Fanfics Brasil - Capítulo 4 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 4

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-Li a mensagem que o rei me enviou. - A voz profunda e forte não es­condia um certo tom de zombaria. Ou seria irritação? Maite sentiu-se ofendida com a falta de consideração, em especial porque o barão fora direto ao assunto sem dar ao trabalho de lhes dar as boas-vindas de maneira educada. Ao pensar na longa noite passada ao relento, nas horas infindáveis dentro do salão sujo e frio e na escuridão que a impedia de enxergar seu anfitrião, a luva explodiu.


- Fico feliz em saber, meu lorde - ela respondeu altiva. - Esperamos tanto tempo que comecei a achar que ninguém em seu castelo sabia ler.


A resposta carregada de uni insulto velado fez com que o barão olhasse na sua direção, e apesar de não poder ver, sabia que um par de olhos hostis a fitavam de dentro das trevas. Entretanto havia chegado a um ponto tal de estresse emocional, que nada mais im­portava.


- Se você não tem intenção de se submeter à ordem continuou secamente -, então por favor nos diga para que possamos partir. Tenho uma longa jornada pela fren­te e muitas noites a mais para dormir ao relento antes de chegar em casa.


Um silêncio prolongado caiu sobre todos e Maite teve vontade de esbofetear o desconhecido, de obrigá-lo a le­vantar-se e lhe prestar as honras a que uma dama da corte tem direito em vez de ficar sentado no meio das sombras, como um verdadeiro demônio vermelho.


- Minha lady... - Herrera fez uma pausa, como se não conseguisse lembrar o nome da mulher que haviam lhe imposto como noiva. Maite teve vontade de gritar de ódio. - Lady Perroni - ele continuou muito calmo. - Segundo esta carta, você devia escolher um marido dentre todos os cavaleiros do reino e escolheu a mim. Posso saber por quê?


Esforçando-se para manter-se serena diante de uma pergunta tão direta, Maite mordeu o lábio inferior com força. Bem no fundo, esperara que Herrera a recusasse e a mandasse embora de Dunmurrow, talvez com uma objeção delicada, talvez com uma reprimenda gros­seira. Só não imaginara que seus motivos seriam inter­rogados com tamanha ousadia.


Vendo-a hesitar, o barão voltou-se para Delamere.


- Você, senhor, responda-me. Será que esta dama é uma bruxa, para ninguém da corte se dispor a aceitá-la como esposa?


Maite sentiu o rosto em fogo enquanto Delamere su­focava uma risada ao responder.


- Ela é conhecida por sua teimosia, meu lorde, en­tretanto muitos cavaleiros da corte. a aceitariam de muito bom grado.


- Sim, pois trata-se de uma dama muito rica, não é?


A insinuação deselegante do Cavaleiro Vermelho não lhe passou despercebida. Como é que aquele homem tinha coragem de sugerir que somente o seu dinheiro a tornava atraente aos olhos masculinos? Maite inspirou fundo e contou até dez, quando sua vontade era esganar o barão.


- Na sua opinião, senhor, lady Perroni é uma mulher graciosa?


Ela enrubesceu até a raiz dos cabelos enquanto Dela­mere a fitava intensamente. Aliás, o primeiro sinal de interesse que o emissário do rei demonstrava sobre a sua pessoa.


- Sim, meu lorde. É uma dama não muito alta, de constituição delicada. Os cabelos são tão pretos que pa­recem entrelaçados da petróleo mais puro. E os olhos... os olhos são prateados. Profundos, brilhantes como pedras preciosas. A beleza de minha lady é conhecida em todo o reino - Delamere concluiu um pouco sem jeito com a própria eloqüência. ­


-O temperamento da dama obedece a mesma descrição? ­


O emissário do rei teve a delicadeza de não responder. Maite estava possessa de ódio. Nunca se sentira tão humilhada como naquele instante, em que dois homens discutiam suas qualidades e defeitos como se ela não passasse de um objeto à venda.


