Fanfic: Explosive [+18] | Tema: Hot / Romace
♢ P R O L O G U E ♢
| Olhos de Anjo |
Às vezes é melhor fingir que nada aconteceu.
Dulce aprendeu desde muito cedo que ser covarde é um tipo de fraqueza ruim de se ter, mas, diante das pancadas violentas que Fernando distribuía do outro lado da porta, a fraqueza era um sentimento confortável perto da coragem.
- Dulce, eu sei que está acordada... Abra a porta!- Encolhendo-se debaixo da cama fedida a mijo e mofo, ela tragou um punhado de saliva.
Havia ficado quietinha nas últimas 90 horas, e nem mesmo havia reclamado do cheiro encarniçado do porão.
O colchão pelo qual ela se espremia agora era desconfortável, mas estava tão limpo quanto possível. As paredes, bem, descascavam e cheirava a grama fresca. Sangue e terra também a cercavam, causando névoas de enjoo em seu pequeno estômago vazio.
O único consolo que ela nutria era saber que estava chovendo, pois o porão estava preenchido com o cheiro de folhas molhadas, e a chuva sempre transmitil uma sensação confortável de tranquilidade.
Como se pudesse sentir a terra molhada entre os dedos e a polida marca de uma gota de chuva sobre o rosto, ela suspirou, tomando uma dose de coragem desconhecida.
Enquanto escorregava para fora do canto empoeirado, ela abraçou seu urso com palavras de consolação. Ela era uma pessoas boa e não havia feito nada de errado hoje. Ele deveria estar bravo porque a mamãe foi embora, e ele devia está até um pouco triste, mas precisava saber que tudo iria ficar bem... Ela voltaria pela filha. Ela iria voltar por mim, e tudo ficaria bem de novo. Eles seriam uma família reservada de novo, e seu pai iria sorrir e abraçar sua mãe de novo. Ela poderia sair daqui e se alimentar, e cheirar bem, porque o porão era fedido e não tinha comida para ela.
Botando algumas mechas para trás da orelha, ela sorriu...
Chegara a hora de sair do porão?
Pai nosso que estás no céu
- Hoje é o meu aniversário, papai, é o meu dia! - Sussurrando, ela apertou os olhos para a figura alta atrás da porta. O cheiro forte de bebida fez a menina enrugar o nariz salpicado de sardas.
Por um único momento, enquanto o sorriso de seu pai aparecia, ela perguntou porque não estava se sentindo orgulhosa.
Fernando dificilmente sorria, e quando sorria, ela se sentia bem consigo mesma. Como na primeira vez que tirou um 10 na escola e ele a pegou no colo, sorrindo e depositando um beijo amoroso em sua testa. Ou quando a professora o mandava cartas dizendo que ela era uma menina incrivelmente esperta, com um QI mais elevado que qualquer outra criança de nove anos. Ela, é claro, não fazia ideia do que seria a palavra "QI", mas ele parecia tão feliz e orgulhoso que não fazia importância. No entanto, ao invés de se sentir amada e especial, suas pernas tremeram e seu corpo entrou em colapso...
- Está na hora de ser uma boa menina, querida... – Fernando cantarolou, puxando o cinto da bermuda.
Santificado seja o vosso nome
Uma boa menina? Ela já não era uma boa menina?
Automaticamente percebeu que havia três dias que não saia do porão, e que, consecutivamente, três dias que não ia à escola ou que pegava um livro. Seu estômago afundou. Não, ela não era uma boa menina! Ela era irresponsável. Ela não era uma boa filha. Ela era má. Ela errou com seu dever e agora ele estava bravo.
Bravo com ela.
Lágrimas molharam o seu rosto assim que ele se livrou do cinto.
- Hoje é o meu aniversário... Eu... Eu gostaria de tomar sorvete. - Sufocando, Dulce se encolheu no colchão de olhos apertados.
Venha a nós o vosso reino
- Abra os olhos! - Ele ordenou, agarrando a cabeça da menina. Sua barriga se rebelou e ameaçou por toda a água dos últimos dias para fora, mas não o fez, porque não havia nada para por para fora. A bebida. O cheiro da bebida era forte demais...
- Não posso, papai. É feio... Meninas não podem ver outros meninos sem roupas. - Ela sorriu levemente, corando. Seu ursinho se tornando seu único companheiro de consolo.
- Papai te ama, bebé... Você sabe que é o meu anjinho, certo?
Seja feita a vossa vontade...
Dulce abriu os olhos e viu que os deles estavam tristes. Sua mãe o deixou triste.
Movida pela bondade, fechou suas mãos em forma de concha e acariciou a barba dele.
A mulher que ele jurará ter sobre suas posses havia o largado sem olhar para trás. Ela estava longe agora, e também estava procurando um jeito de vir salvá-la. Ela sabia disso, pois sua mãe a amava e nunca os deixaria ali, sozinhos.
Assim na terra como no céu...
Quando ele se aproximou da cama, se enfureceu. Os olhos da garota estavam marejados por lágrimas. Fernando berrou ordens, agarrando a raiz ruiva de seus cabelos, guiando o rosto da garota para seu membro excitado. Ela não pode evitar engasgar. Era nojento. Não queria fazer isto, não daquele jeito, não com alguém que fosse do seu sangue.
