Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes
Quinze, vinte, vinte e cinco dias já se passaram. Meu rosto agora só ostenta uma quase invisível cicatriz do lado esquerdo, já me alimento quase normalmente e até ganhei alguns quilos a mais do que tinha antes.
Gale continua a me visitar e velar meu sono inquieto e algumas vezes vem na companhia de Johanna que de alguma maneira se tornou a única pessoa capaz de me fazer rir verdadeiramente.
Hazelle também é bastante presente e sempre que pode leva roupas para lavar, limpa a casa e prepara alimentos que podem ser congelados e descongelados bem facilmente. E como ela nunca aceitou minhas tentativas de pagamento assim como Gale também sempre se recusou, deixo Johanna com a tarefa de pagar através das crianças que nunca recusam algumas moedas.
Até Haymitch ficou sóbrio o bastante para vir uma ou duas vezes para saber como eu estava passando.
O fim do inverno se aproxima e eu me organizo em uma rotina leve de caminhadas matinais até a floresta onde nem sempre caço, mas sempre atiro algumas flechas porque o exercício me ajuda a manter o foco.
E assim o primeiro mês do ano se vai sem deixar rastros a não ser pela neve que derrete formando grandes poças de lama pela rua.
Um dia voltando de uma caçada, após passar em um mercado e comprar algumas coisas de que precisava e adentrar em uma farmácia esbarrei em Peeta na saída. Ele só pareceu me reconhecer depois de nossos ombros se chocaram e me pedir desculpas. Seus olhos azuis só demonstravam cansaço e uma profunda tristeza ao me verem. Eu não consegui esboçar nenhuma reação por fora, mas senti como se meu coração estivesse sendo prensado.
Não deveria deixar isso acontecer, mas desde que me encontrei com Peeta a pouca vontade que tinha de sair de casa se esvaiu e agora aquele olhar me visita durante meu sono como se meus assombros já não fossem suficientes.
Após dois dias de recusa a colocar os pés para fora Johanna veio me ver e deitada ao meu lado na cama ocupando a maior faixa de espaço que seu corpo magro permite ela diz que não sairá da minha casa enquanto eu não me levantar e reagir para a vida.
E como vê que não me dou por vencida começa um repertório de músicas terríveis que nunca sequer ouvi na vida.
Como viver o meu futuro em paz?
Com esse jeito de ser?
Se nada escuto estou tão longe daqui.
E sou rebelde quando não sigo os demais.
E sou rebelde quando insisto em mudar.
Johanna canta deitada de barriga para cima e movendo os braços. Eu fico deitada de lado e ignoro.
Sabe muito bem que você quer me ver.
Te trato mal, você gosta.
Me diga se não valeu a pena me encontrar e sofrer por mim.
Você quer você quer você quer me ver.
Você quer você quer você quer me ver.
Você quer você quer você quer me ver.
Ela continua e mexe o corpo de tal maneira que sinto a cama balançar. Eu fecho os olhos e tapo os ouvidos com as mãos.
Eu cheguei como uma bola de destruição
Nunca tive um amor com tanta força.
Você me destruiu.
Então eu joguei minhas mãos pra cima, eles estão
tocando a minha música
A ansiedade vai embora.
Eu estou balançando minha
cabeça como "É isso aí! "
Mexendo meus quadris como "É isso aí"
Coloquei minhas mãos pra cima, eles estão tocando
tocando a minha música
Eu sei que eu ficarei bem
Sim! É uma festa nos Estados Unidos!
Sim! É uma festa nos Estados Unidos!
--Okaaay!! Okaaaay!! Você venceu. –Me dou por vencida quando sinto a cama tremer como se tivesse uma manada de elefantes pulando ao meu redor- O que é que você quer de mim afinal? –Me sento e encosto na cabeceira da cama- Faço qualquer coisa para você me deixar em paz e parar com essa cantoria medonha.
--Na realidade eu não quero nada, por mim você pode ficar enclausurada aqui o quanto quiser. –Johanna continua deitada, mas me olha- Mas Gale me pediu pra vir aqui e só sair depois que te fizesse levantar e fazer qualquer coisa além de rolar para lá e para cá nesse buraco sem fundo onde você se enfiou.
