Fanfics Brasil - Capítulo 29 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 29

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Maite levantou-se antes do amanhecer para vê-lo partir. Embora a primavera já tivesse chegado, as ma­nhãs continuavam úmidas e frias, obrigando-a a enro­lar-se numa capa pesada.



Imponente, Alfonso dava as últimas ordens, montado no garanhão negro. Além dos homens que haviam vindo de Belvry, os soldados de Dunmurrow iriam acompanhá-lo também, pois não tinha a menor vontade de sofrer uma emboscada antes de chegar ao seu destino.



Com um aperto no coração, ela pensou que jamais vira o marido com uma aparência mais poderosa, ou mortal, do que naquele momento. Vestido para a batalha, o elmo sob o braço, ele personificava o deus da guerra.



- Maite, meu amor – ele falou surpreso, vendo-a se aproximar. - Eu não a esperava aqui.



- Você nunca poderá escapulir da nossa cama sem que eu perceba - ela brincou, um sorriso nos lábios para esconder as lágrimas. - Aqui está, tenho uma coisa para lhe dar.



Sufocada pelo choro contido, Maite entregou-lhe o que havia bordado durante as horas que o marido passara treinando os homens e se preparando para este dia. Com um único movimento do pulso forte, Alfonso desfraldou o estandarte. Sobre o veludo vermelho-sangue, um veado branco lançava os chifres para o infinito.



- Já que você ainda não tem um brasão próprio, decidi bordar o emblema dos de Perroni sobre um fundo encarnado - ela murmurou baixinho.



- É lindo. Obrigado. - Alfonso chamou o escudeiro que apressou-se a enrolar o estandarte antes de guardá-lo junto aos pertences do barão.



Então ele fitou a esposa nos olhos, como se somente a muito custo conseguisse controlar a paixão dentro do peito.



- Maite... - Herrera abriu a boca para dizer alguma coisa, porém não foi capaz de emitir mais ne­nhuma palavra. Simplesmente ergueu-a nos braços e bei­jou-a com sofreguidão. Quando Alfonso sentiu os pés to­carem outra vez o chão, o marido já cavalgava ao longe, perdido na escuridão que antecede a madrugada.



 



Debruçada sobre o balcão da despensa, Maite pre­parava um chá medicinal para aliviar o desconforto de um dos aldeões que quebrara a perna recentemente.



Ao terminar, para o próprio sofrimento. Se ao menos pudesse fazer alguma coisa para aliviar a dor e a angústia que a consumiam e que, desde a partida de Alfonso, se­manas atrás, só fizeram aumentar.



Entretanto sabia que nem ela, nem a viúva Nebbs, tinham a cura para o mal que a acometia. Sentia uma falta terrível do marido. Embora estivesse ainda mais ocupada agora, com o plantio das terras para supervisionar­ , os jardins para cuidar e uma centena de outros deveres, o fato é que a ausência de Alfonso lhe pesava sobre os ombros como um fardo insustentável. Seus dias podiam ser cheios, porém uma parte de si mesma continuava vazia.



- Minha lady? - A chegada de uma nova residente do castelo, uma garota tímida, vinda da aldeia, arrancou-a do profundo estado de melancolia.



- Sim? - Ela encorajou a menina com um aceno do cabeça.



- Estive na aldeia hoje. Fui ver a viúva Nebbs ­Clara falou embaraçada, fitando o medicamento que a castelã preparara.



Maite sorriu compreensiva, sabendo que velhos há­bitos custam a morrer. Certamente o fato de Clara ter buscado auxílio em outro lugar não a ofendia nem um pouco.



- E então?



- A viúva Nebbs me pediu para lhe entregar uma coisa, minha lady.



- Oh? - Maite não havia tomado a visitar a velha senhora, as lembranças do profundo mal-estar causado pela poção ainda vivas em sua mente. Embora se sentisse culpada por negligenciar a viúva, a culpa não era grande o suficiente para fazê-la voltar ao casebre estranho e sombrio.



