou-a para cama enquan­to lábios ardentes procuravam os seus com sofreguidão, envolvendo-a numa paixão que desconhecia limites.


A magia daquele homem penetrava seus sentidos de uma maneira avassaladora, ameaçando, como sempre, fazê-la perder a noção de tempo e espaço. Entretanto, apesar de atordoada, ela resistiu e não sucumbiu ao de­sejo desta vez.


- Preciso me apressar ou vou perder a missa - avisou, procurando se desvencilhar dos braços musculosos que se esforçavam para mantê-la na cama.


- Missa? Como? Com que sacerdote? - Alfonso per­guntou um pouco chateado ao perceber que seu prazer teria que ser adiado já que a esposa não retribuía as carícias.


- É por isso que não posso me atrasar! Serei eu o sacerdote.


- Que história é essa? Quer dizer que você resolveu vestir o hábito, agora? - Ele sentou-se na cama exibir o torso nu ao olhar apaixonado da mulher.


- Oh, querido, você é tão lindo! Quisera poder ficar aqui e amá-lo vezes sem conta, vendo seu corpo banhado pela luz do dia. Mas tenho que ir embora.


- Primeiro me fale sobre essa sua nova vocação fique preciso temer uma promoção iminente ao bispado?


Maite riu, colocando o vestido às pressas e passando as mãos pelos cabelos rebeldes num gesto rápido e preciso.


- Não. Embora eu tenha requisitado a presença de um capelão para Dunmurrow semanas atrás. Temos necessidade de um padre para atender aos aldeões e a nós do castelo também. Só que ainda é muito cedo para uma resposta da Igreja. Essas coisas levam algum tempo. Você não se importa, não é mesmo, querido?


A resposta de Alfonso foi uma mistura de gemido e risada.


- Que diferença faria se eu me importasse?


- Se eles mandarem alguém, você não irá assustar o sacerdote, não é? Ou então aborrecê-lo tanto a ponto de ser excomungado? - Apreensiva, Maite fitou o ma­rido. Porém ele sorria e tinha uma expressão tranqüila no rosto.


- Obrigada, querido! - Satisfeita, ela terminou de abotoar o vestido e calçou as sapatilhas. – Enquanto isso - prosseguiu explicando -, na falta de um sacer­dote, eu mesma conduzirei as orações de Natal na capela, antes da festa.


 - Ah, que alívio, É bom saber que você não está pre­tendendo tomar o hábito em caráter permanente porque eu não seria capaz de respeitar seus votos de celibato, esposa.


- Pare de falar assim Maite o repreendeu rindo, o olhar fixo no guerreiro glorioso que tomara por marido.


- Na minha opinião seu apelido foi um engano, meu lorde. Na verdade, Cavaleiro Dourado seria muito mais adequado. Basta reparar no tom da sua pele.


- Pare de me provocar, minha lady, a menos que esteja disposta a tirar as roupas e voltar para a cama imediatamente. Aliás, livrá-la das roupas é um detalhe que eu mesmo posso resolver em questão de segundos.


Tem razão, melhor não provocá-lo. Preciso ir agora, não apenas para as orações na capela como também para vistoriar os últimos preparativos da festa. Vamos abrir as portas do castelo para todos os aldeões e estamos plenamente preparados para alimentar cada um deles. Claro que não poderemos servir carne de javali, porque não há ninguém para cuidar da caça, porém temos carne de vaca e de veado, além de peixe e tortas de pombo. É uma abundância tão grande de pratos que fará jus ao tamanho de seu apetite, meu lorde.


- Por favor, você sabe que eu não poderei comparecer à sua celebração. É impossível me expor dessa maneira.


Ela ficou em silêncio alguns instantes, desapontada demais para falar, apesar, de no íntimo não ter dúvidas que o marido estava certo. Ambos sabiam muito bem que tão logo a cegueira do senhor de Dunmurrow fosse descoberta, algum outro cavaleiro ambicioso e sem es­crúpulos, tentaria colocar as mãos gananciosas nas terras do barão Herrera.