--Eu só precisava pensar um pouco. Organizar as ideias. -Deito e continuo a encara-la.
--Você pode fazer isso sem ficar trancafiada aqui dia e noite. –Johanna se senta e encosta-se à parede de maneira que me olha de cima- Mas já que estamos aqui pode me dizer o que está acontecendo Você não é minha pessoa favorita, mas eu sou boa ouvinte e ótima em guardar segredos. -Não consigo conter um sorrisinho- E não queria dizer nada, mas você está mais gordinha. Nisso que dá ficar em casa se entupindo de comida e não sair pra nada.
--Para de me torturar! Eu estou deitada de costas, como você pode dizer que estou gorda desse jeito? –Olho automaticamente para minha barriga.
--Tenho bons olhos. –Ela fecha os olhos e faz cara de quem sabe tudo.
--Ta, ta bom. O que você quer pra me deixar em paz? –Eu cruzo os braços a minha frente enquanto olho para ela.
--Quero que você me diga um motivo que justifique esse estado de fossa que você está vivendo. –Eu começo a abrir a boca pra falar- E não venha me dizer que tem algo a ver com o Peeta, porque ele continua morando aqui perto, se você o quisesse mesmo de volta teria tentado falar com ele de novo. Então desembucha e seja convincente.
Johanna é o mais próximo que eu tenho de uma amiga do mesmo sexo e se tem alguém que sei que posso confiar esse alguém é ela.
Eu respiro fundo, descruzo os braços e começo a puxar fios soltos da colcha da cama.
--Estou a mais de quinze dias atrasada por isso há uns dois dias atrás entrei em uma farmácia para comprar um teste de gravidez e esbarrei com Peeta na porta e me dei conta do quanto ele me despreza.
--Teste? Grávida? Sério? –Ela se exalta- Eu pensei que você e o Peeta se cuidassem mais depois daquele susto todo com o aborto. -Johanna diz após pensar por alguns segundos- E você não pode realmente culpá-lo por te desprezar, ele ainda está chateado com tudo o que aconteceu e você não fez muito para se reconciliarem.
--Sim, nós tomávamos mais cuidado, mas durante a viagem a Capital acabamos relaxando. –Eu volto a cruzar os braços- E com tantas coisas acontecendo acabou que nem sequer comecei com os anticoncepcionais. E como assim eu não fiz muito para nos reconciliarmos? -Elevo a voz um pouco- Eu tentei falar com ele, mas você me impediu, lembra?
--É, tentou falar no minuto que ele descobriu tudo. Com o seu talento ia acabar estragando as coisas mais ainda. Por isso te impedi. Mas você deveria ter tentado se aproximar dele depois que as coisas se acalmaram –Sinto a acusação em sua voz- E qual foi o resultado do teste afinal?
--Pra dizer a verdade eu não sei. –Estico uma mão até a mesa de cabeceira e pego um embrulho- Ainda nem abri a caixa.
--Por que não? Não quer saber?
--Eu nem sei porque comprei isso. –Jogo a caixa pro lado-Com tantos dias de atraso e as coisas que ando sentindo já tenho certeza que estou mesmo grávida.
--Por Deus, quanto drama. –Johanna revira os olhos- Vai logo até aquele banheiro e faz xixi em cima desse troço pra ter certeza absoluta.
--Mas...
--Mas nada. –Johanna começa a me empurrar para fora da cama de maneira que só posso ficar de pé pra evitar cair no chão. - Vai, vai, vai.
--Ta, estou indo.
--Estou marcando os minutos. -Ela grita quando fecho a porta atrás de mim.
No banheiro leio as instruções que dizem que o teste deve ser feito com o primeiro xixi do dia e que após dois a três minutos o resultado aparece escrito numa espécie de termômetro que apita.
--E...? –Johanna está parada na porta do banheiro me encarando.
--O que você acha? –Reviro os olhos e jogo fora a caixa e o termômetro que acabou de parar de apitar.
--Se fosse pra achar alguma coisa não estaria te perguntando. Desembucha!
--Positivo. –Lavo aos mãos e saio do banheiro.
