Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes
--Foi ela mesmo quem fez o meu parto? –Pergunto a minha mãe quando a médica sai do quarto.
--Foi e não foi.
--Por pouco eu é que não fiz o seu parto! –Johanna interrompe.
--Você chegou aqui na ambulância da farmácia, com a bolsa estourada e com quase nada de dilatação. Só tivemos tempo de te colocar na maca, correr pro centro cirúrgico e puxar a neném para fora.
Até o seu corte na cabeça só foi tratado quando você já estava no quarto. Foi tudo muito rápido.
--E vocês a viram, como é que ela estava?
--Ela nasceu roxinha, mas recebeu os devidos cuidados, passou algumas horas na incubadora e desde então se tornou a paixão das enfermeiras.
Enfim somos interrompidas por uma batida de leve na porta. O hospital do Distrito 8 tem os funcionários mais diferentes. Enquanto a médica que me atendeu parece uma adolescente, a enfermeira do berçário parece uma vovó que cuidou de muitos netos.
--Foi daqui que pediram uma bebê linda? –Ela diz com a voz mais doce que já ouvi e sorrindo.
Minha mãe e Johanna se afastam um pouco e ela se aproxima.
Quando Prim nasceu eu não tinha mais do que cinco anos de idade, e a medida que crescia ela cresceu junto comigo e logo deixou de ser um bebê, por isso desconheço a sensação de segurar um ser tão pequeno nos braços.
Muitos fios de cabelo escuros, olhos cinzentos, pequenas mãos e bochechas rosadas. Com os quilos que conquistei poderia jurar que o peso seria maior, mas me enganei.
Já vi muitas fotografias minhas de quando era pequena e se pegasse qualquer uma delas a semelhança entre nós continuaria sendo assustadora.
--Ela é igualzinha a você quando criança. –Minha mãe diz externando meus pensamentos.
Seguro umas das pequeninas mãos entre meus dedos e os minúsculos dedinhos se abrem por alguns momentos.
Meus olhos pesam com as lagrimas que se forçam a cair, mas evito uma cena e respiro fundo, sem deixar de olha-la nem por um segundo. Não quero perder nada daqui para frente.
Johanna e minha mãe só podem ficar por mais algum tempo, primeiro porque o horário de visitas logo chega ao fim e segundo porque o plantão da minha mãe está terminando.
Ela até insiste em passar a noite comigo, mas eu veto a ideia terminantemente, trabalhar mais de 24 horas ininterruptas e depois passar a noite numa cadeira desconfortável não é algo negociável.
Johanna não pode ficar simplesmente porque não é da família, ao que parece ser a pessoa responsável por eu estar viva e com minha filha nos braços não conta muito nesses casos, maldita burocracia.
Quando elas se vão as horas passam que nem mesmo percebo. A certa altura a mesma senhora do berçário volta dizendo que irá me orientar quanto a amamentação para evitar que faça algo errado, não sei qual o maior segredo pode haver nisso, mas ouço as instruções com atenção.
Você precisa ajudá-la a sugar, pelo menos nos primeiros dias.
Procure sempre segurar o seio entre os dedos para evitar que fique sobre o nariz e atrapalhe a respiração.
Nunca esqueça de dar de mamar nos dois lados, ou pode criar pedras bastante dolorosas, além de deixar os seios de tamanhos muito diferentes.
Enquanto suga o leite ela pode ficar um pouco ofegante, isso é normal e se deve ao fato do esforço que ela precisa fazer.
Quando terminar se ela estiver dormindo coloque-a deitada com o rosto para o lado, nunca para cima.
Muitas recomendações e lições que considero bem pertinentes, mas logo começo a pegar o jeito e ao fim de uma hora já sei até a técnica mais eficaz de trocar fraldas sem fazer uma sujeira colossal.
A cama do hospital possui algo que não havia percebido até então. Uma espécie de parte anexa que faz com que se estenda para o lado, então três grades podem ser içadas formando uma cama menor que dá fácil acesso entre mãe e filho.
