Fanfics Brasil - Capítulo 25 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 25

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A água estava gélida e o obrigou a vir à tona para respirar. Enchendo novamente os pulmões de ar, voltou a mergulhar na direção em que ouvira o som. Daí a ins­tantes tornou a emergir, ofegante. Nada. Naqueles breves instantes, Alfonso rezou com mais fervor do que fora capaz de fazê-lo desde que ficara cego.


As súplicas pareceram diminuir a intensidade do pânico e ele procurava se convencer de que seria capaz de salvá-la porque o lago não era tão grande assim. Com todas as suas forças tentava ignorar o outro pensamento, apavorante e insidioso, de que seria obrigado a enfrentar a vida sem Maite. Inspirando fundo, Herrera mer­gulhou e estendeu os braços para a frente, ansioso para encontrar algo que não fossem as plantas e algas que teimavam em impedir o seu progresso.


Dali a segundos veio novamente à superfície para res­pirar e retornou à busca, movendo-se o mais rápido pos­sível, as mãos tateando as profundezas num desespero mudo. Se ao menos pudesse ter certeza de que se mantinha na direção certa sem se desviar, sem voltar atrás, sem explorar a mesma área vezes e vezes sem conta...


Seria imaginação sua ou seus dedos, quando afastara algumas plantas, haviam mesmo esbarrado numa coisa escorregadia, talvez um membro frio e inerte? Com mo­vimentos frenéticos, afastou a vegetação até tocar num dos tornozelos de Maite. Atordoado pela falta de ar e pela boa sorte, Alfonso pegou o corpo da esposa e tomou Impulso na direção da superfície.


Inspirando o ar aos borbotões, ele nadou com braçadas fortes e vigorosas na direção da margem. Então, erguen­do-a nos braços, procurou terreno firme, tentando não escorregar nas centenas de folhas e gravetos úmidos que Infestavam a área. Enfim encontrou um lugar que julgava firme o suficiente, o mais afastado possível das margens.


O frio intenso castigava-lhe o corpo molhado, pene­trando-o até aos ossos. Porém o extremo desconforto em nada se comparava ao terror que lhe ia na alma, ao medo que apertava seu coração com garras afiadas. Oh, Deus, será que as preces fervorosas haviam sido em vão? Será que todos os seus esforços haviam servido para nada a não ser levar o corpo sem vida da esposa para casa?


- Não! - Herrera gritou para o infinito. Não permitiria que a morte dela se transformasse num fato consumado. Agindo como se a simples força da sua vontade pudesse revivê-la, colocou-a de pé, apoiando a figura inerte de encontro ao peito, e começou a massagear as costas frágeis com movimento rápidos e vigorosos, ten­tando, desesperadamente, fazer a água sair dos pulmões enquanto procurava não se entregar ao pânico crescente.


- Maite, Maite, amor, meu amor, por favor... Por favor, respire!


Quando enfim a ouviu cuspir e tossir, engasgada, Alfonso experimentou uma alegria e um alívio tão grandes que Leria chorado de pura alegria.


- Alfonso - Maite murmurou, ainda tendo enorme dificuldade para respirar. - O que aconteceu? Estou gelando!


Dominado por uma emoção fortíssima, Herrera teve vontade de cair de joelhos e agradecer aos céu, graça alcançada. Então abraçou-a, como se nada no do pudesse afastá-los.


- Meu lorde! - Ao ouvir a voz de Cecil, Alfonso ergueu a cabeça. Embora parecesse uma eternidade desde que Maite caíra nas águas geladas do lago, tinha consciência de que pouco tempo se passara. Seus homens haviam chegado o mais rápido possível e não mereciam qualquer tipo de repreensão. Na verdade, eram mais do que bem vindos.


- Cecil! Me dê a sua capa. É para minha lady. Imediatamente o servo ordenou aos soldados para manterem distância e fez o que lhe foi pedido. - Minha lady irá para o castelo antes de mim. E jamais voltará a cavalgar naquele maldito palafrém outra vez.


