Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes
Uma chuva torrencial e incansável cai há várias horas, mas quando começa a vir acompanhada por um vento que sopra sem piedade me levanto para fechar as janelas de casa.
Quando estou voltando pelo corredor pra chegar no quarto ouço um barulho seguido de gritos aterrorizantes e sinto meu sangue gelar dentro das veias. Corro para o quarto para encontrar Johanna se debatendo no chão próximo a cama onde ela deve ter caído enquanto se mexia tanto.
Mesmo com as janelas fechadas o vento ainda movimenta as cortinas e faz com que os clarões dos relâmpagos entrem no quarto, fazendo a cena parecer ainda pior.
Depois que jantamos e a chuva não diminuiu e consequentemente não diminuiu o medo visível no rosto dela me decidi por chama-la para passar a noite em casa, assim quando Willow acordasse eu poderia continuar a dormir, essa foi a desculpa que usei.
Ela prontamente aceitou e disse que ficaria no sofá, mas eu vetei a ideia e disse que havia espaço suficiente para ela na cama, junto com Willow e eu.
Eu sei como é sentir medo de alguma coisa que não se pode controlar e se ver sozinho nessas horas pode ser desastroso.
Fico alguns segundos parada sem saber o que fazer, mas então me aproximo dela e tento sacudi-la para que acorde. Só que meu contato ao invés de ajudar parece piorar ainda mais, porque os gritos não cessam mesmo quando ouço sua voz começar a falhar por conta do esforço. E seus braços e pernas se movimentam para todos os lados, tanto que preciso me esquivar para não ser atingida.
Então numa tentativa desesperada de dar fim a cena horrível que toma conta do meu quarto, pego um cobertor grande na cama e estendo sobre ela, jogando todo o peso do meu corpo em cima logo em seguida.
Tento fazer o possível para não machuca-la, mas algo me diz que não vou ser capaz de acorda-la e mantê-la sem nenhum arranhão ao mesmo tempo.
Se preciso escolher, então acho melhor ver minha amiga com alguma fratura que vai se curar com o tempo do que passar mais um minuto que seja nessa situação miserável.
Forçando meu peso sobre Johanna seguro seus braços acima da cabeça contra o chão e prendo suas pernas entre meus joelhos.
Levando a boca próxima ao ouvido dela digo: Johanna, está tudo bem, é a Katniss, acorde, abra os olhos, eu não vou te machucar, nada de ruim vai te acontecer.
Mas a resposta que tenho não poderia ser pior, ela se debate ainda mais e quase consegue me derrubar no chão, agora gritando por socorro e pedindo por favor para que nada de ruim aconteça “a eles”, consigo por pouco mantê-la segura em baixo de mim.
Vou precisar de uma tática nova para dar fim a isso.
Então, usando todo o ar dos meus pulmões e toda a força da minha garganta, grito com a boca encostada em seu ouvido. JOHANNA MASON, ACORDE, AGORA! JOHANNA, ACORDE, ACORDE! MAS QUE DROGA, VOCÊ PRECISA ACORDAR! EU NÃO VOU AGUENTAR MUITO MAIS TEMPO, ACORDE! EU NÃO QUERO TE MACHUCAR AINDA MAIS, ACORDE! ABRA OS OLHOS, POR FAVOR!
E como alguém que acabou de ser puxado de um rio com centenas de metros de profundidade sem oxigênio por várias horas, vejo Johanna abrir os olhos e em completo estado de pânico respirar com dificuldade como se todo o ar do mundo tivesse desaparecido.
Ainda deitada sobre ela e soltando aos poucos do meu aperto fico com o rosto acima do dela, a olhando nos olhos. Na escuridão do quarto tenho um vislumbre da menina que ela deve ter sido um dia, apavorada com as promessas de terror saídas da boca de alguém maior.
Pela primeira vez vejo lágrimas caírem dos olhos dela.
“Vai ficar tudo bem. Ninguém vai te fazer mais nenhum mal. Não enquanto eu puder evitar.” É o que digo a ela antes de solta-la e me levantar.
