Fanfic: Explosive [+18] | Tema: Hot / Romace

D U L C E   M A R I A

- Meu nome é Alannah, e o seu? – Pela cortina de fios que meu cabelo formou, encarei a garota como se ela tivesse desenvolvido uma segunda vagina na testa.

Saias até o joelho, suéter de lã azul, blazer cinza, gravata organizada, meias ¾, armação de hastes finas sobre o nariz pequeno e desengonçado. Também notei que os olhos eram tão marrons quanto os meus. Eu queria muito dar um fora nela, mas ela pareceu tímida com a aproximação. Não peguei nem o ar irônico, e ela já estava se encolhendo na cama como se soubesse a patada que ia levar, corando até a raiz do cabelo antes de desviar a vista para o meu braço tatuado. Se encolheu ainda mais em seu cantinho privado e contorceu o rosto como uma preparação psicológica. Alannah agiu como se eu fosse lhe dar um soco ao invés de um fora.

Respirei fundo. Ela não era daqui. Não tinha o sotaque americano e sua fala era mais arrastada do que os demais estudantes.

Decidi ser gentil.

- Você é de onde?

- Irlanda. – Ela sorriu timidamente. Notei que suas pernas eram tortas.

Ponderei por um tempo. Ela era dócil demais, meiga demais. Stockton iria tritura-la antes de vomitar a merda em sua cara.

- Eu sou Dulce, Alannah.

Enquanto eu guardava minhas roupas no canto vago do closet, notei que a menina deveria está P da vida com aquela gravata. Eu nem havia entrado naquelas roupas ainda e já me sentia sufocada. Isso é ruim. Não gosto de me sentir desconfortável.

- Você vai poder tirar o dia de folga, provavelmente, Dulce. – A olhei dobrando as últimas roupas.

Ela não era uma pessoa muito boa para fazer amizades.

- Sim, a secretária me avisou.

- Já pegou seus livros no deposito?

- Não, vou pega-los depois. – Ela assentiu desconfortável.

 Eu soei grossa demais para quem estava tentando se enturmar, mas não me importei. Eu sempre acabo sendo grossa em um estagio ou outro, mesmo que não note ou faça de proposito. Alannah tinha um jeito muito recatado de ser. Parecia frágil. Eu realmente teria problemas com ela.

O dia foi isso para mim. Arrumei minhas coisas, peguei os livros no deposito e voltei a me enfurnar no quarto. Li algumas páginas que cairiam no dia seguinte, comi porcarias e ouvi músicas enquanto observava, pela janela, a agitação dos alunos no pátio. No fim da tarde, quando a fraternidade encheu de vozes, Alannah voltou das aulas conversando. Eu a respondia brevemente, mas ouvia o que ela dizia. A garota tagarelava muito. Devia ser bastante solitária. Pelo que pareceu das suas falas, ela havia chegado do interior no inicio do ano letivo e ainda não havia feito amizades. Dormi no meio da sua conversação unilateral e acordei ás 4 da madrugada, xingando o fuso-horário.

- Teremos aula daqui á meia hora. – Assim que abri os olhos dos meus breves cochilos, Alannah me saudou.

Me arrumei o mais rápido que pude. Penteei os cabelos, pus a regata da HHS, saia de cós alto azul, meias, sapatilhas, lápis de olho e uma leve surpresa ao encontrar Alannah em um dos pufs. Ela estava colocando uma presilha para prender a franja.

- Temos três tempos juntas hoje e mais dois durante a semana. A primeira meia hora é da senhorita Wilson, história geral.

Fomos as primeiras a chegar na sala. Alanna sentou-se na frente e eu fui para o fundo, pegando umas das mesas mais afastadas.

Quando o sinal bateu, os alunos começaram a entrar dispersamente. Não me importei em olha-los. Não queria amizade, por isso me preocupei apenas em revisar as matérias que eu havia estudado ontem. Hoje iriamos conversar sobre a o colapso na união soviética.

 [..] 

Com fones de ouvidos e concentrada no caderno, eu passei despercebida por uma grande quantidade de dias. Nove, para ser mais exata. Uma semana e pouco antes de meu sossego acabar.

- Eu quero que remova os fones, srta. Perroni.

- Já eu prefiro a paz mundial e um shake de morango, mas advinha? Não vai rolar.

Ironia seria dizer que eu não fui expulsa de sala depois de uma patada incoerente da minha parte. Geralmente eu não notava antes que elas já tivessem saído da minha boca, mas naquele dia foi diferente. Eu vaguei pelos corredores vazios da escola até o meu tempo na carpintaria começar, e quando aconteceu, alguém havia enfiado o traseiro no meu assento.

Fui obrigada a participar de um clube. Depois de uns quatro dias me chamaram na diretória e para variar, o Gordo (Um apelido carinho para o senhor rechonchudo que se diz diretor) quis discutir sobre o meu circulo de amizades. Como os professores não relataram nenhum progresso, eu tive que entrar em uma aula qualquer para tentar arranjar alguma amizade.

Eu tentando evita-las e o Gordo me bota para uma matéria extra.

Que maravilha.

- Esse lugar é meu. – O traseiro no qual eu me referi antes era um belo e conhecido traseiro.

- Aé? Que engraçado, não vejo seu nome ...– Chad Murray, 1,70 de altura, cabelos loiros e olhos galanteadores.

Eu tinha matemática e carpintaria com ele, mas como grande parte dos alunos, ele não me notava na turma. Era um dos laterais do time aqui da escola, tão lindo quanto pegador.

Inclinei-me sobre a mesa, batendo as mãos na superfície plana da madeira. A onda de zoações morreu com o baque, e eu estreitei meus olhos para ele. Ele sorriu descendo os olhos para o decote discreto da minha blusa. O som do meu indicador quebrou o silêncio. Chad olhou para a mesa, onde minha mão estava, e alargou o sorriso quando notou meu nome talhado ali.

- É só um pedaço de madeira, gatinha ...

- Não, é a sua bun/da que está no meu pedaço de madeira. Se não se incomoda. – Dei espaço para deixa-lo passar.

Ele olhou-me e levantou segurando sua jaqueta. Seus olhos vagaram pelos meus braços antes dele resolver se levantar, e quando isso aconteceu, um sorriso de canto se ergueu.

- Foi um prazer conhecê-la ... Dulce. – Chad saiu, aproximando-se demais para passar.

Afastei-me.

- Além de arrogante é cego? Não viu o tamanho do espaço, não?

Seu sorriso quebrou por um momento, mas cresceu de novo. Maior. Mais estranho.

- Retiro o que disse. Foi um grande prazer conhece-la.

- Não posso dizer o mesmo.