Fanfic:  εïз Para Sempre em Seu Coração - Vondy εïз (Terminada)

Especialmente para jessikavon aqui vai mais um capitulo!!

No instante em que Dulce entrou em seu pequeno apartamento e viu o rosto perturbado de sua irmã Anahi, um calafrio correu por sua espinha.

— O que houve? — perguntou, largando precipi­tadamente o jornal que tinha saído para comprar.

— Enquanto estava fora, uma mulher telefonou... É melhor que você se sente antes que eu lhe diga o que ela falou sobre sua família.

Anahi era uma loura magra com um olhar tão sério nos olhos azuis que sugeria um grau incomum de maturidade para uma moça de 17 anos.

Dulce franziu as sobrancelhas.

— Deixe de bobagem. Você está aqui, e inteira, e é a única família que eu tenho. Quem foi que telefo­nou... e qual foi o recado?

— Eu não sou a única família que você tem — disse a irmã em um murmúrio constrangido. — Christopher Uckermann sofreu um acidente de carro.

O rosto de Dulce foi empalidecendo e ela encarou a irmã mais nova com os olhos fixos. Suas pernas vacilaram e ela sentiu-se oscilar.

— Ele está...

— Vivo... Sim!

Passando um braço sobre os ombros frágeis de Dulce, Anahi fez a irmã sentar-se no pequeno sofá da cozinha, que também servia de sala de estar e de jantar.

— Foi a tia de Christopher que telefonou. Ela fala muito mal o inglês e só conversamos por uns dois minutos.

— Ele teve ferimentos graves?

— Ele teve alguma espécie de seqüela na cabeça. Tenho a impressão de que pode ser sério. Está sendo transferido para outro hospital. Fique tranqüila, ano­tei o endereço. — Anahi apertou a mão da irmã, num gesto de encorajamento. — Tente respirar fundo, Dul, bem lentamente. Concentre-se no fato de que Christopher está vivo. Você teve um choque, mas pode estar com ele amanhã de manhã.

Abaixando a cabeça, ainda tonta, Dulce ficou semi-mergulhada no próprio mundo. Christopher, o precioso e se­creto amor de sua vida, mesmo que ela não tivesse sido para ele nada além de um instrumento útil para um certo objetivo. Era estranho e terrível que o amor pudesse despontar assim, pensou, tomada por um so­frido arrependimento momentâneo. Christopher, seu marido querido, que ela nunca nem sequer beijara. O Christopher alto e belo, com forte vitalidade, devia nesse exa­to minuto estar lutando para sobreviver em uma cama de hospital. O acidente de carro que havia matado sua mãe e seu pai, há quase sete anos, havia estraçalhado a sua vida e a de Anahi. Nessa ocasião, a espera lon­ga e enervante no hospital não havia resultado em nenhum milagre de sobrevivência.

— Estar com ele? — repetiu Dulce depois de mui­to tempo. — Estar com... Christopher?

Poderia estar com ele? Ela ousaria tentar? Uma esperança insensata surgiu dentro de Dulce. Ela po­dia ser sua esposa apenas de nome, mas isso não sig­nificava que não devia se preocupar com a saúde dele. A tia de Christopher não havia telefonado para infor­má-la do acidente? Obviamente seu casamento não era exatamente o segredo que ela pensava que seria no círculo familiar dele. Parecia evidente também que os parentes dele acreditavam que se tratava de algo mais do que apenas um casamento no papel.

— Eu sei muito bem o que isso significa para você e sabia exatamente o que você iria querer fazer — Anahi apressou-se em assegurar. — É uma emergên­cia, por isso entrei imediatamente na internet e reser­vei lugar num vôo para Genebra para você. Ele parte amanhã logo cedo...

— Claro que eu gostaria de vê-lo, mas...

