Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes
Cada parada nas estações dão ao maquinista alguns minutos de descanso e assim tenho uma preocupação a menos quanto ao tempo que devo levar para decidir o que fazer.
Fora estar dentro de um hospital, não acho que poderia estar com alguém melhor do que Johanna em um momento como esse.
Ela não se apavora, não fica sem saber o que fazer e por consequência não me deixa apavorada também.
Me levanto da melhor maneira que consigo e Johanna me ajuda a caminhar em direção a saída.
--O que você está sentindo exatamente, pode descrever? -Johanna pergunta quando estamos a poucos passos da porta.
--É um desconforto estranho que não havia sentido até agora. Minha barriga dói um pouco aqui em baixo -aponto os dedos para a região logo a baixo do umbigo- e minhas costas estão me incomodando muito mais do que o normal.
--Vamos sair daqui, você se senta em algum lugar e eu vou chamar um táxi. Você precisa de um hospital.
Dizer que vai chamar um taxi e realmente conseguir fazer isso acaba se revelando um missão difícil.
Não faço ideia de que horas são, mas já é noite, todas as pessoas saíram o mais rápido quanto foi possível da estação e a chuva não dá trégua.
Os poucos segundos que Johanna e eu precisamos para atravessar os cinco passos de distância entre a parada do trem e a primeira área coberta nos deixaram completamente molhadas.
Sentada em um banco de pedra a um canto após poucos minutos vejo Johanna voltar correndo na minha direção molhada até os ossos.
--Não adianta, o lugar está deserto e duvido que algum taxista vá voltar aqui com esse tempo. Ainda mais agora que o trem seguiu viagem.
--Eu consigo caminhar até a casa da minha mãe, não é tão longe. E não tem tanto perigo, afinal é só chuva, a pior parte ja passou. -Pondero.
--Essa é a melhor opção, considerando que a outra é ficarmos aqui esperando que a sorte esteja a nosso favor e alguém apareça pra ajudar. -Johanna se senta ao meu lado- Mas você tem certeza que consegue?
--Não tenho outra escolha, a não ser tentar. -Apoio as duas mãos na barriga.
--Tudo bem.
Johanna pega meu braço esquerdo e passa por cima de seus ombros antes que eu fique de pé e atravessa um braço nas minhas costas. Ela é mais alta que eu, mas é definitivamente mais magra, mas de alguma maneira consegue atravessar um braço atrás das minhas costas e alcançar o que um dia foi minha cintura. E quando ficamos de pé Johanna sustenta boa parte do meu peso sobre si.
Assim consigo caminhar com uma facilidade maior e numa velocidade considerável.
As ruas adjacentes do Distrito 8 não estão diferentes da estação, ao que parece essas pessoas não se aventuram quando chove e apenas se escondem em suas casas até passar.
Apenas estabelecimentos comerciais estão funcionando, mas os funcionários não tem trabalho algum já que não tem clientes.
Quando estamos a meio caminho da casa da minha mãe uma dor excruciante atravessa meu corpo e se não fosse por Johanna me segurando tão firmemente eu teria desabado no chão.
Por favor, eu preciso parar, por favor. É só o que sai da minha boca.
Minha barriga muda de forma e fica dura tão de repente quanto um piscar de olhos, tenho até medo de que a pele se estique tanto que se rasgue ao meio. A dor e a chuva com as gotas caindo insistentemente me fazem ser arrastada por Johanna com os olhos fechados e quando consigo organizar os pensamentos minimamente percebo que estamos dentro do que parece ser uma farmácia.
Sou colocada sentada em uma cadeira e duas ou três pessoas ficam a minha volta discutindo.
De quantos meses ela está?
Há quanto tempo ela está sentindo dores?
Foi uma irresponsabilidade viajar nesse estágio tão avançado, foi um milagre isso não ter acontecido antes!
Por que... Foi...
Onde... Ela... Não
As palavras aos poucos somem da minha mente e fazem cada vez menos sentido para mim.
Sou consumida por um sono que nunca tive na vida. Se estivesse numa cama poderia dormir por dias sem parar.
E essas pessoas não tem mais o que fazer ao invés de ficar aqui. Poderiam muito bem sair e me deixar em paz para dormir.
Meus pés estão flutuando e o chão está ficando distante. Não quero voar agora, quero dormir. Mas dormir sentada é ruim.
Tento me deitar no chão, mas quando estou a meio caminho sou atingida na cabeça por um objeto muito duro.
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--Vamos ficar juntos agora.
--Mas é a minha mãe?
--Sua mãe não está mais aqui, agora eu vou cuidar de você.
--Mas eu quero ver a minha mãe.