Quando seu membro entrou, ela soluçou, perdendo o controle. O vomito que veio se espalhou pelo abdômen dele.
O pão nosso de cada dia
nos dai hoje,
Ele esbravejou em raiva, afastando-se da menina para poder dar um soco decente na criança. Seu queixo estalou para o lado e a levou de rosto no colchão. Pânico a fez escalar o acolchado engatinhado o mais depressa possível. Não adiantou. A mão de Fernando se fechou em seu tornozelo.
Assim como nós perdoamos
a quem nos tenha ofendido...
- Não tenho paciência para maricas, po/rra! Fique quieta, princesa!
Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...
Ela costumava ouvir histórias antes de dormir, histórias em que o lobo mal é vencido pelo bem. Que o mal é derrotado. Ela não pode deixar de chorar em resposta, pois o final dessas histórias eram tão bonitas, e ela não. Dulce não queria viver em uma história que sofresse. Ela queria um príncipe que a salvasse agora, porque o seu medo era tão desesperador que doía na alma.
Em algum lugar em seu interior, a voz que sua consciência emana garantia que o mundo real era muito mais sórdido do que as palavras de um livro.
Seria ela capaz de acreditar em contos outra vez?
E não deixes cair em tentação
Enquanto soluçava no chão do quarto, recebendo chutes por sua desobediência, uma enxurrada de realidade roubou sua infância.
Ela não teve a menor chance de perder sua virtude, pois ela lhe foi roubada da alma naquela noite.
-Um anjo! - ele berrou, agarrando seus ombros com brutalidade - PARE DE REZAR, MERDA!
Ela não podia. O choro não o incomodava tanto quanto suas rezas porque era a sua mãe que ele pensava ver quando a forçava a fazer coisas sujas com ele. Era a sua mãe que ele odiava, mas era a ela quem ele castigava. Ela, tão pequenina quanto era, tão bonita quanto um anjo... Um anjo irônico talvez, como Lúcifer fora um dia.
Um pequeno anjo caído.
Será que seria pedir demais? Pena? Misericórdia? Qualquer coisa, qualquer sentimento, um sentido de humanidade que a tirasse dali. E Deus? Onde estava Deus? Ele não poderia tira-la daqui? Do que lhe adiantava as rezas, a fé, o perdão?
Dulce viu dias e anos passarem diante de seus olhos, sendo sua própria e única companhia confiável. E era doloroso, era desumano ser tratada como um cachorro sarnento. Nem mesmo a luz do sol ela pode ver, e por ser tão pálida, com as feições constantemente mortas e solitárias, desencadeou a tendência de criar mundos fictícios para afastar a solidão.
Mas livrai-nos do mal
Um dos guardas, uma vez, ouviu suas hitórias e lhe apelidou de branca de neve, ainda achando graça de suas fantasias infantis. Sem nem mesmo perceber, aqueles homens transformaram a menina de grandes olhos castanhos em algo indestrutível. Algo inquebrável. Sem fé... Sem a capacidade de amar.
E que Deus tivesse misericórdia daqueles que eram alvos de seu ódio, porque se ele não intercedeu por ela, pouco lhe importava se intercedesse por eles.
... Amém.
OBRIGADA pelos comentários ;)
Dul☮, Dulce_amargo, Pollitavondy
<3
Autor(a): CrazyTentacion
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
DANGEOUS WOMAN [P1] D U L C E ♦ M A R I A Fevereiro de 2015 | 8 anos depois. Eu, definitivamente, odiava a cor laranja. Seria a trigésima segunda ou a centésima e nona vez que eu repetia isso? Bem, há quanto tempo mesmo eu estava na sala de interrogatório? Não, esquece. Isso não era importante. Foi só ...
Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 174
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
Plopes Postado em 12/01/2017 - 19:36:05
volta
-
Poly Postado em 13/10/2016 - 22:09:09
Vou ali chorar.
-
Fantasma* Postado em 03/06/2016 - 20:01:56
Continua...
-
toy Postado em 23/05/2016 - 14:25:45
Você desistiu, foi? Espero que não.
-
Lia Postado em 10/05/2016 - 13:56:16
Ai meu Deus! Fiquem um tempão sumida, mas eu voltei o/ Posta mais *-*
-
Poly Postado em 25/04/2016 - 01:49:50
Mulheer, tenho que te fazer uma pergunta: você que postava a web Love Cowardly? É que eu acho que ela foi excluída e quero saber se a autora pretende postá-la de novo. Imaginei que poderia ser da sua autoria porque ela tem um jeitinho seu sabe, é porque, se não me engano, o trailer de Explosive é do canal da autora de Love Cowardly.
-
cakaumoura Postado em 18/04/2016 - 15:29:19
Continua Linda
-
MarPrior Postado em 16/04/2016 - 14:53:08
Aaah volteeei haha (mais o menos ainda to sem pc) maas aah continua garotaaaaa kkkk to amando e naum me importaria se chaverroni aparecesse só um pouquinho kkkkk continuaaa ta muuuito booom <3
-
leticia Postado em 09/04/2016 - 18:11:40
como n sentir falta dessa perfeicao???? posta mais
-
Fantasma* Postado em 06/04/2016 - 15:08:22
não... sua mente é muito poluída (a hipocrisia andou andou e parou nesse comentário) kkkkkkkkk