Fanfics Brasil - Capítulo 8 Bodas de Fogo

Fanfic: Bodas de Fogo | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 8

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- Você gosta de alguém? - perguntou sem rodeios. - Herrera recostou-se no espaldar da cadeira como se a estudasse com interesse, apesar da escuridão rei­nante tornar impossível enxergarem um ao outro. Porém o Cavaleiro Vermelho estava longe de ser um homem comum. Talvez ele pudesse vê-la sim, como a criatura das trevas que era.


O barão não respondeu de imediato, deixando o silêncio se estender até ao ponto de quase sufocá-la. Sem que conseguisse entender o motivo, a resposta de seu marido tornara-se subitamente importante. Queria, precisava ouvi-lo negar que gostava de outra mulher.


- Não - ele respondeu afinal.


- Oh! - Maite largou a faca sobre a mesa com força, irritada por ter sido deixada naquela expectativa.


- Mas e se eu gostasse? - Herrera indagou cheio de desprezo, impedindo-a de protestar. - Você com certeza não pensou em mim, ou em qualquer outra pes­soa, um segundo sequer quando traçou esse plano louco para escapar do altar. .


Maite mal podia conter o desagrado. Então aquele insolente tinha coragem de distorcer a situação, de fazê-la parecer a vilã da história quando fora Edward que a forçara a se casar e o Cavaleiro Vermelho tolo o suficiente para concordar.


 


- Oh, meu lorde, mas eu pensei em você sim. Na verdade nunca imaginei quê seria capaz de aceitar ca­sar-se comigo.


Herrera resmungou alto, como se as palavras dela confirmassem seus pensamentos.


- Posso saber o que isso significa? - A irritação de Maite crescia perigosamente. Já era desagradável o suficiente não enxergar o homem para ainda ter que agüen­tar resmungos incoerentes.


- Significa, minha querida esposa, que você é exata­mente o que eu suspeitava. Uma garota mimada.


- Como você tem a ousadia de me falar nesse tom? - ela indagou possessa de ódio.


- Posso ousar o que quiser porque sou seu marido - Herrera retrucou muito calmo. - Talvez seja bom lembrar-se desse detalhe.


- Como se eu pudesse esquecer. - Por um instante Maite julgou ter ouvido um som parecido com uma ri­sadinha, porém descartou logo a possibilidade. Quem sabe um dos cachorros rosnava baixinho... Irritadíssima, resolveu jantar. Melhor comer e ficar em silêncio do que ouvir insultos.


Seu marido não era nenhum tolo, pensou furiosa. Se quisesse dominá-lo, precisaria usar toda a inteligência e sagacidade. Tinha que e encontrar uma maneira de dobrá­-lo, ou de no mínimo, arrancar o tom de zombaria daquela voz. De repente uma idéia salvadora lhe ocorreu. Uma revelação maravilhosa!


A união podia ser anulada. ,


É possível invalidar casamentos alegando-se que a cerimônia foi realizada contra a vontade de uma das partes envolvidas. Embora Maite não tivesse desejado casar-se com homem algum, escolhera Herrera de livre e espontânea vontade na frente do rei e de várias teste­munhas, portanto seria impensável alegar que sofrera algum tipo de coação. Não, ela realmente não teria como dizer que fora coagida.


Mas Herrera sim.


O Cavaleiro Vermelho deixara claro que não a queria. Durante a conversa de horas atrás, ainda de manhã, aquele grosseirão a insultara, dizendo-lhe que só podia ser uma mulher desejável por causa do dote. O barão também afirmara, em alto e bom som, que só a aceitava como esposa em obediência a Edward. Para completar, não fora ele mesmo que acabara de proclamar sua in­dignação por ter sido forçado a aceitar um casamento que não procurara e sequer desejara? Concluindo: ele se casara contra a vontade, simplesmente para cumprir um decreto do rei.


Certa de que a união de ambos seria anulada com facilidade, Maite sorriu. Precisava apenas convencer Herrera e dariam um fim àquela farsa. Ficaria livre para voltar para Belvry, uma vez que cumprira sua parte escolhendo um cavaleiro como Edward ordenara. Herrera tampouco seria culpado. Afinal ele obedecera ao rei. Também ninguém dissera nada sobre quanto tem­po o casamento teria que durar.


