Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

Quando vi a mulher e que ela não esboçou nenhuma reação a não ser ficar paralisada e dizer “eu ainda tenho as chaves que você me deu” olhando para um Peeta que de vermelho, ficou branco.
Me levantei imediatamente, subi até o quarto, e saí depois de trocar de roupa. “Enquanto conversa com a sua amiga, me faça o favor de cuidar da sua filha por algum tempo. Não demoro.” Foi só o que eu disse a ele antes de sair batendo a porta.

Andando pelas ruas, ouço meu cérebro gritar “estupida, estupida, estupida” dentro dos meus ouvidos.
Penso em ir a minha casa na Costura, mas quando paro na frente da porta a coragem de esvai, se entrar ficarei ali sozinha. Então minhas pernas me guiam automaticamente por mais algumas ruas e me deixam na porta da casa de Gale. Preciso de um rosto familiar agora.

Cresci nessa casa, com Hazelle e as crianças. Então só empurro a porta e entro, atravessando os corredores.
Chamo por Gale, sem resposta, chamo por Johanna, também sem resposta. Ou estão dormindo, ou estão...

Fico paralisada na porta de um dos quartos, meus olhos nem se fecham sob meu comando. Não me mexo.
Encontro Johanna e Gale, juntos, na cama, uma cena tão horrível que preferia ter meus olhos arrancados a precisar ver. Mas não consigo fazer meu corpo colaborar e sair dali, então fico assistindo.

Os dois estão de costas para mim. Johanna de quatro com as mãos e os joelhos apoiados na cama, Gale entre as pernas dela e a segurando pelos quadris.
Os dois seguem um ritmo intenso e não sei como não se machucam cada vez que seus corpos se encontram.
Cada estocada cada vez mais forte faz os dois gemerem, eu por muito menos já estaria gritando a plenos pulmões. Mas dividir a casa com a mãe e os irmãos menores tem suas limitações obvias.

Nunca pensei que chegaria o dia que eu veria meu melhor amigo da vida toda em algo tão íntimo e inapropriado.
Reparo suas costas largas, braços e pernas musculosos que com a força que imprimem no ato se contraem e me perco por alguns segundos no fato de que Gale tem a bunda tão bem desenhada quanto Peeta.

Os dois suam por todos os lados e se esforçam para conter os gemidos, as vezes conseguem, mas as vezes não.
Logo eles devem terminar, preciso sair.

--Você tem que sair, não pode deixar que te vejam, Katniss. –Digo a mim mesma e meus pés enfim se movem- Não deixe que saibam, nunca, do que você viu, Katniss. –Sussurro enquanto corro porta a fora.

Não paro até chegar a cerca que nos separa da Campina, meu coração está aos solavancos, as imagens não me saem da cabeça. Vejo Peeta e eu no lugar dos dois e a garota que vi de manhã nos observando. Certas coisas poderiam ser apagadas da memória. Isso é nojento.

Fico na Campina, no meu ponto de encontro com Gale desde sempre. Nem pego minhas flechas, nem faço mais nada. Só fico sentada, pensando.
Quando sinto o estomago reclamar da fome é que me dou conta que boa parte do dia já passou, um sol fraco que aparece tímido no céu me diz que já passou e muito da hora do almoço e como também não tomei café a fome me ataca sem piedade.

Subo em uma arvore e colho amoras, como várias enquanto ainda estou sentada nos galhos e coloco algumas na bolsa de caça que carrego. Depois subo na mesma macieira que Johanna subiu no outro dia e fico ainda mais impressionada com o feito dela, a árvore quase não tem galhos baixos e os sulcos que ajudam a apoiar os pés e as mãos na subida tem uma grande distância de um para o outro, fazendo com que a tarefa seja ainda mais complicada.
Assim acabo colhendo apenas algumas frutas antes de voltar para casa.

Quando estou a poucos metros da entrada da Vila dos Vitoriosos avisto Johanna que vem correndo em minha direção e carregando seu machado numa das mãos.

--Estava indo atrás de você, fui a sua casa mas Peeta me disse que você saiu cedo e não havia voltado. –Ela diz quando se aproxima o bastante- Ele parecia preocupado e como tem três crianças em casa, disse a ele que iria te procurar.

--Eu não estava longe. –Olho para o chão, não consigo encara-la- Não havia motivos para preocupação.

--Vamos andando então. –Ela aponta em direção as casas idênticas- Assim eu aproveito e vejo a Willow um pouquinho.

Não me oponho a companhia, mas não estou me sentindo confortável nem mesmo de estar na presença dela depois do que vi de manhã. Sinto que se a terra se abrisse e me sugasse para dentro eu nem me importaria nesse momento.

--Algum problema? Você está tão séria. –Johanna pergunta, percebendo que não paro de olhar para o chão.

--Tudo bem. Só estou cansada. –Olho para ela só de relance, mas já estamos a poucos passos da porta da sala.