--Ela não pode ficar com você, você vai comigo para a Capital e nunca mais vai voltar para cá. SUA MÃE ESTÁ MORTA!
Desperto de repente, não sei dizer quanto tempo dormi, nem ao menos sei onde estou.
Tento me mover, mas meu corpo parece pesar toneladas. Então olho a minha volta e quando meus olhos se acostumam com a forte luz que me cerca vejo que estou numa cama de hospital, com uma agulha enfiada no braço, fios colados no meu peito e máquinas ao meu lado. Mas o que mais me chama a atenção é a percepção de que não tenho mais barriga, minha filha nasceu.
Quando levanto o braço que está com a agulha e puxo um fio uma das máquinas parece ser acionada e começa a emitir um som ensurdecedor. Meus ouvidos protestam com o barulho repentino então fecho os olhos e levo as mãos a cabeça para bloquear o som.
Volto a mim quando sinto uma mão segurar de leve meu pulso, então abro os olhos para encontrar o par de olhos verdes que pertencem a minha mãe.
--Está tudo bem. –Ela me diz- Eu já desliguei a máquina, mas preciso que você não se mexa muito ou pode se machucar.
--O que aconteceu. –Minha voz é quase inaudível e está rouca pela falta de uso, isso me faz pensar quanto tempo passei nessa cama- O que aconteceu? –Repito um pouco mais alto- Onde está minha filha?
--Você passou mal e chegou aqui numa ambulância.
--Quanto tempo faz que eu estou aqui? O que aconteceu com a minha filha?
--Fica calma, ela vai ficar bem. Você chegou aqui três dias atrás.
Antes que eu pergunte qualquer coisa a mais uma médica entra no quarto.
--Olá, Katniss. –Ela sorri para mim e se aproxima pelo outro lado da cama- Como está se sentindo?
Eu só a encaro. Nunca vi uma médica tão jovem. Ela não parece ter muito mais idade do que eu. Identifico na altura do peito um cartão que diz Johnson, R M.D
--Katniss, essa é a doutora Rebekah, foi ela quem te atendeu quando você chegou.
--Você viu minha filha? Pode me dizer como ela está? –Pergunto ainda olhando para o cartão no peito dela.
--Sim, eu posso. –Ela me responde de maneira gentil- Mas antes preciso conversar com você e saber como se sente.
--Eu me sentiria bem melhor se conseguisse me movimentar direito. –Digo enquanto me apoio nos braços fazendo um esforço para ficar sentada- Parece que meu corpo pesa toneladas e minha cabeça lateja insistentemente.
--Isso é normal. –Responde ela- Você passou muito tempo deitada sem fazer qualquer movimento e anestesiada. Em algumas horas você já deverá se sentir melhor e aos poucos vai deixar de sentir esses efeitos.
Minha mãe se afasta um pouco e a observo se aproximar de um painel na parede, quando aperta um dos botões a cama se move apenas o suficiente para meu tronco ficar um pouco mais elevado em relação ao resto do corpo.
--Mas você sofreu um trauma um pouco sério e vai precisar ser cuidadosa por mais tempo. –A doutora continua, mas eu continuo a olhar para minha mãe.
--Quando você chegou estava com a cabeça sangrando e a Johanna disse que você sofreu uma queda e bateu em alguma coisa antes de desmaiar.
Instantaneamente levo uma das mãos à cabeça e sinto um curativo do lado direito logo acima da orelha. Lembro vagamente de ser atingida por alguma coisa. Mas não me lembro de cair.
--Katniss, você teve o que nós chamamos de princípio de eclampsia ou pré-eclâmpsia. –Rebekah começa a falar e eu a encaro- Geralmente isso acontece logo após as vigésima semana de gestação e se a mãe for jovem, como é o seu caso, as chances de acontecer são maiores.
--O que provoca isso? Afeta o bebê? –Pergunto.
--Vários fatores podem desencadear, no seu caso foi a pressão arterial que subiu muito e fez com que você sofresse a convulsão antes de chegar aqui. Quando isso acontece o parto deve ser adiantado porque afeta o crescimento do bebê, mas feito isso, tudo se normaliza.
--E quando o parto não é adiantado, o que acontece?
--Bom, se nada for feito a tempo, a pressão muito elevada e a convulsão podem complicar a gravidez e provocar a perda dos dois.
--Quer dizer, tanto a mãe quanto o bebê morrem?
--Exatamente.
Não sei muito sobre a doutora Rebekah Johnson, mas ela é sincera e fala tudo sem rodeios. Isso me faz acreditar nela.