--Eles já me fizeram mal. –A voz dela é rouca e sai pouco mais alta do que um sussurro. Quase engolida pelo barulho da chuva.
Estendo um braço na direção da parede para acender a luz, mas antes que eu pressione o interruptor ela me pede para não fazer isso. Então encolho os dedos em um movimento automático.
--O que foi que tiraram de você? –Pergunto com a voz calma e me sento na beirada da cama, olhando para ela ainda deitada no chão, encolhida no escuro.
Quando não obtenho resposta me sinto na obrigação de insistir, uma coisa era saber que algo de errado havia acontecido, outra é ter visto a cena de minutos atrás acontecer.
--Johanna, por favor. Ficar aguentando sozinha não é a melhor opção. – Me sento no chão, mas ainda mantenho uma certa distância dela- Você é minha amiga, eu confiaria a vida da minha filha a você, agora me deixe ser sua amiga também, pelo menos uma vez.
Vejo seu corpo tremer como uma massa disforme e os soluços são cada vez mais audíveis. Fico em silêncio e espero.
--Mason, 45 anos. Rosa, 39 anos. –Ela diz e eu ouço atentamente- Jillian, 12 anos. Jared, 9 anos. E Jordan, 2 anos.
--Quem são essas pessoas? –Pergunto, mas a resposta já está dada.
--Não são mais, mas um dia essas pessoas foram a minha família. –Johanna passa o cobertor sobre os próprios ombros- Era tudo o que eu tinha e amava, até o Snow achar que deveria tira-los de mim.
--Ele não existe mais pra fazer mal a ninguém. –Ouço Willow começar a chorar e a pego nos braços, colocando a boca no meu peito.
--Quando eu venci os Jogos Vorazes pela primeira vez, me fingindo de fraca e indefesa ele não ficou nada satisfeito comigo, porque disse que pessoas mentirosas e com auto piedade não merecem a glória de ser Vitorioso. –Ela aperta o próprio nariz entre os dedos antes de continuar- Então me disse que já que não havia mais saída a não ser aceitar que eu ainda estava viva eu iria ter que acatar toda e qualquer ordem dele.
Nos primeiros meses eu até fiz o que ele queria, vivi na Capital como um pedaço de carne aberto ao público que fazia o que queria e o que não queria comigo. Homens, mulheres, velhos, novos, não podia fazer distinção, só podia aceitar.
Mas chegou a hora que eu cansei e disse aquele velho nojento que nunca mais aceitaria nada daquilo e voltaria para minha casa.
Ele disse que se eu fosse haveria consequências, eu não dei ouvidos. –Johanna chora por vários minutos e preocupada eu me aproximo dela e apoio uma mão sobre seu ombro. Ela estica uma mão e segura Willow que ainda mama pelos dedos-
Ele não gritou, não me disse para voltar, não me deu opções, só começou a matar cada membro da minha família. –Ela continua de repente- Começou fazendo meu pai ser cortado ao meio pelo machado de um lenhador enquanto trabalhava.
Depois fez um dos amigos do meu irmão Jared o empurrar do alto de uma das árvores mais altas da floresta, eu sei que ele nunca cairia de lá se estivesse sozinho.
Em seguida minha irmã, minha única irmã foi picada por abelhas geneticamente modificadas, bem parecidas com as teleguiadas. E como ela era alérgica morreu antes que pudesse ser socorrida.
Meu irmãozinho de 2 anos, Jared, a luz da minha vida, acabou afogado no fundo de uma banheira enquanto minha mãe morria a dois passos dele, ela foi envenenada e descobri depois que estava grávida quando morreu.
--Não sei o que dizer, me desculpe. –Digo apertando a mão dela que ainda segura a mão de Willow.
--Todas essas mortes podem até parecer normais, mas eu sei que foi ele, mesmo que ele nunca tenha ido ao Distrito 7 pessoalmente. Snow era sádico e sabia manipular as pessoas para fazer o trabalho sujo por ele.
--Ele sentia prazer em ser cruel, essa é a verdade.
