Fanfic: First dandelion in the spring | Tema: Jogos Vorazes

Peeta passa todo o dia no hospital com Haymitch e eu cuido de Stella e Willow em casa.
As duas não só se dão muito bem, como Willow insiste em dizer que Stella vai morar junto com todas as bonecas dela na estante do quarto.
“Mas minha filha, a Stella é uma menininha de verdade, igual a você, não pode morar com suas bonecas”, eu disse a ela pela décima vez.
Mas só recebi em resposta dois bracinhos cruzados na frente do peito e um olhar de quem sabe mais do que eu, então desisti.

Até liguei para Johanna afim de chama-la para nos fazer companhia, mas quando não obtive resposta, liguei para Hazelle e descobri que ela e Gale precisaram viajar às pressas para a Capital.

Na manhã seguinte acordo com Peeta me observando dormir.
Segundo ele Haymitch passou bem a noite e no primeiro horário o médico passou para assinar a alta dele, e nesse momento ele já está em casa descansando e esperando que, palavras de Haymitch: “façamos a devolução” da filha dele.

Usando sempre Stella como desculpa, Peeta e eu visitamos Haymitch em casa, tentamos faze-lo sair e passamos algumas horas fazendo companhia a ele. Além de sempre que podemos, nos juntamos para uma ou outra refeição a mesa.
Ele até protesta no início, mas por fim se dá por vencido, e um dia acaba até cuidando de Stella e Willow ao mesmo tempo por uma hora.
Quando voltamos, o caos estava instalado na casa Abernathy, mas nosso amigo sorria como há muito não víamos, então decidimos que a experiência valeu.

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Passei alguns dias sem muita disposição, e com o tempo mais frio diminui o ritmo das idas até a floresta e fiz da cama minha melhor amiga.
No entanto, Willow não me deixa em paz e sempre tem prazer em dar saltos sobre o colchão e me deixando irritada.

Um dia eu folheio um livro e tento com todas as minhas forças ignorá-la saltando e cantando ao meu lado.

--O jantar está pronto. –Peeta aparece da porta.

--Estou sem fome. –Respondo e continuo a olhar para o livro.

--O que há com você? –Ele pergunta se aproximando.

--Nada!

--Esse seu mau humor todo não pode ser normal. –Ele fala com calma- O que foi que eu te fiz?

--Você não fez nada. –Olho para ele pela primeira vez- Só me deixa em paz, pode ser?

--Mas não é possível que você não queira falar comigo se eu não te fiz nada. –Peeta para ao meu lado na cama.

--Não é você, eu não quero falar com ninguém. –Desvio o olhar dele- Willow será que você pode por favor parar de pular em cima da cama porque você vai cair e se machucar e eu ainda vou ser obrigada a te bater? –Falo com Willow que me ignora.

--Até com a Willow você está brigando agora?

--Não estou brigando, só advertindo que se ela fizer o que não deve vai ser castigada. –Volto a olha-lo.

--Você não é assim, tem alguma coisa errada. –Ele arqueia as sobrancelhas e se senta ao meu lado colocando uma mão sobre minhas pernas.

--Não toque em mim, por favor. –Afasto sua mão.

--Pela última vez, me diz qual é o problema. –Peeta volta a ficar de pé- Faz dias que você está nesse humor horrível. Não fala comigo direito. Só briga com a Willow. –Ele eleva a voz um pouco- A única pessoa com quem você ainda fala civilizadamente é a Johanna e vocês só tem se falado por telefone.

--A Johanna não fica me fazendo perguntas idiotas. Por isso eu ainda falo com ela. –Willow tropeça e cai e eu grito- OLHA AÍ, EU AVISEI PRA VOCÊ PARAR, É NISSO QUE DÁ QUANDO VOCÊ NÃO ME ESCUTA!

Fecho o livro com uma mão e com a outra acerto um tapa na coxa e na bunda de Willow fazendo emitir um estalo alto.

--NÃO BATE NA MENINA, ELA ESTAVA SÓ BRINCANDO E QUERENDO A SUA ATENÇÃO! –Peeta grita e dá a volta na cama se aproximando de Willow que chora.

--Vocês estão querendo muita coisa de mim ultimamente, não acha? –Digo e começo a grita quando ele me segura pelo ombro- E TIRA A MÃO DE MIM!

--Eu não vou ficar tentando descobrir o que há de errado com você, se não quer falar o problema é seu. –Peeta diz e começa a andar em direção a porta com Willow nos braços.

--Vai embora, seu estúpido. –Minha garganta se fecha e lágrimas caem dos meus olhos- Some e leva essa menina com você.

--E agora, por que o choro? –Peeta para quando está a ponto de sair.

--Eu não sei, droga! –Digo secando os olhos- Só deu vontade de chorar, será que nem isso eu posso fazer sem ter que dar satisfações?