Tudo é arrumado para que ela passe a primeira noite comigo.
Não posso deixar de me sentir nervosa e sinto um peso de preocupação sair de cima de mim quando a enfermeira diz que virá ver como estamos a cada hora.
Antes que ela se retire lembro de perguntar como se chama a pessoa que está encarregada de velar nosso sono e ela se apresenta como Angela.
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Passei alguns bons minutos observando minha filha entrar e sair de um sono tranquilo e vendo seu rosto dono de grandes bochechas redondas acabei pegando no sono.
Não tenho muita noção de quanto tempo se passou, mas desperto e nada mudou.
Deitada de costas para a parede que dá acesso a porta do quarto sinto minha cabeça latejar, dormir exatamente sobre o corte que ganhei quando desmaiei não foi minha melhor ideia.
Com um pouco de esforço me apoio nos braços para ficar de costas e ao olhar para o outro lado meu coração quase pula pela boca tamanho o susto que levo.
--Pelo amor de Deus! –Digo prendendo a respiração- O que você está fazendo aqui?
--Precisava te ver.
--E como diabos você sabia que...
De repente a realidade me atinge em cheio. Ninguém mais teria tido essa brilhante ideia.
Sou capaz de apostar quanto for necessário, que Johanna foi quem ligou para Peeta e disse o que aconteceu e onde eu estava.
--Há quanto tempo você está aí? –Me sento na cama. Minha cabeça lateja e vejo partes embaçadas ao redor do quarto, mas não me importo.
--Uma hora, talvez mais, talvez menos. Não queria te acordar por isso sentei e esperei. –Ele se levanta da cadeira e dá alguns passos hesitantes na minha direção mas para antes de chegar realmente perto- Como está se sentindo?
--Como você entrou aqui? –Ignoro sua pergunta- O horário de visitas terminou faz horas.
--Eu disse que sou o pai e me deixaram entrar.
--Você não pode afirmar isso! Nem eu posso dizer se ela é sua ou não!
--Eu não me importo. Só queria saber como vocês estavam. –Ele me olha nos olhos pela primeira vez- Fiquei muito preocupado.
Sua expressão era séria e quase triste, mesmo os olhos deixando transparecer o mesmo ar de menino que ele sempre teve não pude deixar de notar que profundas olheiras os circulavam. Como alguém que não descansa há muitos dias.
Ver Peeta me encarando depois de tanto tempo fez meu estômago se revirar e meu coração dar saltos que por pouco não poderiam ser vistos há quilômetros de distância, mas reuni forças para manter o controle e não esbocei qualquer emoção ao me ver refletida naqueles olhos tão azuis.
--Eu queria ter vindo antes, mas precisava reunir coragem. Quase desisti no meio do caminho por medo de você nem sequer querer me dirigir a palavra.
--Por meses, meses, você fingiu que eu não existia. E agora atravessa quatro distritos só pra saber como eu estou?
--Eu só precisava de tempo.
--Qual é a droga do seu problema afinal? –Sinto minhas emoções em conflito tentando me consumir- Você me abandonou, fez parecer que nunca tinha sequer ouvido meu nome na vida.
--Me desculpe.
--Você falou coisas horríveis pra mim, você me humilhou e nunca parou por cinco minutos para ouvir o que eu tinha a dizer.
--Me desculpe...
--Você fez com que eu te amasse mais do que eu pensei que fosse possível. Você prometeu que nunca me abandonaria. Mas na primeira oportunidade foi o que você fez!
--Eu... –As lágrimas começam a escorrer de seus olhos fazendo seu rosto se tornar vermelho e suas íris ficarem num tom quase impossível de azul.
--Eu sofri, muito, depois da dor de ver minha irmã morrer na minha frente sem que eu pudesse fazer nada, o que você me fez foi a coisa que mais doeu. –Minha garganta começa a se fechar.