Usando de todo o seu poder de persuasão, como cos­tumava fazer ao barganhar com os mercadores de tecidos finos e especiarias, Maite expôs sua idéia brilhante.


- Há uma saída, meu lorde.


- Uma saída para o quê?


- Para você se livrar de mim. - A voz feminina trans­pirava doçura.


- Se existe uma saída, eu gostaria de saber qual é.


- Casamentos realizados contra a vontade de uma partes envolvidas podem ser invalidados - ela exclamou paciente. - Portanto, teremos somente que aguardar o tempo suficiente de entrar com uma petição para dissolução de nosso casamento.


- Dissolução? - O Cavaleiro Vermelho indagou alto. – Sob qual alegação?


- Sob a alegação de que uma das partes foi forçada a casar-se contra a vontade - Maite repetiu exasperada. Será que aquele homem recusava-se a entender?


Ruídos estranhos atravessaram a escuridão, como se o barão estivesse praguejando. Bem, talvez fossem os cães outra vez.


- E então? Você concorda?


- Quer dizer que está mesmo falando sério?! - Herrera explodiu surpreso.


- Claro que estou falando sério, meu lorde. É a solução perfeita para o nosso dilema. Quando nossa união for declarada nula e dissolvida, estaremos livres para vol­tarmos às nossas vidas de solteiros.


Mais ruídos estranhos vindos da direção do Cavaleiro Vermelho. Seria o barulho provocado pelos animais?


- Bem, qual a sua opinião a respeito do meu plano?


- Na minha opinião você é louca! - Maite o ouviu levantar-se e sentar-se de novo, a cadeira rangendo sob a montanha de músculos. Ao perceber que a respiração do marido havia se alterado, ela experimentou um prin­cípio de pânico. O que o deixara tão furioso? Ele não fora taxativo ao dizer que não a queria como esposa?


Quando Herrera voltou a falar parecia ter se acal­mado um pouco.


- Vamos ver se consegui entender direito esse seu novo plano. Edward lhe ordenou escolher um marido e você escolheu a mim. Agora quer mudar de idéia e entrar com uma petição junto ao rei e à Igreja para que nosso casamento seja anulado, alegando ter sido coagida?


- Não, não. Você me entendeu mal, meu lorde.


Um suspiro de alívio vindo das sombras colocou-a mais à vontade para explicar o resto do plano. - Foi você quem contraiu matrimônio sem desejar, portanto é você quem deve entrar com a petição. Claro que vou apoiá-lo. Testemunharei a seu favor, dizendo que você se casou comigo somente por causa da ordem do rei.


- Eu?! - Desta vez o soco de Herrera na mesa fez o quarto inteiro tremer. Ele se levantou de um pulo, jogando a cadeira no chão. - Você quer que eu declare que fui forçado a me casar com você?


- Claro que sim - Maite respondeu devagar, in­quieta com aquela demonstração de fúria. - É verdade, não é? Pelo menos foi o que você me disse.


O Cavaleiro Vermelho rosnava feito uma fera enjau­lada e por um momento ela teve medo de ser atacada. Desacostumada a tais manifestações de raiva, Maite ficou imóvel, tentando lutar contra o sentimento de pavor que ameaçava sufocá-la. Não era o modo como ele parecia pairar sobre o aposento, uma figura alta, sombria e com­pletamente desconhecida, o que a assustava, mas a força daquela ira.


Maite sempre achara emoções de qualquer tipo algo inquietante e detestava funerais porque o excesso de la­mentos e tristeza a incomodava. Mesmo durante o enterro do pai não fora capaz de chorar. Lágrimas que Edith e outras pessoas derramavam com tanta facilidade nunca vinham aos seus olhos. Nervosa, mordeu os lábios sem saber se devia ficar onde estava ou voar para longe do alcance da fúria do Cavaleiro Vermelho.


Ao perceber que o marido não fazia nenhum movimento na sua direção, aventurou um comentário.


- Pelo que pude entender, você não está inteiramente de acordo com o meu plano.


Herrera deixou escapar um gemido exasperado. Pelo menos era um avanço, Maite pensou, considerando que até minutos atrás seu marido estivera rosnando.