- Foi por causa do veado! - Maite apressou-a lhe protestar, os dentes batendo de frio. - O danado veado branco veio correndo bem na minha direção, como se quisesse me fazer mal! Juro, em nome da Mãe Deus, que nunca, nunca mais, acreditarei nas histórias ridículas de Edith.


Alfonso sorriu, feliz por estar abraçando uma mulher enfurecida, não a criatura fria e inerte que arrancara fundo do lago. Viva, e cuspindo fogo, estava sua lady graças a Deus.


- Um talismã! Uma promessa de futura boa sorte! Quanta bobagem! - Resmungando, ela afastou-se do marido e começou a caminhar na direção do cavalo que Cecil lhe oferecia.


Ao sentir o vazio entre os braços, Alfonso teve a sensação de que jamais poderia controlar os tremores que o sacudiam de alto a baixo, embora não soubesse dizer se tremia de frio ou se tratava apenas de uma reação ao desastre que quase acontecera. Esfregando os braços numa tentativa de aquecer-se, percebeu, pela primeira vez, que, contrariando toda a lógica, salvara a esposa de morrer afogada. O feito o impressionava.


Gelado até aos ossos, Herrera piscou algumas vezes sentindo-se repentinamente atordoado. Nomeio de toda a confusão do resgate, percebera algo diferente. Algo que lhe fora sussurrado pelo vento, algo quase inacredi­tável e maravilhoso demais para ser ignorado.


Pela primeira vez, em meses, seus olhos estavam livres da dor.


- Um veado branco... que bobagem! - Maite tornou a resmungar.


- Talvez sim... - Alfonso sussurrou para si mesmo.­ E talvez não.


Sentada junto à lareira dos aposentos principais, Maite aguardou que Cecil trouxesse água quente. Quando a banheira de madeira já estava cheia, Alfonso despiu-se, sem qualquer embaraço, e dispensou o servo.


- Pode sair agora. Minha esposa me ajudará no banho. Se o Cavaleiro Vermelho pudesse vê-la agora, ensopada e desgrenhada como um rato afogado, provavelmente pen­saria duas vezes antes de jogar-se num lago gélido para salvá-la.


Ao fitar o marido, nu em toda a sua beleza viril, foi tomada de uma emoção intensa. Não se cansava de admirá-lo.


Consciente da sua cegueira, Alfonso não demonstrava qualquer pudor em relação ao próprio corpo. Por isso expunha-se com elegância e naturalidade, uma verda­deira estátua talhada em músculos e tendões, pele dou­rada e membros bem torneados. O fogo lançava um brilho avermelhado sobre a figura imponente, quase fazendo-a perder o fôlego. Mais do que nunca, naquele momento, Alfonso Herrera encarnava o próprio Cavaleiro Ver­melho. Grande, poderoso e mortal.


- Venha, Maite, venha para a água. Você precisa de ajuda para tirar as roupas molhadas?


- Não. - Realmente não lhe passava pela cabeça chamar Edith. A criada nunca poria os pés no covil barão Herrera. Segundos depois livrava-se do vestido e ficava inteiramente nua a poucos passos de distância do marido. Uma sensação de frio e calor percorreu-a de alto a baixo, excitando-a de uma forma insidiosa e sutil. Os dois já haviam partilhado de uma intimidade total muitas vezes, mas quase sempre protegidos pela escuridão...


Havia alguma coisa erótica no reflexo avermelhado que o fogo da lareira lançava sobre o peito forte do marido, sobre os ombros largos, os cabelos claros...


- Você quer que eu o ensaboe? - ela perguntou baixinho, a voz rouca, cheia de expectativas.


- Sim, mas entre logo nesta banheira antes que você fique enregelada e morra de frio.


- Você quer que eu entre nesta banheira... com você?