--Quando quiser conversar como uma pessoa civilizada me procure, até lá, você fica aí, sozinha. –Os dois por fim saem me deixando sozinha.

Eu continuo na cama, não desço para jantar e Peeta também não volta a me procurar.
Assim acabo adormecendo sobre um travesseiro molhado pelas minhas lágrimas que não tem motivo para cair, mas que insistem em não cessar.

De madrugada, acordo e vejo e que Peeta e Willow já dormem ao meu lado, um abraçado ao outro.
Me levanto e vou ao banheiro onde o grande espelho sempre me faz parar e olhar meu reflexo.

Me sentindo incomodada comigo mesma me encarando e tomada por um acesso de raiva inexplicável, acerto um soco no espelho e os estilhaços cortam meus dedos fazendo o sangue jorrar na mesma hora.
Com os pulsos apoiados sobre o mármore frio eu respiro com dificuldade e vejo Peeta aparecer atrás de mim, usando só uma cueca, com o cabelo bagunçado e os olhos inchados de sono.

--O que foi que aconteceu aqui? –Ele diz me olhando.

--Foi um acidente. –Respondo ainda com raiva.

--Deixa eu ver sua mão. –Sem se aproximar ele estende uma mão para mim.

--Não foi nada. –Respiro fundo- Eu vou ficar bem.

Peeta por fim se aproxima e pega minha mão cortada.
Me colocando de costas contra a pia ele tira os resquícios de vidro dos meus dedos com a própria mão.

--Não dá pra continuar desse jeito. –Ele diz após alguns minutos de silencio- Você precisa falar alguma coisa comigo.

--Esse é o meu problema. –Enfio a mão boa no bolso do short que estou usando e tiro um palito de dentro.

--O que é isso? –Visivelmente confuso ele encara o objeto.

--Teste de gravidez. –Respondo simplesmente.

--Mesmo? –Seus olhos param nos meus.

--Mesmo. –Mantenho o olhar antes de sair da frente dele e me sentar sobre a tampa da privada.

--Vamos ter outro filho? –Peeta se abaixa a minha frente de um jeito estranho por causa da prótese.

--É o que parece. –Respondo de cabeça baixa.

--Por que você não me disse antes? –Ele pergunta enquanto se estica para pegar a caixa de curativo debaixo da pia.

--Porque eu só suspeitava. –Olho para minhas mãos sobre meu colo.

--Nós vamos ter mais um filho. –Ele pega minhas duas mãos- Isso é ótimo!

--Não deveria ter acontecido. –Digo séria ainda sem olha-lo.

--Você não quer? –Peeta me pega pelo queixo me forçando a olha-lo nos olhos.

--Pra dizer a verdade, não. –Respondo.

--Por que não? –Seus olhos estão realmente confusos com minha resposta.

--Porque nós já temos a Willow, e nem vou entrar no mérito da comprovação de paternidade dela. –Afasto meu rosto e abaixo até a caixa de curativos em busca de uma pomada para meus dedos- E não temos um relacionamento saudável. –Completo, voltando a me sentar direito com o tubo de pomada na mão.

--Não estou entendendo. –Peeta fala.

--O que nós somos, namorados, ficantes, noivos, amigos com benefícios, amantes que transam quando tem vontade? –Falo olhando para ele.

--Hum... –Ele pega a pomada da minha mão e começa a passar ele mesmo sobre meus dedos cortados.

--Viu? É isso que eu estou dizendo. –Apoio a mão no joelho para ele poder ver melhor- Não podemos colocar mais um filho no mundo desse jeito. Nunca vai dar certo.

--Nós podemos fazer dar certo. –Ele passa delicadamente os dedos sobre os meus.

--Como? –Pergunto com um suspiro.

--Seja minha esposa. –Ele diz.

--O que? –Arqueio as sobrancelhas.

--Seja minha esposa, oficialmente? –Ele repete enquanto enrola ataduras na minha mão.

--Não quero que você faça nada por se sentir obrigado. –Falo.

--Mas não é por isso, eu te amo e quero passar todos os anos que me restam com você do meu lado. –Vejo sinceridade nas palavras dele.

--Não posso aceitar. –Balanço a cabeça e afasto minha mão da dele- Eu nunca quis me casar.

--Agora você me confundiu ainda mais. –Ele apoia as mãos nas próprias pernas.

--Eu não quero ser sua esposa porque não me vejo sendo esposa de ninguém. –Entrelaço meus dedos uns nos outros.

--E quanto a esse filho que você está esperando? –Ele olha de relance para minha barriga.

--Não que tenhamos muita escolha no momento, porque ele já está aqui. –Passo a mão na barriga- Mas se você está disposto a fazer dar certo, então eu também estou.

--Mas sem casamento? –Ele questiona.

--Sem casamento. –Respondo categoricamente.

FALTAM SÓ 02 AMORES <3