Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

O fim de semana chega sem mais grandes sustos, Peeta prepara tudo para o jantar com Gale e a namorada misteriosa e eu tento me manter o mais quieta possível, o que por si só não é uma tarefa fácil porque fico me sentindo uma doente. Mas Peeta se recusa a me deixar levantar qualquer coisa além do meu próprio corpo e caminhar mais do que até o banheiro está completamente fora de questão.
Mesmo eu insistindo que estava bem nada o fez me deixar em paz até o dia da consulta com o médico. Com muita relutância acabei me dando por vencida.

É sábado à noite e depois de ver Peeta correr de um lado para o outro comprando coisas que faltaram, ter respondido pelo menos umas três mil vezes que Gale não tem frescuras quando se trata de comida e ter o tranquilizado quanto a namorada também porque mesmo não sabendo quem é dita cuja, tenho certeza que Gale nunca namoraria uma pessoa que sobrevive de água, vento e folhas, finalmente tudo está pronto e só falta nossos convidados chegarem para jantar.
Ele preparou uma quantidade tão grande de comida que tive a exata impressão que havíamos convidado toda a população do 12 para comer e não apenas duas pessoas, ou três, se Haymitch resolver dar o ar da graça.

Estou terminando de me vestir quando ouço uma batida na porta, em seguida ouço a voz de Gale dizendo “boa noite” e logo depois ouço uma voz feminina.
Surpreendo-me ao perceber que a voz não me é estranha, bem que Gale me disse que era alguém que eu já conhecia, mas ainda assim não sou capaz de distinguir a dona da voz. Tenho apenas a sensação de familiaridade.

É uma noite fresca então uso um vestido azul bebê de alcinhas que chega acima de meus joelhos, calço rasteirinhas e deixo os cabelos soltos e úmidos caindo pelas costas. Nunca foi do meu feitio usar maquiagem, então meu rosto permanece igual.
Me apresso um pouco em sair do quarto porque apesar de Peeta ser muito bom com as palavras, já deve estar constrangido de ficar sozinho com as visitas que são mais minhas do que dele.

Quando estou chegando à sala ouço risadas e a de Gale está entre elas. E minha surpresa não é menor quando chego ao cômodo.
Quase caio para trás ao ver que a misteriosa namorada de Gale é ninguém menos que Johanna Mason.
Tributo do Distrito 7, vencedora de uma das edições dos Jogos Vorazes e que na 75ª edição acabou indo parar na Capital e depois foi resgatada e levada para o Distrito 13 juntamente com Peeta.
Contrariando todas as circunstancias Johanna e Peeta acabaram se tornando amigos e nós duas estreitamos um pouco nossos laços, mas não se pode dizer que temos uma amizade.

Minha expressão de surpresa deve ter ficado bem evidente porque Johanna apanha uma das almofadas do sofá e atira em minha direção, sempre com uma delicadeza infinita.
Eu desperto de meus devaneios e sorrio para ela e olho para Gale curiosa. Ele apenas retribui o olhar e dá de ombros.

--Então, do que vocês estavam rindo?

Peeta responde:

--A Johanna estava me contando como ela e Gale se conheceram e acabaram namorando.

Eu sorrio.

--Ah, isso sim eu vou querer saber. –Estico um braço em direção a cozinha- Mas se não se importam, prefiro ouvir a história enquanto estiver comendo.

Johanna então da um salto do sofá e diz:

--Agora sim você está falando a minha língua. –Puxa Gale pelo braço- Vamos comer.

Peeta ri da cena e em seguida se levanta. Na cozinha a mesa já está posta e arrumada com pratos, copos e talheres para todos.
Gale puxa uma cadeira e oferece a Johanna para logo em seguida se sentar a seu lado, mas não sem antes ouvir o comentário “meu namorado é muito cavalheiro gente” e várias risadinhas dos presentes.
Peeta repetiria o gesto, mas eu não dou tempo, puxo a cadeira a frente de Johanna e me sento. Ele me olha e diz “eu também seria cavalheiro, mas a Katniss não me deixa” e logo em seguida se senta a meu lado e começa a rir.

Peeta preparou arroz branco, peixe grelhado, peixe mergulhado em um molho com azeite e algumas ervas que eu não sei o nome e a mesma macarronada do dia que jantamos na tenda com o molho vermelho e branco. Fora que para a sobremesa tinha bolo de chocolate com recheio de coco e salada de frutas com opção de colocar mel ou leite condensado por cima.

Johanna foi a primeira a se servir e a cada garfada dava pulinhos na cadeira.

Sorrindo ela disse:

--Olha, agora eu sei como você conquistou essa daí, foi pelo estômago.

Todos rimos e Peeta respondeu:

--Na verdade eu conquistei com minha incrível falta de habilidade de andar pela floresta sem espantar animais a kilômetros de distancia e meu charme infinito. –Ele ri ainda mais- Mas o fato de eu ser um super chef de cozinha também ajudou. –Ele olha em meus olhos ainda sorrindo- Não é verdade?

Eu quase engasgo em meio às risadas.

--Claro que é verdade. –Olho para Gale- E como foi que o senhor ganhou o coração de pedra dessa daqui, hein senhor Hawthorne?

Gale sorri e olha para Johanna ao dizer:

--Na verdade foi ela quem me ganhou.

Johanna retribui o olhar e em seguida diz:

--Foi mesmo. –Ela olha pra mim e aponta para Gale- Porque se dependesse do seu amigo aqui, nada teria acontecido.

Eu dou um grito e rio alto.

--Como assim? Conta de uma vez!

Então Johanna começa:

--Ele chegou no 7 para trabalhar numa das oficinas que fazem manutenção em peças de aeroplanadores. E por coincidência eu trabalhava no mesmo lugar, mas como secretária. Todo santo dia eu o via chegar e sair usando aquele macacão super sexy. –Ela sorri e pisca para Gale- E por semanas troquei olhares e sorrisos furtivos com ele, sendo o mais clara possível nas investidas, mas sem querer parecer oferecida.
Eu sabia que ele também estava interessado, mas não conseguia fazê-lo dar o primeiro passo, então um belo dia o chamei para sair de maneira bem sutil.

--Ah é, você foi bem sutil. Chegou em mim e disse “você vai me levar pra sair, sim ou não?”
E em minha defesa, eu estava mesmo interessado, mas não sabia como chegar em você. Eu já tinha convidados outras garotas para sair antes, mas você é diferente.

--Aw, eu sei disso, bebêzão. –Ela se estica e da um selinho nele- Então na mesma noite nós fomos jantar no restaurante mais chique do distrito chamado O Espetinho. Que nada mais é que um vagão de trem desativado que foi minimamente reformado.

Eu e Peeta caímos na gargalhada no mesmo instante.

--Olha, não riam lá se faz o melhor churrasquinho que eu já comi na vida.
Nessa noite nós conversamos até altas horas da madrugada e quando eu voltei para casa já estava pensando em vê-lo no dia seguinte, e no outro, e no outro.
E nessa brincadeira já se passaram 3 meses.

Gale balança a cabeça em concordância, passa um braço pelos ombros de Johanna e a puxa para junto dele, beijando sua testa.

Fico muito feliz pelo meu amigo e mais ainda por ser Johanna a estar ao lado dele. Mesmo ela tendo esse jeito louco, ela é verdadeira e não mascara o que sente. Johanna tem de sobra a espontaneidade e loucura que faltam em Gale e sei que vai fazê-lo feliz como ele merece.