--Em muitos casos a pré-eclâmpsia se manifesta bem cedo e com as consultas de rotina é possível identificar e tratar. A Clara me disse que você ia as consultas regularmente no Distrito 12, então tudo me leva a crer que seu caso foi mesmo por conta da sua pouca idade.
--Na verdade... –Hesito por alguns segundos, sei que o que vou dizer irá me render sermões por muito tempo- Desde que completei 7 meses não ia as consultas –Nem preciso olhar para minha mãe para saber que ela está me encarando do mesmo jeito que fazia quando eu era criança- sempre acabava adiando por algum motivo e acabei não indo mais.
--O que você teve é perigoso e não deve ser ignorado.
--Isso pode ser hereditário, Rebekah? –Dessa vez é minha mãe quem pergunta.
--Sim, fatores hereditários podem fazer com que se manifeste.
--Eu tive isso antes de a Katniss nascer. Depois eu até fui orientada a pensar muito bem antes de ter outro filho.
--É muito provável que ela tenha herdado isso de você e ter outros filhos sempre acaba sendo um risco a mais.
--Não precisam se preocupar com isso, não pretendo ter outros filhos.
--Mas de qualquer forma você ainda vai precisar ter cautela pelo menos durante o próximo mês, que é a média de tempo que leva para a pressão voltar ao normal.
--Por favor, não diga que vou ter que ficar de repouso absoluto. –Interpreto uma expressão de sofrimento exagerada e as duas riem.
--Não, você não precisa de repouso absoluto, mas precisa pegar leve, não andar muito e tomar a medicação prescrita. Não deve tomar nada mais porque pode afetar a amamentação.
--Amamentação, isso sim eu vou querer ver! –É Johanna quem entra no quarto com o sorriso irônico de costume- Como está a Bela Adormecida?
--Eu fico fora do ar por alguns dias e você está mais engraçadinha do que nunca.
--Por isso mesmo, você ficou fora do ar por muito tempo agora tenho que te compensar com a minha ilustre presença.
--Eu mereço. –Digo revirando os olhos mas sorrindo- Quando eu vou poder ver minha filha e sair daqui, doutora?
--Ela já está de alta, vou pedir a uma das enfermeiras do berçário para traze-la. Mas eu prefiro que você passe mais essa noite para eu poder te monitorar de perto, se tudo correr bem deixo você ir para casa de manhã.
Não me oponho nem discuto, já passei três dias dormindo nessa cama, passar mais um não vai ser nada. E a expectativa de ver minha filha pela primeira vez me deixa mais animada do que pensei que pudesse ser possível.
Autor(a): mockingjeah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
--Foi ela mesmo quem fez o meu parto? –Pergunto a minha mãe quando a médica sai do quarto. --Foi e não foi. --Por pouco eu é que não fiz o seu parto! –Johanna interrompe. --Você chegou aqui na ambulância da farmácia, com a bolsa estourada e com quase nada de dilatação. Só tive ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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mockingjeah Postado em 09/01/2016 - 10:40:35
Quem sabe no futuro saia alguma estoria nova, mas por enquanto não tenho planos. Obrigada por acompanharem. <3
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chaverronis2forever Postado em 21/12/2015 - 20:29:18
Ameeei a fic de verdade e simplesmente linda
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vondyjemilaliter Postado em 21/12/2015 - 19:49:11
how que coisa mais linda,eu amei sua web do começo ao fim,você escreve muito bem espero poder ver outras histórias suas,meu parabéns garota voce arrasou.
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chaverronis2forever Postado em 20/12/2015 - 17:09:10
Continua ai que fofo os dois que bom que voltaram que pena que já ta acabando
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mockingjeah Postado em 18/12/2015 - 23:20:11
Amanhã tem mais, amores *--* Ta quase no fim. :(
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vondyjemilaliter Postado em 18/12/2015 - 19:42:13
olha eu acho que o peeta precisa não só de prazer para reconquista-la, ele precisa conquistar a confiança dela também eita Haymitch cabeça dura,meu ele precisa reagir e lutar pela filha deles não é fácil mas ele tem que tentar de verdade,amei o capitulo sua web esta ótima posta mais!1
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chaverronis2forever Postado em 18/12/2015 - 18:14:02
Continuua espero que o Hamytch fique bem
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chaverronis2forever Postado em 17/12/2015 - 23:56:29
Continua Katniss devia acreditar no Peeta ele não pode ter uma amiga mulher
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chaverronis2forever Postado em 16/12/2015 - 11:10:41
Continua *-*
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vondyjemilaliter Postado em 16/12/2015 - 06:55:46
Eita poxa RS hehe peeta não vai ser tão fácil assim,depois do que rolou escutar isso não e fácil, mas será que ela falou pra valer parece que sim mas não sei não adorei posta mais