Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

Vemos Haymitch chorar em silencio e observamos enquanto ele abre a urna e aos poucos joga as cinzas dentro do rio, deixando a correnteza e o vento levarem sua tão recentemente encontrada felicidade.
Quase no fim, ele se abaixa próximo a água e fala para ninguém em especial.

--Tudo que fica, fica para sempre, um amor, uma longa conversa e um abraço apertado...
Essas memórias nunca serão esquecidas não importa quanto tempo passe.

Haymitch molha as mãos na água do rio e passa no próprio rosto antes de continuar.

--Assim será a nossa história, uma memória que nunca desaparecerá, será uma marca eterna.
Em meio a uma música e outra nossos pensamentos cruzaram a distância para nos conectarmos um ao outro.

Ele respira fundo.

--Você foi meu anjo, minha escudeira, minha amante, com você fui do inferno ao céu. Com você eu atravessei barreiras, enfrentei meus piores medos e venci alguns deles. Obrigado por ter dado um significado a minha vida.

Andamos os três, lado a lado, pelas ruas do 12, a vida de todos continua, ninguém deixará de seguir em frente.
E é isso que precisaremos fazer também, não importa quão custoso seja.

Paramos na casa de Hazelle, pegamos Willow e Stella, nossa afilhada.
Peeta e eu seguimos para a Vila dos Vitoriosos, nosso amigo, que tem mais em comum comigo do que eu gosto de admitir, jamais permitirá que o ajudemos, mas não pode nos impedir de ser seus vizinhos próximos.
E quando entro em casa eu silenciosamente lamento que as duas garotinhas nunca conhecerão verdadeiramente quem foi Effie Trinket.

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--Para onde será que o Gale e a Johanna foram? –Peeta me pergunta um dia logo que acordamos.

--Não faço ideia. –Respondo enquanto tiro o pijama e a fralda de Willow- Minha filha! Se você não parar quieta a mamãe não pode trocar você! –Falo com ela que rola de um lado para outro na cama.

--Já faz quase um mês que eles foram. –Peeta continua- Não falaram nada a ninguém, não se despediram, só se foram.

--Eu perguntei a Hazelle sobre os dois e ela também não me disse nada... WILLOW MELLARK EVERDEEN, EU JURO QUE SE VOCÊ NÃO PARAR QUIETA EU VOU SER OBRIGADA A BATER EM VOCÊ! –Grito perdendo a paciência e ela começa a chorar.

--Pelo amor de Deus! –Peeta começa- Todos os dias vocês duas passam pela mesma coisa. Você precisa ser mais paciente com a menina, Katniss. Ela é uma criança!

--Nós passamos pela mesma coisa todos os dias e todos os dias você só fica aí olhando! –Reclamo- Eu sei que ela é uma criança, mas eu não tenho todo o tempo do mundo pra ficar tentando trocar a roupa dela. E eu não tenho paciência!

--Você gritar e ameaçar bater nela não vai ajudar em nada, só vai fazer com que ela chore e piore as coisas. –Peeta fica de pé.

--Ta bom, senhor –Faço sinal de aspas com os dedos- “super pai da paciência”. Então venha até aqui e vista ela você mesmo! –Deixo Willow chorando e saio do quarto com raiva.

Quando estou descendo as escadas para o andar de baixo vejo tudo começar a rodar, e milhares de imagens se movimentam freneticamente dentro da minha cabeça me deixando confusa e tonta e me fazendo perder o equilíbrio antes de alcançar o chão.

--Você me ama. Real ou não real?
--Real.

--Esse chuveiro tem água o bastante para nós dois, sabia?

--E eu amo você, Peeta Mellark.
--Eu também amo você, Katniss Everdeen.

--Você. Ainda. Vai. Me. Matar. Com. Esse. Sexo. Delicioso.

--Transar com você é maravilhoso, sempre.