- Isso mesmo. Por acaso você está sofrendo de um ataque repentino de modéstia e timidez, esposa? Trata-se da mesma mulher que ainda ontem me forçou a ficar imóvel enquanto me dava um prazer intenso com a boca e as mãos? - Sorrindo sensual, Alfonso pegou-a pelo pulso e Puxou-a na direção da banheira.


Seria impossível resistir. Ao sentir os dedos fortes to­carem-na, Maite entrou na banheira e sentou-se de­fronte ao marido, a água cobrindo-a até a altura dos ombros. Apesar de grande, a banheira não tinha espaço suficiente para acomodar duas pessoas, especialmente quando uma delas tinha uns bons dois metros de altura.


Assim Alfonso flexionou os joelhos para aumentar o espaço.


- Devo ensaboá-la primeiro?


Por um momento, percebendo a luz do fogo refletida nos olhos azuis, Maite poderia jurar que o marido era capaz de vê-la. Então, antes mesmo que tivesse chance de responder, ele segurou um de seus pés e começou a ensaboá-lo, devagar e carinhosamente.


Fascinada, Maite não conseguia desviar o olhar figura sólida, por alguns instantes satisfeita que ele não podia enxergá-la. Cada movimento de Alfonso traduzia o prazer com que a tocava e logo ela sentia o calor do desejo correr em suas veias como uma droga potente. Quando as mãos masculinas, escorregadias e experientes, tocaram-na nos seios, ela gemeu alto, incapaz de controlar a onda avassaladora de paixão.


- Alfonso, Alfonso...


Ele se inclinou ainda mais para a frente e, pela pri­meira vez, Maite realmente o viu tomar um de seus mamilos na boca. Pela primeira vez, pôde perceber os cabelos castanhos espalhados sobre a sua pele enquanto ele sugava o mamilo com força, fazendo-a se contorcer de puro prazer. Num movimento inconsciente, ergueu os quadris, procurando alívio para o ardor entre as coxas. Logo o marido a massageava no ponto escondido da fe­minilidade.


Alfonso continuou acariciando-a sob a água enquanto des­lizava a língua pelos seios empinados, saboreando cada centímetro da pele quente e macia. Transtornada pelas sensações imperiosas que pareciam virá-la pelo avesso, Maite forçou os quadris na direção das mãos masculinas, gemendo alto ao sentir os dedos firmes a penetrarem num movimento rápido e preciso. Sem que pudesse con­trolar, atingiu o êxtase, o corpo inteiro sacudido por tre­mores incontroláveis.


Abraçando o marido com força, apoiou a cabeça de encontro ao pescoço molhado, surpresa com o poder que emanava daquele homem, um poder que, sabia agora, não tinha nada a ver com feitiçaria ou com as forças do mal. Era, simplesmente, o poder do amor.


- Agora me deixe... ensaboá-lo, querido.


Embora percebesse os sinais de extrema tensão sexual no rosto de Alfonso, ela se entregou à tarefa devagar, que­rendo desfrutar de cada instante de intimidade. Era ma­ravilhoso sentir o corpo sólido sob seus dedos, os músculos firmes e bem torneados, as pernas atléticas, cobertas por uma camada de pêlos castanhos e, entre as coxas... Maite fechou os dedos ao redor do membro intumescido, fechou os olhos e jogou a cabeça para atrás, abandonando-se por completo às sensações.


Ver o prazer estampado no rosto do marido, observar a intensidade da emoção que o consumia, era uma experiência nova e eletrizante. Será que a paixão masculina, uma vez livre das rédeas, a subjugaria...? De repente Herrera abriu os olhos e puxou-a pelos quadris, acomodando-a sobre o pênis quente e pulsante. A água caía pelas bordas da banheira ensopando o chão enquanto ele a guiava num ritmo capaz de incendiar o sangue.


- E tão bom, querida... tão bom... - Alfonso murmurou deslizando as mãos pela pele molhada, acariciando seios e apertando os mamilos com força.


