Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni
Embora a idéia de dormir outra noite ao relento, quando uma cama macia estava ao alcance das mãos, a incomodasse, a atitude desafiadora de Herrera a impressionava. Aliás, ia bem de acordo com seus planos.
- O homem é um demônio, marque bem minhas palavras - Edith murmurou num tom lúgubre.
- E você marque bem minhas palavras - Maite devolveu, um sorriso triunfante nos lábios. - Ele é um homem mal-educado e rude que não hesitará em desafiar as ordens do rei amanhã! E então... então poderemos ir para casa.
Na manhã seguinte, a ponte levadiça foi finalmente abaixada sobre a vala profunda que cercava o castelo e o grupo liderado por Delamere pôde entrar em Dunrnurrow. Acostumada ao movimento incessante de Belvry, Maite ficou surpresa ao descobrir o pátio quase deserto. A construção parecia vazia! Sabendo como Edith interpretaria aquela ausência de pessoas, evitou fitar a serva.
Mesmo considerando a lenda criada em torno do Cavaleiro Vermelho um punhado de bobagens, Maite não conseguiu evitar a sensação desagradável, beirando ao pavor, que a invadiu ao ouvir a ponte levadiça sendo alçada de volta. Por um instante sentiu-se trancada dentro do um covil, à mercê de feras...
Determinada a enfrentar a situação a qualquer custo, procurou dominar o medo enquanto um guarda os conduziu à parte interna do castelo. Porém o salão de Dunmurrow não lhe trouxe conforto algum. Imenso e escuro, cheirava a fumaça e mofo, sendo possível enxergar camadas grossas de sujeira acumuladas nas paredes. Que tipo de homem seria esse, capaz de deixar a própria casa nestas condições? As janelas estreitas estavam fechadas, quase não deixando passar os raios tímidos de Sol, insuficientes para romper a escuridão.
Falta de iluminação adequada não era algo incomum, especialmente em construções antigas como o castelo de Dunmurrow, mas em geral o problema era contornado com o auxilio de velas e tochas, deixadas acesas durante o dia inteiro. Entretanto, apesar do tamanho impressionante do salão, quase não se viam velas.
Maite estremeceu e olhou ao redor, procurando enxergar através das sombras. Embora a lareira estivesse acesa, o fogo baixo de pouco servia para oferecer calor e conforto. De onde estava, a outra extremidade do salão era impenetrável, imersa em trevas sufocantes. Isadora recusava-se a fitar Edith que se aproximara do sacerdote como se buscasse proteção.
O grupo permaneceu em silêncio, a atmosfera opressora envolvendo-os como um manto. Dentro do silêncio pesado ouviam-se apenas os passos impacientes de Delamere. O emissário do rei andava de um lado para o outro sem disfarçar a irritação crescente. Acostumado a ser tratado com uma certa deferência, não se conformava com o descaso mostrado pelo barão Herrera, especialmente depois da noite passada ao relento.
Quando Delamere parecia a ponto de explodir, um servo anunciou que o Cavaleiro Vermelho mandara lhes servir uma refeição. Mesmo ainda sendo um tanto cedo para o almoço, os homens se atiraram à comida, como se estivessem famintos não só de alimentos mas de algo que lhes desse uma sensação de normalidade.
- Vamos, coma, minha lady - Edith murmurou puxando a jovem para o seu lado.
Porém Maite sentia-se incapaz de comer; não quando tinha consciência da gravidade da tarefa que a aguardava. De repente seu plano lhe parecia ousado demais, incerto demais para alcançar o sucesso. Além de tudo o castelo de Herrera a perturbava profundamente, inquietando-a ao extremo. Até o momento presente, o homem fazia jus à sua reputação.
Um único servo ia e vinha da cozinha, trazendo travessas, fatiando a carne assada, servindo cerveja.
- Onde estão todos? - ela indagou assombrada, sem na verdade esperar qualquer resposta. Acostumada ao movimento do salão principal em Belvry, onde as vozes das damas, cavaleiros, servos e visitantes se misturavam numa alegre algazarra, era impossível não se ressentir desse silêncio lúgubre. O castelo era muito quieto, o eco das paredes vazias transformando qualquer barulho num Bom ameaçador.
- Ele é inumano, pode estar certa disso - Edith sussurrou horrorizada.
- Não é inumano viver na pobreza - Maite retrucou, um ar pensativo no rosto. - Só agora percebi como sempre tomei certas coisas como garantidas. O castelo que meu pai construiu quando jovem ainda está em ótimas condições nos dias de hoje, cheio de luz, belas pinturas, tapeçarias delicadas. E também muitos servos cumprindo suas obrigações...
- Grande parte disso se deve a você, minha lady. Os homens, quando deixados por sua própria conta, em geral acabam se descuidando da comida e da limpeza. - Edith foz uma careta de desagrado.