- Não, não estou de acordo com o seu plano – ele falou muito calmo. - Em primeiro lugar, seria uma mentira porque ninguém, jamais, me forçou a fazer qualquer coisa contra minha vontade.


- Mas você disse...


- Eu disse que não procurei e nem desejei esta união. Também não falei nada sobre ter sido coagido. O casa­mento foi celebrado para agradar Edward, muito embora eu esteja tentado a acreditar que o sacrifício será maior do que supunha a princípio.


O comentário indelicado a magoou profundamente. Será que o Cavaleiro Vermelho precisava ser sempre tão rude?


- Você age como se fosse o único a estar sofrendo as conseqüências. Posso lhe garantir que nossa união tampouco me agrada. Por acaso você acha que eu quero viver aqui?


Herrera estava longe de ser tolo e não lhe passou despercebido o desprezo contido em cada uma daquelas palavras.


- Pois viver aqui é o que fará - ele respondeu de forma tão dura e deliberada que Maite sentiu uma pon­tada de dor no coração. Melhor ter cuidado. O homem sentado à sua frente podia ser muito perigoso.


Quando o barão se mostrava disposto a conversar como uma criatura civilizada, era até possível esquecer sua reputação bizarra e a esquisitice do ambiente ao redor. Se ela fechasse os olhos, podia quase se imaginar no solário ou jantando no salão aconchegante de Belvry, na companhia de um cavaleiro famoso, embora um tanto seco. O problema era que estava a centenas de quilôme­tros de casa. Fora presa numa armadilha, trancafiada dentro da escuridão eterna ao lado de um homem de quem jamais vira sequer o rosto e cuja fama violenta fazia o sangue de qualquer um gelar nas veias.


Melhor lembrar-se de quem era Herrera de fato e agir com cuidado, especialmente até conhecê-lo um pou­co mais. Procurando raciocinar depressa, Isadora decidiu que deveria apresentar argumentos consistentes e evitar brigas e discussões. Embora estivesse claro que ele não a queria como esposa, também parecia resolvido a não anular o matrimônio. Talvez aceitasse um acordo em que ambos vivessem separados...


- Meu lorde - ela começou delicada -, se você está tão infeliz comigo, por que não me deixa ir para casa? Continuaríamos casados mesmo morando longe um do outro. Você poderia ir e vir de Belvry como lhe for con­veniente. - Entusiasmada com a idéia, Maite teria continuado a falar se não fosse interrompida de repente.


- Você é minha esposa e ficará aqui, quer lhe agrade ou não.


- Mas precisam de mim em Belvry - Maite argu­mentou, mudando de tática. Não pretendia abrir mão da própria liberdade tão facilmente assim. - É um feudo muito próspero e se queremos continuar obtendo lucros tenho que estar lá para...


Herrera sequer deixou-a continuar a frase.


- Já lhe disse que não quero um vintém de seu precioso dinheiro! Não preciso dele!



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 79



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  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:55:37

    Amei essa fic e espero de coração que venham mais e mais adaptações suas! Sei que elas virão, então saiba q estarei aq esperando!!! O Cavaleiro Vermelho e a Maite não poderiam ter um final melhor!!! Beijosss Tayzinha, e que venham os novos projetos!!

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:34

    Como já te disse, amo suas adaptações!! vc escolhe mt bem e escolhe os melhores p colocar no nosso casal topper

  • fsales_ Postado em 18/10/2017 - 20:54:06

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, UMA BEBEZINHA ZENTIII

  • taynaraleal Postado em 06/02/2017 - 20:04:27

    VOU CONTINUAR MEU POVOOO, ESPERO QUE AINDA ESTEJAM AII

  • nessak. Postado em 24/03/2016 - 19:19:09

    Continua a fanfic e muito boa

  • dahnm Postado em 17/03/2016 - 15:22:31

    Hey ...Não Abandona Não ... Posta Mais...

  • dahnm Postado em 06/12/2015 - 14:11:58

    CONTINUA...

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:02:26

    Continuaaaaaaa. *leitora nova* ameii tudoo.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:48:18

    Posta mais. Necessito de mais.

  • Gisele Beorlegui Postado em 27/11/2015 - 08:47:51

    '- Me beije - ele pediu' JESUS


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