Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

A estação do Distrito 12 se materializa a nossa frente mais rápido do que eu desejava. Fiquei inquieta todo o caminho, não consegui descansar, nem fazer qualquer outra coisa a não ser ficar sentada enquanto os piores pensamentos sobre as reações de Peeta me atacavam.

Estou esgotada e quando Johanna e eu descemos do trem a única coisa que penso é em ir para casa, me atirar na cama e dormir algumas horas. Tenho certeza que assim vou conseguir organizar melhor os pensamentos e me decidir pelo que fazer.

Sou interrompida quando Johanna me cutuca nas costas e diz: Puta merda! Não faço idéia do que ela quer dizer, mas minha resposta está vindo em nossa direção. Peeta e Gale estão ali, juntos.

--O que diabos vocês estão fazendo aqui? Como sabiam que chegaríamos agora? –Pergunta Johanna.

--Nós não sabíamos. –Gale responde e seu tom de voz é um misto de preocupação e raiva- Estávamos prestes a pegar um trem e ir atrás de vocês.

--Ir atrás de nós? –Johanna quase grita- Vocês sabiam onde tínhamos ido!

--É, vocês disseram que iriam ao hospital do Distrito 8, não que passariam a noite fora. Ainda por cima nem se preocuparam em dar notícias. –Gale tenta se controlar, mas não obtêm muito sucesso- Qual é o problema de vocês duas?

--Tudo bem, não precisamos fazer uma cena em público. –Peeta interrompe os dois- Nada de ruim aconteceu e é isso que importa. –Ele me pega pela mão- Vamos para casa.

Peeta ainda chama Johanna e Gale para almoçar, mas ela recusa e diz que fica pra outro dia. E o caminho para casa junto com Peeta até o fim da tarde quando acordo passam como um borrão diante dos meus olhos.

Desperto e encontro Peeta sentado ao meu lado, mas com as costas contra a parede e segurando um lápis e um livro. Eu me mexo e ele me olha para em seguida marcar o livro com o lápis e o fechar.

--O que você estava fazendo?

--Hum... Nada demais. –Ele sorri e se deita ao meu lado

Me corpo todo se contrai quando ele passa o braço por baixo do meu pescoço me fazendo deitar sobre seu peito.

--Dormiu bem?

--Muito, nem eu sabia o quanto estava cansada.

--E devia estar cansada mesmo, você até roncou.

--Sério? -Eu me levanto rápido para ver Peeta rindo- Não é engraçado. –Dou um tapa de leve em seu peito e me deito novamente.

--E como foi com o Dr. Zachary? O que ele disse?

--Fora ele ter me feito ficar sem roupa e enfiado dois dedos em mim? Foi tudo bem. –Peeta ri e sinto seu peito tremer a medida que as gargalhadas aumentam- Ele disse que os exames ficariam prontos hoje e... CARAMBA!

Eu grito e me levanto rápido, Peeta dá um pulo ao ver minha reação, mas sua expressão é confusa.

--O que foi?

--Droga! Eu esqueci de ir buscar os resultados. O Dr. Zachary disse que ficariam prontos hoje e o laboratório mandaria para cá junto com a receita do meu anticoncepcional, mas eu disse que não era necessário porque eu passaria a noite por lá para pega-los pessoalmente. Então eu... –Eu me sento na cama e tomo a decisão que pode ser a pior de toda a minha vida- Então eu vim embora hoje bem cedo e acabei me esquecendo de passar no hospital antes. –Eu levo as mãos ao rosto e Peeta se senta ao meu lado.

--Calma, isso também não é o fim de mundo. Ainda dá tempo de corrigir.

--Como? Indo até lá?

--Essa também seria uma solução. –Peeta sorri para e sinto meu coração pesando uma tonelada dentro do meu peito- Mas aquele objeto chamado telefone que fica na mesinha do canto da nossa sala também pode resolver. É só ligar pro hospital, pedir o número do laboratório e pedir que enviem seus exames e a receita. Simples.

E seria simples mesmo, se eu não soubesse o que realmente ocasionou tudo isso.

--Onde você vai? –Digo quando Peeta está saindo do quarto.

--Você ouviu o que eu acabei de dizer? –Ele levanta as sobrancelhas e me olha- Sala, telefone, hospital, laboratório.

--Ah. Você vai fazer isso pra mim?

--A não ser que você não queira.

Quando eu pensava que não poderia me sentir mais culpada ele ainda encontra maneiras de me ajudar.

