Fanfic: Rebeldia (Adaptado) Vondy | Tema: Vondy

Após nutrir aquele amor platônico durante tantos anos, Dulce se preparara para o
desapontamento, para a possibilidade de o homem que Christopher se tornara não corresponder ao dos
seus sonhos. Estivera tão distante da verdade que a realidade quase a sufocava. Aquele homem era
mais, muito mais do que imaginara. Os sentimentos por ele não se dissiparam ao revê-lo. Ao
contrário, haviam se consolidado.
Dulce sentou-se ao lado dele no banco traseiro da limusine. Além do motorista, Henry, havia um
membro da equipe de segurança de Christopher sentado no banco da frente. Quando estacionaram diante
do primeiro prédio de apartamentos, ela percebeu que outro carro pequeno parou atrás da limusine,
de onde dois homens saltaram para escanear cuidadosamente as redondezas.
– Não me recordo de uma segurança tão exagerada na última vez em que estive aqui – murmurou
Dul, ao se encaminharem para a entrada.
Christopher enrijeceu.
– É um mal necessário.
Dulce esperou que ele acrescentasse alguma coisa, mas nenhuma informação adicional lhe foi
dada.
Três horas mais tarde, os dois haviam visitado todos os apartamentos que constavam da lista,
sendo que os dois primeiros Christopher vetou antes que ela emitisse qualquer opinião. Nada disse sobre
o terceiro, mas lhe ofereceu a escolha entre aquele e o último.
Dulce suprimiu uma risada e o informou em tom sério que gostou do quarto. Christopher anuiu em
aprovação e deu início ao processo de garanti-lo para ela.
– Pretende transportar sua mobília para o apartamento? – perguntou ele, quando retornavam à
limusine.
Dulce fez que não.
– Pretendo comprar tudo que preciso aqui e mandar entregar lá. Será muito divertido!
Christopher rosnou algo entre os dentes, mas quando os olhos amendoados se fixaram nele, questionadores,
se limitou a comprimir os lábios.
– Providenciarei alguém para levá-la às compras – disse, de má vontade.
Dulce arqueou uma das sobrancelhas.
– Posso lhe garantir que não preciso de babá. Alfonso me atrelou a uma quatro anos atrás,
porém agora não tenho mais necessidade disso.
– Não permitirei que perambule pela cidade, sozinha – retrucou ele, resoluto.
Dulce deu de ombros e lhe dirigiu um sorriso frouxo.
– Você poderia ir comigo.
Christopher a encarou, surpreso.
– Não? Você parece a escolha lógica, já que não conheço mais ninguém na cidade. – Ela omitiu
Sadie de propósito.
Não havia razão para Christopher saber sobre Sadie, mesmo porque não aprovaria aquela amizade se
soubesse que ela trabalhava em um clube de striptease. E era certo que descobriria. No instante em
que Dulce o informasse sobre alguém de suas relações, Christopher levantaria todo o passado daquela
pessoa, e certamente a proibiria de continuar encontrando a amiga.
Não que ela fosse obedecê-lo, mas pretendia que aquele relacionamento começasse da melhor
forma possível. O desejo era suficiente por ora, mas queria que Christopher se apaixonasse por ela.
Queria que ele necessitasse dela.
– Sim, tem razão – concordou ele com expressão contrariada. – Esqueci que você vivia na
Califórnia e esteve aqui apenas de visita.
Dulce escorregou para o banco da limusine e o presenteou com um sorriso quando ele se
acomodou ao seu lado.
– Isso significa que fará compras comigo?
Christopher resmungou algo incompreensível, e ela não conseguiu mais conter a risada. Os olhos de
Christopher se arregalaram, e ele os fixou nela, como se achasse aquele som encantador.
Dulce perdeu o fôlego quando reconheceu, por um breve instante, o desejo refletido naquele
olhar. Mas tão rápido quanto o deixou transparecer, Christopher pestanejou para encobri-lo.
– Terei de verificar se minha agenda permite isso – retrucou, tenso.
– Aonde vai me levar para almoçar? – questionou Dulce, mais para lembrá-lo daquele
compromisso do que por mera curiosidade sobre o restaurante. Não se importava como o local onde
comeriam. Queria apenas passar algum tempo ao lado dele.
– Temos um excelente restaurante no hotel – disse Christopher . – Tenho uma mesa sempre disponível
para mim. Pensei em almoçarmos lá, e depois você poderá se recolher à sua suíte para descansar.
Dulce resistiu ao impulso de revirar os olhos. Ele era escorregadio. Planejando a forma mais
fácil de se livrar dela. Mas não podia culpá-lo. Sabia que era um fardo inesperado, e Christopher era um
homem ocupado.
Dulce mordeu o lábio inferior e desviou o olhar para o tráfego que fluía além da janela do carro,
imaginando como fazê-lo enxergá-la não como uma inconveniência, mas como a mulher que o amava
e o desejava desesperadamente.
– Algo errado, Dul?
Ao girar, deparou com o olhar preocupado de Christopher . Ela sorriu e negou com a cabeça.