Me jogo na cama de costas e Johanna me segue se deitando com a cabeça sobre minha barriga.
--E o que você pretende fazer agora? Vai contar pro Peeta?
-- Se for pra ele me perdoar quero que seja por mim e não por se sentir obrigado. –Olho pro teto do quarto- E também não tenho certeza se devo contar a ele.
--Por que não? O filho também é dele.
--Hum... Porque...
--Tem alguma coisa que você não ta me contando. Fala de uma vez.
--Pode ser que não seja do Peeta. -Respondo após pensar alguns segundos.
--Que? Como assim? Com quem mais você... -Johanna nem precisa terminar a frase porque minha cara já diz tudo.
--Por favor, não conte a ninguém pelo menos até eu ter certeza.
--Ta, isso é loucura! Mas a vida ainda é sua, não vou me meter.
--Obrigada. -Digo sem conseguir encara-la.
--Só uma última coisa. O que você tinha na cabeça quando foi pra cama com aquele Mark? Ainda mais depois de brigar com o Peeta! –Johanna fala mais consigo mesma do que comigo- Ou foi antes da briga? Não, você teria me dito!
--Foi depois da briga sim. E não foi intencional, acredite.
--E esse troço é mesmo seguro?
--O farmacêutico me disse que é um dos mais seguros que existe. Só fica atrás do exame de sangue. Mas cem por cento mesmo só o ultrassom.
--Então vá fazer o ultrassom!
--Eu vou. Mas vou fazer isso lá no Distrito 8. Tenho receio de fazer aqui e acabar chegando nos ouvidos do Peeta antes de eu saber o que dizer a ele.
--Claro, é bem mais fácil fugir dele do que dizer a sua mãe que você está gravida e não tem certeza de quem é o pai.
Meu coração dá um salto, eu não tinha pensando nisso antes.
--Que seja. Prefiro lidar com a minha mãe do que com ele no momento.
--Você é quem sabe. Mas quando for até lá eu vou com você.
--Mas...
--Não é discutível!
--Ta. –Me dou por vencida porque sei que não adianta- Só peço que não conte a ninguém, nem ao Gale.
--Não que isso seja algo pra se comentar por aí. Mas pode ficar tranquila.
Johanna é incapaz de passar dez minutos inteiros parada no mesmo lugar. Ela anda pela casa toda procurando comida e cantarolando umas músicas terríveis que quando eu pergunto ela diz que aprendeu ouvindo nas festas que ia, mexe nas coisas procurando algo comprometedor e que possa ser usado contra mim como ela mesma diz. Abre todas as portas do guarda roupas e implica com o que visto. E acaba encontrando em uma das gavetas o caderno de desenhos de Peeta.
Folheando as páginas ela se senta no chão e eu desço da cama me aproximando quando ela para em um desenho de mim dormindo.
--Ele passava horas em cima disso e só me deixou olhar uma única vez. –Digo me sentando de frente para ela.
--São lindos. Você posou pra ele alguma vez?
--Nunca. Todos feitos enquanto eu dormia, estava distraída –Um desenho meu sentada a mesa da cozinha tomando café aparece- ou de memória.
--Percebe-se que ele conhece cada detalhe seu.
Johanna diz isso com um sorrisinho e vejo que ela encontrou um desenho particularmente improprio mas que não é nem de longe um dos piores.
Neste estou apenas com os seios de fora e coberta por um lençol da cintura até as coxas.
--Hum, alguém gosta muito de peitos.
Ela comenta quando passa mais um desenho onde estou com os seios à mostra.
--Se seu pai fosse vivo provavelmente teria pesadelos diariamente se soubesse da existência desses desenhos que confirmam o fato de você não ser mais tão inocente. –Outro desenho- E pelo amor de Deus! Qual o problema desse garoto com os seus peitos? Nem é como se você tivesse duas melancias aí!
--Não vou te impedir de ver, mas se vir algo desagradável não me responsabilize. –Eu digo em meio as risadas histéricas.
--Tipo isso aqui?