- Concordo inteiramente. - Pelo pouco que Maite conseguira ver até então, o castelo Dunmurrow parecia Imundo. Uma grossa camada de sujeira cobria o chão e o ar tinha o cheiro desagradável de alimentos estragados e lixo acumulado. As paredes estavam pretas de fumaça, as mesas sujas e ásperas. Os pratos usados na refeição nadavam em gordura e ela se perguntou se o resto do castelo também estava naquelas tristes condições.
Servida em pratos limpos ou não, a verdade é que a comida tinha um gosto intragável. Depois de provar o primeiro pedaço da carne, Maite deu-se por satisfeita e mordiscou uma fatia de pão enquanto os outros continuavam a almoçar. E como almoçaram. A refeição deu a impressão de durar para sempre, servindo apenas para aumentar seu estado de agitação.
De qualquer maneira todos pareciam mais relaxados com os estômagos cheios, à exceção de Delamere e Maite, cada qual mais furioso do que o outro.
- Vamos, minha lady, beba alguma coisa – Edith insistiu, procurando acalmá-la.
- Não quero nada, quero apenas dar esse caso por encerrado. Mal posso esperar que Herrera apareça para resolver o assunto. Assim poderemos ir embora logo!
- Psiu! - A criada apontou discretamente na direção de Delamere.
Maite ignorou o aviso.
- Por que a demora? Por que somos obrigados a aguardar aqui como mendigos depois de termos sido forçados a passar a noite do lado de fora do castelo?
- Minha lady, por favor, cuidado com a língua. As paredes têm ouvidos. Não seria sensato desafiar a ira do Cavaleiro Vermelho.
- Pois não me importo se ele é o próprio diabo encarnado. Se não formos admitidos na sua presença herética neste instante, partirei para Belvry. Claro que assim a ordem do rei perderá o valor.
Edith cobriu o rosto com as mãos, apavorada, enquanto Delamere fuzilava Isadora com o olhar. Como se aguardasse o momento certo para interferir, um servo chamado Cecil deu um passo à frente.
- Se minha lady e este cavaleiro fizerem o favor de me acompanhar, meu lorde está pronto para recebê-los agora.
Por um momento Maite pensou em levar Edith também, mas acabou decidindo que o melhor era deixá-la no salão, na companhia dos outros. Se o Cavaleiro Vermelho fosse metade do que os rumores envolvendo sua reputação afirmavam, provavelmente a criada desmaiaria de novo.
Cecil os conduziu através de um corredor gelado até li ma escada em espiral. Era quase impossível enxergar os degraus, tão espessa a escuridão. O castiçal levado pelo servo silencioso de pouco adiantava e ela mal percebeu quando pararam diante de uma porta de madeira maciça. Então Cecil abriu-a e fez um sinal para que entrassem.
Maite presumiu que estivessem nos aposentos do Cavaleiro Vermelho, no próprio covil da fera. Depois do frio penetrante do corredor, o calor dentro do quarto imenso era mais do que bem-vindo. Ela aproximou-se da lareira para estendeu as mãos para aquecê-las, enquanto olhava ao redor curiosa. Se houvessem janelas, deviam estar hermeticamente fechadas porque o único foco de iluminação vinha do fogo pálido. Com muita dificuldade, percebeu que as paredes eram pintadas de vermelho claro e as cortinas de veludo acompanhavam o mesmo tom. Na verdade, um ambiente perfeito para Herrera considerando todos os rumores, é claro.
Sem tachas ou castiçais para aliviar as trevas, estavam lodos envolvidos numa escuridão quase total.
Bem longe deles, envolto pelas sombras mais pesadas, destacava-se a figura de um homem altíssimo, ladeado por dois cachorros enormes.
Seria Herrera? Maite focalizou bem os olhos tentando enxergá-lo melhor, porém por mais que se esforçasse, não conseguia vê-la com nitidez. Contudo não linha dúvidas de que, apesar de sentado, era um homem muito, muito maior do que Delamere. Além da altura, era impossível distinguir as feições do rosto, a cor e o comprimento dos cabelos ou mesmo as roupas que o desconhecido usava. Embora o instinto lhe dissesse que estava frente a frente com o Cavaleiro Vermelho, ainda assim não podia ver nada além de uma silhueta escura.
Toda aquela circunstância incomum era bastante inquietante. Que tipo de homem seria ele? Será que procurava assustá-los propositalmente? Maite jamais temera a noite e nunca acreditara nas histórias fantásticas que se contavam sobre o barão Herrera. Mesmo assim não conseguiu evitar os tremores que a sacudiram da cabeça aos pés, como um aviso carregado de maus presságios.
Se estivesse presente, Edith, com certeza, teria caído desmaiada no chão.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 79
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37
Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34
Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII
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taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27
VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII
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nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09
Continua a fanfic e muito boa
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dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31
Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...
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dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58
CONTINUA...
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26
Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18
Posta mais. Necessito de mais.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51
'- Me beije - ele pediu' JESUS