Com um sentimento que beirava a reverência, Maite observou o rosto do marido, que, de olhos fechados parecia completamente transtornado.


- Me beije - ele pediu, a voz rouca e urgente traindo o estado de excitação.


Os lábios de ambos se encontraram com sofreguidão, as línguas ávidas se contorcendo num duelo apaixonado. Alfonso repetia com a língua os movimentos de penetração feitos por seu membro ereto. Ao redor de ambos, a água borbulhava enquanto a fricção de seus corpos escorregadios os arrastava para um estado de excitação sexual quase insuportável.


Finalmente Maite interrompeu o beijo para gritar o nome do homem amado. Então ela atingiu o orgasmo, as ondas de prazer chegando a ser dolorosas em sua intensidade. Segurando-a com firmeza pelos quadris Alfonso a manteve imóvel e enterrou o pê/nis até as profundezas do corpo feminino antes de lançar a semente da vida nas entranhas da esposa, um grito de prazer triunfo ecoando pelo silêncio do quarto e rompendo a escuridão como um raio de luz.


Maite estava enfraquecida e ofegante quando final mente saíram da água já fria e foram para a cama. No mesmo instante aconchegou-se ao corpo viril e reconfor­tante, sentindo-se completamente serena pela primeira vez desde que pusera os pés dentro do castelo Dunmur­row. Eu te amo, Alfonso, ela repetiu para si mesma e sorriu feliz. Quem teria imaginado que a sua escolha de marido acabaria se provando tão correta?


Jamais lhe passara pela cabeça apaixonar-se pelo Ca­valeiro Vermelho e nunca imaginara as delícias que en­contraria na cama, e no banho, conjugal. Ela corou ao pensar na maneira como Alfonso a tinha amado. Embora as vezes anteriores houvessem sido maravilhosas, hoje à noite ele fora positivamente exuberante. Talvez porque ambos tivessem percebido o quão preciosa é a vida. Depois da experiência terrível de se ver à beira da morte por afogamento, Maite passara a apreciar o simples fato de existir com um respeito renovado. E não havia um modo melhor de celebrar a bênção da vida do que amar o marido.


- Obrigada por me salvar - murmurou carinhosa.


- Você valia a pena o esforço - ele respondeu, aper­tando-lhe as nádegas.


Maite descansou a cabeça no peito largo, contente com as palavras um tanto desajeitadas de Alfonso. Apesar do Cavaleiro Vermelho não tocar no assunto, ela sabia muito bem que o casamento forçado não fora de seu agra­do. Porém não tinha dúvidas que, desde então, os sen­timentos masculinos haviam se tornado mais ternos. Ou então por que um homem cego se atiraria num lago gelado em pleno inverno? Só de pensar no perigo que o obrigara a correr, sentia-se literalmente apavorada.


- Você poderia ter se afogado ou morri do congelado.


- Creio que nadar um pouco me fez muito bem. ­


Alguma coisa no tom de voz do marido chamou-lhe a atenção, levando-a a fitá-lo. Um sorriso tranqüilo brilha­va nos lábios sensuais.


- Como? - Maite indagou intrigada. Desde o início esperava uma repreensão por tê-los arrastado para o meio da floresta, expondo-os a toda sorte de imprevistos. Alfonso estava coberto de razão quando a alertara para os perigos de uma cavalgada ao ar livre. Entretanto, apesar da tragédia que quase acontecera, ele parecia bastante satisfeito. O que era de se estranhar.


- Pela primeira vez, desde a batalha em que perdi a visão, não sinto dor. Meus olhos não estão doendo, ele falou num murmúrio que era quase para si mesmo.


- Por quê? Na sua opinião, o que teria causado isso? O frio? A água? - Maite sentou-se na cama e fitou marido fixamente, como se aquela face viril pudesse revelar algum segredo. Mas como sempre a cama estava envolta na escuridão total e o rosto amado não dizia nada.


