Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

Na minha mente perturbada uma Presidente seria alguém séria e arrogante a ponto de ser assustadora. Paylor por outro lado é o oposto disso, ela é séria sim, mas está longe de ser arrogante e não tem um pingo da prepotência que um cargo de grande influência pode trazer a uma pessoa.

Ela conversa comigo de igual para igual, se preocupa em saber como me sinto, e me conta minimamente o que eu preciso saber sobre meu suposto acidente.

O culpado foi o sobrinho dela, Mark, que me agrediu quando eu tentei impedi-lo de pegar minha filha.
Segundo ela, ele não teve muito mais do que 10 minutos sozinho comigo, mas por ser um homem grande e muito mais forte do que eu conseguiu me deixar desmaiada e ensanguentada no chão.

Ela terminou rapidamente dizendo que meus amigos poderiam me dar detalhes da história depois, mas que por hora o importante era eu saber que ele não incomodaria mais e que um aerodeslisador me levaria para casa a hora que eu quisesse.

--Boa sorte, Katniss. -Foi a última coisa que Paylor me disse e isso me trouxe um rápido flash de mim, juntamente com a garota ruiva, Johanna, naquela mesma sala, mas na ocasião eu estava em estágio avançado de gravidez.

Voltei ao encontro dos outros e avistei de uma curta distância uma menina dormindo no colo da minha mãe, sem saber ao certo o que fazer e com todos me olhando como se esperassem que eu me lembrasse de tudo magicamente, mantive distância e disse que queria ir para casa o mais rápido possível.

-----------------------------------------------------------------------------O voo fez minha cabeça doer e minhas costelas reclamarem, mas me mantive firme durante as quase 6 horas do percurso até descer no meio da praça do Distrito 12.

No caminho de casa consegui saber mais sobre o que aconteceu.
Johanna me disse que no dia que tudo aconteceu Peeta e Gale tinham planejado vigiar minha casa sem que eu soubesse, porque sabiam que era perigoso me deixar sozinha com Mark tão perto, mas sabiam também que eu não permitiria que fossem ficar fazendo vigília para mim. Quando eles chegaram ja me encontraram machucada, os minutos que passei sozinha acabaram sendo minha ruína.

Peeta me levou ao hospital e Gale comunicou o que havia acontecido comigo e que Willow tinha sido levada para sabe Deus onde, Johanna contou a Paylor sobre uma outra agressão que sofri desse mesmo Mark há mais de um ano atrás e que por isso ele devia suspeitar de que minha filha era também filha dele.

Paylor ao saber de tudo alertou a todos do distrito que tomassem cuidado, deu a ordem que nem um trem deveria sair da estação, e disse ao piloto do aerodeslisador que a levou até o 12 que sob nem uma hipótese ele deveria levantar voo sem ordens expressas vindas diretamente dela. Assim o sobrinho não teria muito pra onde ir e se esconder.

Muitas pessoas se ofereceram para montar grupos de busca, mas quem encontrou Mark no meio da floresta, escondido dentro de uma casa de concreto foram Gale, Johanna e Paylor, que ordenou que ele saísse e que nada aconteceria a ele se não fizesse mal a Willow.

--A Johanna conseguiu passar por uma minúscula janela escalando uma parede oposta de acesso a casa. -Gale disse interrompendo Johanna e vi mais um flash de memória envolvendo Johanna subindo em uma árvore passar pela minha mente- Ela o acertou passando o machado na coxa dele -Gale continua- mas o corte foi superficial e serviu apenas para ele largar Willow no chão e ir atrás dela.

--Só que isso era exatamente o que eu queria. -Agora Johanna volta a falar- Eu não poderia acerta-lo sem correr o risco de machucar a Willow também, quando ele a soltou, e Gale entrou correndo na casa para pega-la eu não tinha mais nada a poupar.

Johanna e Mark lutaram e ela o acertou mais algumas vezes enquanto Paylor tentava sem muito sucesso conter o sobrinho, mas nenhum golpe fatal o acertou porque ele conseguia ser tão rápido quando Johanna. E foi com essa rapidez que ele a derrubou de costas no chão e quando com dificuldade ele tomou o machado para acerta-la Paylor agiu o acertando com três tiros e ele caiu ao lado dela, morto.

--Ela matou o próprio sobrinho por causa da minha filha? Por que ela faria isso?

--Porque ela disse que tinha uma dívida com você e que não poderia deixar um homem como ele, que mesmo sendo família era louco, impune depois das barbaridades que te fez. -Johanna me responde.

--Você e a Willow são muito mais valiosas do que ele jamais foi. -Gale termina.

