Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes
Abro os olhos com dificuldade, mas estou em algum lugar tão escuro que não consigo nem ver meus dedos quando os levanto nas frente do rosto.
Olho para todos os lados e continuo sem ver absolutamente nada, tento me mexer mas sinto dor por todo o corpo. Meu tronco, meu braço direito, meu pé esquerdo e minha cabeça estão enrolados em ataduras apertadas, começo a me sentir sufocando.
Então ouço passos e vozes se aproximando.
--Como você está se sentindo? –Alguém pergunta, mas não reconheço o dono da voz e nem consigo ver seu rosto porque ainda está escuro e incômodo.
--Onde é que eu estou? –Digo, mas não ouço minha própria voz- Onde eu estou? –Repito.
--Você está no hospital, vai ficar tudo bem. –A voz masculina me diz.
Mas nem sequer sei o que estou fazendo no hospital, não me lembro de ter ficado doente.
--O que eu estou fazendo aqui? E por que está tão escuro?
Sinto uma agitação a minha volta, mais passos e alguém falando muito baixo.
Não consigo ouvir direito, não consigo fazer meus olhos se acostumarem a escuridão densa, meu corpo todo está amarrado e sinto dores, essa condição faz com que um estado de completo desespero me atinja e eu começo a gritar, usando toda a força que me resta, minha costela parece se partir ao meio, sinto meu braço ser puxado e sou invadida por uma onda de sonolência que me derruba em segundos.
Antes de conseguir ficar com os olhos abertos por mais de dez minutos acordei duas vezes, minha audição melhorou o bastante para eu conseguir distinguir sons próximos e minha visão, que eu descobri que estava comprometida ao ponto da completa cegueira está aos poucos se estabilizando. Ainda não consigo enxergar como gostaria, mas em vista do que estava nas ultimas vezes que acordei estou bem melhor.
O que realmente tem me incomodado no entanto são as dores incessantes que sinto pelo corpo, tento ao máximo evitar demonstra-las para não ser medicada porque as injeções me deixam grogue e demoro a voltar a consciência, mas nem sempre consigo e quando isso acontece sou vencida pela dor e meus gritos são calados imediatamente quando me obrigam a dormir.
Um dia abro os olhos e estou em um quarto diferente do que estava antes de adormecer. As luzes e as paredes brancas são exatamente iguais a do outro, mas percebo a diferença porque aqui não há máquinas me rodeando e apitando cada vez que respiro um pouco mais fundo.
Ninguém me disse nada até agora, não vi rostos familiares, não sei nem mesmo o que aconteceu para eu estar internada, só sei que estou bastante machucada, nada mais.
Enquanto olho para o teto e encaro as lâmpadas, esperando minha mente trazer à tona qualquer lembrança que seja, uma mulher para ao lado da minha cama.
Ela tem cabelos loiros e olhos verdes e me parece vagamente familiar, mas não sou capaz de associa-la com ninguém especificamente.
--Como se sente? -Ela pergunta com uma voz tranquila que me lembro agora, é de uma das vozes que falavam comigo enquanto eu não podia enxergar.
--Bem, eu acho. -Encaro a mulher, que usa um jaleco branco e um crachá escrito EVERDEEN- Nós temos algum parentesco? Esse nome no seu cartão é o mesmo nome que está na minha ficha. -Viro os olhos em direção ao pé da cama onde está pendurada uma ficha de paciente com os meus dados escritos em baixo do nome EVERDEEN, K.
--Na verdade, você é minha filha. -A mulher me olha com ternura.
--Filha? Você... Você é minha mãe? Como eu não me lembro de você? O que eu estou fazendo aqui? Porque ninguém me diz nada? -Começo a me enrolar com tantas perguntas e minha cabeça dói com o esforço de entender as coisas.
--Eu vou te explicar tudo o que você quiser saber. -A mulher que diz ser minha mãe respira fundo- Mas preciso que você se acalme e me escute com atenção.
--Eu preciso saber! -Começo a me exaltar e ela pega uma das minhas mãos entre as dela, eu puxo meu braço para longe e a encaro ainda mais confusa.
--Eu vou te dizer, eu prometo. Mas não enquanto você estiver nesse estado.
--Tudo bem. -Respiro fundo- Estou ouvindo. Pode começar a falar. -Tento soar o mais tranquila possível. Se ela acredita ou não eu não sei dizer, mas enfim ela começa.
--Você sofreu um acidente, foi hospitalizada no Distrito 12, mas está sendo tratada na Capital agora. -A mulher diz pausadamente.
--Quanto tempo faz que eu estou assim? -Pergunto, mas considerando a rigidez dos meus músculos sei que não vou gostar da resposta.
--Amanhã completam-se seis semanas que você deu entrada no hospital daqui, mais os três dias que foram necessários para você ficar estável o bastante para poder ser transferida do 12.
--Seis semanas? Eu fiquei apagada por seis semanas? –Tenho certeza que meu rosto não expressa sequer metade do choque que sinto ao saber disso.