Ela segura uma página do caderno e levanta para me mostrar o desenho que mostra Peeta me segurando contra a parede da sala. Eu apoiada em seus ombros com as pernas em torno da cintura dele e Peeta com a boca entre meus seios. A imagem me traz boas lembranças e não contenho um sorriso.
--Algo assim, mas tem piores.
--Eu ja fiz essa com o Gale. E preciso dizer que tanto olhar quanto fazer é desconfortável -Johanna da gargalhadas e entendo que ela se refere a posição no desenho- Mas vou parar de olhar então, não quero ter pesadelos a noite.
--Não é como se eu quisesse saber da sua vida sexual com o meu melhor amigo, mas muito obrigada por deixar essa imagem na minha cabeça.
Ela ri ainda mais e joga o caderno no meu colo mas o desenho continua aberto.
--Não quero detalhes. Mas de quando exatamente é esse desenho?
--Hum... é da nossa primeira vez. Por que?
--Ah, faz sentido agora. –Johanna dá um sorrisinho.
--Por que?
--A sua cara de idiota olhando pra essa que nem é uma das mais interessantes, devia ser algo muito bom mesmo. –O sorrisinho dá lugar a gargalhadas.
--Engraçadinha. –Não me contenho e acabo rindo também- Ele foi meu primeiro. –Digo com a mão sobre o desenho.
--Mas Panem inteira sabe disso!
--Hã? Como assim? –Fico realmente confusa.
--Todo mundo sabe que ele foi seu primeiro. Desde a primeira arena que ficou na cara que suas experiências não eram das maiores.
Então me lembro da primeira arena, quando impedi que Peeta ficasse nu na minha frente mesmo estando machucado e nos segundos Jogos quando vários tributos incluindo Johanna que ficou nua no meio do elevador zombaram de mim utilizando a sexualidade.
--É, parece que eu fui bem transparente quanto a isso. Quem diria que hoje eu teria dúvidas sobre quem me engravidou não é mesmo?
Fecho o caderno, jogo de volta na gaveta e volto para a cama.
Autor(a): mockingjeah
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Liguei para o hospital e marquei a consulta para dali a seis dias, ou seja, quarta-feira da semana seguinte, ou seja, hoje. Marquei para as 9h da manhã então saímos cedo de casa em direção a estação de trem. --O que você disse ao Gale quando saiu de casa? --Nada demais, só que íamos juntas faze ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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mockingjeah Postado em 09/01/2016 - 10:40:35
Quem sabe no futuro saia alguma estoria nova, mas por enquanto não tenho planos. Obrigada por acompanharem. <3
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chaverronis2forever Postado em 21/12/2015 - 20:29:18
Ameeei a fic de verdade e simplesmente linda
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vondyjemilaliter Postado em 21/12/2015 - 19:49:11
how que coisa mais linda,eu amei sua web do começo ao fim,você escreve muito bem espero poder ver outras histórias suas,meu parabéns garota voce arrasou.
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chaverronis2forever Postado em 20/12/2015 - 17:09:10
Continua ai que fofo os dois que bom que voltaram que pena que já ta acabando
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mockingjeah Postado em 18/12/2015 - 23:20:11
Amanhã tem mais, amores *--* Ta quase no fim. :(
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vondyjemilaliter Postado em 18/12/2015 - 19:42:13
olha eu acho que o peeta precisa não só de prazer para reconquista-la, ele precisa conquistar a confiança dela também eita Haymitch cabeça dura,meu ele precisa reagir e lutar pela filha deles não é fácil mas ele tem que tentar de verdade,amei o capitulo sua web esta ótima posta mais!1
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chaverronis2forever Postado em 18/12/2015 - 18:14:02
Continuua espero que o Hamytch fique bem
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chaverronis2forever Postado em 17/12/2015 - 23:56:29
Continua Katniss devia acreditar no Peeta ele não pode ter uma amiga mulher
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chaverronis2forever Postado em 16/12/2015 - 11:10:41
Continua *-*
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vondyjemilaliter Postado em 16/12/2015 - 06:55:46
Eita poxa RS hehe peeta não vai ser tão fácil assim,depois do que rolou escutar isso não e fácil, mas será que ela falou pra valer parece que sim mas não sei não adorei posta mais