- Talvez a baixa temperatura tenha diminuído pouco a intensidade da dor - ela falou afinal.


- Foi o que pensei a princípio, porém cada centímetro de meu corpo ficou aquecido durante o longo banho imersão, e ainda assim continuo sem sentir nada, nem o menor desconforto.


Ela sorriu. Então ali estava a explicação para a noite um tanto diferente das outras. Pela primeira vez Alfonso não estivera lutando contra a dor constante que o incomodava desde o acidente.


- Se não foi por causa do frio... Só pode ter sido a água! Você costuma banhar os olhos com freqüência?


- Eu o fazia no início, contudo as várias soluções que tentei não tiveram o menor efeito. A dor continuou.


- Isso foi a um bom tempo atrás - ela protestou. - Se você tinha mesmo estilhaços de pedra cravado nos olhos, alguns deles poderiam estar enterrados tão fundo que levaria meses até serem expulsos pelo seu organismo. A água provavelmente os puxou para fora. Talvez sua visão possa retornar! - Entusiasmada com a possibilidade, Maite ergueu a voz, entregando-se à esperança.


Entretanto a reação de Alfonso foi inversa. Ele ficou rígido, o corpo inteiro tenso. - Por favor, não alimente expectativas altas ou a decepção será maior. Eu não acredito em milagres.


- Não? - ela perguntou desafiante, recusando-se a ter o entusiasmo diminuído. - Você não acreditava na lenda do veado branco e veja só o que aconteceu! Pois o animal apareceu e não causou mal algum me atirando dentro do lago, mas apenas o bem.


- Você é supersticiosa demais, esposa.


Talvez, Maite pensou, porém lembrava-se com exa­tidão do jeito com que o animal a olhara e o pensamento a fez sorrir. Há coisas em que vale a pena acreditar e no Natal tudo se torna possível, mesmo aquilo que o bom senso considera irrealizável.


As coisas começaram a acontecer de maneira gradual. Foi logo alguns dias depois da Epifania que Alfonso percebeu algo diferente. Toda manhã, Maite costu­mava abrir as cortinas do quarto (aliás, quer ele qui­sesse ou não), antes de se preparar para enfrentar as tarefas do dia.


Como ela dava tanta importância ao seu corpo, pare­cendo não se cansar de admirá-lo, Alfonso sabia que podia convencê-la a voltar para a cama se expusesse à cla­ridade. Por isso aceitava que as cortinas fossem abertas sem reclamar. Mas assim que a esposa saía, chamava Cecil e o fazia escurecer novamente o ambiente. Na ver­dade tinha um medo mórbido de que alguém aparecesse de repente e descobrisse o seu segredo traindo-o e en­tregando-o ao inimigo. Se isso acontecesse, o paraíso cons­truído dentro das paredes de Dunmurrow não tardaria a virar um inferno. A escuridão o protegia.


Hoje era um dia como outro qualquer. Porém ao ouvir o barulho das cortinas sendo abertas e perceber a leve corrente de ar, Alfonso tomou consciência de uma outra coisa: luz. A percepção foi tão brusca e inesperada que o deixou imóvel sobre a cama, sem saber como lidar com a sensação estranha. A sensação de que a escuridão o assombrava há meses perdera um pouco da intensidade.


- Alfonso, tenho que me apressar! - Maite falou, trazendo-o de volta à realidade. - Hoje vou começar a organizar a tecelagem. Talvez muito em breve todos possamos ter algumas roupas novas para nos aquecer.


- Pois eu prefiro você sem uma única peça de roupa sobre o corpo - Herrera resmungou.


Ela riu, o som cristalino e encantador passando primeira vez despercebido aos ouvidos do marido. Ele só conseguia presta atenção àquela luz tênue e abençoada. O que causara isso?


- Ah, se ao menos eu pudesse ficar mais um pouco.