--O que te aconteceu foi um pouco grave e precisava ser tratado de dentro para fora, você foi induzida ao coma para sua recuperação ser mais rápida.
--Coma? O que foi que me aconteceu afinal de contas? Que tipo de acidente foi esse? E POR QUE EU NÃO ME LEMBRO DE NADA? -Elevo a voz de repente.
--Por favor, não grite, ou vou precisar te medicar outra vez. -Ela continua a falar calmamente- A amnésia, a cegueira e a surdez são sintomas comuns no seu caso e com o tempo você vai se recuperar o máximo possível.
--O máximo possível, isso quer dizer que eu nunca mais vou ouvir, enxergar ou lembrar das coisas direito, não é?
--Você pode sim ficar com alguma sequela, mas nada que vá te atrapalhar drasticamente.
--Como foi esse acidente que você disse? -Olho para as ataduras em volta do meu braço e do meu pé- Eu fui atropelada, caí ou o que?
--Você apanhou. -Arregalo os olhos imediatamente- Um homem atacou você.
--Como é? -Minha confusão só aumenta- Um homem me fez isso? O que ele é? Meu amigo, meu pai, meu namorado?
--É só alguém que você conheceu. E ele nunca mais conseguirá se aproximar.
--Mas... -Somos interrompidas por um outro médico um pouco mais velho, talvez na casa dos 50 anos.
--Olá, Katniss. -Ele me diz com a voz grave.
Algo me diz que Katniss é o meu nome, me lembro de já tê-lo ouvido antes.
--Quando eu vou poder sair daqui? -Pergunto alternando o olhar entre os dois?
--Logo. -O homem responde- Você está fora de perigo há algum tempo e só mantivemos você aqui para seus sentidos se estabilizarem o bastante.
--E por que eu sinto tanta dor as vezes? O que foi que eu quebrei? -Passo a mão na atadura em volta da minha testa.
--Você não quebrou nada, mas teve o cotovelo, o tornozelo e uma costela fraturada. Bateu com a cabeça, onde precisamos dar alguns pontos pra fechar. -Ele coloca a palma da mão sobre a minha barriga, não aperta, mas sinto um incômodo- Seu estômago, um dos seus pulmões que já havia sofrido um impacto antes, e seu fígado ficaram muito sensíveis, mas com a medicação correta você ficará bem.
--Quando a minha memória vai voltar?
--É difícil dizer, pode ser que ela volte gradativamente nas próximas semanas ou pode ser que volte tudo de uma vez.
--E a minha visão? –Pisco os olhos algumas vezes- Eu enxergo um pouco, mas sempre parece ter uma mancha escura na frente dos meus olhos, isso é horrível.
--Sua visão foi afetada por conta da pancada na cabeça também, mas não houve dano permanente, então ela certamente irá voltar, você só tem que ser paciente.
--Não parece ter me acontecido nada tão grave assim, então porque precisei vir para a Capital? -Olho para a mulher.
--Foi a Presidente Paylor quem solicitou que você fosse tratada aqui. -Ela responde.
--Presidente? Por que a Presidente me conhece e solicita alguma coisa para mim? -Minha confusão só aumenta.
--Tem algumas pessoas lá fora que querem te ver. -O médico fala- Se você estiver bem o bastante para recebe-las.
Só balanço a cabeça em concordância. Qualquer coisa para demonstrar que estou bem e poder sair logo dessa cama.
Minutos depois vejo um rapaz e um homem mais velho passarem pela porta do quarto, um tem cabelo loiro e olhos azuis e anda de um jeito estranho, o outro parece meio bagunçado, com alguns fios grisalhos se arrepiando na cabeça.
Eles se apresentam como Peeta e Haymitch e me contam que são meus amigos.
Pergunto a eles coisas sobre mim, como por exemplo o que eu sou, ou o que faço pra sobreviver.
Então descubro que sou uma ex-vitoriosa de algo horrível chamado Jogos Vorazes e que aparentemente sou boa com arco e flechas.
Não sou boa o bastante se um homem foi capaz de me deixar hospitalizada por semanas, penso comigo mesma.
Quando os dois saem, um casal entra.
Uma moça ruiva, com o cabelo até a altura dos ombros e um olhar de determinação que por algum motivo me agrada.
E um rapaz alto, com olhos acinzentados que sinto algo diferente quando vejo. Não é bem reconhecimento, é mais como se mesmo meu cérebro se recusando a lembrar, o resto do meu ser soubesse exatamente quem ele é.
--Ei, Catnip. -Ele fala e gosto do som da voz dele.
--Por que você me chama assim? -Não estou irritada, só curiosa por ele ser o único a me chamar de um jeito diferente.
--Porque esse é o apelido que eu dei pra você quando nos conhecemos quase dez anos atrás. -Ele dá um rápido sorriso.
--E como é que eu te chamo? -Pergunto curiosa.
--Gale, você me chama de Gale. -Ele sorri.
O nome "Gale" é a primeira coisa que faz meu cérebro despertar do estado de torpor que se encontrava. Continuo não sabendo nada, mas ver que pelo menos um nome além do meu é familiar me deixa menos apreensiva quanto ao que vem pela frente.
