Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

--Eu entendi mal ou você disse mesmo que você e Johanna Mason vão juntas até a floresta? –Peeta está incrédulo e repete a mesma pergunta pela quinta vez.

--Você não entendeu mal. –Reviro os olhos- Eu disse que ia até lá hoje, ela comunicou que queria ir junto. O que queria que eu fizesse?

--Eu sei lá. –Vejo Peeta segurar o riso- Só toma cuidado pra ela não tentar te enterrar viva e dizer que foi um acidente.

--Nossa, como você está engraçadinho hoje. –Pego um pedaço de pão e atiro nele, que pega com facilidade- Agora eu preciso ir. –Me levanto da mesa de café- Tem certeza que vai ficar bem sozinho com as crianças?

--Todos os dias você me pergunta isso e todos os dias eu respondo que sim. –Agora é ele quem revira os olhos para mim.

--Quanto maiores eles ficam, mais trabalho eles dão. Mas já que você é um expert em ser papai –Digo com ares de abuso- posso ir despreocupada.

--Vai de uma vez!

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Enquanto termino de escovar os dentes ouço batidas enlouquecidas na porta, nem preciso ter dúvidas de que é Johanna, já que é a única pessoa desesperada o bastante que prefere derrubar a porta aos socos a tocar a campainha e esperar.

--Já vai! –Grito a meio caminho da saída- Peeta, estamos indo. –Digo para ele que ainda está na cozinha.

Quando abro a porta encontro Johanna segurando um machado que parece bem letal e com ares de quem está numa missão.

--Pra que tudo isso? –Pergunto olhando para a arma.

--Você caça com as suas flechinhas, eu corto madeira para a lareira, porque tenho passado frio nos últimos dias. –Ela responde como se fosse obvio- Vamos?

Desde que voltei para o 12 Johanna e eu convivemos bastante, ela sempre vai ver Willow e passa horas na casa de Peeta.
Mas fora isso, nós nos vimos pouquíssimas vezes e menos ainda saímos de casa juntas. Então sempre que atravessamos as ruas juntas as pessoas olham.

Somos conhecidas por sermos Vitoriosas e por não nos darmos bem. Todos ainda acham que ela tentou me matar no Massacre Quaternário. E ela nem tentou desmentir, então também não me importei.
Mas os olhares de “ela é louca de andar com a uma assassina que tentou matá-la” nunca deixam de ser engraçados e Johanna ainda olha para todos com a cara mais assustadora que consegue fazer, o que por si só deixa todos os habitantes em pânico.

--Todo mundo já pensa que você é uma serial killer de sangue frio. –Digo quando estamos quase chegando a cerca de acesso a Campina- Com esse machado ninguém vai chegar nem perto.

--Como se eu me importasse com isso. –Ela responde enquanto gira o machado entre as mãos.

--Tá, só toma cuidado com essa coisa aí. –Me afasto alguns passos dela- Não sei você mas eu pretendo voltar inteira pra casa.

Enquanto eu monto algumas armadilhas, Johanna anda pra lá e pra cá, sem fazer nada especificamente.
Ela fincou o machado numa árvore e o deixou por lá.
Eu achava que era boa subindo em árvores, mas quando a vi subir numa enorme macieira comecei a me achar uma amadora iniciante. Conseguir chegar aos galhos mais finos de uma árvore quase sem apoio nenhum é para poucos.

Me surpreendo quando a convido a ir até o lago do outro lado do vale e ela não só aceita, como molha os pés na água gelada enquanto come uma das dezenas de maçãs que colheu.

Observo Johanna pelo canto do olho, tudo sobre ela é difícil de entender. Ela esconde muito bem o que não quer que ninguém saiba, mas deixa transparecer o que acha que vale a pena.
Apesar de tê-la como alguém de confiança, as vezes sinto que ela não sabe se pode confiar em mim totalmente.

--Como você pode vir de um distrito onde se extrai madeira desde que sai do berço, e ainda assim ser tão habilidosa com crianças? –Pergunto hesitante.

--Não é nada demais. –Ela responde olhando para a agua do lago.

--Não é como se fossem duas atividades que se completam. –Insisto.

--Não mesmo, mas eu conheci algumas crianças quando vivia lá. Nada demais.

--Sei...

--Como estão as coisas entre você e o padeiro? –Johanna interrompe antes que eu diga qualquer outra coisa.

--Estamos bem. –Tento não me importar com a mudança de assunto- Cada um exercendo seu devido papel de pai e mãe.

--Ah, fala sério! Até parece que não rolou mais nada entre vocês nesse tempo todo.

--Acredite se quiser, mas não. –Cruzo as mãos sobre meu colo- Desde o episódio que eu te contei que não consegui ir adiante –Lembro a ela sobre a noite da cozinha- nunca mais tentamos.

--E nem pretende tentar outra vez? Quer dizer, é sexo! –Ela faz um gesto com os braços- Antes de saber como é, é bem fácil viver. Mas depois que se conhece os prazeres não dá passar muito tempo sem.

--Nossa, que sutileza. –Não contenho uma risada- Mas eu pretendo tentar sim. Ele disse que não me forçaria a nada e o Peeta tem palavra, a não ser que eu deixe bem claro o que quero, ele nunca vai ultrapassar o meu limite. E nenhum dos dois é de ferro. Se eu disser que não sinto falta estaria mentindo.

--Pelo menos você admite. –Ela me olha com abuso e eu retribuo com uma careta- Eu no seu lugar já estaria subindo pelas paredes. Toda essa pose de sério do Gale desaparece e cada vez que a gente se beija parece um incêndio. Não conseguiria passar dois dias sem isso.

--Ta, tudo bem. Informação demais. –Tapo os ouvidos- Ele ainda é meu melhor amigo, não quero ter que imaginá-lo numa cena de sexo selvagem com você.

--Selvagem é pouco pra definir o que a gente faz.

--Chega. –Fico de pé o mais rápido que consigo- Vamos embora de uma vez, você está me deixando traumatizada.

Voltamos pelas armadilhas e encontro alguns perus selvagens e coelhos, que vou dividir entre o açougue, dar um pouco para Johanna e vou levar para casa. E pouco antes de chegar a cerca ainda abato um cervo com uma flecha.

Deixo meu arco e minha aljava numa árvore oca e aconselho Johanna a fazer o mesmo com o machado, mas ela se recusa terminantemente a se afastar da coisa mais do que o que julga necessário.

Nos separamos na Costura, ela vai para a casa de Gale e eu sigo para a Vila dos Vitoriosos.
Quando atravesso a porta de casa que já estava aberta e me viro em direção a cozinha, vejo Peeta de pé e uma mulher que nunca vi na vida sentada em uma das cadeiras e rindo para ele.