Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

Desperto quando está quase amanhecendo o dia, meu corpo está gelado e Peeta está tremendo. Tento acordá-lo com o máximo de cuidado possível, mas é inútil e me vejo obrigada a sacudi-lo. Não podemos ficar aqui até o dia clarear, durante a noite o jardim fica invisível de tão escuro, mas durante o dia consegue-se olhar de fora para dentro bem facilmente através da cerca. Não quero nem imaginar quantos tipos de acusações de atentado ao pudor teremos que responder se algum morador nos vir completamente nus jogados no meio da grama.

Chamo por Peeta puxando-o pelo ombro e com dificuldade ele finalmente desperta com o rosto assustado.

Eu o acalmo dizendo:

--Calma, não foi nada. Só que não conseguia te fazer acordar e já está quase de manhã, e eu não sei você, mas eu não quero virar assunto por todo o Distrito por ter ficado nua no meio do jardim.

Peeta pensa por um segundo e parece compreender lentamente o que está acontecendo enquanto desperta.

E então diz:

--Vamos entrar então.

--É melhor a gente se vestir primeiro.

--Que nada. Ainda não amanheceu e eu não quero ter que me vestir pra quando chegar lá dentro ter que tirar tudo novamente para tomar banho.

Sua observação faz sentido, mas prefiro não arriscar e pego uma camisa de Peeta no meio das roupas espalhadas pelo chão. A peça me cobre o suficiente. Mas ele permanece decidido a correr sem roupa até a cozinha. Então desisto de argumentar.

Juntamos então o resto de nossas roupas numa trouxa e Peeta me dá a tarefa de dar cobertura, logo que ele contar até três e começar a correr como se não houvesse amanhã, sem olhar para trás e parando apenas quando chegarmos à porta.

A contragosto digo que tudo bem e ele comanda a operação como se fosse à coisa mais extraordinária do mundo.

Aos sussurros ele diz:

--Ta, olha só. Logo que a gente pisar fora daqui começamos a correr, você fica ao meu lado direito me dando cobertura e quando chegarmos lá na frente. –Ele diz apontando em direção ao caminho de pedras coloridas- Você toma à dianteira e abre a porta para mim. Alguma duvida?

Eu reviro os olhos e digo:

--Só uma: Porque diabos você está sussurrando? Estamos só nós dois aqui. E não é como se você estivesse a ponto de invadir o Edifício de Justiça ou a casa do Presidente. Aliás, quando fizemos isso você não sussurrou!

Peeta retruca:

--É que não quero que me vejam porque você não me deu cobertura como deveria.

Eu me exalto e respondo:

--Se você não fosse tão teimoso e simplesmente colocasse as roupas a essa altura já estaríamos dentro de casa. E quer saber? Estou indo, tchau.

Então num impulso eu saio de dentro da tenda e começo a caminhar em direção a cozinha carregando a trouxa de roupas.

Peeta fica indeciso e me chama de volta, mas eu o ignoro e continuo a andar. Já estou há uns bons cinco metros de distância na hora que ele decide vir correndo atrás de mim com as duas mãos tapando apenas o que dá para ser tapado.

Na metade do caminho ele se atrapalha inteiro e é vencido pela gravidade quando pisa numa poça que a chuva da noite passada deixou para trás, se desequilibra e cai de costas na grama molhada soltando um grito de horror. Eu não me contenho e caio na gargalhada no mesmo instante deixando até que as roupas caiam no chão.

Então me aproximo e pergunto ainda segurando o riso:

--Você está bem?

Ele solta um grunhido e responde:

--Tirando o fato que estou morrendo de frio e com grama até o cérebro? Estou ótimo. Obrigado por perguntar.

--Eu disse pra você se vestir, da próxima vez você aprende a me ouvir. –Estendo a mão para ajudá-lo a se levantar- Agora vem, vamos entrar pra você tomar banho ó Abominável Homem da Grama.

Ele me olha sério:

--Não teve graça.

Eu rio ainda mais e digo:

--Isso porque você não está se vendo.

Então Peeta se levanta e chegamos finalmente dentro de casa, ele vai direto tomar banho e quando está limpo, cheiroso e quentinho novamente seu bom humor também reaparece.