Quando piso dentro de casa com Johanna em meu encalço sou pega de surpresa ao ver que Peeta ainda tem companhia. Não parece ser a mesma mulher que deixei para trás de manhã, essa tem mais ou menos a minha altura, mas tem os cabelos loiros, como os dele.
Mas como se não bastasse ele receber mulheres diferentes em casa no mesmo dia, ainda permitiu que essa segure Willow nos braços.

Eu congelo momentaneamente com a visão da mulher estranha ninando minha filha há alguns metros de mim e Johanna, como uma caçadora que percebe o perigo automaticamente para ao meu lado e olha para o mesmo lado que eu. A mulher ainda não nos viu.
Olho em volta e não vejo Peeta, só ela, com minha fila nos braços.

--Por favor, me diga que esse protótipo de vadia é alguém que você conhece, porque se não for... –Johanna diz entredentes.

--Eu já a vi sim. –A lembrança de meses atrás volta a minha mente de repente- Mas não a conheço.

--Então o que diabos ela está fazendo com a Willow no colo! –Johanna se exalta e eleva a voz um pouco e a mulher nota nossa presença- EU VOU DAR COM O MEU MACHADO NA CARA DESSA VADIA DE ESGOTO!

Só tenho tempo de correr e me jogar contra Johanna segurando os braços dela, mas ela é definitivamente maior e mais forte do que eu, e ainda está tomada pela raiva.

--Johanna! Você pode machucar a minha filha! –Grito com os braços em volta dela.

Peeta aparece do outro lado do corredor e segura Johanna pelos ombros.

--Não encosta em mim, seu padeiro de beira de rua. –Ela grita para Peeta- Quem você pensa que é pra me impedir de dar na cara dessa loira falsificada?

Eu solto Johanna e pego Willow, a mulher fica paralisada no canto da parede.

--Kath, por favor, saia. Depois conversamos. –Peeta diz, ainda segurando Johanna que tenta sem sucesso avançar contra a mulher antes que ela atravesse a porta- Qual é a droga do seu problema, Johanna?

--O meu problema é você, garoto! –Ela cospe as palavras- Você se acha muito homem, mas continua a agir como criança. Você merece ficar sozinho! –Ela se esquiva das mãos dele- E não ouse colocar as mãos em mim ou eu corto sua outra perna e ainda passo meu machado nesse pintinho que você adora ficar enfiando em cada idiota que abre as pernas pra você.

Com Willow nos braços eu subo as escadas para o primeiro andar e deixo os dois trocando insultos na sala.
Quando volto, carregando uma bolsa com algumas roupas, Johanna está parada encostada na porta, me olhando e Peeta sentado no sofá, olhando para o chão.

--Não precisa se preocupar com o resto das minhas coisas, eu volto outra hora para busca-las ou peço alguém que venha por mim. –Digo olhando para ele.

--Você não pode ir assim! –Ele diz quando estou prestes a sair.

--Eu posso, e vou. –O encaro quando ele fica de pé- Eu aguentei saber que você saiu com outras enquanto estávamos separados, aguentei algumas delas vindo te procurar aqui depois que eu resolvi te dar a oportunidade de ver minha filha crescer. Mas eu jamais vou admitir que você tenha deixado minha filha nos braços de qualquer uma.

--Mas ela não ia fazer mal algum...

--É claro que ela não ia fazer mal algum, porque se fizesse eu é que teria que ser impedida de cometer um crime. –Minha voz nunca esteve tão séria-  Mas mesmo você eu demorei a confiar para cuidar da minha filha, mesmo você demorou um tempo até que eu permitir que a tocasse e pegasse no colo. E você deixa uma das suas trepadas sem de semana carregar minha filha?
Isso eu nunca vou permitir e muito menos perdoar.

 --Desculpa, eu não pensei que você ficar tão chateada.

--Eu não estou chateada, eu estou decepcionada, porque você me provou mais uma vez que é alguém que eu não conheço. E você também não me conhece se pensou que eu não me importaria de ver minha filha, minha única filha nos braços de uma mulher que não tem nada em comum comigo, a não ser o fato de ter tido o desprazer de te oferecer um pouco de sexo.

--Você tem que me escutar, não pode ir assim. A Willow e...

--Vai ser melhor se eu for, você vai ter sua privacidade de volta e vai poder receber quantas mulheres quiser, com a frequência que quiser.
Eu vou continuar permitindo que você veja a Willow sempre que tiver vontade, mas é só. Nós não temos obrigação nenhuma um com o outro. –Olho em volta até onde meus olhos alcançam, tentando gravar cada detalhe na memória-  Diga as crianças que eu venho vê-las sempre que puder. Adeus, Peeta.

Johanna pega Willow dos meus braços, apoio a bolsa no ombro e fecho a porta. Deixo para trás a última chance que dei ao meu coração.