- E então você me escolheu, minha lady - Herrera afirmou num tom ameaçador que a fez estremecer apesar da raiva. - Talvez os cavalheiros da corte fossem um tanto imberbes demais para o seu gosto e assim você pensou que o Cavaleiro Vermelho estaria melhor equipado para a tarefa de domá-la?


Delamere riu baixinho.


- Posso ver agora que foi um erro, meu lorde - Maite retrucou friamente, o coração batendo descompas­sado no peito, as mãos cobertas por um suor gelado.


- Sim. Foi um erro... um erro seu, não é mesmo? ­- Seria impossível não perceber o desprezo contido em cada uma das palavras.


Como Maite se recusasse a responder, um silêncio pesado caiu sobre o ambiente até que Herrera vol­tar a falar, a voz destituída de qualquer emoção.


- Mas o que está feito está feito. Que assim seja. Cecil vá preparar a capela e leve o sacerdote para lá quando tudo estiver pronto. Sinto não estarmos acostumados a receber visitantes em Dunmurrow e a hospitalidade oferecida dentro do meu castelo é limitada. Con­tudo, faremos o melhor possível. - Com um breve aceno de mão, ele os dispensou fazendo o sangue de Maite correr gelado nas veias.


- Espere! - Ela pediu sem esconder o desespero. ­- Meu lorde, posso falar com você em particular?


-Sim.


Obviamente aliviado por seu dever estar quase cum­prido, Delamere apressou-se a sair, seguido de Cecil. Maite foi deixada só na companhia do Cavaleiro Vermelho, que permanecia escondido nas sombras. Que tipo de ho­mem se trancaria numa total escuridão quando lá fora reinava a plena luz do dia? De pé diante de alguém de quem sequer podia enxergar o rosto, ela se sentiu vacilar. Foi com muito esforço que se armou de coragem e deu um passo na direção da figura ameaçadora.


Um dos cachorros rosnou baixo.


- Parada, minha Lady.


Confusa, Maite ficou imóvel durante alguns segundos e depois deu outro passo para a frente. Os cachorros voltaram a rosnar, o som assustador ecoando dentro das trevas.


- Parada, eu disse - Herrera repetiu irritado. - Sente-se - ele completou com um pouquinho mais de delicadeza, apontando para o sofá perto da lareira. Maite obedeceu como um cachorrinho ensinado.


- Meu lorde, garanto-lhe que essa história toda é um grande erro - ela começou, apertando as mãos geladas uma de encontro a outra no auge da aflição.


- Sim, é verdade. E a responsabilidade sobre esse erro monumental é toda sua. Você pensava que eu iria desafiar uma ordem do rei?


O silêncio de Maite confirmou as suspeitas do barão de Dunmurrow.


- Então foi isso mesmo. - Herrera riu amar­gurado.


- Sua reputação é assombrosa, meu lorde.


- Entendo. Talvez você achasse que eu poderia fazer a ordem desaparecer no ar como fumaça, usando um tru­que qualquer de feitiçaria?


Maite engoliu em seco, incapaz de responder. Por um momento julgou tê-lo visto sorrir dentro das sombras.


- Bem, minha cara lady Perroni, suas maquinações deram errado e o plano foi por água abaixo. Não importa o que você tenha ouvido a meu respeito, porque nada neste mundo me faria desafiar meu rei. Devo muito a Edward e vou obedecê-lo. Agora que você fez sua cama, sugiro que deite nela.


Uma batida na porta anunciou a chegada do servo. Imediatamente Herrera o mandou entrar.


- Cecil, por favor, acompanhe minha noiva aos seus aposentos. Vamos nos casar o mais depressa possível.


As palavras firmes do Cavaleiro Vermelho soaram como uma verdadeira sentença de morte.