— Sem nenhum "mas"! — Com uma nítida cons­ternação e traindo na voz um agudo laivo de tensão, Anahi ergueu-se bruscamente. — Não deixe que seu orgulho a impeça de correr para lá e ficar com Christopher. Você é esposa dele e aposto que o que vocês já tive­ram um dia juntos pode ainda ser restabelecido. Já tenho idade suficiente para avaliar exatamente quanto problema uma atitude errada minha já causou entre vocês!

O explosivo discurso de Anahi espantou muito Dulce. Até aquela hora ela não fazia idéia de que Anahi podia ter se culpado pelo aparente insucesso de seu casamento.

— Meu relacionamento com Christopher simplesmente não deu certo. Você não deve pensar que teve algu­ma influência nisso — frisou ela num protesto desa­jeitado.

— Pare de tentar me proteger — gemeu Anahi. — Eu fui egoísta. Perdemos mamãe e papai e eu era tão possessiva que você tinha medo até mesmo de me deixar encontrar Christopher!

— Não foi isso que aconteceu entre Christopher e mim... — Dulce começou com desconforto.

— Sim, foi. Você me colocou em primeiro lugar e me deixou estragar o dia de seu casamento e arruiná-lo antes mesmo que ele tomasse seu rumo. Eu fui horrivelmente rude com Christopher e ameacei fugir se você me forçasse a morar no exterior. Eu me coloquei en­tre vocês dois... claro que sim! — Anahi suspirou profundamente. — Você estava tão apaixonada por ele... Eu ainda não posso acreditar o quanto fui cruel com você...

— O que a tia de Christopher disse exatamente?

— Que ele estava perguntando por você — mentiu Anahi, cruzando dois grupos de dedos atrás das cos­tas, como que para pedir desculpas por uma pequena mentira que ela esperava fizesse sua irmã se sentir mais confiante para viajar e encontrar o marido de quem havia se separado.

Christopher tinha perguntado por ela? Dulce foi tomada por uma surpresa logo substituída por uma onda de pura alegria e, de repente, ela se sentiu capaz de fazer frente a qualquer desafio. Ela andaria até sobre o fogo por ele, atravessaria lagos e escalaria montanhas para estar a seu lado. Christopher precisava dela! Aquela constata­ção derrubou as barreiras. Para um homem com a intimidadora auto-suficiência de Christopher expressar o desejo de sua presença, ele devia estar muito fraco ou seria­mente doente, concluiu Dulce preocupada. Ela correu para o quarto para fazer a mala.

— Mas e o salão? — murmurou, revistando o ar­mário à procura de roupas básicas e quase incapaz de pensar direito. — Quem vai tomar conta dele?

— Zora— sugeriu a irmã, referindo-se a Zoraida, assistente de Dulce no salão de cabe­leireiro. — Você disse que o desempenho dela era excelente quando você ficava gripada.

No vestíbulo com luz baixa, Dulce pegou o fone, com os olhos castanhos distraídos mas brilhando. Os ca­belos ruivos sedosos que emolduravam seu rosto oval cintilavam como um farol. Ela tratou com Zoraida para vir pegar as chaves do salão e ligou para uma outra esteticista, que vinha ocasionalmente quando havia muito movimento, para oferecer-lhe jornada de horário integral durante sua ausência. Tomadas essas providências, nem quis pensar em como esses custos extras iriam pesar em suas já curtas margens de lucro. Ela se voltou para a irmã, Anahi, e titubeou:

— Como posso deixar você sozinha aqui no apar­tamento?

— De qualquer maneira minhas férias semestrais terminam amanhã e vou pegar o trem de volta para o colégio — lembrou Anahi. — Eu creio que posso fazer isso sozinha. Já tenho 17 anos, Dul.

Sem jeito por não ter se lembrado disso, Dulce deu um abraço afetuoso em sua adorada irmã.

Considerando bem, ela só podia se maravilhar com a mudança que o tempo e o auxílio financeiro de Christopher haviam operado na vida das duas. Ela devia tan­to a Christopher! Na verdade, ela tinha para com ele uma dívida que nunca poderia pagar!