- Eu sei - Maite murmurou afinal. - Virei cear na sua companhia mais tarde. Porém faço questão de lhe pedir um presente neste dia de Natal, querido.


- E o que é? - O tom desconfiado do marido não lhe passou despercebido.


- Venha dar um passeio comigo ao ar livre – ela pediu, colocando um dedo sobre os lábios masculinos para impedi-lo de responder com um sonoro não. Precisava dar um jeito de convencê-lo. - Seria apenas nós dois. Você poderia usar um elmo e cavalgaríamos não muito longe do castelo. Eu... eu quero que você venha comigo procurar pelo veado branco.


- Veado branco? - Alfonso estava perplexo.


- Sim, isso mesmo. Se alguém avistar um veado bran­co no dia de Natal poderá ter certeza de que a boa sorte está a caminho.


- Nunca ouvi esta lenda antes.


- Talvez porque seja uma lenda celta. Edith me contou quando eu era pequena e desde então, todos os Natal saio à procura do veado branco.


Apesar de Alfonso não ser capaz de ver, pouca coisa lhe passava despercebida. Como agora, por exemplo, quando enxergava exatamente o que se passava no coração da mulher.


- Por acaso você está dizendo, minha castelã eficiente e organizada, minha lady racional e objetiva, que no fundo da alma não passa de uma romântica?


- Não é bem assim. - Maite corou da cabeça aos pés, totalmente embaraçada. - Eu apenas... É apenas uma tradição.


      Alfonso riu com vontade, o som cristalino fazendo-a es­tremecer de prazer.


      - Não é nenhum crime, querida, ter um coração de mulher.


Ela abriu a boca para retrucar, porém ele a impediu, tocando-a de leve no peito, como se quisesse provar o que acabara de dizer.


- Agora, quanto ao pedido... Não há nenhuma outra coisa que eu possa lhe dar de Natal em vez de um passeio ao ar livre?


      - Sim, há outras coisas que você pode me dar. En­tretanto nenhuma delas eu desejo tanto quanto passear ao seu lado em plena luz do dia.        ­


- É perigoso demais. Um risco que poderia me custar caro e cujas conseqüências acabariam provocando a queda de Dunmurrow.


- Então mande Ceci! nos seguir, a uma distância dis­creta, é claro - Maite sugeriu esperançosa, não que­rendo abrir mão do sonho.


Herrera não parecia nem um pouco convencido mas ainda assim ela insistiu, tomando as mãos fortes entre as suas num gesto de súplica e amor.


- Por favor, querido.


Ele praguejou baixinho, as feições bonitas repentina­mente transformadas numa visão de dor e raiva. Era fácil perceber por que o Cavaleiro Vermelho havia ad­quirido aquela reputação terrível. Entretanto Maite não se deixou abalar e permaneceu firme, as mãos postas sobre as do marido.


- Mais tarde então, quando os seus convidados já tiverem bebido o suficiente para mantê-los quietos nos lugares.


- Oh, obrigada, querido. Tenho certeza de que você não vai se arrepender. Sei que vamos nos divertir muito e apreciar o ar puro. Talvez este ano sejamos capazes de vê-lo!


- Ver quem?


- O veado branco, ora! - Maite inclinou-se e beijou nos lábios antes de sair. - Agora preciso ir. Devo separar suas roupas?


- Não. - Apesar de controlada, ainda havia uma certa aspereza na voz de Alfonso, como se ele estivesse fazendo um esforço sobre-humano para atender ao pedido da esposa, um esforço que poderia lhe custar o futuro. - Chame Cecil. E, por Deus, feche essas cortinas!


 


 


Os dois cavalgaram em silêncio a princípio porque Maite desejava que o marido desse desfrutar o prazer de estar ao ar livre. E havia muito a ser apreciado.