- Sim, minha lady, aqui está.



Ao receber o pequeno embrulho das mãos da garota, Maite imediatamente colocou-o sobre o banco, procu­rando se convencer de que não era supersticiosa. Mas havia algo a respeito da viúva Nebbs que a deixava nervosa.



- Ela mandou lhe dizer que estas ervas são boas para fazer o bebê se acomodar bem no útero.



Surpresa, Maite fitou Clara sem nada entender. Bebê? Que bebê? Antes que tivesse tempo de analisar o recado, a garota continuou devagar, como se recitasse algo de memória.



- A viúva Nebbs também me pediu para lhe dizer que você não precisa ter medo, minha lady... porque...porque a mágica do... veado branco a acompanha.



Ela simplesmente não sabia o que pensar depois de ouvir o recado ultrajante. Entretanto Clara não parecia esperar resposta alguma, pois tão logo se desincumbiu da tarefa que lhe fora imposta, sorriu feliz e saiu da dispensa.



Inspirando fundo, Maite concluiu que talvez  Devesse rir. E até teria rido, se os pêlos arrepiados na nuca não a impedissem de relaxar. Um veado mágico? Antes, con­siderara a viúva uma criatura estranha, mas sábia. Ago­ra, perguntava-se se a pobre-coitada não tinha enlouque­cido. Ela estendeu a mão, disposta a jogar o embrulho no lixo. Mesmo se estivesse à morte, provavelmente não receitaria nada vindo da viúva Nebbs. A última poção a deixara doente demais para se arriscar.



Um bebê e um chá medicinal para fazê-lo se acomodar no útero. A idéia lhe soava como um total disparate. De repente Maite sentiu um frio estranho percorrê-la da cabeça aos pés ao tentar se lembrar da última vez que ficara menstruada. Fazia mais de um mês que as regras não vinham e sequer prestara atenção ao fato, preocu­pada demais com a ausência do. marido.



Era bem possível, Maite pensou atordoada, inteira­mente possível. Não; mais do que possível. Provável. Aliás, bastante provável que estivesse carregando no ven­tre o filho de Alfonso. Só não se dera conta antes porque andara muito angustiada para reparar! Como será que a viúva Nebbs...?



No mesmo instante Maite afastou a mão do embru­lho, como se as ervas tivessem o poder de queimá-la. Ao sair correndo da despensa, quase deu um encontrão em Cecil. Impassível, o servo fitou a sem menor surpresa, como se fosse comum ver a castelã de Dunmurrow correndo desabalada e esbarrando nas pessoas.



- Cecil - ela falou sem maiores explicações. um embrulho sobre o banco da despensa. Por favor jogue-o no lixo para mim.



- Certamente, minha lady - o criado respondeu sem mover um músculo da face.



- Obrigada. Você é muito bom.



Então ela correu na direção dos aposentos principais ansiosa para ficar a sós e pensar, planejar, sonhar com o filho, ou a filha, que trazia no ventre. O vazio interior de repente fora preenchido outra vez.



Maite não se preocupou mais com o tal embrulho porque suspeitava que aquela mistura de ervas fora apenas uma desculpa encontrada pela viúva para obrigá-la se dar conta do bebê. Porém, voltava a pensar com insistência no resto da mensagem que recebera, a mensagem que Clara se esforçara para repetir com exatidão. O que será que a velha senhora quisera lhe mandar dizer? Sentia-se curiosa sim, mas não curiosa o suficiente p visitar a viúva e descobrir por si mesma.



Ela estava no salão principal quando alguém veio avisar que um visitante recém-chegado aguardava p missão para entrar junto aos portões.



- É um homem chamado Benedict de Belvry ­- soldado explicou.



