Os quartos de hotel acenaram novamente. E Alfonso sentia que poderia tê-la em um daqueles
quartos com o mais sutil dos convites. Era tão tentador.
Não. Aquela era a primeira vez em muito tempo que Alfonso desejava uma mulher puramente
em função do próprio desejo, separado de sua vida, de seu trabalho, de seu passado, de sua
família.
Ele a desejava. O que significava que estava disposto a esperar por ela, a ignorar a exigência
primitiva e tépida de seu corpo, desacostumada a ter de esperar pelo que quer que fosse.
– Diga-me onde devo buscá-la no sábado à noite.
Anahí piscou duas vezes, a boca se abrindo enquanto o encarava, ainda parecendo atordoada,
chocada em seu silêncio.
Alfonso sentiu que aquilo não era algo muito comum. Ele apertou sua vantagem, sem desejar
discutir se eles iriam se ver de novo ou não. Eles iriam. Ponto.
– Nem ouse tentar dizer que não temos química. Não depois daquilo.
Ela hesitou, então balançou a cabeça para a frente e para trás lentamente.
– Não, eu…
– “Não” não é uma opção.
– Deus do céu, você é mandão! – rebateu ela, enfim emergindo da confusão sexual que
parecia estar experimentando.
– Não. Assim que você me conhecer, verá que sou bem charmoso. – Alfonso esboçou um sorriso
afetado. – Vamos lá, desista. A que horas devo buscá-la para nosso encontro?
Anahí cruzou os braços. Alfonso baixou o olhar, mirando no decote delicado exibido de maneira
tão tentadora. Meu Deus, será que ela não faz ideia do quanto é atraente?
Talvez não. Alfonso a considerara apenas bonita à primeira vista. E agora sabia que ela era linda
o suficiente para fazê-lo repensar sua decisão de permitir que Anahí saísse dali sem ele essa
noite.
Ainda mais se considerasse o quanto sua calça perfeitamente moldada ao corpo começava a
lhe apertar. Sendo assim, Alfonso imaginava que Anahí poderia não ser capaz de compreender o
próprio apelo suave e silenciosamente sedutor.
Era imenso.
Anahí tentou resistir pela última vez, soando qualquer coisa, menos determinada:
– Isso não vai funcionar.
– Sim, vai. Temos um acordo. Dei minha promessa aos organizadores deste evento, e você
pagou caro para conseguir o que quer. Nós vamos fazer isso. Se não gosta do que sugeri para
nosso encontro, sinta-se livre para escolher outra coisa. Mas nós vamos sair juntos.
Com um suspiro descontente, Anahí por fim se rendeu:
– Tudo bem. Você venceu.
Como se em algum momento tivesse havido dúvida a respeito disso.
Anahí o encarou, os lábios um tanto contraídos, espiando Alfonso como se para ver o quão longe
ela poderia ir.
Então Anahí foi bem longe.
– Pode me buscar no sábado de manhã, às 9h. Nosso encontro vai durar até as 18h de
domingo. Traga uma roupa casual, uma outra mais arrumadinha e pelo menos dois pares de
sapato, para o caso de você… pisar em alguma coisa.
Foi a vez de Alfonso ficar de queixo caído.
– O que…
Anahí empinou o queixo, o desafio brilhando naqueles olhos azuis-bebê, escorrendo de sua
postura e soando com clareza na voz:
– Você disse que eu poderia escolher. E escolhi. Iremos para a fazenda dos meus pais no fim
de semana. – Ela deu um sorriso malicioso e concluiu:
– Espero que goste de famílias grandes, Alfonso … E de vacas.
Meninas bem vindas
espero que gostem dessa história