Converso com Gale e a garota, que se apresenta como Johanna e descubro que eu e ele somos caçadores, que estivemos sempre no meio da floresta juntos e confiamos um no outro.
Johanna me disse que a cicatriz que tenho no braço direito foi cortesia dela, de quando acabamos juntas em uma arena montada para nos matar.
Meu passado apagado parece cada vez melhor.
No entanto, ouvir que tenho uma filha é que me deixa mais assustada.
Não fazia ideia nem de que tinha um namorado, quanto menos uma filha. E tão pequena que não pôde vir para o hospital para que eu pudesse vê-la. Logo quando eu pensava que estava chegando a algum lugar me vi mais perdida ainda.
O garoto loiro, Peeta voltou na manhã seguinte para me ver, junto com a minha mãe que é enfermeira e não médica como achei que fosse no dia anterior.
Peeta me disse que passou por algo parecido com a minha situação, porque ele teve o cérebro bagunçado há algum tempo atrás.
Quando perguntei como ele lidou com isso, ele me disse que perguntava coisas as pessoas próximas, que respondiam se o que ele dizia era real ou se fazia parte da imaginação dele. E me disse que eu poderia tentar a mesma coisa para ver se as lembranças se manifestavam em minha mente também.
Durante boa parte da manhã fiz várias perguntas a Peeta e a minha mãe, que descobri se chamar Clara.
Agora, além de ser ex-vitoriosa, caçadora e boa com arco e flechas, sei que me chamo Katniss Everdeen, que tenho 21 anos, que terei 22 no dia 8 de maio, que foi meu falecido pai que era mineiro de carvão quem me deu esse nome, que sou filha única agora porque minha irmã mais nova morreu, que nasci e vivo no Distrito 12, que já tinha problema em um pulmão por conta de um tiro que tomei aos 18 anos e que tenho uma filha chamada Willow que tem 7 meses de vida.
--E quem é o pai da minha filha? -Pergunto a minha mãe - Eu sou casada? –Olho para minhas mãos e não vejo sinal de aliança.
--Eu sou o pai dela. -Peeta diz- E nós não somos casados.
Mais uma nova informação para processar, tenho uma filha e o pai dela não é nada meu.
No fim da tarde finalmente recebo alta e acompanhada por minha mãe, Gale, Peeta, Johanna e Haymitch sou colocada em um carro, que fico sabendo depois, nos levará ao encontro da Presidente.
Quando chegamos a mansão uma mulher grávida, talvez com uns 4 ou 5 meses de gestação e com o cabelo estranho que tenho certeza que é uma peruca se aproxima e me abraça carinhosamente.
Peeta me diz que ela se chama Effie e eu tento parecer amigável, mas isso se torna mais difícil quando só há estranhos por todos os lados.
Effie me diz que depois de falar com a Presidente posso ver minha filha se quiser.
Autor(a): mockingjeah
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Na minha mente perturbada uma Presidente seria alguém séria e arrogante a ponto de ser assustadora. Paylor por outro lado é o oposto disso, ela é séria sim, mas está longe de ser arrogante e não tem um pingo da prepotência que um cargo de grande influência pode trazer a uma pessoa. Ela conversa comigo de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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mockingjeah Postado em 09/01/2016 - 10:40:35
Quem sabe no futuro saia alguma estoria nova, mas por enquanto não tenho planos. Obrigada por acompanharem. <3
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chaverronis2forever Postado em 21/12/2015 - 20:29:18
Ameeei a fic de verdade e simplesmente linda
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vondyjemilaliter Postado em 21/12/2015 - 19:49:11
how que coisa mais linda,eu amei sua web do começo ao fim,você escreve muito bem espero poder ver outras histórias suas,meu parabéns garota voce arrasou.
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chaverronis2forever Postado em 20/12/2015 - 17:09:10
Continua ai que fofo os dois que bom que voltaram que pena que já ta acabando
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mockingjeah Postado em 18/12/2015 - 23:20:11
Amanhã tem mais, amores *--* Ta quase no fim. :(
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vondyjemilaliter Postado em 18/12/2015 - 19:42:13
olha eu acho que o peeta precisa não só de prazer para reconquista-la, ele precisa conquistar a confiança dela também eita Haymitch cabeça dura,meu ele precisa reagir e lutar pela filha deles não é fácil mas ele tem que tentar de verdade,amei o capitulo sua web esta ótima posta mais!1
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chaverronis2forever Postado em 18/12/2015 - 18:14:02
Continuua espero que o Hamytch fique bem
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chaverronis2forever Postado em 17/12/2015 - 23:56:29
Continua Katniss devia acreditar no Peeta ele não pode ter uma amiga mulher
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chaverronis2forever Postado em 16/12/2015 - 11:10:41
Continua *-*
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vondyjemilaliter Postado em 16/12/2015 - 06:55:46
Eita poxa RS hehe peeta não vai ser tão fácil assim,depois do que rolou escutar isso não e fácil, mas será que ela falou pra valer parece que sim mas não sei não adorei posta mais