--Me perdoa... –Sua voz não é mais que um sussurro.
--Eu sofri por meses... –Preciso de alguns segundos para forçar minha garganta a ceder e deixar a voz sair sem ser acompanhada por lágrimas- Eu cheguei mais fundo na desgraça do que em qualquer período da minha vida. Você sabe tudo pelo que eu já passei, você salvou minha vida mais de uma vez, você me deu esperanças de continuar a viver. –Respiro fundo e engulo em seco, me recuso a deixar as lagrimas me vencerem- Você era tudo pra mim. Você fez com que eu me apaixonasse, eu abri meu coração pra você e deixei que você entrasse na minha vida como nunca deixei ninguém mais fazer.
--Me perdoa, por favor. –Ele se aproxima mais alguns passos, mas quando tentar pegar minha mão eu o impeço.
--Não me toque, não se aproxime de mim! Eu não sei quem você é! O homem que eu pensei que amava não existe, então eu o superei, o apaguei da minha memória. –Minha voz sai trêmula, mas me mantenho o mais firme que consigo- Você me destruiu de dentro pra fora, você me derrubou e me deixou despedaçada e sozinha. Você não imagina quanta dor eu senti.
Mas pela minha filha que começava a crescer dentro de mim eu busquei forças de onde não existia mais nada e voltei a ficar de pé. Agora eu não te quero mais, não preciso mais de você.
--Não faça isso.
--Eu me recuso a ser dependente de alguém que existia apenas na minha imaginação. Eu já perdi muitas pessoas que eram reais e nem por elas eu sofri tanto quanto sofri pela pessoa que você fingiu ser.
--Eu não fiz isso, eu juro.
--Eu não acredito mais em você, eu não sei quem é você, eu só sei o nome. Eu não quero um estranho na minha vida, eu mereço mais.
--Não é verdade.
--Você não tem mais espaço na minha vida. Não vou dizer que foi fácil, porque não foi. Mas eu consegui sozinha suprir o buraco que você deixou em mim. Você não é mais bem vindo na minha vida. Não tenho mais lugar pra você no meu coração.
--Por favor...
--Não, por favor você! É covardia da sua parte vir até aqui e tentar me forçar a falar com você, você não é o homem que eu pensei ser, você é um garoto, um mimado que sempre teve tudo. Eu não permito que você me faça sofrer mais nem uma vez, nem por um minuto mais. Chega!
--Mas a nossa filha precisa...
--Não! Você não sabe nem se ela é sua. Eu não deveria nem te deixar tirar essa prova, porque você não merece qualquer consideração. Não depois de tudo o que disse a meu respeito. Você me comparou a uma prostituta! –Respiro fundo- Mas não sou pequena como você então não vou te impedir de descobrir se é o seu sangue que corre nas veias dela junto com o meu, fique à vontade pra fazer um exame de paternidade. –Olho no fundo de seus olhos e sustento o olhar- Se ela for sua, nós entraremos num acordo para ser os melhores pais pra ela. Mas faremos isso separados, como deve ser. Se ela não for sua, esta pode ser a última vez que estamos conversando.
--Você não pode estar falando sério. Você não pode cria-la sozinha.
--Então você não me conhece, do mesmo jeito que eu não te conheço. Agora faça o favor de se retirar porque preciso descansar.
--Eu posso pelo menos olha-la mais de perto antes de ir? –Ele diz por fim.
--Não, você não pode. Ela é minha filha e só minha até que você prove o contrário. –Imprimo o máximo de raiva que consigo na voz antes de continuar- Se não tiver nenhum vínculo e preciso dizer que estou torcendo para que não tenha, você jamais irá se aproximar dela.
--Tudo bem, é um direito seu. –Ele começa a se afastar- Tchau, Katniss. –Ele me olha uma última vez e a dor em seus olhos é quase palpável- Eu chamo os gêmeos de Rue e Joshua agora, só pro caso de você querer saber.
