Fanfics Brasil - Capítulo 28 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 28

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- Alfonso! Vamos - Maite falou de repente. - Levante-se! - Ela pulou da cama e agarrou o braço do marido com ambas as mãos procurando, sem sucesso, obrigá-lo a se mexer. Era como tentar arrancar um carvalho gigante, com as raiz firmemente plantadas no solo. - Você não pode me negar isso agora.



Quando Alfonso a fitou, um ar cético no rosto, apressou-se a explicar:



- Será que não entende? Podemos sair deste quarto juntos! Estamos livres! - Animada, Maite começou a se vestir, quase tropeçando nos cachorros. Sentindo a excitação da dona, os animais roçaram os focinhos de encontro as pernas femininas, querendo brincar. Desvencilhando-se deles com uns tapinhas discretos nas cabeças enormes, ela terminou de se arrumar, ansiosa para provar ao povo de Dunmurrow que seu lorde não era nenhum demônio, e sim o homem mais bonito de todo o reino.



Vibrando de alegria, Maite abriu um dos baús onde o marido costumava guardar as roupas, procurando alguma coisa adequada à ocasião. Decidiu-se por uma veste vermelho-sangue, finamente trabalhada, que faria sobressair o tom de pele e cabelos de Alfonso. Um traje per­feito para o Cavaleiro Vermelho voltar ao mundo dos vivos.



- Use isto aqui. Quero exibi-lo. Oh, se ao menos Edith estivesse aqui! Ela estava sempre me chateando com his­tórias fantásticas a seu respeito, quase me fazendo acre­ditar que eu havia me casado com um homem de duas cabeças e cascos no lugar de pés. Só queria que ela pu­desse vê-lo agora!



A resposta de Alfonso não passou de um resmungo desinteressado. Porém levantou-se da cama e, depois de vestir-se, ficou diante da esposa. Maite prendeu a respiração maravilhada, observando a visão resplan­decente. Com a veste vermelha sobre uma túnica ama­relo-claro e um cinturão de ouro, ele transmitia força e virilidade.



- Você tem cabelos tão bonitos... - Maite murmurou.



Alfonso riu e acariciou os fios longos e macios da esposa.



- Os seus cabelos é que são lindos, esposa. Embora já tivessem sido descritos para mim muitas vezes, a co­loração dos fios escapa à imaginação. Fico feliz em poder vê-los com meus próprios olhos. - Herrera beijou alguns fios, o olhar fixo no rosto da mulher.



O Cavaleiro Vermelho era mesmo um feiticeiro, Maite pensou, sentindo um calor gostoso se espalhar por seu corpo inteiro, deixando-a com os joelhos trêmulos e a respiração ofegante.



- Vamos, antes que sua mente se volte para outras coisas - provocou-o sorrindo.



Os dois desceram as escadas em silêncio, imersos pela escuridão, até que enfim chegaram ao salão principal.



Porém se esperava causar uma impressão poderosa sobre a primeira pessoa que encontrassem no caminho, Maite ficou profundamente desapontada. Pois foi Cecil quem os viu primeiro e o rosto impassível do servo não demonstrou a menor surpresa.



- É bom vê-lo, meu lorde - criado falou muito calmo antes de voltar a atenção para os seus afazeres.



Contudo o aparecimento repentino do barão provocou uma reação mais intensa de Glenna, que estava vindo da cozinha carregando uma bandeja com pratos e copos.



- Glenna, meu lorde vai almoçar conosco hoje - Maite anunciou feliz.



A cozinheira deu uma olhada no Cavaleiro Vermelho e então deixou a bandeja cair no chão, o barulho estri­dente ecoando pelo ambiente enorme.



- Oh, vou ajudá-la. - No mesmo instante Maite ajoelhou-se ao lado da serva, apanhando os objetos es­palhados aqui e ali. Mas ao fitar o marido, não conseguiu conter o entusiasmo e falou baixinho, apenas para os ouvidos de Glenna. - E então? O que você acha? Ele não é lindo?



- Bem, minha lady... - - A cozinheira parecia indecisa, sem saber exatamente como responder. - Ele... ele pa­rece um pouquinho ameaçador.