- Mande-o entrar! - Maite falou, o coração batendo acelerado no peito. Nem por um momento questionou vinda de Benedict, e não de um dos homens do marido. Tudo em que conseguia pensar era que ouviria notícias de Alfonso.



Imediatamente mandou que trouxessem uma bandeja com cerveja e pão para alimentar o viajante. Depois acer­cou-se do fogo para aquecer as mãos geladas, embora a temperatura no interior do castelo fosse agradável. Se alguma coisa tivesse acontecido ao seu marido... Alfonso! Alfonso! O nome dele latejava no seu sangue com uma força descomunal. Melhor não tentar pensar, nem adi­vinhar, nem antecipar...



Naquele momento Benedict entrou, uma capa jogada sobre os ombros e um capuz na cabeça, parecendo bem mais alto do que se lembrava. O rapaz não disse uma palavra e ficou de pé num canto, enquanto um servo deixava uma bandeja com alimentos sobre a mesa. Se­gundos depois Maite estava novamente a sós com Be­nedict. Só que não era Benedict.



Ela permaneceu imóvel sem saber se deveria chamar os guardas ou gritar pedindo socorro. Apesar do homem não fazer nenhum movimento ameaçador, alguma coisa estava muito errada. Quem seria ele? Por que estaria querendo se fazer passar por Benedict? O instinto lhe dizia que se tratava de um inimigo, contudo o que uma criatura sozinha esperava ganhar, quando havia guardas em Dunmurrow e uma pequena tropa acampada ao lado das muralhas externas?



Pois quem quer que fosse, o desconhecido obviamente não demonstrava nenhum medo porque continuou fitan­do-a com interesse até que deu um passo para frente e, num gesto melodramático, atirou o capuz para trás.



Ao se ver frente a frente com um rosto que lhe era familiar, Maite não podia acreditar nos próprios olhos.



- Hexham! Você está louco? O que está fazendo aqui?



- Vim resgatar a bela dama, claro - ele respondeu no tom arrogante que lhe era peculiar. O barão era tão moreno quanto Alfonso, a pele desbotada, os ca­belos negros como uma noite de breu. Muitas pessoas poderiam até considerá-lo um homem bonito, porém Hex­ham se achava maravilhoso.



- Venha, Maite. Eu a libertarei desta masmorra e a conduzirei de volta a Belvry.



Ela se afastou das mãos estendidas, completamente confusa.



- O que você está dizendo?



- Estou dizendo que vim libertá-la deste lugar horrível para reconduzi-la ao luxo ao qual está acostumada e que lhe pertence por direito. - Com o peito estufado feito um balão, Hexham se dava ares de grande cavaleiro. Somente então Maite percebeu que seu antigo vizinho via a si mesmo como um verdadeiro salvador.



O plano do barão estava claro enfim. O desafio que ele fizera ao Cavaleiro Vermelho fora apenas uma desculpa para obrigar o lorde de Dunmurrow a afastar-se de seus domínios, deixando o castelo sob a guarda de uma tropa reduzida. Assim Hexham poderia raptá-la da maneira mais covarde e desleal possível. Aquele verme não tinha um pingo de honra e se escondera atrás de um disfarce para atingir seus objetivos baixos.



Enojada, Maite não conseguiu disfarçar a expressão de profundo desprezo no rosto. Hexham era traiçoeiro, como uma cobra e não merecia ser levado em consideração. Alfonso, por exemplo, teria agido às claras e com ousadia, já Hexham preferia agir pelas costas, sem qualquer ética. Muito embora ele estivesse só naquele momento, tinha certeza de que seus homens o aguardavam a uma distância segura do castelo. Covarde por natureza, o barão não se aventuraria a agir por conta própria, mesmo julgando que viera em auxílio de uma mulher desejoso de ser salva.



Do alto da sua insolência, Hexham estendeu os braços, certo de que Maite correria ao seu encontro, cheia da gratidão por ser salva de um marido bárbaro.



Ela quase começou a rir.




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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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