--Quando eu fiquei presa, depois do Massacre Quaternário, ele fez comigo basicamente o mesmo que fez com Peeta. Usou imagens da minha família. Mas o Peeta foi acondicionado a te matar, eu vi toda a minha família morrer de novo, bem na minha frente.
Por isso a chuva me assusta tanto, usaram jatos de água em mim na Capital e é como se eu ficasse vendo o Jordan morrer outra e outra vez e não pudesse fazer nada.
--O Gale sabe disso?
--Ninguém sabe. –Johanna me olha nos olhos pela primeira vez- Ele sabe apenas que quando chove eu fico assustada, nada mais. E eu não tive esses episódios mais intensos de medo desde que saí do 8, então ele não presenciou o que você viu.
--Entendo. De mim ele nunca saberá nada. E quando sentir isso de novo você sempre pode vir pra cá, eu e a Willow vamos estar aqui pra você. –Sorrio e ela retribui na mesma hora.
A chegada do dia mandou embora o pior do temporal, no entanto deixei Johanna distraída por várias horas cuidando de Willow, entre banho, almoço, risadas e sono as duas acabaram o dia jogadas na cama uma em cima da outra.
No início da noite Gale passou em busca da namorada e depois de jantarmos e eu não conseguir mais esconder de Johanna o motivo das minhas bochechas frequentemente vermelhas e o fato de não estar sequer olhando para Gale, eles se foram.
Ela encarou a situação de “eu vi vocês dois na cama, nus” com mais naturalidade do que pensei ser possível e “grande coisa, duvido que estivéssemos fazendo algo que você nunca fez e sabe como é bom” foi a única resposta que ela deu com um sorriso sarcástico.
“Só não conte nada a ele, ou nunca mais conseguirei olha-lo, por favor” eu pedi quase em tom de suplica.
“Eu não vou” ela disse antes de sair porta a fora abraçando Gale pela cintura e tendo um braço dele a protegendo automaticamente.
Autor(a): mockingjeah
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“Paylor está vindo para o 12 e parece que o sobrinho vem junto” essa foi a notícia que Haymitch me deu pela manhã, e eu pensava que acordar de pesadelos era ruim o bastante. Mas pelo menos os pesadelos são menos assustadores depois que abro os olhos. Pelo que eu entendi da explicação de Haymitch a Presidente pa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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mockingjeah Postado em 09/01/2016 - 10:40:35
Quem sabe no futuro saia alguma estoria nova, mas por enquanto não tenho planos. Obrigada por acompanharem. <3
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chaverronis2forever Postado em 21/12/2015 - 20:29:18
Ameeei a fic de verdade e simplesmente linda
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vondyjemilaliter Postado em 21/12/2015 - 19:49:11
how que coisa mais linda,eu amei sua web do começo ao fim,você escreve muito bem espero poder ver outras histórias suas,meu parabéns garota voce arrasou.
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chaverronis2forever Postado em 20/12/2015 - 17:09:10
Continua ai que fofo os dois que bom que voltaram que pena que já ta acabando
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mockingjeah Postado em 18/12/2015 - 23:20:11
Amanhã tem mais, amores *--* Ta quase no fim. :(
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vondyjemilaliter Postado em 18/12/2015 - 19:42:13
olha eu acho que o peeta precisa não só de prazer para reconquista-la, ele precisa conquistar a confiança dela também eita Haymitch cabeça dura,meu ele precisa reagir e lutar pela filha deles não é fácil mas ele tem que tentar de verdade,amei o capitulo sua web esta ótima posta mais!1
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chaverronis2forever Postado em 18/12/2015 - 18:14:02
Continuua espero que o Hamytch fique bem
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chaverronis2forever Postado em 17/12/2015 - 23:56:29
Continua Katniss devia acreditar no Peeta ele não pode ter uma amiga mulher
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chaverronis2forever Postado em 16/12/2015 - 11:10:41
Continua *-*
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vondyjemilaliter Postado em 16/12/2015 - 06:55:46
Eita poxa RS hehe peeta não vai ser tão fácil assim,depois do que rolou escutar isso não e fácil, mas será que ela falou pra valer parece que sim mas não sei não adorei posta mais