- Ameaçador? - Ainda ajoelhada no chão, Maite virou-se para fitar o marido. Ele era enorme sim, muito mais alto do que qualquer homem que jamais conhecera e os músculos poderosos ficavam evidentes sob as cama­ das de roupas. Herrera continuava parado no mes­mo lugar, observando atentamente as mudanças que haviam sido feitas no salão principal, os lábios comprimidos indicando intensa concentração. A cicatriz junto a um dos olhos era aparente. Mas considerá-lo ameaçador? Não, Alfonso era bonito demais para parecer feroz. Maite suspirou feliz, cheia de admiração pelo marido.



Glenna não teve dúvidas. A castelã de Dunmurrow estava perdidamente apaixonada pelo barão Herrera. Não demorou muito e as boas novas chegaram à al­deia. O terrível Cavaleiro Vermelho voltara ao mundo dos vivos, domado pela bela esposa que, em troca, só faltava beijar o chão em que ele pisava.



O fato de Alfonso ter recuperado a visão tornou o mundo de Maite perfeito e cada dia passou a ter um novo brilho. Ele fazia questão de a adular e satisfazer todos os seus desejos, convidando-a para cavalgar e caçar, fa­zendo as refeições no salão, visitando a aldeia, embora parecesse tão feliz com aquelas exposições públicas quan­to ela.



Durante as noites, ladeados pelos cães, costumavam jogar xadrez nos aposentos principais, as trevas para sempre banidas pelo brilho suave das velas. E faziam amor. Depois de ter vencido o medo dos sentimentos for­tes, Maite se entregou de corpo e alma à emoção avas­saladora que fluía de Alfonso. Estivera certa, sim. Uma vez liberada, a paixão do marido desconhecia limites. E ela correspondia com igual ímpeto e ardor, algo que ja­mais se julgara capaz de fazer.



As semanas foram passando, transbordantes de feli­cidade, e, gradualmente, o tempo foi melhorando até a chegada da primavera. Herrera recomeçou a tra­balhar com seus homens, treinando-os e aprimorando as habilidades de cada um no uso das armas. Maite gos­tava de assistir algumas das sessões, admirando o Ca­valeiro Vermelho manejar a espada, o corpo enorme exe­cutando movimentos complicados com uma elegância na­tural, os músculos firmes e delineados sob as roupas. Mas apesar do prazer que a cena lhe causava, a ansiedade costumava ser maior.



Porque o milagre da visão recuperada abrira uma nova possibilidade. Alfonso tornara-se novamente capaz de lutar e não podia suportar a idéia de vê-lo deixar Dunmurrow para se embrenhar numa batalha. A exis­tência de Hexham era o único ponto negro que toldava a sua felicidade.



Até então Herrera dava a impressão de estar satisfeito com a permanência em Dunmurrow, porque tudo parecia tranqüilo em Belvry. Alan e seus homens haviam se instalado lá e não tinham visto sequer um sinal do traiçoeiro vizinho. Edith e Willie lambem continuavam em Belvry, casados e felizes. A previsão de Alfonso fora correta, pelo menos até o presente momento. Uma demonstração ostensiva de força mandara Hexham volta ao próprio covil. Porém, como uma serpente maligna, aquela criatura devia estar tramando alguma coisa. Talvez um ataque tão logo chegasse a primavera?



Por mais que se esforçasse para pensar o contrário, Maite não conseguia ignorar as dúvidas que a assaltavam. Uma sensação horrível de que seus dias e noites com o Cavaleiro Vermelho estavam contados.



Ela estava na despensa, separando algumas ervas e preparando um tônico para um dos servos, quando Kendrick veio lhe dar a notícia. Um grupo de soldados tinha chegado de Belvry e o líder estava conversando com barão naquele instante. Kendrick estava bastante excitado, como apenas rapazinhos podem ficar a respeito de cavaleiros e preparativos para a batalha. Mas Maite sentiu o sangue gelar nas veias.



Era como se o momento que sempre temera tivesse chegado. Procurando manter o controle, continuou separando as ervas. Ao terminar, lavou as mãos e subiu para os aposentos principais, onde, com certeza, más notícias a aguardavam.



