Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

--Nós só estamos de passagem pela Capital porque como a senhora percebe nosso Mockingjay está a ponto de ter um Mockingjayzinho e ainda não tinha terminado o enxoval. –Johanna sorri da maneira mais convincente que consegue- E resolvemos passar aqui pra saber como andam as coisas pelos distritos antes de voltarmos pra casa.

Não faço ideia de como Johanna conseguiu inventar essa estória, só sei que nunca vou ser capaz de agradecer o bastante.

--Como vocês vão voltar para casa? –Pergunta a presidente.

--De trem. –Johanna responde e eu concordo com um gesto de cabeça.

--Então me deixem pelo menos pedir a um dos pilotos pra leva-las de aerodeslizador, vocês devem ter comprado muita coisa e vai ser mais rápido e mais confortável se forem voando.

Paylor se despede de nós e nós acenamos para Mark enquanto andamos em direção a porta.
Menos de duas horas depois estamos embarcando e voltando para casa.

Só quando ocupo uma das poltronas e ganhamos certa altura é que solto o ar que sem perceber estava prendendo no peito.
Ainda não acredito que ele estava a poucos metros de mim e não tinha me dado conta do quanto ele me apavora até agora.
Não sei o que teria acontecido se estivesse sozinha.

--Agora nós temos que descobrir o que aconteceu com aqueles dois. –Johanna diz sentada ao meu lado- Quando eu saí do 12 eles estavam praticamente prontos para viajar até a Capital.

Eu apenas balanço a cabeça em concordância.

--O que vai ser então? Ficamos no 8 ou vamos pro 12?

--Vamos pro 12, eu preciso saber o que aconteceu e falar com ele.

Quando estamos sobrevoando o Distrito 6 somos avisadas que uma tempestade que cai no 7 se aproxima e por isso não poderemos seguir viagem, pelo menos não voando.

Johanna até propõe que a gente fique em um hotel até que passe a chuva e possamos seguir viagem de trem. Mas eu me oponho.

--Você pode ficar se quiser, mas eu pretendo chegar em casa hoje!

--E que diferença faz chegar hoje ou amanhã? Vocês já não se falam há meses, um dia a mais não vai mudar nada!

--Johanna, eu não quero ficar aqui. –Um taxi se aproxima e eu faço sinal para que o motorista pare- Você fica e eu vou sozinha. Não me importo.

--Entra logo nessa droga de táxi. –Eu entro e ela se joga ao meu lado com de cara amarrada- Para a estação, por favor. –Johanna diz ao motorista- E vá o mais rápido que puder, vai sair um trem em 15 minutos.

--Se for pra você ir com essa cara até em casa é melhor você ficar, já vou logo avisando.

--Escuta aqui. –Johanna respira fundo antes de continuar- Eu atravessei metade do país com você, deixei minha casa, meu namorado e minha vida pra poder te ajudar e não te deixar sozinha, mas tudo o que você faz é dar ordens e fazer tudo na hora que você quer e como você bem entende. Então faça o favor...

--Pra começar nós não estaríamos nesse problema todo se você não tivesse contado ao Peeta o que aconteceu, não sei como você conseguiu fazer o Gale te contar, mas vou resolver com ele depois. Não te chamei para vir comigo, eu teria vindo sozinha sem o menor problema, foi você quem insistiu.

--Ok.

O carro permanece em completo silencio até o motorista parar e dizer que chegamos e se corrermos ainda pegamos o trem que sai em alguns minutos.

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Conseguimos entrar mas a quantidade de pessoas que quer chegar aos outros distritos antes da chuva é bem grande, por isso Johanna e eu temos que ficar obrigatoriamente separadas por várias poltronas.

Johanna se senta quase na última fileira, próxima a porta e eu acabo na metade da frente do vagão. Não trocamos nenhuma palavra desde que saímos do táxi.

Desperto de sobressalto quando estamos passando pelo Distrito 7 e me assusto com o tempo lá fora.
O piloto foi modesto na descrição da tempestade que mais parece um desastre que cai do céu e não tem previsão de ir embora. Raios, relâmpagos, trovões, árvores gigantescas balançando com a força do vento.

Sei que o trem é perfeitamente seguro, mas sinto quando perdemos um pouco de velocidade e não posso evitar que um arrepio percorra meu corpo colocando meus sentidos em estado de alerta e me fazendo ficar nervosa.

Cada quilômetro percorrido parece fazer com que a chuva se sinta desafiada a cair com mais vontade, e ela cai, e cada novo clarão no céu faz o início de noite parecer o meio do dia por alguns instantes.

Meus pés e mãos tem vida própria e tremem no ritmo do meu coração acelerado. Minha respiração sai entrecortada e é o mais perto que consigo chegar de respirar.

Saio do meu assento em direção ao fim do vagão. Johanna dessa vez sentada no corredor está de olhos fechados mas duvido que esteja dormindo, não com essa barulheira toda.

--Johanna -Chamo por ela enquanto toco seu ombro.

--O que aconteceu? -Ela fica automaticamente em alerta quando abre os olhos e me vê.

--Não aconteceu nada, só queria ver se você está bem.

--Ah... -Ela olha em volta- sim... Estou bem. Eu nasci aqui no 7, lembra? Essas tempestades são comuns por aqui.

--Ah, verdade.

--Não que eu goste muito delas pra ser sincera, mas acabei me acostumando. -Ela dá de ombros- E você?

--Eu vou sobreviver. -Digo mais para mim mesma do que para ela- Mas acho melhor nós descermos na próxima parada, no 8. Não sei se aguento essa coisa estrondosa por mais quatro distritos.

--Ta bem.

Volto para o meu lugar e me concentro em contar os minutos que parecem intermináveis e mais longos a medida que nos aproximamos de casa.

Já dentro do Distrito 8 a tempestade dá uma trégua, mas a chuva continua caindo cada vez mais forte.
Quando enfim chegamos a estação e todas as pessoas começam a descer o mais rápido que conseguem eu não me movo. Meu corpo parece mais pesado do que eu posso carregar.

Não leva muito tempo e Johanna se aproxima de mim com a expressão preocupada.

--Qual é o problema? –Ela pergunta.

Não sei como deve estar minha cara, mas alguma coisa nela faz com que Johanna se ajoelhe ao meu lado para ficar a altura dos meus olhos.

--Tudo bem? –Johanna diz com a voz mais calma que consegue, mas percebo seu nervosismo.

--Tudo bem. –Respondo- Eu só acho que minha filha está com muita vontade de nascer.

Dedico as minhas fieis leitoras que não me abandonam mesmo quando eu desapareço.

PROMETO NÃO DEMORAR A POSTAR MAIS.

Aproveitem.