“Apenas feche seus olhos.
O sol está se pondo e tudo ficará bem.
Ninguém pode machucá-lo agora.
Ao chegar à luz da manhã nós ficaremos sãos e salvos”

Caída próximo ao pé da escada, de bruços e com o rosto no chão vejo as imagens perderem velocidade, ganharem nitidez e fazerem sentido.
São minhas lembranças, minhas memórias perdidas que estão voltando para mim.

--PEETA! –Grito com toda a força que consigo reunir- PEETA!

Ouço os passos no corredor do andar de cima e em seguida nos degraus.
Então sinto a mão de Peeta nos meus ombros me ajudando a ficar de pé.

--O que aconteceu? –Ele pergunta preocupado- De que altura você caiu?

--Eu me lembro! –Digo com um sorriso- Eu estou me lembrando. De você, de nós. De todo o resto! –Me jogo em seus braços com um sorriso.

--Isso é ótimo! –Ele diz retribuindo meu abraço.

Afundo a cabeça no peito de Peeta e o aperto entre meus braços, sinto seu cheiro e minhas bochechas doem, mas não diminuo o sorriso.
Minha própria vida aos poucos está voltando a fazer sentido para mim.

E as imagens continuam a dançar em meu cérebro, com os braços de Peeta ao meu redor e o calor de seu corpo junto ao meu não sinto medo, apenas deixo acontecer.

--Ela tentou conversar com você, tentou esclarecer, mas você não quis ouvir. Você estava louco pra sair por aí comendo uma diferente por noite e procurava um motivo, quando achou um por menor que fosse mostrou quem era de verdade.

--ELA GRITAVA MEU NOME E DIZIA QUE ME AMAVA E NÃO PENSOU DUAS VEZES EM IR DAR PRA OUTRO E VOCES FICAM DO LADO DELA!

Afrouxo meus braços em torno de Peeta à medida que ouço a voz dele ecoando em minha cabeça.

--Vagabunda sim! Ela está gravida. Gravida! E nem ao menos sabe quem é o pai.

--Não precisa se preocupar com o resto das minhas coisas, eu volto outra hora para busca-las ou peço alguém que venha por mim.

Meu sorriso desaparece completamente e afasto meu rosto do peito dele.

--Seu idiota, imbecil, hipócrita! –Digo batendo no peito dele- Moleque, estúpido, desgraçado! -Fecho as mãos em punho e continuo a acertá-lo.

Peeta não fala nada, não me segura e não pede que eu pare, apenas me encara em silencio enquanto liberto toda a minha fúria contra ele.
Depois de vários minutos, quando já estou ofegante, com os pulsos doendo e lágrimas escorrendo pelo rosto, paro e o encaro.
E não consigo deixar de pensar que se sinto dor depois do esforço, posso tê-lo machucado também, mas obrigo meu cérebro a não se importar.

--Você se lembrou, não foi? –Peeta diz por fim- Você se lembrou de tudo.

--Sim, seu idiota! –Digo entredentes- Eu me lembrei sim! Agora eu sei porque você e Johanna brigaram a ponto de ela quebrar a sua prótese. Sei porque não estávamos juntos quando a Willow nasceu. –Grito- SEI PORQUE EU QUERIA DISTANCIA DE VOCÊ!

--Eu queria contar pra você, mas não tive coragem. –Ele me olha e sinto uma ponta de tristeza em sua voz.

--Não teve coragem e preferiu me deixar feito uma estúpida sem saber de nada. –Bato no peito dele mais uma vez- Aposto que se eu nunca me lembrasse, você também não falaria.

--Não sei se falaria. –Ele admite.

--Ainda admite! –Acerto um tapa no rosto dele que fica vermelho na mesma hora- Depois de me dizer aquelas coisas horríveis e ainda trazer várias mulheres diferentes pra casa você teve a audácia de se aproveitar da minha perda de memória pra eu voltar. Que espécie de doente é você afinal?

--Eu me arrependi, de tudo. E queria você e a nossa filha perto de mim. –Peeta começa a chorar e eu viro as costas subindo as escadas- Não vai embora outra vez, por favor. –Ele diz subindo atrás de mim.

Quando chego ao último degrau vejo Willow, de pé à beira da porta do quarto, me observando.