Ao entrar no quarto, ela reparou, como sempre, as mudanças que ali haviam ocorrido desde a primeira vez em que pusera os pés nos aposentos do Cavaleiro Vermelho. Embora ainda existisse um brilho estranho no local, pois as paredes eram mesmo pintadas de vermelho. Embora as sombras tinham sido banidas para sempre e não mais escondiam o lorde de Dunmurrow.. As janelas abertas lançavam um faixo de luz sobre a mesa onde Alfonso e um soldado estavam conversando.



Tão logo a viu, Alfonso dispensou o soldado. Apesar de sentir que as pernas pesavam uma tonelada, ela conseguiu caminhar ao encontro do marido e, como se tentasse evitar o que estava para ouvir, fechou os olhos no instante em que escutou o barulho da porta sendo fechada.



- Hexham me fez um desafio direto – Herrera falou. - Não posso recusar.



Maite ergueu a cabeça, obrigando-se a aceitar a rea­lidade.



- Quando você vai partir? - perguntou com uma calma que estava longe de sentir.



- Assim que seja possível. Dentro de um ou dois dias.



Percebendo a tristeza do marido, ela desviou o olhar e foi até a janela, lutando contra a dor da separação. Lá fora as terras de Dunmurrow se estendiam a perder de vista, renovadas pelos primeiros sinais da primavera.



- Você se lembra quando eu fui visitar a curandeira da aldeia? - Maite indagou, sentindo a presença do marido atrás de si, o corpo forte irradiando calor.



- Sim. - Alfonso permaneceu imóvel, sem esboçar qual­quer tentativa de tocá-la.



- Fui procurar a curandeira para quebrar o encan­tamento que você tinha lançado sobre mim. Mas era um feitiço que poção alguma poderia desfazer. A viúva Nebbs sabia disso, claro, e acho que quis me ensinar uma lição.



- Maite... - A voz masculina soava baixa e angus­tiada.



- Ela me ensinou mesmo uma lição. Foi quando decidi aceitar meus sentimentos por você. E eles cres­ceram tanto que me fizeram transbordar de felicidade. Porém, agora, neste momento, é fácil lembrar por que um dia eu pedi uma poção mágica... Eu queria me pou­par desta dor.



Alfonso abraçou-a com força.



- Querida... Eu sinto muito. Preferia que não tivés­semos que enfrentar uma situação como esta. Você acha que desejo deixá-la agora, quando finalmente encontrei tudo o que sempre procurei?



Como Maite nada respondesse., Herrera con­tinuou.



- Quando perdi a visão, eu rezei, eu chorei, eu implorei para tê-la de volta. Mas depois que você apareceu na minha vida... a única coisa em que eu pensava era em poder mantê-la ao meu lado.



Apesar de tentar se controlar, Maite não conseguiu deixar de pedir:



- Então não vá.



- Mesmo que não fosse pela segurança de suas terras ou por causa da minha honra, o que seria do futuro? Se eu não lutar pelo que é meu agora, será que teremos que passar o resto de nossas vidas temendo vizinhos gananciosos? Eu gostaria de tornar Dunmurrow um lar seguro para os nossos filhos.



Ela sorriu, cheia de tristeza. Sabia muito bem que o marido estava certo, contudo essa certeza não diminuía a dor e nem tornava o sofrimento mais fácil de suportar. A verdade é que amava Alfonso com todas as suas forças e agora seria obrigada a pagar o preço.



- Está bem. Só quero que você volte logo para casa...e em segurança.



- O quê? - Alfonso indagou fingindo-se ofendido. ­Você não tem nenhuma fé no Cavaleiro Vermelho?




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Autor(a): taynaraleal

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  Maite levantou-se antes do amanhecer para vê-lo partir. Embora a primavera já tivesse chegado, as ma­nhãs continuavam úmidas e frias, obrigando-a a enro­lar-se numa capa pesada. Imponente, Alfonso dava as últimas ordens, montado no garanhão negro. Além dos homens que haviam vindo de Belvry, os soldados de D ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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