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Minha mãe veio comigo para casa e disse que ficará de licença do hospital do Distrito 8, onde ela trabalha e vive, para poder cuidar de mim até que eu me recupere por completo.
Mas ter uma enfermeira dentro de casa já seria ruim o bastante se ela também não fosse minha mãe.
Com mãos habilidosas mas com dotes de tirana ela controla meus horários de medicação, comprimidos, gotas, injeções e ainda briga comigo quando digo que não preciso fazer os exercícios diários recomendados pelo médico para fortalecer meu corpo.
"Quanto mais corpo mole você fizer, mais tempo você vai demorar a se ver livre de mim", ela me diz todos os dias.

Precisei me acostumar rápido ao fato de que tenho uma filha que precisa de mim, mas não posso levar todo o mérito pela adaptação, Willow é uma criança linda e carinhosa e que sempre toma a iniciativa para se aproximar. Até me ver estender os braços para pega-la no colo rende grandes sorrisos, abraços e beijos babados no meu rosto.

Todos os dias recebo visitas dos meus amigos, a que mais gosto é Johanna porque ela é engraçada do seu jeito louco e Willow também a adora.
Gale veio algumas vezes e me contou algumas coisas sobre meu passado. Agora sei também que ele já teve uma queda por mim antes de conhecer Johanna e se apaixonar por ela.
Haymitch e Effie também vieram, mas ele passou mais tempo implicando com o meu estado de magreza e hematomas do que falando coisas interessantes.
Peeta vem todos os dias, as vezes até mais de uma vez. Ele cuida de Willow com a maior dedicação que é possível de se ver em um pai.

Um dia enquanto estou deitada na cama ele se senta ao meu lado com Willow dormindo nos braços.

--Eu acho que estou me lembrando de algumas coisas. -Digo sem encará-lo- Mas não tenho muita certeza. Tudo ainda se mistura na minha mente.

--Você sempre pode perguntar, Katniss. -Ele responde enquanto segura Willow pela mão, que aperta um dos dedos dele- Esse é o objetivo de te ajudar.

--Eu me lembro de te ver na chuva. Me lembro de um pedaço de pão. Me lembro de uma caverna. -Peeta me encara fixamente- Me lembro de ver sangue, acho que você se feriu. -Ele balança a cabeça- Me lembro de um beijo. Estávamos próximos a uma cerca eletrificada.

--Antes de nos conhecermos eu joguei um pedaço de pão para você na chuva. Nós ficamos dentro de uma caverna quando fomos juntos para os Jogos Vorazes pela primeira vez. -Ele responde pausadamente- Eu quase morri de infecção após de ter uma espada enfiada na perna e só estou aqui hoje porque você me salvou, mas acabei com isso aqui. -Ele levanta a perna esquerda da calça e preciso me aproximar mais dele para ver que onde deveria ser a perna dele há uma prótese de metal, isso explica o andar estranho- E nós já nos beijamos, mas não foi a mim que você beijou próximo a cerca. -A voz dele não passa tristeza, mas o olhar desviado o trai.

--Desculpe. Não queria te fazer sentir mal.

--Não tem problema. O importante é que você está se lembrando. -Ele é sincero na resposta.

--O que mais você pode me dizer sobre mim? -Pergunto para mudar de assunto, não consigo deixar de me sentir culpada pelas lembranças confusas.

Peeta pensa por longos segundos enquanto olha para Willow. Chego a pensar que ele nem vai dizer nada, mas então me olha nos olhos e fala.

--Sua cor favorita é verde, você passou a dormir com as janelas abertas por minha causa e nunca mais parou, você não gosta de nem um tipo de chá porque diz que tem gosto de mato, você que não sabe cozinhar e por isso sempre faz sopa. -Um sorriso tímido passa rápido pelos lábios dele- Quando está frio você dorme usando calças de moletom e camiseta, quando está calor você usa minhas camisas e shorts que deixam bem pouco para a imaginação. –Um sorriso malicioso brinca em seus lábios- Você só dormia de bruços mas passou a dormir de lado quando engravidou e não voltou mais aos antigos hábitos.

--Por quanto tempo nós fomos namorados, ou ainda somos namorados? –Olho nos olhos dele.

--Pra ser sincero, nós nunca demos um nome oficial ao nosso relacionamento, foi só algo que deixamos acontecer. E também nunca terminamos oficialmente, só nos afastamos por conta das circunstâncias.

--Sabe dizer se estive com mais alguém além de você? E além do sobrinho da Presidente? -Pergunto lembrando do que Gale me disse e pensando na lembrança do beijo.

--Não, todas as suas primeiras experiências foram comigo. -Peeta levanta as sobrancelhas e sorri timidamente, entendo o que ele quer dizer- E depois de mim não houve mais ninguém, além do sobrinho da Presidente.

--Obrigada pelos esclarecimentos. –Mostro um meio sorriso.

--De nada. –Ele deita Willow na cama e fica de pé- Agora preciso ir para casa.

--Você volta amanhã? –A pergunta escapa da minha boca.

--Voltarei sempre que você quiser. –Peeta abre um grande sorriso que sou obrigada a retribuir da mesma maneira.