A temperatura mantinha-se fria, porém suportável, sob um céu de anil pássaros cantavam e pulavam n galhos secos das árvores. Feliz por se ver livre das sombras do castelo, ela inspirou fundo, cheia de contentamento. Como era possível Alfonso não se sentir mais vivo em contato com a natureza? Embora tivesse pedido aquele passeio como presente de natal ao marido, bem no fundo estava certa de tê-lo presenteado, dando-lhe oportunidade de escapar a um interior abafado e sombrio.


Depois de um certo tempo Maite começou a descreve a paisagem, inclusive detalhes que normalmente não prestaria atenção: o reflexo do Sol nas poças de água, o brilho das pedras úmidas, os formatos variados dos galhos secos contra o céu, o buraco feito por um camundongo, sob um tronco oco.


Seu plano era levar o marido até a cascata que Alan tinha lhe mostrado, porém ainda não haviam sequer pe­netrado na floresta quando Alfonso puxou as rédeas do cavalo.


- Já estamos na floresta - ele falou num tom acu­satório.


- Sim. Quero lhe mostrar uma coisa.


- Me mostrar? - Aquelas duas únicas palavras car­regavam todo o sarcasmo do mundo.


- Eu queria levá-lo a um lugar especial, um lugar lindo dentro da sua propriedade.


- Maite... - Alfonso murmurou, a voz pesada de emo­ção. - Você parece se esquecer... Não na floresta. ­porque lá não poderei defendê-la, ele pensou, incapaz de falar alto aquilo que jamais imaginara que um dia viria a dizer.


Filho bastardo de um conde, Alfonso aprendera desde cedo a cuidar de si mesmo, a lutar para atingir seus objetivos, a provar o seu valor. E provara sua capacidade vezes sem conta, até que finalmente o rei lhe dera Dun­murrow como recompensa pelos serviços prestados.


Não era a mais próspera das terras, entretanto poderia sentir perfeitamente satisfeito se não fosse pela grande ironia do destino. Agora que conseguira alcançar seus propósitos, não tinha como manter o que lhe pertencia por direito. Oh, claro que havia Alan e seus homens, acampados não muito longe do castelo, e sempre de pron­tidão. Mas será que sem o lorde para liderá-los, eles, seriam capazes de defender Dunmurrow com o empenho necessário?


A pergunta o assombrava constantemente, porém nun­ca com tanta força quanto agora, quando a realidade da sua situação se mostrava tão impiedosa. Já não estaria defendendo apenas um solo rico, aldeões esforçados e um velho castelo, mas sim uma mulher única e perfeita, uma criatura mais preciosa do que a própria vida. Ter cons­ciência da sua incapacidade para protegê-la o fazia odiar a si mesmo.


- Tem um lago logo adiante, uma espécie de piscina...


O tom hesitante e magoado de Maite deveria ter esfriado sua raiva, contudo não foi o que aconteceu. Oh, Deus, será que aquela mulher não percebia os perigos que podem se esconder no meio das árvores? Embora Cecil os seguisse, a uma distância discreta, acompanhado de mais seis soldados, dezenas de coisas poderiam acontecer em questão de segundos, como o ataque de animais selvagens, por exemplo. A dor de ser deficiente era tão grande que chegava a ser insuportável.


- Sim, eu sei - Alfonso falou afinal..


- Então você conhece o lago com a cascata? Quer dizer que já esteve lá?


- Sim, já passeei por aqueles lados.


- Pensei que você nunca havia visto suas terra.


- Vim a Dunmurrow assim que consegui alguns livres pois estava ansioso para conhecer o tesouro me viera parar nas mão. - Um tesouro que perdera todo o brilho e do qual abriria mão em troca da visão. Mas nada daquilo era culpa de Maite, portanto fazia sentido deixar transbordar a amargura guardada no peito. Também devia à esposa o presente de Natal.


- Era um lugar lindo quando o vi no verão passado, a grama verde e macia rodeando toda a piscina. Certa vez tomei banho lá e a água era clara e limpa.


- Eu sabia que devia ser um ótimo lugar para se tomar banho! Venha, vamos, não está longe.


Agindo contra o bom-senso, Alfonso cedeu ao desejo esposa e deixou o cavalo levá-lo para dentro da floresta.