– Apenas um pouco cansada. E excitada.
Christopher franziu a testa.
– Talvez seja melhor permitir que eu providencie a mobília para o seu apartamento. Se anotar
todas as suas preferências, posso contratar um projetista para trabalhar com você, e dessa forma não
necessitaria ir comprar tudo que precisa.
– Oh, não, isso será muito divertido. Mal posso esperar para escolher tudo para o apartamento. Eu
o achei deslumbrante.
– Quais são seus planos, Dul? – quis saber Christopher .
Dulce pestanejou, confusa.
– Planos?
– Sim. Planos. Agora que se formou, quais são seus planos profissionais?
– Oh! Bem, planejo tirar um verão sabático. No outono, eu me concentrarei no futuro.
Christopher nada disse, mas ela podia sentir que aquilo o incomodara. Dulce sorriu em seu íntimo.
Tal atitude devia lhe causar urticária. Ele e os irmãos tendiam a uma atitude implacável no que dizia
respeito aos negócios. Não era à toa que possuíam a empresa hoteleira mais bem-sucedida do mundo.
Quando chegaram ao hotel, Christopher a guiou, apressado, para dentro, enquanto a equipe de
segurança os cercava por todos os lados. Aquilo era estranho e um tanto surreal; como se fizessem
parte da realeza.
Alguns minutos depois, foram guiados à mesa de Christopher no restaurante, que ficava situada em um
canto tranquilo, quase excluída das demais.
Christopher a acomodou na cadeira e, em seguida, contornou a mesa para se sentar no lado oposto.
Depois de deixar o corpo alto e esbelto afundar na cadeira, ele a observou preguiçosamente.
– O que gostaria de comer, pethi mou?
Dulce se encolheu em seu íntimo diante do tratamento carinhoso. Era o mesmo que Christopher usava
quando ela estava com 13 anos. Minha pequena. Aquilo a fez trincar os dentes. Não era algo que
evocava imagens dos dois enroscados na cama.
– O que sugere? – perguntou ela, estudando os lábios de Christopher , a curvatura firme e sensual da
boca e a sombra escura da insinuação da barba que já lhe cobria a mandíbula.
Sentiu-se tentada. Extremamente tentada a esticar a mão e escorregar a ponta dos dedos ao longo
daquela aspereza e, em seguida, sobre a maciez dos lábios de Christopher . Como seria beijá-lo? Beijara
vários rapazes na faculdade. Rapazes, porque comparados a Christopher , não passavam disso. Alguns
eram muito bons, outros, desajeitados e “agradáveis”.
Mas Christopher … Beijá-lo seria como perseguir uma tempestade. Quente. Excitante. Ofegante. A
pulsação de Dulce acelerou, ao imaginar o roçar quente daquela língua na sua.
– Dul?
Dulce pestanejou várias vezes, sacudindo a cabeça quando percebeu que ele a chamava fazia
alguns segundos.
– Desculpe… Perdida em pensamentos.
– Estava sugerindo que experimentasse o salmão – disse Christopher .
Dulce anuiu e girou a cabeça na direção do garçom que se encontrava parado ao lado da mesa.
– Vou querer o que ele sugeriu – afirmou com voz rouca.
Christopher fez os pedidos de maneira sucinta, e o garçom se apressou em partir logo em seguida.
– Agora, Dul – começou ele, inclinando-se para trás na cadeira. Parecia à vontade, enquanto
deixava o olhar vagar por suas feições, fazendo com que cada terminação nervosa do corpo de
Dulce entrasse em combustão espontânea. – Talvez possamos conversar sobre o seu futuro.
Dulce não conseguiu conter o nervosismo.
– Meu futuro? – Ela soltou uma risada leve na tentativa de tranquilizar as batidas desgovernadas
do coração. Se dependesse dela, seu futuro estaria inexoravelmente ligado ao dele.
– Isso mesmo. Sobre o seu futuro. Imagino que em algum momento parou para pensar nele.
Christopher falava com sarcasmo, impaciente com alguém que não tivesse um plano incontestável. Se
ao menos ele soubesse! Aquilo fora tudo que ela fizera nos últimos anos: planejar seu futuro. Com
ele.–
Pensei muito sobre meu futuro, sem dúvida.
– Você mencionou casamento. Está mesmo pretendendo se casar antes de completar 25 anos?
– Estou contando com isso.
Christopher anuiu como se aprovasse, e Dul quase deixou escapar uma risada. Será que Christopher se
mostraria tão favorável àquela ideia se soubesse que ele era o noivo escolhido?
Dulce suspirou. Sentia-se tão perniciosa. Como se estivesse planejando um assassinato em vez
de uma sedução.
– Isso é bom. – Christopher meneou a cabeça. – Tomei a liberdade de fazer uma lista de possíveis
candidatos.
A testa de Dulce se enrugou enquanto ela o observava, perplexa.
– Candidatos? A quê?
– Casamento, Dul. Pretendo ajudá-la a encontrar um marido.