Embora Maite estivesse sentada imóvel no quarto, sua mente fervilhava. Ainda dava tempo de fugir. Pre­cisava apenas abrir a porta e escapar daquele castelo amaldiçoado. Considerando a escuridão reinante, seria fácil passar despercebida. Mas o que a aguardava do lado de fora? Seria capaz de convencer os guardas a deixá-la sair? E quanto à ponte levadiça? Maite praguejou baixinho, de uma maneira muito pouco feminina.


Apesar de ter trabalhado duro, planejado e esquema­tizado à exaustão,estava a um passo de se casar. E não rum algum almofadinha obediente e sim com um homem que sequer expunha a face à luz, um homem que se mantinha distante de todos! Maite estremeceu violen­tamente, porém procurou reagir. O bruto não iria assustá-la. Também não iria fugir. A dignidade e o orgulho dos Perroni a manteriam de pé.


Uma batida repentina à porta interrompeu o curso de seus pensamentos. Oh, Deus, a última coisa que queria nesse momento era ser obrigada a ouvir os lamentos de Edith. Precisava concentrar-se em manter o próprio au­tocontrole e não agüentaria ter que consolar a criada também.


Entretanto não era Edith, mas o sempre-presente Cecil.


- Meu lorde a aguarda na capela, minha lady – ele anunciou, uma expressão impenetrável no rosto.


Maite sentiu um aperto no coração, incapaz de acre­ditar que o tempo havia passado tão depressa. Sua ba­gagem continuava no salão lá embaixo, portanto ainda usava o mesmo vestido que trocara ao acordar. Sequer tinha consigo uma escova para arrumar os cabelos. Por outro lado, nada disso importava. O que aquele bruta­montes do Cavaleiro Vermelho pensava a seu respeito não fazia a menor diferença. Inspirando fundo, levan­tou-se e acompanhou Cecil como se estivesse marchando para a própria execução.


Os dois atravessaram alguns corredores estreitos até que finalmente chegaram à capela. O local estava tão escuro quanto o resto do castelo. Tendo perdido a noção das horas, Maite não sabia se lá fora já anoitecera, porque com certeza as trevas dentro daquelas paredes não eram naturais, e sim provocadas por um homem.


De queixo erguido, caminhou para o altar tentando não prestar atenção nas poucas pessoas reunidas para assistir à cerimônia. Seria Edith num canto, benzendo-se e choramingando? Teria ouvido alguém murmurar as pa­lavras blasfêmia e adorador do diabo?


Reunindo todas as suas forças, Maite lutou para manter a serenidade porque apesar da demonstração ex­terior de coragem não estava imune aos efeitos da at­mosfera ameaçadora de Dunmurrow. As sombras perpé­tuas, o odor de mofo e o silêncio pesado, pouco contri­buíam para fazer da capela a casa de Deus. Também os rostos ali reunidos em nada lembravam as fisionomias alegres que costumam enfeitar os casamentos.


Com muita dificuldade, evitou pensar nas palavras de Edith. O fato do Cavaleiro Verme1ho apreciar a escuridão não significava que fosse um feiticeiro ou algum tipo de criatura do mal. Afinal já fora obrigada a enfrentar coisas piores na vida do que um punhado de sombras.


Herrera a aguardava no altar. Uma figura alta e misteriosa ao lado do sacerdote. Ao se aproximar, Maite tropeçou, sendo imediatamente amparada por uma mão forte, de dedos longos e ágeis. Ela levantou os olhos, buscando enxergar o futuro marido. Porém à escuridão era tão grande que nada pôde ver. Havia qualquer coisa de pagão em casar-se com um homem de quem sequer vira o rosto.



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Autor(a): taynaraleal

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Fabiii maratona para tu minha linda, espero que goste. E vocês também minhas leitoras, são as mais lidas do fb. Beijos só vou dormir hoje quando postar esse 8 capítulos da maratona :)   Recusando-se a se deixar intimidar, ela fitou o sacer­dote que, iluminado por um pequeno castiçal, era a única pessoa visível ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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