Anahí INSISTIU para levá-lo de carro de volta ao hotel. Apesar dos protestos de Alfonso , dizendo
que poderia pegar um táxi, ela se recusou a ser dissuadida.
Então foi assim que Alfonso se viu sentado dentro da minivan repleta de brinquedos no banco de
trás, um par de tênis de bebê pendurado no retrovisor interno, e um adesivo sobre a porta
magnética proclamando ao mundo que ela estava em um carro com crianças. Não era seu modo
habitual de transporte. Mas ele não dava a mínima.
– Queria que você subisse comigo – murmurou ele quando Anahí encostou diante do hotel.
Um porteiro espiou ambos de maneira hesitante, Sena, porém, acenou para ele quando se
aproximou para abrir a porta.
– Tome um bom banho quente, deixe-me massagear os músculos que possam estar um
pouco… doloridos.
Anahí mordeu o lábio, ainda inchado por causa dos beijos. Ele imaginava que a garganta dela
devia estar seca e arranhada por causa de todos os gemidos e gritinhos. Alfonso tentou seduzi-la
mais um pouco:
– Posso pedir uma garrafa de champanhe para aliviar sua garganta, ajudá-la a relaxar…
– Você é muito sedutor.
Alfonso era um profissional, então precisava ser sedutor mesmo. Não que estivesse pronto para
contar isso a Anahí . Não agora. E, considerando que ele achava de verdade que não iria voltar a
vê-la depois do fim de semana, provavelmente nunca.
Alfonso tentou afastar o desânimo que vinha com o aviso mental de que o caso deles duraria
apenas um fim de semana. Você só tem espaço para isso , uma voz o lembrou. Tudo o que você
sempre quis.
Ou tudo o que ele já quis… antes desse momento.
No entanto, Alfonso não podia ficar pensando nisso; não ainda, não até ter um instante para
analisar exatamente o que tais sentimentos que vinha experimentando por Anahí eram de fato.
– Bem… você vem? – Ele aveludou a última palavra, sabendo que agora, depois da primeira
relação quente, intensa, teria forças para desacelerar e dar prazer a Anahí até ela se afogar em
orgasmos.
Anahí parou o carro no estacionamento e se virou no banco para olhar para Alfonso .
– Você vai me seduzir.
– Sem dúvida.
– Acabarei passando a noite aqui.
– Deus, espero que sim.
Ela suspirou, como se lamentando pelo que estava prestes a dizer. O que significava que ele
iria lamentar.
– Alfonso , mal consigo manter as pernas fechadas do jeito que a coisa já está. Se eu ficar uma
noite inteira com você, vou passar o fim de semana todo andando como uma mulher que transou
até quase morrer.
O lado mais masculino dele não conseguiu evitar uma risada de autossatisfação diante da
revelação honesta.
Anahí não pareceu notar.
– Este fim de semana já será complicado o suficiente sem eu parecer tão obviamente…
– Satisfeita?
– Gulosa. Como alguém que se fartou em algo suculento e engordativo até não conseguir mais
se mexer.
– Eis algo que eu gostaria de ver. O quanto seria demais, na sua opinião?
O olhar de Anahí informou a ele que ela não gostou da tentativa de deixar a situação mais leve.
– Teremos de viajar amanhã cedo se formos almoçar lá, coisa que prometi que faríamos.
Então preciso ir…
– Tome um banho quente de espuma e beba uma taça de champanhe – sugeriu ele, soando o
mais inocente possível.
Ela lhe deu um soquinho no braço, cutucando-o em seguida.
– Cale a boca.
– Estou calado.
– E saia.
– Devo admitir que começo a me sentir um pouquinho usado.
O engasgo de Anahí foi um aviso de que ela quase caiu naquela conversa, mas o franzido de
testa que veio em seguida informou que não foi por muito tempo.
– Como se qualquer homem solteiro vivo não quisesse ser usado assim.
– Bem, eu não disse que não gostei…
Anahí mexeu na trava que destrancava todas as portas da van. Provavelmente algum
dispositivo de segurança para garantir que nenhum dos diabinhos iria cair do carro no meio da
rua.
– Vá.
Sabendo que ela não iria mudar de ideia, Alfonso pôs a mão no puxador da porta.
– Tudo bem, tudo bem. – Então, certo de que ele não iria durar pelas próximas 48 horas sem
prová-la outra vez, Alfonso se inclinou e passou a mão no cabelo de Anahí . Dando-lhe um beijo
delicado na boca, sorveu-lhe o sabor, embriagado, sentindo o corpo dela relaxar quando Anahí
entreabriu os lábios, receptiva.
Uma buzina interfeiriu, e Alfonso finalizou o beijo.
– Vejo você de manhã – disse ele.
Ela sorriu, gentil.
– Cedo.
– Certo.
– Alfonso ? – chamou Anahí , o tom rouco, os lábios úmidos. – Eu queria poder ficar.
Ouvindo o arrependimento genuíno na voz dela, ele só pôde ecoá-lo:
– Eu também queria que você ficasse. Boa noite, Anahí . – Alfonso abriu a porta e saiu. – A
propósito, prepare-se para estacionar esse veículo charmoso aqui amanhã de manhã. Eu vou
dirigir.
Ele teria oferecido para buscá-la em casa, mas, sinceramente, Alfonso pensou além. Gostava da
ideia de tê-la voltando ao hotel no domingo, ao fim da tarde… Um tanto melhor para seduzi-la a
passar a noite inteira ali.
– Eu não sabia que você possuía um carro!
– Não tenho. – Alfonso esboçou um sorriso pretensioso. – Mas isso está resolvido, de qualquer
forma.
– Não posso aparecer na casa da minha família com uma limusine.
– Sem chance – disse ele. – Acha que quero que eles me tomem como um riquinho mimado,
um cafetão ou um traficante?
Ela riu e revirou os olhos.
– Até parece…
– Sério, não se preocupe. O hotel tem um serviço de aluguel de carros. Já resolvi isso.
Era verdade. O hotel tinha um caríssimo serviço de aluguel de carros de luxo, mas valeria a
pena. Primeiro, permitiria a Alfonso evitar outra voltinha em um carrinho de bebê disfarçado de
carro de verdade. E ele poderia dirigir, permitindo a Anahí relaxar pelo longo trajeto até a casa
dos pais, pois Alfonso sabia que ela já estaria se sentindo ansiosa e preocupada.
– Tudo bem. – Anahí aceitou a explicação dele sem mais questionamentos. Provavelmente
porque ela queria ir logo… sair dali já, antes que ele tentasse convencê-la outra vez a ficar.