Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni
De cabeça erguida, Maite seguiu o sempre presente Cecil, que viera buscá-la para o jantar. Seu quarto e o cubículo ao lado, uma espécie de depósito, estavam agora limpos e arrumados. Ela tentava não pensar nos aposentos espaçosos de Belvry ou no solário, rodeado de janelas envidraçadas, onde costumava passar a maior parte do dia. Talvez pudesse mandar buscar algumas de suas tapeçarias favoritas para cobrir as paredes mas de Dunmurrow e para alegrá-la também...
Determinada a não alimentar pensamentos dolorosos, tratou de se concentrar nos problemas imediatos. Depois do jantar iria pedir que lhe preparassem um banho, decidiu, esforçando-se para se concentrar em detalhes. Quem sabe se mantivesse a mente voltada para assuntos banais não conseguiria esquecer, pelo menos por um momento, o tamanho e a gravidade de seu erro.
Sim, havia se enganado terrivelmente, Maite admitiu pela primeira vez, embora continuasse a negar o fato para Edith. Seu plano fora um completo desastre porque se apoiara demais nas reações de terceiros. Quando o rei e Herrera agiram de maneira inesperada, tudo fora por água abaixo. Em vez de ganhar a liberdade, suas atitudes a tinham condenado a viver neste lugar sinistro.
O bom senso lhe dizia que devia ter escolhido um outro homem para marido, entretanto bastava pensar nos cavaleiros da corte para chegar a conclusão de que continuaria a rejeitá-los de forma definitiva. A verdade é que preferia não ter se casado com ninguém. E se a opinião de Edith fosse levada em consideração, permanecia uma mulher solteira. A criada insistia na idéia de que Herrera era um fantasma ou um demônio, não uma criatura mortal, com sangue quente correndo nas veias. Enquanto arrumavam o quarto, a pobre-coitada fizera questão de repetir à exaustão cada um dos boatos que ouvira sobre o Cavaleiro Vermelho, fazendo-o assumir os mais variados papéis, desde o próprio diabo encarnado até um espectro destituído de forma.
Maite sorriu para si mesma ao se lembrar das tolices contadas pela serva pois aquelas histórias absurdas eram risíveis. Aliás, pensando bem no assunto, talvez não houvesse escolhido tão mal assim. Herrera, de quem não chegara a ver sequer a face, podia ser um marido até melhor do que um homem de carne e osso. Afinal devia ser mais fácil1idar com uma sombra do que com um nobre arrogante. Não, não era verdade. O Cavaleiro Vermelho, fosse sombra ou não, jamais se deixaria dominar.
Seguindo Cecil por um corredor frio e estreito, cercado de pedras por todos os lados, Maite tropeçou várias vezes por causa da escuridão. Praguejando em silêncio, desejou ardentemente ter escolhido outro cavaleiro para marido. Se houvesse optado por um dos nobres da corte poderia até estar enfrentando outros problemas agora, mas pelo menos seria capaz de enxergar! A noite eterna de Dunmurrow começava a pesar sobre seus ombros como um fardo, frustrando quaisquer esforços de manter a pretensão de que vivia uma situação normal.
Quando Cecil parou diante dos aposentos principais ela não se surpreendeu. Não era incomum que o lorde de um castelo ceasse em particular na companhia de amigos íntimos ou convidados especiais. Porém não gostava nada de estar de volta à alcova do Cavaleiro Vermelho. O quarto enorme parecia ainda mais escuro do que se lembrava. O fogo da lareira continuava sendo a única fonte de luz, as labaredas inquietas atirando-se para o ar como línguas vermelhas e vorazes.
Herrera já estava sentado à mesa, aguardando-a no meio das sombras. Embora houvesse debochado das histórias contadas por Edith horas antes, não conseguia evitar a pontada de inquietude que aquela figura enorme despertava. Sentia-se como uma presa, atocaiada pelo caçador. Ao ouvir um rosnado, estremeceu violentamente.
- Quieto, Pollux - Herrera falou e Maite percebeu, para seu alívio, que o som viera de um dos cães, não de seu marido. Contudo, a escuridão absoluta e a presença ameaçadora dos animais, tornava difícil ignorar os avisos de Edith. Talvez o Cavaleiro Vermelho fosse uma fera, uma coisa horrenda, disforme... Talvez tivesse o rosto distorcido por focinho, caninos afiados e um par de olhos vermelhos flamejantes...