--Não, tudo bem.

--Então ta.

--Obrigada. –Digo quando ele já está no corredor indo em direção a sala.

Não sei qual é o meu problema, mas não posso me imaginar sem Peeta e sei como dois mais dois são quatro que é o que aconteceria se eu contasse a ele sobre Mark. Sei que sou egoísta por pensar assim, mas não posso evitar e o que está feito está feito, não vejo como voltar atrás agora.

Quinze ou vinte minutos depois Peeta está de volta, mas estava tão distraída com o livro que ele deixou sobre a cama que só percebo sua presença quando ele faz um barulho com a garganta.

--O que você está fazendo? –Ele pergunta com a voz mais calma do mundo.

--É... Nada... É que... Você deixou em cima da cama e...

--Tudo bem, Katniss. Não tem problema. –Peeta se senta ao meu lado.

O livro na verdade tem paginas brancas e a maioria delas está preenchida com desenhos feitos a lápis. Cada página tem um desenho meu.

--Porque você nunca me mostrou? –Digo passando a mão em uma página aberta.

--Nunca vi motivos para isso. Desenhei mais para mim do que para você. –Ele põe uma mão sobre a minha que está sobre o livro- Sei que é estranho.

--Não é estranho. Só não entendo quando foi que você desenhou tudo isso sem que eu percebesse.

--A maioria eu desenhei de memória, os outros você estava bem distraída e não percebeu. –Peeta sorri e aperta minha mão.

Eu passo as páginas aleatoriamente e paro em um desenho que me deixa particularmente curiosa: estou abaixada próxima a porta da cozinha e retirando minhas botas. Meus cabelos estão com uma trança caindo sobre o ombro e uso a jaqueta de caça do meu pai.

--Quando você desenhou esse?

--Faz tempo, já tinha te visto fazer isso tantas vezes que foi bem fácil.

Passo mais páginas e me vejo sentada na cama, deitada no sofá ou saindo pela porta da sala, fora os que estou dormindo que são os que estão em maior numero. Encontro até um que Peeta se desenhou junto comigo e começo a rir.

O desenho mostra nossa primeira vez, quando ainda estávamos na sala e eu segurava Peeta pela cintura com as pernas. Ele ainda usando calças e eu com os seios de fora sendo que um deles estava dentro da boca dele.

--De todas as formas que você poderia nos representar você escolheu justamente esta? –Digo apontando para o desenho.

--Como eu disse, desenhei mais para mim. –Ele ri- E eu gosto dessa lembrança em particular.

--Sei. –Digo ainda rindo.

Chego ao ultimo desenho, o que ele estava fazendo quando acordei. Eu dormindo, mais uma vez.

--Devo ser a pessoa mais tediosa do mundo, a maioria dos desenhos estou dormindo.

--Na verdade é o contrário, você é a pessoa mais interessante do mundo. E a maneira que mais gosto de te ver é quando está dormindo porque são as únicas horas que você fica quieta tempo o bastante para que eu observe cada detalhe seu.

Peeta acaricia meu rosto com uma das mãos e em seguida me beija com toda a calma. Eu o seguro pela nuca e retribuo. Nossas línguas se encontram e sugo seus lábios. Peeta se movimenta para ficar de frente para mim e quando faço um movimento com o outro braço o livro de desenhos cai no chão em um barulho surdo que faz com que eu interrompa nosso beijo e me levanto da cama na mesma hora.

--Desculpa, eu... –Minha respiração está pesada e meu coração acelerado.

--Qual é o problema? –Peeta me olha preocupado-

--Problema nenhum, é que eu... Eu estou morrendo de fome. Não como desde muito cedo.

--Vamos até a cozinha, eu preparo algo pra você comer. –Peeta fica de pé.

--Não, você vai. Eu vou tomar um banho rápido e te alcanço daqui a pouco. –Digo tentando forçar um sorriso.

--Porque não tomamos esse banho juntos e depois preparamos algo pra comer? –Peeta se aproxima de me segura pela cintura ficando com o rosto bem próximo ao meu.

--Outra hora, pode ser? –Digo me afastando dele- Eu vou ser bem rápida e estou mesmo com muita fome. –Tento usar a voz mais doce possível- Prepara alguns sanduíches pra nós dois, por favor?

--Ok então.

Ele me dá um beijo rápido e sai, eu deixo minhas roupas no chão do quarto e vou para o banheiro.
Não sei quanto tempo vou conseguir aguentar, mas tenho certeza que não será muito.