--Adeus. –Digo por fim enquanto um último vestígio do perfume de Peeta se dissipa pelo quarto e desaparece.
Então ouço o primeiro choro da minha filha desde que ela chegou, é um choro que lembra muito mais um miado bem baixo de um gatinho na verdade. Mas faz com que eu a pegue nos braços me deitando de costas e a apoie com o rosto sobre meu peito sentindo sua respiração se acalmar a medida que o choro cessa.
Com o coração dela batendo acelerado junto ao meu eu enfim dou vazão as lágrimas que imprensam meu peito de dentro para fora me dando a sensação de que pode me implodir a qualquer momento.
Choro copiosamente por vários e longos minutos e sinto meu corpo prestes a se descontrolar. Mas não posso deixar que isso aconteça, não aqui, não agora, não com minha filha nos braços.
Me esforço ao máximo para me manter inteira e enxugo meus olhos, minha bochechas e a testa dela que foram banhadas em lágrimas.
Angela aparece de repente e sua expressão preocupada se intensifica quando se aproxima de mim.
Tudo bem com você? É o que ela diz, eu só respondo sacudindo a cabeça para os lados.
Quer que eu a leve de volta ao berçário para você passar a noite sozinha? Sacudo a cabeça mais uma vez e trago meu bebê para mais junto de mim.
Vou te deixar sozinha, se precisar de qualquer coisa é só chamar. Ela diz antes de se retirar e me deixar chorando todas as minhas últimas lágrimas pelo meu garoto do pão que ainda que eu sempre vá amar, jamais voltará a ser parte da minha vida.
Autor(a): mockingjeah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Entre dar de mamar e olhar para o teto do quarto a noite avançou e cedeu lugar ao dia. Fracos raios de sol que venceram as nuvens atravessavam as janelas e observei o exterior. Por volta das 9h da manhã a doutora Rebekah apareceu para me examinar e por fim assinar minha autorização de alta, finalmente estaria livre daquela cama. Minha ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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mockingjeah Postado em 09/01/2016 - 10:40:35
Quem sabe no futuro saia alguma estoria nova, mas por enquanto não tenho planos. Obrigada por acompanharem. <3
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chaverronis2forever Postado em 21/12/2015 - 20:29:18
Ameeei a fic de verdade e simplesmente linda
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vondyjemilaliter Postado em 21/12/2015 - 19:49:11
how que coisa mais linda,eu amei sua web do começo ao fim,você escreve muito bem espero poder ver outras histórias suas,meu parabéns garota voce arrasou.
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chaverronis2forever Postado em 20/12/2015 - 17:09:10
Continua ai que fofo os dois que bom que voltaram que pena que já ta acabando
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mockingjeah Postado em 18/12/2015 - 23:20:11
Amanhã tem mais, amores *--* Ta quase no fim. :(
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vondyjemilaliter Postado em 18/12/2015 - 19:42:13
olha eu acho que o peeta precisa não só de prazer para reconquista-la, ele precisa conquistar a confiança dela também eita Haymitch cabeça dura,meu ele precisa reagir e lutar pela filha deles não é fácil mas ele tem que tentar de verdade,amei o capitulo sua web esta ótima posta mais!1
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chaverronis2forever Postado em 18/12/2015 - 18:14:02
Continuua espero que o Hamytch fique bem
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chaverronis2forever Postado em 17/12/2015 - 23:56:29
Continua Katniss devia acreditar no Peeta ele não pode ter uma amiga mulher
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chaverronis2forever Postado em 16/12/2015 - 11:10:41
Continua *-*
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vondyjemilaliter Postado em 16/12/2015 - 06:55:46
Eita poxa RS hehe peeta não vai ser tão fácil assim,depois do que rolou escutar isso não e fácil, mas será que ela falou pra valer parece que sim mas não sei não adorei posta mais