- Aqui estamos. - Os dois puxaram as rédeas e ficaram imóveis. Herrera podia ouvir o ruído da água deslizando sobre as pedras e do vento balançando os galhos ressecados. Se quisesse, poderia criar a imagem sua mente com facilidade, mas preferia não fazê-lo. Portanto permaneceu muito quieto, recusando-se a partilhar o prazer da esposa e desejando voltar para o castelo mais depressa possível.


- Alfonso! - A voz feminina, baixa e cheia de contentamento, arrancou-o dos pensamentos sombrios. – Eu estou vendo!


- Vendo quem? - ele indagou alarmado.


- O veado branco!


Será que sua mulher o acreditava capaz de se deixar influenciar por contos infantis?- - Por favor, não deboche. Ele está bem ali, do outro lado das árvores, todo branco, uma cabeça grande, co­roado de chifres enormes. E está olhando diretamente para nós...


Se o movimento não doesse tanto, Alfonso teria revirado os olhos. Que história esquisita sua esposa estava inven­tando? Com certeza ela seria mais feliz assumindo o papel de castelã, com todos os seus intermináveis deveres, do que brincando de faz-de-conta no meio da floresta. Talvez ela achasse que a falta de visão o tinha tornado menos inteligente.


- Chega, vamos embora. - Então um barulho no meio de um arbusto chamou-lhe a atenção.


- Desvie para a esquerda, Alfonso! Ele está correndo bem na nossa direção!


Ele? O quê? De repente tudo em que Alfonso conseguia pensar era em javalis, tão comuns naquela época do ano. Santa Mãe de Deus... Enquanto puxava as rédeas do cavalo para a esquerda com uma das mãos, a outra pou­sava sobre o punho da espada, mas não teve coragem de desembainhá-la temendo ferir a esposa, pois não sabia a posição exata onde ela se encontrava.


O som de cascos atiçou seus sentidos de uma maneira terrível. O cavalo de Maite, apavorado, dava pinotes e coices para o ar descontroladamente. Agarrado ao punho da espada, Alfonso sentia-se preso a um sonho apavorante, onde descobria-se cego e indefeso diante do perigo. Então a pior parte do pesadelo ganhou vida. Maite gritou e logo ouviu-se o som de um peso caindo na água. E depois um silêncio total e apavorante, mais apavorante do que qualquer ruído.


- Maite? - Alfonso chamou-a, porém não obteve res­posta alguma. Ou ela havia sido raptada por um cavaleiro rápido e solitário ou então se encontrava no fundo do lago, incapaz de responder. A dor que a idéia lhe causava era tão grande que Herrera atirou a cabeça para trás e gritou, tentando aliviar,a angústia que ameaçava sufocá-lo. Os soldados que os acompanhavam não demorariam muito a chegar, mas cada minuto era vital. Quanto tempo sua esposa agüentaria sob as águas frígidas? Ninguém sobreviveria a uma imersão prolongada.


Sem hesitar um segundo, ele desmontou, arrancou elmo e a capa e os atirou para o lado. Então começou caminhar na direção do lago, esforçando-se para formar uma imagem mental dos arredores. Porém, aquele mesmo homem que se mantivera sob um controle de ferro mesmo nas batalhas mais sangrentas, agora sentia-se ameaçado pelo pavor de perder a. única coisa que lhe era precioso no mundo. Ele gritou outra vez, cheio de medo e frustração, amaldiçoando sua deficiência. Então um movimento na água chamou-lhe a atenção. Agarrando-se esperança de que se tratava da esposa, e não de um ave ou de um animal qualquer, Alfonso mergulhou.



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Autor(a): taynaraleal

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  A água estava gélida e o obrigou a vir à tona para respirar. Enchendo novamente os pulmões de ar, voltou a mergulhar na direção em que ouvira o som. Daí a ins­tantes tornou a emergir, ofegante. Nada. Naqueles breves instantes, Alfonso rezou com mais fervor do que fora capaz de fazê-lo desde que ficara cego. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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