- Não me provoque, mulher. - Alfonso sentiu os dedos delicados da esposa tocarem-no no peito, um perfume suave inebriando seus sentidos como um vinho potente.


Pouco depois ela se afastava para terminar de vestir-se, deixando-o verdadeiramente desapontado.


- Prometo que hoje à noite teremos todo o tempo do mundo.


- Talvez durante o jantar. - Ágil, Herrera seguiu beijá-la antes de lhe dar permissão para sair quarto. - Tome cuidado para não se esquecer da hora.


- Não se preocupe, querido. Eu jamais perderia a hora. Quer que eu mande Cecil entrar agora?


- Não. Eu mesmo o chamo quando precisar.


Ao ouvir a porta sendo fechada, Alfonso, pela primeira vez, sentiu-se satisfeito com a ausência da esposa. Apesar de sempre sentir uma falta terrível de Maite, hoje de manhã precisava estar só consigo mesmo, porque ainda não se sentia pronto para partilhar a recente descoberta.


Sequer chamou o servo. Apenas permaneceu imóvel como se tivesse criado raízes. Tinha medo de se mexer porque o movimento poderia destruir a luz. Quem sabe não estava apenas imaginando? Quem sabe a tênue claridade não passava de uma faceta da sua cegueira, destinada a atormentá-lo? Será que o quarto voltaria às se fechasse os olhos por alguns segundos? Seu coração batia tanto no peito como se estivesse se prepa­rando para enfrentar a mais terrível das batalhas e, na verdade, sentia-se mais assustado agora do que em ne­nhum outro momento de sua vida.


Contudo sabia que precisava agir, tomar uma atitude. Bem devagar, mas com firmeza, fechou os olhos. Então contou até a dez e tornou a abri-los. Não, não se tratava de imaginação. O mundo, que estivera imerso numa es­curidão total por tanto tempo, agora se tornara mais claro.


Alfonso voltou a cabeça na direção da janela e a claridade intensa fez seus olhos lacrimejarem. O que significaria essa mudança? Trêmulo, encostou a cabeça no travesseiro e voltou a fechar os olhos. Mas desta vez os fechou pro­curando se proteger de uma emoção proibida... procuran­do se proteger da esperança.


Alfonso não disse uma única palavra sobre o assunto à esposa. Também permaneceu calado quando, alguns dias depois, começou a enxergar sombras e formas no meio do cinza. Mandou que Cecil colocasse castiçais nos apo­sentos principais e se Isadora achava sua atitude estranha, ela não fez qualquer comentário. Com certeza acre­ditava que o marido procurava uma maneira de agradá-la e ele nada fez para tirar-lhe essa impressão.


Ao ouvir o barulho de passos, Alfonso ergueu a cabeça na direção do som. E lá estava: sua esposa, de pé, diante da lareira. Foi precisa uma enorme força de vontade para manter a compostura enquanto enxergava os contornos da figura esguia pela primeira vez na vida. Sem que conseguisse controlar, deixou escapar um gemido rouco, atordoado pela violência da emoção.


Maite interpretou o ruído de outra forma, achando que o marido estava ansioso para possuí-la.


- Você não quer esperar pelo nosso jantar? – indagou faceira, a voz bela e musical inundando-o de prazer.


- Não - Alfonso respondeu num tom rouco e ansioso, os pensamentos voando na direção da paixão. - Quero possuí-la agora, sobre o tapete, no meio do quarto. – Só de imaginar o corpo da esposa sobre o seu, a luz do fogo iluminando a pele acetinada, sentia a virilidade imediatamente enrijecida.


- Mas Cecil... - ela protestou sem muita convicção - Que Cecil se dane... aliás, os dois! Sorrindo, Alfonso levantou-se da cama e caminhou na direção da mulher. Então tomou-a nos braços, as mãos se fechando ao redor dos seios firmes, a boca se apossando dos lábios úmidos.


E sobre o tapete, diante da lareira, entregaram ­desejo que não tinha fim.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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