- Sente-se, minha lady. Não vou mordê-la.
O tom seco, quase insultuoso, acabou por transformar o desassossego em irritação. Maite ergueu o queixo, engoliu uma resposta mal-educada e sentou-se.
- Meu lorde - ela o cumprimentou no mesmo tom. Depois olhou ao redor, procurando sinais da presença de outras pessoas. Para sua total surpresa, havia apenas dois lugares postos à mesa. - Onde está o padre? Indagou. - E Delamere, o emissário do rei?
Herrera não pareceu gostar das perguntas.
- Eles já se foram - respondeu asperamente. - Partiram logo após a cerimônia de casamento, ansiosos para começar a longa jornada que os aguardava.
Maite sentiu um misto de frio e calor intenso. Não conseguia acreditar que aquele pequeno grupo que a acompanhara não fora convidado para, pelo menos, pernoitar no castelo. Mesmo que não houvesse abundância de alimentos por causa do inverno, com certeza um pouco de pão e vinho poderia ser servido aos convidados. Jamais ouvira dizer que as testemunhas de um casamento fossem mandadas embora sem que lhes servissem uma refeição.
Saber-se sozinha na companhia do Cavaleiro Vermelho, trancada dentro de Dunmurrow para sempre e com todos os laços que a prendiam ao mundo exterior cortados, era algo no mínimo inquietante.
- Você os mandou embora sem... sem uma palavra minha? - ela indagou procurando manter a voz firme.
- Eu não sabia que você queria lhes falar. - Herrera deu de ombros, como se o assunto não lhe despertasse o menor interesse. - Aliás, ambos me pareciam bastante ansiosos para tomar o caminho de casa.
Claro que aqueles dois deviam estar loucos para fugir do antro do Cavaleiro Vermelho, Maite pensou, cheia de desprezo. Afinal não passavam de covardes.
- Então nada de festa de casamento? Nenhuma celebração? - A pergunta fora feita com uma indiferença calculada.
- Celebração? Não vejo motivo para isso - Herrera respondeu sem disfarçar a amargura.
A resposta fria e cortante foi como uma bofetada, deixando-a vermelha de ódio.
- Entendo. Muito bem. Talvez então você tenha motivos para celebrar quando receber a contabilidade de Belvry. Não sei de quanto meu lorde precisa, mas devo lhe informar que acabei de transformá-lo num homem rico.
- Não quero o seu dinheiro! - Irritado ao extremo, ele esmurrou a mesa com força.
Ela decidiu ignorar a explosão.
- Não mesmo? Julgando pela aparência da sua propriedade, eu diria que dinheiro é exatamente aquilo de que você precisa. - Aparentando a maior naturalidade, Maite partiu um pedaço de pão e mordiscou-o devagar.
- Talvez eu deva lembrá-la que foi você quem veio até aqui sem ser convidada, lady Perroni. - A voz profunda não passava de um sussurro ameaçador. – Foi você quem me forçou a um casamento que eu não procurei e muito menos desejei. Será que minha lady não pensa na sua... vítima? - Herrera lidava num tom enganosamente afável agora. - E se eu já estivesse comprometido com outra mulher? Você pelo menos considerou a possibilidade? E se eu gostasse de alguém?
Por um breve momento Maite ficou abatida... e surpresa. Casamentos entre famílias nobres costumavam ser, em geral, arranjados pelos pais dos noivos como um verdadeiro negócio. Porém havia casos de amor na corte sim. Embora o Cavaleiro Vermelho fosse a última pessoa a quem julgaria capaz de experimentar esse tipo de sentimento, não podia ignorar a possibilidade de que ele desejasse outra mulher para esposa. A mulher por quem estava apaixonado.
Autor(a): taynaraleal
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- Você gosta de alguém? - perguntou sem rodeios. - Herrera recostou-se no espaldar da cadeira como se a estudasse com interesse, apesar da escuridão reinante tornar impossível enxergarem um ao outro. Porém o Cavaleiro Vermelho estava longe de ser um homem comum. Talvez ele pudesse vê-la sim, como a criatura das trevas que era. O ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 79
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37
Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34
Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper
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fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII
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taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27
VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII
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nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09
Continua a fanfic e muito boa
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dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31
Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...
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dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58
CONTINUA...
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26
Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18
Posta mais. Necessito de mais.
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Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51
'- Me beije - ele pediu' JESUS